19.12

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A nossa rainha postou em seu tumblr uma resposta sobre Malec e sobre sexo, que nós traduzimos logo abaixo. Nós não podemos controlar o que cada um vai ler, mas é nosso dever alertar que isso é uma matéria para maiores de idade, porque é algo bem explicito e direto sobre sexualidade. Dado o aviso, vai de vocês, shadowhunters, continuarem ou não 🙂

Magnus, Alec e sexo.

Título apelativo, eu sei. Mas antes de você ler isso, isso é muito mais explícito do que meus discursos usuais no tumblr. Muita discussão sobre sexo abaixo, em detalhes que não são lascivos, mas são diretos e muito claros na fala. Se você não quer ler sobre sexo, por favor não leia isso. Por favor. Você só vai se chatear. E se você não sabe o que “ativo” ou “passivo” significa, não leia isso duplamente. Eu garanto que não é pra você.

lsd-in-wonderland disse: Oi Cassie, sobre a coisa de ativo/passivo: eu não sei como as pessoas te perguntam isso, mas só a pergunta se alguém é ativo ou passivo ou gosta de trocar não é homofóbica. Alguns caras gays se definem como ativos ou passivos, alguns não. (Magnus e Alec provavelmente trocam, eu apenas acho que Magnus é mais ativo, porque ele tem mais experiência, e tem com certeza algumas técnicas, mas Alec gosta de ser ativo também, porque ele gosta de amarrar Magnus). Mas eu também já vi (mais com as fãs de LouisxHarry do One Direction) garotas falando e falando sobre como um deles é estritamente ativo/passivo baseado em personalidade e físico, e elas literalmente odeiam as garotas com outras opiniões. E essa é uma porcaria surreal e homofóbica que acontece nesse fandom (especialmente porque Harry e Louis são pessoas reais), e a maior parte das vezes são garotas mais novas. Então eu acho que depende de como a pessoa pergunta isso, mas eu não acho que é homofóbica ou que está projetando o relacionamento homem/mulher neles em geral. (Eu poderia perguntar aos meus amigos se eles são ativos, passivos ou gostam de trocar e eles não ficariam bravos comigo, provavelmente estranhariam porque eu estou interessada na vida sexual deles).

Eu entendo bem porque é chocante considerar que uma pergunta que você pode fazer aos seus amigos pode ser vista como homofóbica. Claro, alguns gays se definem como ativos ou passivos. Mas tem muitas formas que os membros de uma comunidade se definem que não vai ser visto do mesmo jeito por alguém de fora. Seus amigos vão te dar o benefício da dúvida sobre suas intenções. Isso não significa que todos os desconhecidos na internet deviam ser tratados da mesma forma que você trata pessoas que te conhecem.

Primeiro, eu quero dizer que isso não é de jeito nenhum sobre as/os fãs de Malec. Não é sobre ninguém que já pensou sobre eles fazendo sexo ou que escreveram fanfics disso. Tudo isso é legal. Agora é também onde nós podemos usar uma reafirmação da premissa básica de uma cultura profundamente incorporada na homofobia, que é que você pode cometer um ato homofóbico “sem querer cometer”. Aqueles que, quando dizem que eles falaram algo homofóbico, se defendem dizendo que eles “não são homofóbicos,” como se homofobia fosse uma etnia ou uma cidade natal. Parafraseando o inimitável Jay Smooth, é importante que isso é uma conversa “do que você disse” e não “do que você é”. Se você me perguntasse se Alec ou Magnus são ativos ou passivos, ou especulasse sobre isso em voz alta, você não se transforma automaticamente em uma terrível besta chamada “homofobia” se você aceita o ponto aqui. Você pode estar apenas querendo trazer um pensamento mais consciente de como você interage com sexualidades (e raças e gêneros) de indivíduos que tem um histórico de serem tratados como menos do que seres humanos pelo que eles são.

Segundo, eu sou uma pessoa hétero, então por exemplo, o que eu sei? Minha experiência aqui veio de ser a pessoa que leu mais coisas sobre Malec na história deles e respondeu a maior parte das perguntas. Eu pensei antes de responder isso, eu perguntei para meu amigo Steve Berman se eu estava sendo ridícula (Ele também revisa pra mim, e é o primeiro a me criticar por mostrar alguns sinais de homofobia interna.) Steve é o fundador da Lethe Press (uma editora especializada em livros de ficção e não ficção sobre gays e lésbicas) e mais produtivo editor no campo de ficção especulativa sobre homossexuais hoje em dia, responsável por outras 25 antologias nesse campo apenas (Wikipédia). Ele é o autor de Vintage, um romance de fantasmas e garotos apaixonados que eu recomendo bastante. Ele disse isso:

“Porque a nossa sociedade gosta de coisas binárias, nós começamos a ver o sexo (gay) como sendo passivo ou ativo. E que o homem tem que ter uma preferência… Eu estive com garotos novos que são drag queens e que eles subiram em caras. Com 20 anos, eu pesava 45kgs e tinha 1,75 de altura e era virgem e meu primeiro sexo foi em cima de um homem mais velho, muito mais experiente que eu. Se você tivesse me perguntado se eu era um ativo ou um passivo, eu não saberia do que você estava falando e então, depois de uma explicação, eu teria dado de ombros. Eu não sabia antes. Eu não me classifico agora, mais de duas décadas depois como um ativo ou um passivo. Garotos no colegial estão fazendo sexo e perdendo muito tempo tentando entender o que eles gostam e cada vez é diferente.

Gays procurando por sexo vão usar o termo “ativo” ou “passivo” porque define o que eles estão procurando naquele momento. Mas eu questiono um cara que define ele mesmo pelo lado de um ato que nós não passamos muito tempo fazendo.

Se um desconhecido me perguntasse se eu sou ativo ou passivo, eu me perguntaria porque aquele indivíduo está sendo tão intrometido. É para sugerir que estou sendo feminina, que sou submissa, que eu sou masculino e dominante? Meu Deus, que entediante, que monótono. Perguntar para alguém se é ativo ou passivo, a menos que esteja tentando dar em cima dele, significa que você está se metendo na vida sexual dele, e está dando a eles qualidades de feminilidade ou masculinidade baseada na preferência sexual.

E também, se você tem mais experiência, você devia ser passivo. Não ativo.

Ele me explicou aquele final em grandes detalhes que eu provavelmente não posso entrar, mas foi muito convincente. Então nós conversamos sobre Magnus e Alec por mais ou menos meia hora e agora minha cabeça parece um balão.

Eu certamente vi alguns posts dizendo que eu não devia ter sugerido que repetidamente perguntas sobre a vida sexual de Alec e Magnus estavam numa visão enraizada de um mundo conectado com estereótipos homofóbicos. De qualquer forma, nenhum deles explicou direito porque “quem é ativo ou passivo” é um importante conhecimento que as pessoas precisam ter para entender esses personagens, quando não existe essa igual convicção que alguém precise saber qualquer coisa sobre como as pessoas héteros fazem sexo em ordem de decidir que tipo de pessoa elas são.

O fato é que as pessoas falam de forma diferente sobre meus personagens POC do que falam sobre meus personagens brancos. As pessoas falam diferentemente sobre Alec e Magnus do que falam sobre meus personagens héteros. Há mais infantilização (meu pobre bebê) com o Alec, o tratam mais como se ele fosse uma criança com constante necessidade de ser mimado pelos outros personagens. E com muito muito muito mais especulação sobre a vida sexual de Alec e Magnus em especial. (E estranhamente, um monte de misoginia e ódio feminino, um monte de privilegio da vida sexual de Alec ao invés de, digamos, Clary – o que é estranho porque seria estranho para Alec desprezar pessoas que se atraem por mulheres, ou a sexualidade das mulheres, quando seu namorado é bissexual e ama mulheres. Mas isso é um assunto totalmente diferente).

Há anos atrás, e eu não mais que esse seja o caso, a mídia ficou de cão de guarda no site Common Sense Media partnered with Barnes and Noble. A ideia era que o senso comum dos revisores iria destacar o que quer que fosse “problemático” em um livro, então os parentes pais poderiam decidir se seus filhos os leriam.

Havia diversas sessões – bebidas, blasfêmias, desobediência – e também sexualidade. No quesito sexualidade dos livros de City Of estava listado “Um dos personagens principais é gay.”

O aviso dizia respeito a Cidade dos Ossos, onde Alec nem tinha um relacionamento ainda. Aparentemente, o Alec andar por aí, apenas sendo gay, era um ato sexual. Eu falo disso porque tendo a custódia do meu ask box e sendo a recebedora de noventa bilhões de perguntas sobre a vida sexual de Magnus e Alec através dos últimos anos, eu posso responder seus perguntas sobre “como” as pessoas geralmente perguntam se Magnus e/ou Alec fica por cima ou por baixo: eles geralmente tiram desenhos de anime sobre os quais eu não sei nada. Geralmente perguntam quem é o submisso e quem é o dominador. Eles frequentemente perguntam quem é o menino e quem é a menina. Perguntam quem dá a bunda. Essas perguntas não podem realmente serem separados de “quem fica por cima e quem fica por baixo” porque estão interligadas quase em todas as vezes.

No twitter, eu escrevi que ninguém nunca me perguntou se Clary prefere ficar por cima ou por baixo, mas isso foi apenas um exemplo – a verdade toda é bem mais preocupante. As pessoas simplesmente não perguntam sobre posições ou fetiches ou detalhes sexuais quando se trata de personagens héteros. Mas perguntam constantemente sobre Alec e Magnus porque aparentemente as preferências sexuais de Alec e Magnus impactam a percepção deles como pessoas em uma maneira que nunca acontece com personagens héteros. Nunca.

Eu já vi pessoas dizerem que não perguntam se Jace ou Clary ficam por cima porque eles não “estão cientes de cintas penianas” cujo 1) consiste em um mundo no qual pessoas estão completamente cientes de “por cima” e “por baixo” e associam essas palavras com um universo inteiro de uma larga imaginação direcionada para homens gays mas nunca ouviram falar de cintas penianas, que… não é minha experiência quando se trata do mundo no qual vivemos e 2) consiste em dizer que Clary poderia apenas penetrar Jace se ela tivesse uma cinta peniana. De qualquer outra maneira não. Todos os seres humanos de todas as sexualidades são capazes de um número ilimitado de atividades sexuais. Clary assim como Magnus e Alec tem a habilidade física de penetrar Jace – é que nós pensamos que o pênis é magicamente mais importante do que, digamos, os dedos. Não é. Sim, Magnus e Alec tem mais pênis do que Jace e Clary juntos (um a mais para ser mais precisa) mas a maioria das coisas que eles são e que poderiam fazer é mais similar do que diferente.

Vocês também sabem que Simon e Isabelle estão em uma relação meio bizarra. Quero dizer, se alguém estiver amarrando alguém… Eles estão desenvolvendo papéis, porque Isabelle tem um chicote?

Estou apenas dizendo. Ninguém tem o comando. O sexo penetrativo não é limitado àqueles com pênis e pessoas com pênis podem escolher nunca fazer sexo penetrativo. Todas essas perguntas sobre quem fica por cima e quem fica por baixo, toda essa associação de ideias sobre o tipo de pessoas que esses personagens são, toda a coisa de dominador e submisso – isso É uma coisa do gênero normativo. Não é explícito, mas está constantemente implícito. E é problemático porque isso automaticamente privilegia tanto a sexualidade masculina quanto os outros homens gays – eles se tornam feiticeiros bizarros cujo quem fica por cima ou por baixo é o equivalente online de em que casa de Hogwarts cada um está. É uma caracterização dos homens gays que vem a calhar que pouco tem a ver com o que eles fazem em suas vidas na realidade.

A vida sexual de Alec e Magnus é um tópico aberto para discussão de uma maneira que a de Tessa e Will não é porque aparentemente Magnus e Alec apenas existem durante um ato sexual. O constante questionamento sobre a vida sexual de Magnus e Alec é homofóbico pela mesma razão que perguntas constantes sobre a genitália de transexuais é trans fóbico, porque esse tipo de pergunta não é feita para ou sobre pessoas que vivem com o sexo que nasceram. Você pode destacar essa circunstância específica e dizer “Não há problema nisso. Não foi homofóbico” mas isso requer ignorar todo o contexto das relações sociais nos quais a pergunta foi feita em sua totalidade. Requer não olhar para os padrões; e isso me faz pensar no porque há pessoas que querem tanto dar desculpas?

Há uma cena implícita de sexo com Magnus e Alec nos livros. Eu achei que estava bem claro quem estava por cima (naquela hora, mas apesar disso eu não sugeri nada sobre o que eles poderiam querer no dia seguinte). Estranhamente ninguém nunca pareceu se agarrar a isso ficando bravo sobre como era “óbvio” e “explícito”. Esse mundo é estranho.

Eu não posso ajudá-los com o negócio do One Direction. Eu nem sei quem é Louis O_O

FONTE

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2 comentários em “Cassie fala sobre relações sexuais e Malec”



  1. Pandora Elf disse:

    A Cassandra Clare mostra mais uma vez porque é uma autora incrível.

  2. Maria disse:

    Cassandra é tão maravilhosa!



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