23.12

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Cassie respondeu algumas perguntas em seu tumblr sobre Malec e também sobre homofobia. Confiram a tradução logo abaixo.

Cortes de papel

Anônimo (por pedido) disse: Eu queria te agradecer por algo meio estranho. Eu estava preocupado quando comecei a ler o primeiro livro de Os Instrumentos Mortais, quando eles descobrem que Alec é gay, de que tudo ia desabar. Que os parentes dele iam rejeitar ele, que a Clave jogaria ele na cadeia ou que ele seria tratado como uma pária da sociedade. Como um adolescente gay, eu gostaria de te agradecer por não ter deixado isso acontecer. Isso não apenas acontece em milhares de livros como também é um clichê horrível, mas eu descobri que não é verdade na vida. As pessoas gostam de descrever homofobia apenas como violência contra gays ou assassinato, os piores excessos e enquanto isso acontecem, nem todas as pessoas mostram os pequenos cortes de papéis como Alec fala. Com você tentando evitar um clichê ou apenas como uma coincidência que as coisas saíram daquele jeito, eu queria te agradecer de toda forma, porque me permitiu aproveitar o resto dos livros.

Desde o inicio da série, quando Isabelle fala com Clary pela primeira vez sobre Alec ser gay, ela declara que não é ilegal. Não tem uma regra sobre isso, ela diz: quando acontece, as pessoas não falam sobre, só isso. (Ela se preocupa que os pais dela repudiem ele e tirem ele da Clave, mas isso é apenas suposição, e também, os pais dela não tem autoridade para tirar Alec da Clave. Você só pode ser mandado embora por quebrar uma lei. Então isso é apenas o pânico da Isabelle falando e nada do que acontece posteriormente confirma isso.) Eu pensei em fazer ser ilegal para a Clave. Provavelmente está nos primeiros rascunhos. Eu mudei por muitas das razões que você disse acima e porque colocaria uma pressão e uma ênfase bem diferente na história de Alec e Magnus e no que significaria o Alec não se aceitar enquanto Magnus se aceita: o que significaria para o Alec mentir e esconder esse relacionamento. Eu precisava saber quais consequências teriam e eu queria que elas fossem sociais, não mortais. Eu não acho que Magnus estaria disposto a namorar Alec se isso significasse, caso eles fossem descobertos, algo terrível pudesse acontecer com ele mesmo que fosse o desejo de Alec.

A Clave prendendo Alec na cadeia, separando ele e Magnus, machucando ele em alguma maneira extrema, teria sido outro tipo de história. É o tipo de história que eu recebo pedidos de leitores que não se sentem confortáveis com a sexualidade de Alec. Eu acho que é porque isso permite eles de se separarem confortavelmente de “vilões”. “Oh, eu nunca faria isso, eu não concordo com/gosto de homossexuais, mas eu nunca bateria/machucaria/jogaria alguém na cadeia.” Considerando que é muito mais desconfortável confrontar que você pode ser uma dessas pessoas que dizem que é uma pena que Alec é gay porque, wow, sem crianças, ou que ignore ele durante um encontro porque estão desconfortáveis. Essas são as micro agressões que Alec fala sobre em Almas Perdidas.

Eu também sei que estava escrevendo sobre uma guerra, e que Max iria morrer. É claro em Cidade de Vidro que uma boa parte dos pais de Alec aceitarem ele e Magnus é por ter acabado de perder uma criança. O filho mais novo deles tinha acabado de ser assassinado. Isso afeta completamente como eles iriam lidar com a ideia de irem embora ou perderem o filho mais velho ou machucarem ainda mais a família deles. A guerra também é importante. Não apenas a Clave tem muito, muito, muito mais a lidar do que a sexualidade de Alec, eles também estavam passando por perdas e tragédias. Tem muitas histórias sobre soldados na guerra protegendo companheiros gays do batalhão porque eles precisavam desesperadamente deles como lutadores (e também, podemos ter esperança de que estavam vendo eles como pessoas, mas — os dois). A guerra tem uma variante bem especifica. Muda o jeito como as pessoas reagem. Se você vai escrever sobre, você tem que lembrar disso.

Então aquela foi a ideia. Eu estava tentando evitar contar a história que vemos tantas vezes onde um adolescente gay se expõe e a punição é horrível e imediata, não porque isso nunca acontece, mas porque não acontece sempre e adolescentes gays merecem histórias variadas. Eu acho que existe um valor em escrever sobre o dia a dia da homofobia, e sobre as alfinetadas, as perdas que Alec fala sobre, que abrem buracos na alma e não no corpo. O distanciamento com o pai dele que nunca é realmente reparado. O jeito que a Clave retira seu respeito. Algumas vezes o pouco tem tanto valor quanto o muito. E algumas vezes você quer o seu adolescente caçador de sombras gay lá fora, atirando flechas em demônios enquanto o namorado dele assiste orgulhosamente, mais do que deixar ele trancado em uma cadeia. 🙂

Você nunca sabe o que vai agradar as pessoas, então eu fico contente que tenha agradado você.

Dolce e o que?

inwantofwords disse: Oi! Seus livros realmente me inspiraram. Especialmente seus personagens Alec e Magnus, já como eles me aceitaram a ser quem eu sou, e não apenas lidar com isso, eu amei isso. Eu estava me perguntando como Magnus se tornou tão confiante como ele é agora. Também, ele teve sucesso em colocar alguma cor no guarda-roupa de Alec?

Eu já recebi bastante perguntas sobre o guarda-roupa!

Okay, uma coisa, Magnus gosta do guarda-roupa surrado de Alec. É uma parte de Alec. É uma parte do charme e da fofura dele. Não que Magnus não fosse, sabe, NÃO SE IMPORTAR de ver Alec em um lindamente bem costurado terno Dolce e Gabbana, mas ele gosta muito mais de Alec sendo Alec, mesmo se o suéter dele parecer um tapete de banheiro.

Eu recebi uma mensagem de Cassandra Jean dizendo que ela pooooode estar trabalhando em algo especial sobre Malec, então eu talvez peça a ela Alec num terno Dolce e Gabbana enquanto Magnus olha apreciando, mas não é nenhuma certeza que ela vá fazer. Como o vento, Cassandra Jean é.

Malec em Edom

jecapj disse: Oi! Você é a minha escritora favorita de todos os tempos, quando eu estou triste eu leio as minhas cenas favoritas dos seus livros e de repente eu estou feliz de novo, obrigada por isso, e por todos os personagens maravilhosos que você criou, especialmente Alec e Magnus, e isso nos leva para a minha pergunta sobre eles: Quando Alec encontra Magnus em CoHF, Magnus diz: “Oh, meu Alec. Você tem estado tão triste. Eu não sabia.” Sobre o que ele estava se referindo? Eu não entendi porque ele disse isso, mas isso quebrou o meu coração. Eu espero que você responda minha estranha pergunta, obrigada por tudo!

Oh, sim. Eu quero dizer, pobre de todos naquela cena. Magnus está morrendo, e Alec está exausto e doente e finalmente chega onde ele estava indo e encontra Magnus nesse estado.

O que Magnus quer dizer é que quando ele viu Alec pela última vez, a relação deles ainda estava mudando. Ele tinha terminado com Alec, e depois mudou de ideia e foi atrás dele em Idris, mas ele nunca o tinha visto. Ele tinha sido sequestrado cedo demais. Porque Magnus, como todo mundo, é inseguro, ele não tem ideia de como o que aconteceu com ele afetou Alec. Ele não sabe o quanto Alec sentiu falta dele e esteve com medo por ele. (Ele nem sabe que Alec sabe sobre isso! Ele não poderia!)

Quando ele acorda meio tonto e vê que Alec está lá, o primeiro pensamento dele não é “Yay, eu estou salvo” ou “o que Alec está fazendo aqui?” ou até “Hurrah, ele me ama!” as quais são todas reações legítimas. É a pessoa que eu mais amo no mundo está triste, como eu torno isso melhor, como eu deixo tudo bem para ele?

Nem ele nem Alec estão pensando sobre nada além do outro naquela cena. Eles não estão separados. 🙂

Viagem

healyshegemony disse: Hey Cassie! Primeiro de tudo, eu quero dizer o quanto eu amo Malec (definitivamente é minha relação preferida e dois dos meus personagens favoritos.) É bom ver um casal gay canon cuja a característica principal não é “homossexual.” Eu só estava me perguntando duas coisas. Em primeiro lugar, de onde você tirou a inspiração para os personagens/casal? Além disso, o que você acha que foi a coisa mais estranha que eles fizeram em suas férias juntos? Será que eles vão continuar viajando juntos depois COHF?

Geralmente não há uma inspiração para um personagem ou um relacionamento — eu sabia que eu queria enfrentar a antiga dinâmica de fantasia do clássico imortal/jovem humano que remonta aos deuses da Grécia Antiga, e que eu realmente queria ir à fundo na história de imortalidade e mortalidade e o que elas significavam, e idade e experiência versus a juventude e a percepção da fragilidade: que envolve alguém que vai morrer amar quem nunca vai morrer, e vice-versa.
Muitas pessoas têm perguntado sobre a viagem! Absolutamente eles vão viajar. Eu não tenho certeza sobre o que foi a coisa mais estranha que eles fizeram nas férias. Poderia ter sido o incidente em Budapeste com o pombo que Magnus pensou que era um espião.

katara-alchemist disse: Assumindo que Jace e Alec fazem o que a maioria dos Caçadores de Sombras fazem uma vez que eles atinjam 18, como é que Magnus se sente sobre o fato de que Alec vai eventualmente passar de instituto para instituto, por algum tempo para aprender coisas sobre Caçadores de Sombras em outras culturas?

Magnus gosta de viagens. Ele irá junto e irá se jogar em uma pensão nas proximidades. Não é como se um Caçador de Sombras que se casou aos 18 anos que seria de esperar que deixasse o seu cônjuge para trás!

shezinafez disse: Deixe-me apenas dizer que eu amo malec muito. Muito muito mesmo. Terminei agora as Crônicas de Bane e wow obrigada! Mas sim, pergunta rápida de natal: Como o primeiro Natal deles juntos se parece? Caçadores de Sombras fazem natal? Magnus totalmente superou isso depois de tantos anos? Ou será que existe um papel de embrulho brilhante e novos suéters para Alec (de marca, obviamente) e amassos no sofá com uma caixa de chocolates? Só estou imaginando eles sob o visco … Com um muito irritado Presidente Meow tentando conseguir um pouco de amor!

Pobre Presidente. Tudo que ele quer é comemorar o Chanukah, como é seu direito. Mazel Tov, Presidente Meow!

Fogo testa ouro

hereinthedayandtimes disse: Oi! Eu realmente amo Malec, mas ultimamente eu tenho visto algumas divisões entre os fãs de Malec que me entristece. A coisa é que alguns dizem que Magnus está em falta porque ele pressionou Alec em se expor, e que ele se abusa de seu poder como alguém mais velho. Outros dizem que Alec está em falta por ir nas costas de Magnus até Camille para terminar com a vida de Magnus. Eu gosto da relação de Magnus e Alec, mas eu me pergunto se você pensou que Magnus estava em seu direito ou Alec porque eu nunca pensei em ter que escolher antes.

Em falta pelo que? Um relacionamento que ficou ótimo? 🙂

Eu acho que quando personagens tem problemas em relacionamentos, leitores algumas vezes reagem como amigos fazem na vida real e apoiam um personagem mais do que outro. Algumas vezes os dois personagens estão errados, mas vamos ver o porque cada um fez o que fez.

Primeiro Magnus. Eu acho que se expor é uma decisão muito pessoal. Ninguém pode obrigar você a fazer isso ou fazer isso por você. Com isso dito, o problema de um cara que é exposto saindo com um cara que não é, é um dos muito, muito reais problemas que homens na vida real tem. Em outras palavras, errado ou certo, é um problema que pessoas reais tem todo o tempo.

Por exemplo, aqui tem uma discussão online de um grupo para homens gays onde um homem está tendo o mesmo problema: ele é assumido, seu namorado não assume a relação deles. Como você pode ver, as respostas, que são todos identificados como de homens gays, tem vários tipos.

“Eu discordo dos posts nesse tópico que acham que se assumir é uma decisão pessoal que deve acontecer sempre quando a parte enrustida acha que sim. É apenas verdade quando você não está em um relacionamento. Assim que outra pessoa estiver junto, você tem que levar os sentimentos dele em consideração, sem duvida. Se o seu parceiro é assumido e você não, é injusto e insustentável fazer eles se juntarem em um monte de mentiras e decepção por todo o tempo que leve você a se assumir. O quanto antes, melhor.”

“Olhando para os dois lados da história. Eu acho que vocês dois estão certos e vocês dois estão errados por razões diferentes, é claro, mas é isso. Eu acho que o medo do seu namorado de se assumir para os pais dele é uma séria preocupação e é muito egoísta da sua parte forçar ele a fazer isso. Especialmente se ele acha que os pais dele podem deixar ele sem dinheiro. Com isso dito, é inaceitável para ele te chamar de “melhor amigo” para os amigos dele.”

E assim por diante. Você pode ler tudo se quiser! Tem milhares de páginas como essa na internet e milhares de caras tendo essa conversa agora porque é algo que acontece. Como escritora, não é meu trabalho decidir se esse cara ou o namorado dele estão certos. É ouvir o que as pessoas nessa situação estão dizendo sobre eles, e tentar descrever a situação assim como está acontecendo.

Esse é meu trabalho como escritora de ficção. Meu trabalho como escritora de fantasia é lembrar que tem muito mais acontecendo do que um cara pressionando o namorado dele para se assumir. Magnus é um membro do submundo, namorando com um Caçador de Sombras, um grupo que matou feiticeiros por décadas e ainda trata eles como se tivessem menos valor e fossem menos humanos. Ele tem suas razões para se preocupar que Alec não vai se abrir sobre o que está fazendo porque tem vergonha de estar com Magnus. Ele também sabe que Alec acha que está apaixonado por Jace, e tem que lidar com isso. Ele tem mais razões do que a maior parte das pessoas para acreditar que Alec nunca vai se assumir. Acima disso, porque Magnus é assumido, e Alec está indo a casa dele praticamente todos os dias, esse relacionamento põe Magnus numa posição precária no Submundo com todos que não gostam de Caçadores de Sombras. Qualquer membro do Submundo pode decidir que Magnus precisa de um desagradável lembrete para não se misturar com Caçadores de Sombras. Enquanto isso, a recusa de Alec de reconhecer Magnus, como pelo menos uma pessoa que ele conhece particularmente bem significa que Magnus está vulnerável por estar namorando Alec, mas também nega a proteção que namorar abertamente um Caçador de Sombras traria.

Os pais de Alec estavam no ciclo. Magnus pode lembrar de coisas como a decoração da casa do avô de Tessa, pendurada sobre membros do Submundo mortos. A imortalidade de Magnus significa que ele experimentou horrores nas mãos do tipo de Alec antes mesmo dele nascer e isso influencia o comportamento dele. (Do mesmo modo, isso significa que a visão de Magnus sobre a intolerancia da Clave sobre a homossexualidade de Alec é correta de fato: para Alec aquelas são pessoas que ele ama e respeita, para Magnus são pessoas perigosas, defendendo um sistema prejudicial.) Magnus tem muitas razões para estar com ciúmes, triste e assustado, e Alec não está arriscando mais esse relacionamento do que Magnus está.

Dito tudo isso, eu acho que personagens são mais caracterizados pelo o que fazem do que pelo o que dizem. Magnus deixa passar muitas oportunidades de fazer algo para que Alec saia do armário; Magnus se recusa. Quando Alec está prestes a se revelar para seus pais em CoA, Magnus não permite que ele faça isso, porque sabe que Alec está sob influência de magia e não está pensando claramente. Ele tem uma oportunidade real de deixar Alec se revelar, sem pressão, culpa ou consequências relacionadas a ele, e ele não usa a oportunidade.

Em Cidade de Vidro, Magnus se afasta de Alec, o que é uma forma de autopreservação. Alec não sair do armário é sim, da conta dele. E também magoa Magnus todos os dias. Magnus tem o direito de se proteger. Ele tem o direito de se retirar.

É provavelmente uma boa pensar sobre como uma pessoa de cor em uma relação com um privilegiado garoto branco está “abusando de seu poder” também. Problemas de fantasias racistas fazem parte desses livros – os pais de Alec terem pertencido a um grupo de ódio que matava pessoas como Magnus com alegria, que surpresa Magnus ficar ansioso – mas problemas de racismo real também estão presentes.

Em segundo lugar, Alec. Como você disse em sua pergunta, Magnus é mais velho que Alec e mais experiente. Alec sente essa disparidade ás vezes. Ele não tinha muitas pessoas em sua vida que possivelmente pudessem entender isso, então quando uma oportunidade chegou, na forma de Camille, ele aceitou. Ela sabia tanto sobre Magnus e enquanto ela pensava que estava tentando Alec com a possibilidade de terminar com a imortalidade de Magnus (uma coisa realmente horrível), ela não estava. E o que nós sabemos e o que Magnus não sabia em CoLS, é que Alec não estava tentado pela ideia de encurtar a vida de Magnus de maneira nenhuma como estava pelas informações que Camille poderia fornecer a ele. Ele precisava saber de coisas sobre Magnus, porque Magnus estava mantendo essas coisas em segredo e não estava compartilhando e isso deixava Alec extremamente infeliz. É difícil estar em uma relação com alguém que não fala de si pra você. (Assim como é difícil para Magnus estar em uma relação com alguém que não assume). Alec nunca pretendeu que as coisas chegassem tão longe como chegaram. Mas ele não tinha experiência e as decisões que ele tomou refletem isso. Ele pensou em fazer algo realmente terrível. Mas ele não foi adiante com isso. Era sua primeira relação, e ele cometeu um erro. O erro magoou Magnus severamente, e o lembrou das gerações de Caçadores de Sombras às quais Alec pertence, pessoas que sempre condenaram sua magia, pessoas que sempre quiseram tirar sua vida.

Alec pretendia se colocar no lugar de todas aquelas pessoas terríveis que vieram antes? Não, mas isso não significa que Magnus não tinha o direito de estar magoado e de afastar Alec. Ele deveria ter dado a Alec mais uma chance para se explicar? Sim, mas nós nem sempre pensamos claramente quando estamos magoados. Essa é uma situação na qual eu simpatizo com os dois.

Na verdade, eu acho que eles teriam ficado juntos sem Edom. Magnus perde Alec terrivelmente, a perda não é unilateral. Eles conversam prestativamente no Instituto. Eu acho que eles teriam conversado novamente, e funcionou. O fato de que Alec prova, sem sombra de dúvida, que ele não só não quer encurtar a vida de Magnus, que ele vai fazer o que puder para salva-lo, apenas acelera o processo. E o fato de que Magnus deixa cair seu segredo e conta a Alec tudo sobre si mesmo acelera isso ainda mais.

Em suma, eu não vejo Alec ou Magnus como errados ou maus. Penso neles como pessoas de bem que nem sempre fazem as melhores escolhas (porque ninguém faz), mas sempre as fazem por bons motivos. Eu acho que o meu trabalho é fazê-los sentir de verdade, não decidir quem está certo.

Então. Você deve estar se perguntando porque eu lhes dou quaisquer falhas em tudo? Por que não torna-los perfeitos e seu relacionamento perfeito? Magnus poderia ser mais solidário! Alec poderia ser menos inseguro! Eu tinha o poder de apagar todos os seus problemas. Então, por que não?

Acho que é porque eu queria que eles parecessem pessoas.

Para ser justa, eu recebo essa pergunta sobre todos os relacionamentos de TMI, e todos os meus amigos escritores também terão a mesma pergunta sobre todos os seus relacionamentos, hétero e homossexuais, embora com as relações que não são héteros, muitas vezes também somos questionados por que nós não apresentamos nossos personagens gays e suas relações como perfeitas; leitores gays não merecem ver relacionamentos felizes e saudáveis que eles possam aspirar?

E eu concordo com isso. Eu faço. Eu acredito que os leitores gays merecem ver relacionamentos felizes que posam aspirar, porque eu acredito que eles merecem ver o espectro de relacionamentos. Leitores héteros começam a ver um espectro de relacionamentos, de bom para ruim para corajoso para real para doloroso para edificante. Eu acredito que os leitores gays merecem ver personagens que parecem reais nos relacionamentos que parecem reais, como o tipo de relações que as pessoas podem realmente ter na vida. Creio que eles merecem um final feliz com todo o meu coração. Mas também acho que não merecem, histórias chatas livres de conflito sobre papelão recortado e pessoas que nunca fazem nada de errado, qualquer um!

Foi dito por pessoas muito mais qualificadas do que eu para falar sobre essas coisas que tem duas vias de um personagem para um grupo marginalizado: demonizá-los ou idolatrá-los.

Completamente bom, não é boa escrita … Bem e mal estão em um espectro. Não é preto e branco. Os personagens podem ter falhas, sem serem maus.

Eu sempre pensei que era por isso que há tanto tempo os casais gays que vimos na mídia estavam juntos há muito tempo: eles eram os vizinhos amigáveis, as figuras maternas, os professores amorosos com relacionamentos maravilhosos em casa. Nós não os vemos se apaixonarem, estragarem e falharem, perdoarem e serem perdoados, porque tudo isso é duro e difícil e, o mais assustador de todos, é humano. Dar falhas a personagens gays é dizer que eles são pessoas. Eles se apaixonam e desapaixonam, eles não entendem um ao outro, ferem um ao outro sem querer. Às vezes, eles machucam uns aos outros querendo. Eles desconfiam uns dos outros, às vezes, e confiam em outros. Às vezes, eles são egoístas, cansados e irritadiços.

…”Casais gays são quase que exclusivamente idílicos, uma espécie de aderência a um mandato tácito de que seus relacionamentos devem ser perfeito, a fim de provar que a ideia do amor do mesmo sexo não é nada para os americanos terem medo, porque não há nada diferente sobre a maneira que eles amam assim como o amor entre casais “tradicionais” ou “convencionais”. Mas, ao fazer isso, estes retratos da TV ignoram a forma como as relações do mesmo sexo são muito parecidas com as relações heterossexuais: assim como houve amor, houve stress, complicação e trabalho.” – Kevin Fallon para o The Daily Beast sobre a forma como “personagens gays estão finalmente autorizados a ter toda a diversão rude que todos os personagens heterossexuais têm tido”, o que é realmente interessante em geral.

Uma das coisas sobre a forma como as histórias funcionam, é como elas falam sobre como as pessoas mudam. Como elas ficam melhorem, ou (em uma tragédia) como se agravam. Em última análise, você está sempre se perguntando: como mudar essa personagem? Como é que eles mudam? A relação também é como um personagem: como ela cresce? Como muda?

Em parte por causa disso (e em parte porque é realista) nenhum relacionamento é perfeito/ “saudável” desde o início. Não pode ser. Estas são pessoas que não se conhecem tão bem, se apaixonando ou namorando, saltando para o desconhecido. Portanto, muito da arte produzida pelo homem é sobre como os relacionamentos são difíceis, como o amor escapa de nossas mãos, mesmo quando nós o queremos tanto, porque de alguma forma, de algum jeito, nós simplesmente não conseguimos fazer certo. Mas nós tentamos, nós continuamos tentando de qualquer maneira, porque isso é o que significa ser um ser humano. Afinal, as pessoas não são boas para as outras pessoas, porque elas nunca tropeçam ou os prejudicam… Elas são boas para eles, em última análise, apesar do tropeço.

Então, por que eu não tirei todas as falhas pessoais de Magnus e Alec e apaguei todos os seus problemas? —porque eu queria que eles se sentissem como pessoas reais que poderiam se relacionar, onde os leitores gays e heterossexuais seriam capazes de verem as suas próprias inseguranças, ou dificuldades de confiar, ou o sentimento de rejeição, ou a mágoa por causa de um rompimento em seu relacionamento — as coisas que acontecem com pessoas, e não com manequins perfeitos. Porque os personagens que nós amamos e nos preocupamos têm pedaços quebrados. Magnus e Alec têm problemas, trabalham nisso, e, no final, são felizes juntos. M&A já aprenderam a terem fé e confiarem um no outro, mas se eles tivessem simplesmente tido fé e confiança um no outro externamente, eu não acho que nós/eles teriam experienciado isso como um triunfo. Como algo relacionável. Como o tipo de amor — seja ele romântico, de amizade ou familiar — que passou pelo fogo e, portanto, nós agora sabemos que pode sobreviver a isso. Fogo, apesar de tudo, testa ouro.

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