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Resenha: Os Canibais da Rua do Arvoredo – Tailor Diniz

Sinopse: A primeira pergunta: um século e meio depois a história se repete? Em 1863, na Rua do Arvoredo, em Porto Alegre, um abominável caso ganhou notoriedade: Catarina Palse e José Ramos mataram pessoas e comercializaram a carne delas. A história mereceu referência até no caderno de anotações do naturalista Charles Darwin. Um século e meio depois, com base em evidências nada desprezíveis, há quem garanta que os dois voltaram para se vingar. Basta uma única equação de lógica para ganharem sentido os boatos de que Porto Alegre voltou a consumir carne humana, com volúpia e prazer, agora em pleno século 21. O episódio começa quando um casal de jovens universitários, ele estudante de Gastronomia, ela de Medicina, vão morar na mesma casa na antiga Rua do Arvoredo. Poucos dias após a mudança, eles descobrem no porão objetos que podem ter sido usados pelos antigos moradores para sacrificar suas vítimas e transformá-las em linguiças. Influenciados pela descoberta, vivem momentos de prazer e de medo, assustados com os fatos inexplicáveis que passam a ocorrer no interior da casa. Possuídos pelos espíritos dos antigos assassinos, sentem-se designados a cumprirem uma missão de vingança, que, em princípio, não sabem exatamente qual é. Até que cometem o primeiro crime. Toda a narrativa é feita por um observador onipresente, que se apresenta como membro de uma organização internacional, cujo objetivo maior é dominar o mundo. É possível confiar nesse narrador e em suas histórias mirabolantes? Tire você mesmo as suas próprias conclusões nesta saborosa e horripilante sátira.

Primeiro de tudo acho justo dizer porque eu quis tanto ler esse livro desde que soube dele: por causa do caso antigo do linguiceiro da rua do Arvoredo (que hoje em dia é a rua Fernando Machado, em Porto Alegre) onde, em 1863, José Ramos e sua esposa, Catarina Paulsen, matavam ricos (e geralmente estrangeiros, porque ninguém procuraria por eles) e com a ajuda do cúmplice, o dono de um açougue chamado Carl Claussner, transformavam a carne dos mortos em linguiça e vendiam para as pessoas – alguns relatos da época diz que eles também se alimentavam da linguiça, mas nunca se teve nenhuma comprovação disso. Quando Claussner quis sair da “Operação”, ele acabou se tornando uma das vítimas do casal e não demorou tanto tempo depois disso para eles serem pegos pela polícia. Catarina se entregou numa boa e confessou os crimes enquanto José negava que qualquer crime tivesse acontecido, o que não fez diferença, já como nos dois foram condenados.

Enfim, depois dessa pequena explicação (rant) sobre um crime tão antigo, mas que foi tão horrível que até mesmo Charles Darwin comentou sobre (é), eu só queria dizer que eu fiquei um tanto obcecada com essa história, eis como eu parei com esse livro nas mãos.


“Os malucos às vezes têm razão, e eu sou um exemplo carimbado dessa premissa verdadeira. ”

Os Canibais da Rua do Arvoredo” também conta a história de um José e uma Catarina, porém não os antigos e sim um casal jovem, nos tempos atuais, que está cursando a faculdade e que foram morar justamente na casa que um dia foi dos assassinos.

Não demora muito e os espíritos dos assassinos começam a tomar conta do casal, indo atrás de uma vingança que eles não tem sequer ideia do que é, mas que, pouco a pouco, começam eles aceitam que devem fazer o que quer que seja, desde que isso signifique que vão se livrar daquelas assombrações.


“José olha. O semblante de ambos é de incredulidade e medo.
Está escrito na caderneta:
SIM ESTAMOS AQUI. E QUEREMOS VINGANÇA. ”

O livro todo é contado por uma terceira pessoa que se chama Zìnìdt Otten, que nada mais é do que alguém que trabalha na NUSE, uma agência que busca controlar o mundo inteiro com, imagine só, os chips que muitos acreditam que existem nas vacinas para covid. E isso me arrancou bastantes risadinhas, não vou negar não.

Essas pessoas que Otten toma conta são só as que foram vacinadas, assim ele tem um acesso sem fim a imagem e sons dessas pessoas, como se tivesse com uma câmera implantada em todos lugares que eles vão. E é aí que conhecemos José e Catarina.


“- A senhora teria motivos para matar o Doutor Borjão?
Ela riu.
Toda mulher, pelo menos uma vez na vida, terá tido um bom motivo para matar um homem, senhor delegado.

O casal está passando por dias ruins, mas ao descobrirem um porão na casa onde moram com vários itens esquisitos, e começarem a ser “atormentados” por Fantasmas, Otten fica mais curioso sobre eles, querendo mais informações e, principalmente, ver onde tudo vai dar, que nos deixa também naquela tensão a cada página que passa de saber cada vez mais.

E eu preciso dizer que o autor, Tailor Diniz, fez isso com maestria. Cada parada que o livro dava em partes específicas, me deixavam com mais ânsia para chegar ao final e saber o que aconteceria com aquele casal. Ao mesmo tempo em que as cenas sobre os crimes foram escritas de uma forma que não deixava pesado demais o que estava acontecendo e como estava acontecendo, só nos deixando ver com mais detalhes o depois.


“O esquecimento, também conhecido como memória curta, essa característica inerente ao ser humano, que serve tanto para o bem quanto para o mal, chegou como salvação suprema.”

Eu fiquei completamente apaixonada por esse livro. Muito mesmo. Fazia tempo que não lia um livro de suspense tão bom assim e tão bem escrito, daquele jeito que te prende do início ao fim. E que, ao mesmo tempo que você quer que os protagonistas paguem pelo que fazem, você não pode deixar de torcer um pouquinho só para que as coisas sejam diferentes no final.

E o final desse livro me deixou quase aplaudindo ele de tão bem feito, ao mesmo tempo misturando uma sátira com toda essa situação de controle mental, como também mostrando as consequências do que se passa na Porto Alegre do livro.

Se vocês gostam de livro de suspense com uma pitadinha de uma história real, não deixem de ler esse livro. Vocês não vão se arrepender.

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