“Maré Congelada” (A Queda dos Reinos #4)
Morgan Rhodes
Seguinte – 2016 – 440 páginas
As disputas pela Tétrade, quatro cristais mágicos capazes de conferir poderes inimagináveis a quem os encontrar, continua. Amara roubou o cristal da água, Jonas conseguiu o da terra, Felix enganou os rebeldes para ficar com o cristal do ar, e Lucia está com o do fogo. Mas nem todos sabem como ativar a magia da Tétrade, e apenas a princesa feiticeira conquistou poder até agora, aliando-se ao deus do fogo que libertou de seu cristal. Gaius, o Rei Sanguinário, também não desistiu de encontrar os cristais. Ele está mais sedento por poder do que nunca, especialmente agora que não conta mais com a ajuda da imortal Melenia nem com o apoio de Magnus, o herdeiro que o traiu para poupar a vida da princesa Cleo. Para conquistar todo o mundo conhecido, Gaius resolve atravessar o mar gelado até Kraeshia, e tentar um acordo com o imperador perverso de lá. No caminho, o rei vai encontrar muitas dificuldades e inimigos, como Amara, princesa de Kraeshia, que tem seus próprios planos para conquistar o poder.
Leia a nossa resenha do 1º volume da série, “A Queda dos Reinos”, clicando AQUI; a nossa resenha só 2º volume da série, “A Primavera Rebelde”, clicando AQUI e ainda a resenha do 3º volume da série, “A Ascensão das Trevas”, clicando AQUI. Avisamos que essa resenha conterá pequenos spoilers, nada que afete sua leitura do livro, mas como estamos resenhando a série se torna impossível não falar do desenvolvimento da trama e dos personagens.
Como já é costume, “Maré Congelada” começa exatamente aonde o 3º volume da série parou, “A Ascensão das Trevas”, e temos aqui, mais uma vez, Magnus tentando acertar para que lado da balança pender enquanto o Rei Gaius já está mais do que determinado a conquistar tudo. Confesso que o começo me deu um certa expectativa sobre a trama porque eu entendi claramente que não temos todas as informações ainda sobre os personagens, já como começa com justamente um Gaius criança (que eu saquei de cara que era ele, já como é um flashback assinalando com 35 anos atrás), mostrando que sua mãe o destinava a grandeza, mas com a escuridão que o cercava. Isso me animou demais porque eu detesto vilões que são vilões simplesmente por serem – e olha, nesse aspecto, “A Queda dos Reinos” está se saindo uma grata surpresa porque aqui entendemos bem mais dos nossos vilões.
Em compensação… eu continuo sem gostar da Cleo, que continua escolhendo as piores decisões de todo livro. Mas ok, vou começar a controlar minhas reclamações sobre esse livro que me prendeu a atenção demais e partiu meu coração com suas mortes sem piedade. Sim, mais gente morre. E eu sofri. Bastante.
Era uma vez quatro esferas de cristal guardadas cuidadosamente pelos imortais. Cada esfera continha pura magia elementar, a magia que torna a vida possível. Dizia-se que a magia podia ser vista girando em espiral, sem parar, em seu interior, e que era possível sentir o poder ao segurá-las nas mãos. Na esfera de âmbar, ficava a magia do fogo. Na de água-marinha, a magia da água. Na de selenita, a magia do ar. E na esfera mais escura, de obsidiana, ficava a magia da terra. Quando as deusas imortais Valoria e Cleiona fugiram dos inimigos de seu mundo e vieram para o nosso, trouxeram duas esferas cada uma, que lhes davam poderes incríveis. Quais eram os poderes que Valoria possuía e protegia, meu querido?
— Terra e Água.
— E Cleiona?
— Fogo e Ar.
— Isso. Mas logo as deusas não estavam mais satisfeitas em possuir apenas metade dos elementia cada uma. Ambas queriam mais, para poder dominar o mundo sem ninguém para atrapalhar. — Sempre que contava essas histórias, sua mãe ficava com um olhar sonhador e distante. — Infelizmente, o desejo de poder transformou essas duas imortais, antes irmãs, em piores inimigas. Elas lutaram uma contra a outra em uma guerra terrível. No fim, nenhuma saiu vitoriosa. Ambas foram destruídas, e os cristais se perderam. Desde então, a magia vem desaparecendo do mundo, e vai continuar a desaparecer até alguém encontrar os cristais novamente e libertar seu poder.
O livro começa com Magnus e Cleo em Limeiros, ainda sob a pressão de toda traições que enfrentaram no final do outro volume. O relacionamento de ambos começa a claramente se tornar mais romântico, coisa que eu estava torcendo profundamente para não acontecer (mas também já esperava) já como ficou mais ou menos definido no outro livro. Por mais que Magnus continue a crescer como personagem, sua dualidade vai começando a findar e começamos a confiar completamente em seu caráter e em suas escolhas – mas não podemos falar o mesmo dos outros protagonistas, como, por exemplo, Jonas.
Ainda ferido e tentando se curar com a ajuda de Lys, Jonas parece que está bastante dividido em sua função de líder de uma rebelião que foi massacrada e não mais existe contra a visão que tem de si mesmo. Chegando a uma conclusão de que não há medicina humana que seja capaz de lhe curar e que poderá morrer em breve, Jonas e Lys partem em busca de uma bruxa que seja capaz de curá-lo – e então somos apresentados a Olivia, personagem que eu particularmente gostei e fiquei curiosa sobre, ao contrário de Jonas, que realmente me decepcionou até os acontecimentos finais do livro.
Sim, princesa, pensou Magnus. Sou o filho de Gaius Damora, o Rei Sanguinário. E é hora de começar a agir como tal.
Ainda temos Lucia e sua busca pelos outros cristais com o Deus do Fogo, exatamente como se iniciou no final do último livro. O Deus do Fogo, que se chama de Kyan, está claramente manipulando a princesa, que aqui me decepcionou pela falta de espaço durante a narrativa. Realmente acreditei que ela teria mais espaço e que tinha se decidido para que lado iria – o mal, a propósito. Mas, enquanto procura pelos outros cristais, Lucia também encontra tempo para descobrir quem era seu pai biológico (uma grande surpresa para mim – realmente não esperava essa revelação, mas ainda existiam mais surpresas sobre pais e mães nesse livro), o que a desestabilizou novamente – e aqui digo que ainda bem, já como a personagem pareceu despertar mais para o final do livro, prometendo (mais uma vez) uma boa evolução para o próximo livro, coisa que estou esperando ler há bastante tempo, ainda mais com o que a espera.
Note que deixei para falar sobre Cleo por último pelo simples fato de que a personagem parece não crescer em sua personalidade. Ela parece não ter mais evolução e continua insistindo em tomar as mesmas decisões esperando uma consequência diferente – como, por exemplo, todo arco de Lord Kurtis, que é um antagonista de Magnus. Eu não consigo me apegar tanto a personagem provavelmente porque a autora insiste em fazer que a personagem é tão linda que todos homens precisam se interessar por ela, mesmo que seja durante uma tentativa de manipulação para atingir seu marido, enquanto Cleo poderia ser ainda mais destacada por sua inteligencia e manipulação, já como a personagem é inteligente, manipuladora e sabe o que quer, e não fez sentido algum esse arco para mim. Mesmo que não tivéssemos a explicação necessária de quem o Lord é já em sua apresentação, eu não confiaria nele simplesmente pelo fato de que Magnus não confiar, já como o personagem já mostrou a Cleo que não é igual ao pai e que ela poderia confiar nele. Enfim, eu ainda quero me apaixonar pela personagem (mesmo com suas reviravoltas!) e torcer pelo casal que tem a dinâmica de cão-e-gato (que é meu tipo favorito de casal), mas eu não caio de cabeça por causa de Cleo, a quem ainda continuo acreditando ser teimosa simplesmente pelo fato de ser.
— Como se você fosse mesmo ajudar um estranho.
Kyan assentiu.
— Se todo mortal olhasse para os outros como amigos, e não como inimigos, o mundo seria um lugar muito melhor, não seria?
Então temos Amara – ah, Amara. A princesa de Kraeshia mostrou a que veio nesse livro e eu confesso que pensei bastante em “Game of Thrones” em seu arco aqui, especialmente no desfecho em seu país de origem. Descobrimos mais sobre o passado da personagem, vemos seu relacionamento com seu pai, já como o Rei Gaius resolve ir até Kraeshia e vemos até mesmo a consciência da princesa a culpando pela morte de seu irmão – e com razão. Como falei acima, gosto de vilões que tem motivos para serem vilões, que tem explicações e sentimentos complexos, e que, principalmente, acreditam que são os heróis de suas histórias, e é aqui eu Amara realmente entra. Esperta, manipuladora e inteligente, ela passa a perna até mesmo em personagens que consideramos inteligentes e está se tornando a mais poderosa vilã da série, deixando claro que o poder que tem está principalmente em sua visão de todo jogo de poder da qual ela agora participa ativamente.
Dessa vez, evitando mais spoilers, não falarei sobre os personagens coadjuvantes porque não ainda estou lidando com os acontecimentos, só repito o que já falei antes: Morgan Rhodes não tem medo de elevar o nível do jogo, e por mais que eu veja defeito em sua principal mocinha, não dá pra não dar todos créditos a autora que transforma a trama cada vez mais. A gama de personagens pode ser um problema para alguns leitores, já como a rotatividade deles não para: mais antagonistas aparecem e morrem, mais aliados entram e saem de cena com mortes, o que pode tornar difícil para alguns acompanharem, mas acredito que falei aqui dos 6 personagens principais que você precisa se focar: Cleo, Magnus, Lucia, Jonas, Gaius e Amara. Guarde os nomes deles.
— Então use aquele ódio para se fortalecer, dhosha. Ódio e medo são os sentimentos mais poderosos que existem. Amor e compaixão enfraquecem. Os homens sabem disso desde o princípio dos tempos e usam esse conhecimento para benefício próprio.
Sua avó falava sem nenhum traço de raiva ou dor na voz. Em vez disso, fazia sua afirmação com simplicidade, como uma verdade transmitida para a geração seguinte por uma mulher que tinha passado a vida toda tendo que se subordinar a homens opressores e controladores.
O nome do livro mais uma vez reflete claramente a trama: muito se passa em Limeiros, a terra gelada de Mítica, mesmo com o Rei Gaius indo à Kraeshia, que foi algo bastante interessante de se ler – tudo que envolveu Amara nesse livro foi bom de se descobrir e de ler. E, como também falei antes, tivemos um pouco mais de informação sobre alguns pais dos personagens nesse livro e além de surpresa do pai biológico de Lucia, também tivemos uma informação bastante interessa sobre Elena, mãe de Cleo. Tudo parece seguir um roteiro do destino, o que torna a trama bastante interessante de ler já como a programação da autora parece ser completa, o que torna a curiosidade com o final cada vez mais e cada vez mais formo uma teoria de como tudo irá terminar.
O choque com o final da leitura não foi mirabolante ao último nível porque eu já aprendi a confiar nos personagens, mas o leitor pode esperar, de todas as formas, por um próximo livro que vai começar a encerrar a trama e eu já estou ficando saudosa dessa trama que fui me apegando ao longo de todo ano. Esse livro me prendeu de um jeito que desde o 1º não tinha acontecido justamente pela complexidade da trama e revelações que fomos tendo. Ainda sei que terei muitas fortes emoções antes do final.
— O mundo é tragicamente imperfeito, pequena feiticeira. Mesmo em nosso curto tempo juntos, vi incontáveis exemplos disso. Homens e mulheres obcecados por suas próprias vidinhas, sua ganância, sua luxúria, sua vaidade, cada uma das fraquezas desenvolvendo a seguinte.
— Mortais são fracos, é o que os torna mortais. Mas também são fortes, resilientes durante as crises que testam sua fé ou ameaçam as pessoas e coisas que amam. Não existe perfeição, Kyan.
Ainda lembrando sobre a série: são 6 livros, na ordem: “Queda dos Reinos”, “A primavera rebelde”, “A ascensão das trevas”, “Maré congelada”, “Tempestade de cristal” e “Reinado imortal”, e todos já foram todos publicados aqui no Brasil. Nem acredito que já vamos para o 5º volume, “Tempestade de cristal”, mas em breve nos veremos novamente com essa resenha!
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