23.06

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Cassandra Clare escreveu um grande texto falando sobre as mortes de Cidade do Fogo Celestial e mortes de personagens de outras histórias conhecidas. GRANDES spoilers sobre quem morre no sexto livro de Os Instrumentos Mortais, Cidade do Fogo Celestial, a partir desse ponto. Você foi avisado. (Texto traduzido pela equipe do Idris Brasil). Confira:

 Sobre morte.

shadowhunter-halfblood disse: Oi Cassie. Primeiramente, eu gostaria de te agradecer por CoHF. Foi maravilhoso e um fim fantástico para uma série marcante. Eu estava me perguntando, o que fez você decidir não matar…

SPOILERS. GRANDES SPOILERS SOBRE QUEM VIVE E QUEM MORRE. MAIS ABAIXO DO CORTE.

ninguém do grupo de personagens PRINCIPAIS? (Estou me referindo principalmente a Jace, Clary, os filhos Lightwood, Simon, Magnus e Maia.) Não me entenda errado, eu estou feliz que você não matou nenhum deles mas eu estava esperando a morte de um dos personagens principais. Eu estava me perguntando porque você no final decidiu manter esses personagens vivos.

Primeiramente, obrigada pelas suas gentis palavras sobre CoHF. Fico feliz que você tenha gostado – e estou feliz que você não quis que nenhum desses personagens morressem. Eu acredito que isso é um reconhecimento, mesmo que você esteja curiosa (o que é natural!), que o livro não teria sido um livro melhor se algum deles tivesse morrido.

Em segundo lugar, eu não estou surpresa que as pessoas ficaram preocupadas sobre “principais” personagens morrendo. (Eu na verdade incluiria Jordan na lista acima e ele de fato morre, mas o que quiser.) Além do banner de QUEM IRÁ SOBREVIVER no teaser poster (o que não foi minha culpa!) eu também disse que pelo menos seis personagens cujos nomes nós conhecemos iriam morrer.

O que foi cruel de antecipar! Eu peço desculpas! Nós escritores temos que encontrar diversão onde podemos. Os personagens que eu estava pensando, para constar, eram Raphael, Jordan, Maureen, Meliorn, Amatis e Sebastian. Prateor Scott e Rufus também, mas eu não estava apostando que as pessoas iriam necessariamente se lembrar dos nomes deles de CoLS. 

Eu direi diversas razões porque eu não matei os personagens que você listou. A primeira é simplesmente uma questão de gênero. Muitos de você têm lido bastante distopias, um gênero que mata um monte de personagens porque o ponto do gênero é que o mundo é um lugar terrível cheio de matanças e onde a humaninade é essencialmente muito ruim. Eu me lembro de ler muitas distopias quando era adolescente (gêneros, eles vão e voltam como as marés) como The White Mountains e The Sword of the Spirits e cara, como todo mundo morria ou explodiam no final. 

Os Instrumentos Mortais, no entanto, não é uma distopia: é uma aventura de fantasia, um gênero que toma como tema a suposição que as pessoas são inerentemente boas e que o mundo é um lugam bom, algumas vezes comprometido pela presença do mal. Aventuras de fantasia tradicionalmente não matam massas de seu elenco principal porque isso vai contra a temática de bases do mundo. (Essa é parte da razão que aclamou Game of Thrones como um caso a parte: o elenco principal continuam sendo mortos, e brutalmente. No entanto, uma das coisas que faz GoT funcionar é essencialmente os livros não são sobre mágica, mas política e história. Os livros são de ordem política e as mortes levam a grandes mudanças no mundo político. Enquanto que matar Alec é somente matar Alec. Nenhuma das pessoas de TMI são monarcas; não é como se depois nós tivéssemos que procurar por outra pessoa para ser Rei, ou então começaria uma guerra.)

O Senhor dos Anéis: todos os heróis sobrevivem. Boromir morre, mas ele era um pouco como um rascunho e morre no começo. É meio que Jordan morrendo. Gandalf morre, mas depois volta com um cabelo melhor.

Nenhum dos personagens principais de Harry Potter morre no último livro (Dumbledore morre no sexto livro, mas figuras de mentor/pai sempre morrem: Hodge morreu, Valentim morreu, etc.) – são pessoas foram do núcleo central. Nenhum dos personagens morrem no final de Percy Jackson e os Olimpianos. Ou Star Wars. E assim consecutivamente. Quanto aos personagens específicos que você citou; vamos personagem por personagem:


Clary: Eu não queria que a mensagem desses livros fosse, “Hey, heroína feminina corajosa, o resultado final dos seus esforços é a morte.” Em outras palavras, mulheres que se atrevessem a ocupar o espaço do homem no centro da narrativa seria recompensada morrendo. Jace: O Jace já morreu. Matá-lo de novo seria infelizmente hilário. E também ele passou por muita coisa e eu pensei que ele deveria ter uma folga.


Alec: Você gostaria de participar na alegoria de matar seus gays? Não, eu não gostaria. Eu não gostaria que minha série de livros fosse uma daquelas que diz mais uma vez que o papel dos adolescentes gays é na vida é morrer, de preferência por pessoas corretas e heterossexuais. Magnus: Ou matar um personagem que não é hétero e branco. Mais uma vez, a mensagem aqui é terrível. E tem uma enorme falta de personagens grandes não-héteros e não-brancos na ficcção YA, como você pode ver por essa lista. Magnus de muitas maneira sexiste como um personagem que é uma celebração de si mesmo, confortável em sua pele, e matá-lo seria não só um golpe pessoal aos personagens como um golpe a visão de mundo das séries.


Maia: Mulheres fortes de cor não são tão comuns na ficção YA  como deveriam ser. (Elas não são comuns em nenhuma fonte de entretenimento como deveriam ser. E quando estão presentes, frequentemente é pra serem mortas. Eu não estou de forma alguma discutindo que meus livros não são problemáticos ou que eu não me ferrei muito representando personagens que fazem parte de grupos marginalizados. Eu estou apenas discutindo isso como forma de fazer parte de tentar fazer melhor.) Matar a Maia nesse livro representaria um reembolso ao seu desejo de terminar o relacionamento com o Jordan, o que é rude. Seu desejo de terminar o relacionamento com o Jordan é perfeitamente normal e não há nada de errado nisso. De qualquer forma, esse é o livro que ela realmente vem a si mesma – ela tem New York, ela foi uma durona e ela é muito mais interessante viva do que seria morta.

 

Isabelle: A morte da Isabelle teria despedaçado a família Lightwood. Eles já perderam um filho: Max. A celebração do sangue dos Lightwood pareceria uma estranha concentração de descarregamento de dor e pesar pra uma família. Isabelle também é uma personagem feminina muito forte (Eu entendo que isso se tornou uma palavra muito ruim em alguns círculos, mas isso parece rude pra mim) e eu não estou demasiado perspicaz em matá-los, embora as circunstâncias exijam isso, teria sido possível com a sobrevivência da Clary fornecendo um contraponto. Mas aí você só está matando um personagem por matar. Nenhum desses personagens precisam morrer pra nós entendermos a seriedade dessa guerra: nós entendemos isso, devido ao sangrento número direto de mortes dos Caçadores de Sombras e a total elevação de seu mundo. No final, eu não matei Isabelle porque não tinha motivos pra matar Isabelle. 

Simon: Eu acho que a maioria das pessoas achavam que o Simon é um bloco quebrado e eu posso ver o motivo. Ele sempre foi um pouco deslocado do grupo, primeiro porque ele era mundano e depois porque porque era um membro do Submundo. Eu frequentemente falo de como eu expandi a série de Cidade de Vidro pra três livros porque a ideia originalmente tinha sido um spin-off sobre o Simon e eu decidi que eu iria, ao invés disso, fazer uma continuação de aventuras de todo mundo e movi o Simon para um papel mais central. Desde o início da concepção desse spin-off, Simon era pra ser um Caçador de Sombras. Agora, nada para uma escritora de fazer mudanças de último minuto e posteriormente fazer com que eles fiquem vivos. Mas – sendo judia – eu estava de alguma forma relutante em matar um dos poucos abertamente heróis judeus da fantasia (Eu acho que tem o… Magneto?) e também matá-lo ecoaria muito o que o Magnus disse sobre suas memórias serem tiradas dele: a mensagem deixada seria que somente os escolhidos sobrevivem, e os normais, não nascidos com mágica, podem esperar pela morte. O que é meio fascista.

E a última questão, sobre a qual eu vou falar rapidamente…

Há meio que uma ideia geral que matar personagens é Importante e Literário. Matar personagens bem, criando mortes significativas, é bom. Mas você pode estragar tudo matando personagens da mesma forma que você pode com qualquer outra coisa: eu dei aulas de redação para vários grupos de diferentes idades, e crianças em escola primária estão apaixonadas em matar seus protagonistas. Principalmente porque eles não conseguem pensar em outra coisa para fazer com eles, e matá-lo acaba com essa preocupação. (Não há nada mais fofo e assassino do que escritores de nove anos.) Matar personagens pode ser Importante, porque qualquer coisa bem feita pode ser. Mantê-los vivos e lidar com os problemas deles indo adiante pode ser igualmente desafiante. Isso simplesmente depende da história.

Eu estou perfeitamente contente em matar personagens quando a história pede isso, ou fazer coisas terríveis com eles As pessoas ainda ficam chateadas que Will morre em Princesa Mecânica, ainda que ele tenha morrido de velhice. Jessamine morreu. Max morreu. Eu tenho mais mortes de quebrar o coração planejadas para o futuro. Eu estou ansiosa por elas. Eu não vou dizer que eu gostei de matar Max, mas eu não tive problema algum fazendo isso.

A questão é, há uma razão para que nenhum principal morra no último livro do Harry Potter: ambos Sirius e Dumbledore são embaralhados nessa confusão mortal antes. Porque o último livro é geralmente o livro onde os heróis estão contra a parede, tudo está em crise, e não há tempo para lamentar. (eu recebi reclamações de pessoas que queriam que Jordan fosse mais lamentado – e em um rascunho, eu adicionei um por de lamentação para/em discussão sobre Jordan entre os personagens de Idris, mas isso pareceu ridiculamente fora de lugar, e eles pareciam criminalmente estúpidos por focar na coisa errada no momento errado. Imagine se tivesse sido alguém que eles realmente amavam, uma Isabelle, ou um Jace. Luto é geralmente algo com o qual um herói precisa lidar antes da batalha final, não durante. O luto deles pelos Max é cortado em Cidade de Vidro, e continua nos próximos livros onde há mais oportunidade para lidar com isso.)

A série, enquanto ela se desenvolvia, se tornou – assim como sendo a história da Clary – uma história sobre um time de heróis. Enquanto a guerra é mostrada como terrível e Sebastian como perverso (a morte terrível de Jordan), apesar dos inocentes terem morrido (Max, Amatis), e pessoas sacrificaram suas vidas por outras (Raphael) eu queria mostrar a vitória, a forma que eles salvaram e transformaram o mundo que eles viviam. Eu queria que os leitores terminassem a série felizes, sentindo que eles estavam em uma aventura fantástica e triunfaram assim como os personagens. Eu queria que eles pensassem nos personagens que meus leitores me fizeram a honra de cuidar enquanto viviam, e indo mudar o mundo que eles salvaram. Eu não queria comprometer a ideia de que pessoas são basicamente boas. 

E o trabalho deles não está terminado. Enquanto Os Instrumentos Mortais é uma série autônoma, e pode ser a única série Shadowhunter que muitas pessoas leiam, é parte de um quadro de cinco série. Essa história continua, com Os Artifícios das Trevas e The Wicked Powers, e os personagens de TMI vivem no segundo plano, continuando a ter suas vidas, continuando a ser parte do palco onde esses eventos são desenvolvidos. Eventualmente os Caçadores de Sombras irão enfrentar a maior ameaça que eles já enfrentaram, e as gerações terão que se unir para derrubá-la. E para isso, você precisa de pelo menos algumas das primeiras gerações para estarem por perto. 🙂

FONTE

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2 comentários em “[SPOILER] Cassie fala sobre as mortes em Cidade do Fogo Celestial”



  1. Philipe Daluz disse:

    Oi? Eu li certo? “Eventualmente os Caçadores de Sombras irão enfrentar a maior ameaça que eles já enfrentaram, e as gerações terão de se unir para derruba-la”. A maior ameaça? Maior até mesmo que Sebastian? Ok, isso me deixou louco de vontade de ler TWP <3

    1. Phellipp Jared Johnson Whallys disse:

      Pior que Sebastian só mesmo o Lúcifer, hahaha.



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