Cassie deu uma entrevista para o site “The Globe and Mail” onde ela fala um pouco sobre “Corrente de Espinhos” e sobre vender 50 milhões de livros. Vem ver tudo traduzido pela nossa equipe:
No meio de minha conversa com Cassandra Clare, temos uma interrupção.
O esposo dela estava acenando com os braços, freneticamente tentando chamar atenção dela, ela diz no telefone. “Imagine só? Eu sou a número um na lista de Best Seller do NYTimes”, a autora fala pra mim quando ela decifra o que ele está sussurrando para ela, se referindo ao novo livro dela “Corrente de Espinhos”, que saiu alguns dias atrás. (O livro também é o número um na lista de mais vendidos do The Globe and Mail).
É tudo muito animador, mas dificilmente é a primeira vez que a escritora americana entra em uma lista de mais vendidos. De fato, ela vem sempre subindo nas listas desde o primeiro livro dela, “Cidade dos Ossos”, quando ele entrou em 7º lugar na lista do NYTimes e em 4º lugar na lista do The Globe.
“Meu livro tinha sido lançado fazia uma semana, e eu estava em casa, sentada no sofá, escrevendo o segundo livro da saga”, Cassie falou sobre o momento que ela recebeu a notícia. “Minha editora me ligou e me falou e eu fiquei chocada.”
Ela lembra de ter ficado sentada por um momento em silencio total – isso nunca tinha passado pela cabeça dela, ela disse – e então ela ligou para sua mãe.
“Ela sempre me apoiou para ser uma escritora, e eu queria deixá-la saber que não foi um erro me encorajar a seguir meus sonhos”, diz Cassie. “Então eu liguei para meu pai, que sempre ficava atrás de mim falando ‘você sempre pode ir para a faculdade de administração, nunca é tarde demais’”, ela fala, rindo. “Eu entrei em listas de mais vendidos desde então, eu atingi conquistas, mas nada foi como a primeira vez”, ela conclui.
Praticamente, ela diz, significa que mais pessoas vão encontrar os livros dela, porque as lojas geralmente se baseiam no que está na lista de mais vendidos, uma pontuação que atingir a marca de mais vendido continua fazendo você ser mais vendido.
Os mundos intrínsecos que Cassie cria em sua mesa na ocidental Massachusetts mistura conhecimento, magia e romance de uma forma que chama atenção de adolescentes e de adultos. Seus livros foram traduzidos para mais de 35 linguagens, e sua saga “Os Instrumentos Mortais” foi adaptado como filme e como série que foi, fato engraçado, filmado em Toronto.
É ainda mais incrível quando você considera que os livros dela, que são de 14 anos para cima, sempre tem facilmente mais de 500 páginas, e o último livro que foi lançado tem 778 páginas.
Nada mal para quem começou escrevendo fanfiction com um pseudônimo – ela nasceu como Judith Rumelt – muito mais porque ela tinha medo de que as pessoas nunca acertariam o nome de nascimento dela. (De fato, muitas pessoas a chamam de Cassie hoje em dia. “É uma personalidade que eu aprendi a habitar”, ela falou.)The Globe conversou com Cassie sobre ser uma bestseller, porque ela gosta de escrever YA e como ela consegue manter essas histórias todas em sua cabeça.
Você vendeu mais de 50 milhões de copias dos seus livros. Como você quantifica um número como esse para si mesma?
Eu não acho que você consegue. Para mim, provavelmente 60% das minhas vendas não são nos Estados Unidos, então esses são números mundiais. Você sabe, minha mãe foi até a Polônia, procurando nossa descendência tentando encontrar nossa família, que eram Poloneses Judeus, vieram. Ela estava em um trem e olhou pelo lugar e viu duas adolescentes lendo meu livro e imediatamente interrompeu elas para falar que era minha mãe. Para mim, isso é o que significa, essa interação onde minha mãe está em um lugar onde ela nunca pensou que teria a chance de encontrar alguém lendo meus livros – mas eles são mais vendidos na Polônia, no Brasil, na Alemanha.
O mundo que você criou em seus livros é cheio de camadas e intrincado. Como você consegue gravar tudo isso?
Por muito tempo eu tive uma parede com notas e cartões sobre os personagens, e os personagens eram conectados uns aos outros com linhas de cores diferentes, que significavam coisas do tipo ‘inimigos’, ‘amantes’, ‘família’. Em algum ponto, uma amiga veio e disse ‘você é uma escritora, não uma assassina em série’. Eu lembro de ter ido nos escritórios da Simon & Schuster e procurar o que eles chamam de “bíblia da história” para uma série de livros de Buffy – A Caça Vampiros.
Eu pensei, bom, eu devia fazer isso para meus próprios livros, porque tem todas as informações sobre o livro escrito por alguém que nem conhecia tanto assim. Agora eu tenho uma bíblia da história que tem seções para “história”, “armas”, “arvore genealógica” e os personagens, desde como eles se parecem, até as menores coisas como cicatrizes que eles têm. Também tem o que os personagens sabem, porque tem muitos segredos rolando no meio dos livros.
No tempo em que você tem escrito para Jovens Adultos, nossa percepção do gênero mudou bastante. Ficou bem normalizado para pessoas em seus, digamos, 30 anos, lerem livros que são tecnicamente para 14 anos.
Quando eu era mais nova, o que nós chamávamos de “jovens adultos” era um tipo de gênero bem diferente. Era uma mistura do que eu chamaria de “novelas de problemas”, que queriam ajudar crianças a lidar com algum tipo de problema em suas vidas, como distúrbios alimentares, abuso, luto. Tem alguns que são considerados históricos como Johnny Tremain de Esther Forbes, e então um pouco de fantasia, que eu devorava. Eu sinto que deve uma grande mudança de “Jovens Adultos” deixando de ser algo escolar para se tornar um campo completamente comercial. Tem muito mais livros que são apenas divertidos e tem uma boa narrativa. É completamente normal para pessoas com 30 ou 40 anos lerem “jovem adulto” e gostarem. As pessoas entenderam que não é só porque um livro é sobre adolescentes que ele é apenas para adolescentes.
Para você o que torna um livro “Jovem Adulto”?
Tem muito a ver com as preocupações do personagem. Você pode escrever um livro sobre adolescentes que não é um livro para crianças. Eu escrevi meu primeiro livro adulto recentemente, chamado “Sword Catcher”, um tipo de Game of Thrones de fantasia adulta [será lançado em outubro]. Para mim, o desafio quando eu estava escrevendo, foi ter esses personagens tendo esses relacionamentos e as preocupações deles sendo diferentes. Quando você está escrevendo algo jovem adulto, os personagens têm um tipo de atitude com seus pais, que é “parente, criança”. Quando você está escrevendo sobre adultos, você conhece seus pais não apenas como a pessoa que cuida de você, mas como um ser humano completo, como você. Ao invés de escrever sobre primeiro amor, você está escrevendo sobre pessoas que já se apaixonaram antes. São coisas como essa que me mostram que estou escrevendo sobre adultos.
Você consegue facilmente voltar ao pensamento adolescente?
Sim, e eu não sei se isso é algo bom ou ruim. Eu amo ler livros YA, eu amo séries para adolescentes. Tem algo sobre esse período em minha vida que eu sinto que é muito próximo de mim. Eu sinto como se tivesse sido ontem. Eu consigo voltar naquele tempo e pensar em como sentia quando sua primeira paixão parecia o grande amor que ninguém nunca teve ou como uma decepção era o sentimento mais devastador de todos.
“Corrente de Espinhos” é o fim de uma trilogia. Como você se sente ao terminar uma série?
É sempre um momento de tristeza, quando você está encerrando e colocando de lado. O único jeito de eu superar é começando algo novo. Eu estou sempre trabalhando em mais de uma coisa ao mesmo tempo – quando eu terminei Corrente de Espinhos, eu imediatamente fui terminar Sword Catcher também. E eu nunca digo nunca. Tem sempre a possibilidade de um conto ou uma novela ou uma forma de eles aparecerem em outro livro.
“Corrente de Espinhos”, o 3º e último livro da trilogia “As Últimas Horas”, que já foi publicado aqui no Brasil no dia 27 de fevereiro – Vocês podem comprar o livro Edição de colecionador com brindes e clicando AQUI e o já e-book clique AQUI.
Para saber mais sobre “As Últimas Horas”, basta vir AQUI.
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