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Talvez seja de conhecimento de alguns fãs que a autora Cassandra está sendo processada por infração de direitos autorais com a publicação de seus livros sobre os Caçadores de Sombras.

Primeiramente, gostaríamos de esclarecer algumas coisas. Em primeiro lugar, nós do Idris Brasil sabemos sobre essa notícia há alguns dias. Nós ESCOLHEMOS não publicar a notícia antes por (1) analisarmos que as acusações não têm fundamento, (2) em respeito à idoneidade da autora Cassandra Clare e (3) por que essas alegações de infringimento de direitos autorais é algo muito comum no mundo artístico, o que na maioria das vezes não levam a nada.

Em segundo lugar, veio a nosso conhecimento que diversos sites brasileiros que não têm o mínimo respeito com seu público leitor e senso nenhum de tratamento de notícia e que prezam apenas pelo sensacionalismo, vêm publicando essa notícia de forma a deixar os fãs da autora Cassandra Clare mais confusos ainda, enquanto o nosso papel como fonte de notícias (nosso, e deveria ser desses sites também) deveria ser de ESCLARECIMENTO.

Mas vamos à notícia em si:

No dia 5 de feveiro de 2016, a autora Sherrilyn Kenyon abriu um processo contra a autora Cassandra Clare, alegando que ela utilizou nomes e elementos da série da Sherrilyn, a série The Dark Hunter, para escrever Os Instrumentos Mortais. O primeiro livro da série The Dark Hunter foi publicado no ano de 1998, enquanto Os Instrumentos Mortais teve o primeiro livro publicado, Cidade dos Ossos, no ano de 2007.

De acordo com o processo, tanto a série Dark Hunter, quanto a série da autora Cassandra Clare são sobre “um grupo de guerreiros de elite que devem proteger o mundo humano de uma ameaça sobrenatural invisível que quer destruir os humanos, enquanto eles vivem suas vidas normais. Esses Caçadores, sejam “Dark” ou “das Sombras” preservam o equilíbrio entre o mal e o bem, protegendo os humanos de serem consumidos ou escravizados”, e ainda tem uma pegada mais “hot”, enquanto que a série de Cassandra Clare é voltada ao público infanto-juvenil.

A semelhança mais relevante, conforme Sherrilyn, é sobre o nome “Shadowhunter”, que na série de Sherrilyn ela chama de “Dark-Hunter”, e algumas vezes o sufixo “Hunter” aparece em outras formações como “Dream-Hunter” e “Were-Hunter”. Sherrilyn alega que antes da publicação de Os Instrumentos Mortais, Cassandra Clare utilizava o termo “Dark-Hunter” e ela solicitou que a outra deixasse de utilizar o termo, já que Sherrilyn possuía os direitos da palavra anos antes. Além disso, ela relata alguns casos de confusão de editoras e leitores guiadas pela semelhanças dos nomes.

A apresentação das acusações é extensa (e vocês podem ler aqui, se desejarem), e ela inclui uma tabela mostrando outras semelhanças, ora específicas, ora genéricas, entre as duas obras. Entre elas é possível identificar a utilização de elementos como “sangue de anjo” e “sangue de demônio”, “criaturas sobrenaturais” e “objetos mágicos chamados Instrumentos” nas duas séries.

Embora a própria autora Cassandra Clare não tenha se pronunciado sobre o caso, seu representante legal John Cahill rebateu as acusações, dizendo que até o dado momento, a autora Cassandra Clare nunca havia sido notificada sobre quaisquer reclamações envolvendo utilização de elementos de terceiros em seus livros.

Cahill também diz que analisando as acusações, é possível identificar diversas inexatidões nas comparações entre as duas obras, sendo que muitas das semelhanças apontadas por Sherrilyn apareceram primeiramente nos livros da Cassandra Clare, e alguns termos estão descritos erroneamente, como a palavra “daimons” que nunca aparece nos livros dos Caçadores de Sombras. Além disso, Cahill enfatiza que Sherrilyn não foi a criadora da ideia de guerreiros mágicos que protegem o mundo, lutando contra o sobrenatural, e que a lei protege os direitos sobre nomes e termos específicos, não sobre ideias gerais de mitos já intrincados em nossa tradição cultural.

Analisando tudo o que lemos (e que deixamos os links acima para que vocês pudessem tirar suas próprias conclusões), o que podemos concluir por enquanto é: nunca se comentou tanto sobre a autora Sherrilyn Kenyon e sua série como agora.

Nos falta conhecimento das leis e processo jurídico norte americano para dizer com certeza quem ganhará essa disputa. Aqui no Brasil, por exemplo, caso se prove que uma obra possui “um pequeno trecho” de transcrição exata de outra, conclui-se que há infração dos direitos autorais. Esse “pequeno trecho” nunca ficou especificado na Lei do Direito Autoral (Lei 9.610/98, em seu art. 28). Contudo, há a ideia de ser algo entre 10% à 15% idêntico a outra obra.

Sherrilyn pede no processo pelos lucros ($) de algo que ela acredita ser de direito dela. Além disso, ela pede também a remoção de toda a obra e menção sobre ela, inclusive na internet, e também processa a utilização da mesma na série de TV. Sim, uma obra de lucro milionário. Uma produção televisiva com altos recursos. Ela espera que tudo isso seja extinguido. Acreditem se quiser. Mas isso significa que os livros serão retirados do mercado ou que o seriado irá sair do ar – ou que os dvds do filme pararão de ser comercializados? Não. Ela, como qualquer outro cidadão de qualquer democracia, pode procurar seus direitos legais caso se sinta lesada, mas isso NÃO significa que ela esteja certa ou que ela ganhará a ação. Ainda existem todos os tramites legais para se chegar a uma sentença, então, até lá, tudo vai continuar exatamente como esta, e, até se prove o contrário, isso tudo é somente uma alegação.

E por que Sherrilyn decidiu abrir esse processo somente agora, quase dez anos depois do lançamento de Cidade dos Ossos? A resposta não é clara: talvez por que agora Os Instrumentos Mortais está em seu auge, com milhões de leitores em todo o mundo e com uma adaptação sendo exibida na TV americana? Talvez por qualquer outro motivo que não conseguimos entender, mas fica o questionamento do por que somente agora, que todo o mundo conhece a obra de Cassandra Clare, é que essa autora decidiu tomar essa ação. Essa estratégia é algo que observamos diversas vezes no mundo artístico, mas frequentemente no mundo da música. E sempre a alegação de infração de direitos autorais vai de encontro a artistas que estão no auge de suas carreiras. É um padrão a ser observado.

Não vamos aqui tentar induzir nossos leitores a um pensamento. Por mais que sejamos muito fãs da obra da autora Cassandra Clare, e mais do que isso, a admiramos como pessoa, não temos poder de julgar esse caso. Apenas temos as fontes originais e nossa própria capacidade de interpretação para tirarmos nossas próprias conclusões. Agora só nos resta aguardar pela decisão judicial para por um ponto final nessa história.

E a vocês damos o conselho: por mais preocupados que todos possamos estar, não se desesperem. E principalmente, não acreditem em tudo o que leem. Apesar de tudo, até que inventem uma runa de sumiço e apagamento de memória, os Caçadores de Sombras continuarão entre nós por muitos anos.

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16 comentários em “[ESCLARECIMENTOS] Autora processa Cassandra Clare por infringir direitos autorais”



  1. Jorge Aguiar disse:

    A própria J.K. Rowling já respondeu vários processos desse tipo.

    1. Giovanna Fonseca disse:

      Não só ela, Rick Riordan foi acusado por muitos fãs de ter plagiado a J.K.

  2. Edinaldo Aparecido Dos Santos disse:

    Sinto que todo esse processo é só pra tentar alavancar a procura por essa outra série. ¬¬

    1. Tieser Centeno disse:

      só pode… porque pelo que foi dito pelo site, o primeiro livro da Sherrilyn foi lançado em 1998 e agora ela quer se relançar…!!

  3. Dani Marques disse:

    Os Instrumentos Mortais vende pra caramba, tem e, ainda vai ter, trilogias derivadas, uma adaptação cinematográfica e agora uma série de TV, sem falar nos produtos licenciados… Daí vem uma autora pouco conhecida do público geral, com uma saga pouco conhecida entre leleitor, processando por “plágio”. Convenhamos, isso é, no mínimo, suspeito. Além do mais, várias sagas literárias já passaram por isso. Agora é esperar pra ver no que isso vai dar…

  4. Tamara Cristina disse:

    Inveja dor de cotovelo por que a série dela por ser mais antiga não alavancou como o da Cassandra Clare que chegou até virar série de TV.

  5. BEmpoeirada disse:

    Toda vez que isso acontece as pessoas especulam que o outro está fazendo isso pra ganhar a fama ou o dinheiro de alguém, supondo que Sherrylyn não é o Kanye West, o mais provável é que ela levou tanto tempo porque para abrir um processo coerente ela precisaria juntar muitas provas. É óbvia que a semelhança pode estar somente na visão dela e não se justificar aos olhos das outras pessoas. Porém, ela precisa juntar cada pedacinho de papel e cada pedacinho de informação pra abrir um processo e ter alguma chance de ser levada a sério. Eu não conheço a série dela, não faço a mínima ideia se é remotamente parecida com algo, mas os atuais YA são uma verdadeira mistura entre si e de originalidade não podem ser acusados. Um processo desse leva muito tempo pra terminar, só nos resta ver o final. Só acho feio supor que é por dinheiro e ao fazer isso vocês induzem sim a um tipo de pensamento. Fora isso, achei muito sensato vocês darem a notícia após uma pesquisa bem feita. 🙂

    1. IdrisBR disse:

      Olá, BEmpoeirada! Obrigada por apontar que pesquisamos antes de fazer o post, algo que sempre fazemos em qualquer assunto. Sobre o que você disse que a gente “supos” que foi pelo dinheiro: A autora da ação pede não só parte dos lucros como também indenização em cima de tudo que ela acredita que lhe seja cabível, e não é algo que estamos “supondo”, é algo que está na Inicial do Processo, entre seus pedidos. Sobre a questão do tempo, também acreditamos que 9 anos é um tempo por deveras exacerbado, mas, não podemos falar além disso, já como não temos acesso ao que acontecia na vida da autora. Dito isso, não falamos nada mais sobre as obras porque ainda não lemos nenhum livro da série supracitada. Obrigada por comentar e seja sempre bem-vinda 🙂

    2. Sofia disse:

      Eu li ambas as séries. E devo dizer que as histórias não são parecidas. O que tem em comum são os tais guerreiros que lutam para proteger a humanidade, no entanto é muito diferente. E há muitas histórias que têm elementos sobrenaturais que são similares e não é por isso que vão-se acusar de plágio… Gosto das duas séries, e já as li várias vezes, sinceramente não acho que tenha havido plágio. Só a minha opinião.

  6. MorgaineLeFay disse:

    Bom, eu preciso dizer o que penso. O que penso é que Cassandra Clare se inspirou, sim, em várias outras obras. Já ouvi falar que há muito conteúdo em inglês, na internet, sobre plágio da parte dela. Entretanto, apesar de ela ter se apropriado de elementos de outras obras – o que é genericamente chamado de plágio -, na minha opinião eles foram tantos, e tão diversos, que compuseram uma coisa nova e única, que é a história contada pela Cassandra. As pessoas até mesmo dizem que Os Instrumentos Mortais parece ser a mesma história da Draco Triology, uma fanfic de Harry Potter criada pela própria Clare, na qual Draco Malfoy seria Jace, e Gina Weasley seria Clary.

    Particularmente, já achei a história de Os Instrumentos Mortais parecida com Crepúsculo, que li quando tinha 13 anos, e O Vampiro Lestat/A Rainha dos Condenados, de Anne Rice; e estou lendo Jane Eyre, que me parece ter uma atmosfera extremamente parecida com As Peças Infernais. Entretanto, as semelhanças são extremamente abstratas, pelo menos para mim, e ela ter pegado elementos de outras obras e inovado tanto, e criado tanta coisa, isso para mim não se parece com plágio, e não diminui o valor que dou aos livros ou à própria Cassandra como escritora.

    Acredito que o que Sherrilyn Kenyon – de quem nunca tinha ouvido falar antes, e acredito que nunca chegou nem a uma fração da fama que Clare tem agora – tenha sim sido motivada pelo lucro e repercussão que a série dos Caçadores de Sombras tem obtido atualmente, ou, como dito na matéria, teria se pronunciado antes. Se ela realmente acreditasse no que alega e tivesse amor pela própria obra, certamente teria feito isso. Mas, justamente pelo lucro e repercussão, e tudo o que vem sendo citado, eu duvido muito que ela ganhe a causa. Vejam o prejuízo que haveria para a Freeform, e para todos que têm lucrado com a série. Não, eu acho que não.

    E sinto ainda que preciso comentar o que acredito que é plágio. Isabel Allende, escritora chilena atualmente residente nos EUA, foi minha escritora favorita desde que tinha 12 anos e li A Casa dos Espíritos. Mas as pessoas me diziam que “o original é sempre melhor”, e, por isso, resolvi experimentar ler o “original”, que seria o escritor colombiano Gabriel García Márquez. Que, por sinal, agora ocupa o meu posto de autor favorito. E, repito, isso é plágio. A maior parte dos personagens de Allende pode ser diretamente ligada aos de Márquez, a diferença sendo minúscula na maior parte dos casos, os temas são os mesmos, os recursos usados no texto (com mais excelência, por ele) e há aspectos muito similares, quando não idênticos, nas duas histórias. Isabel Allende é acusada de plágio por muitos dos leitores de Márquez, mas ela nunca sofreu um processo, até onde sei, mesmo porque ele agora está morto. Mas a grande maioria das pessoas não sabe das semelhanças e pensa que ela é uma escritora inovadora e brilhante, porque a verdade é que, apesar de Gabriel García Márquez ter ganho o Nobel da literatura, ela é uma bestseller e ganha mais dinheiro.

    O que quero dizer com esse texto de um quilômetro que acabo de escrever aqui é que se Isabel Allende, cuja obra apresenta semelhanças óbvias com a de outro autor, não caiu, não creio que haja a possibilidade de qualquer coisa acontecer com a Cassandra Clare.

  7. Levy Melo disse:

    uma pergunta….. ela ta pobre? ta querendo mais publico pro livro dela?…. pq né tentar querer ser dona de todo um universo já é d+ daqui-a pouco vai querer acabar com supernatural

  8. Alessandra Ferreira disse:

    Me sinto muito triste com a situação e espero que ñ seja verdade e que a Cassandra Clare consiga sair deste processo. Apesar de eu ñ poder julgar até que um veredito saía. Espero também que isso ñ afete na popularidade do mundo que tanto amamos.
    Só o que posso fazer é desejar que Cassandra Clare vença este processo e esclarecer a cabeça de quem já ta falando mau.

  9. Joana D'arc disse:

    Para mim é sensacionalismo mesmo, querer tirar proveito do sucesso da Cassandra Clare e do talento da escrita dela para que seu nome seja reconhecido e que sua obra seja vendida. Obviamente que se ela sentiu isso, agora depois de todo esse tempo (como vocês bem mencionaram) querer fazer alguma coisa a respeito.
    E se todos fossem fazer isso que ela quer fazer. Não existiria ou não seria permitido, historias de fadas, vampiros, universos paralelos, obras baseadas em fan-fics, fanfic das fanfic….

  10. Bae disse:

    Eu não sei se acredito nisso desde que essa noticia foi primeiramente publicada, se não me engano, pelo The guardian que é claramente conhecido pelo sensacionalismo e pela mania de inventar coisas…

  11. Amanda de Oliveira disse:

    Sherrilyn Kenyon, na minha opinião, não pode falar que a Cassandra Clare a plagiou no quesito “Mundo obscuro, onde caçadores lutam contra seres que tentam subjugar humanos, mesmo que os humanos não os percebem, ou não os vejam”. Pois isso pode ser notado em qualquer obra do sentido sobrenatural. O que me faz pensar que anjos, demônios, vampiros, lobisomens e etc… Não são propriedades de ninguém e qualquer um pode escrever algo sobre eles. Por exemplo a serie de tv Sobrenatural fala sobre isso, afinal eles são Caçadores, e o Sam por muito tempo toma Sangue de Demônio para “aumentar seus poderes”.
    O fato é que do mesmo jeito que quem ler muito pode perceber semelhanças em varias histórias isso não desmerece a mais nova, só mostra que um autor ou autora pode pegar algumas
    semelhanças e transformá-las em diferenças, para o melhor ou o pior e isso quem decide são os leitores. É quase a mesma coisa de O Diário do Vampiro, Crepúsculo e 50 Tons de Cinza, são obras semelhantes e nem por isso tenham históricas que as fazem únicas e especiais para os seus leitores, que podem se interessar por uma ou pelas três

  12. Raquel Menezes disse:

    “Tem uma pegada mais hot”, gentis vocês. As obras dela são os típicos romances de banca.



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