27.09


“A Ascensão das Trevas” (A Queda dos Reinos #3)
Morgan Rhodes
Seguinte – 2014 – 424 páginas

No terceiro volume da série A Queda dos Reinos, todos acreditam estar perto de encontrar a Tétrade. Mas o destino é instável quando a magia está em jogo… Depois de conquistar Mítica inteira, o rei Gaius ainda não está satisfeito: sua nova missão é encontrar a Tétrade, quatro cristais mágicos perdidos, capazes de conferir poderes indescritíveis a quem os reunir. Para isso, ele conta com os conselhos de Melenia, uma imortal que o visita em seus sonhos e que o instruiu a criar uma estrada ligando todos os reinos. Gaius acredita que está no caminho certo e que Lucia, sua filha adotiva, será a chave para localizar e despertar os cristais. Mas o Rei Sanguinário não é o único que cobiça essa magia milenar: vindos de Kraeshia, um império vizinho muito influente, o príncipe Ashur e a princesa Amara conhecem as lendas de Mítica e desconfiam de que a Tétrade não seja apenas um mito. Logo eles entram na disputa e buscam seus próprios aliados nessa corrida pelo poder. Um período de trevas se abate sobre Mítica, e nesses tempos sombrios Jonas, Cleo, Magnus e Lucia precisam descobrir o quanto antes em quem podem confiar.

Leia a nossa resenha do 1º volume da série, “A Queda dos Reinos”, clicando AQUI e ainda nossa resenha do 2º volume da série, “A Primavera Rebelde”, clicando AQUI. Avisamos que essa resenha conterá pequenos spoilers, nada que afete sua leitura do livro, mas como estamos resenhando a série, se torna impossível não falar do desenvolvimento da trama e dos personagens.

Continuando exatamente de onde o 2º volume da série parou, “A Ascensão das Trevas” começa prometendo que as coisas realmente irão piorar nesse livro, já como chegamos ao livro que abre o meio da série. Personagens já estabelecidos, trama central já definida, sabemos o que o Rei Gaius quer, sabemos o que Cleo quer e o Jonas também quer – mas ainda estamos no meio do caminho para saber para que lado as intenções de Magnus e Lucia irão, esperando que enfim vamos ter a definição de vilões e mocinhos nesse livro. E essa linha tão estreita se torna mais e mais tênue nesse livro. Mas vamos com calma!

Sabemos sobre a tetádre, sobre o poder que ela tem e conseguimos, nesse livro, entender mais ainda da trama em busca dela e quem a deseja, a forma como todos estão, de certa forma, sendo manipulados nesse jogo para se chegar a uma magia poderosa, e também entendemos bem que nada vai sair como planejado – isso é mais do que esperado, mas também confesso que não pensei que as coisas e as viradas de trama que iriam acontecer no final desse livro fossem já acontecer agora, o que foi, sem sombra de dúvidas, a melhor coisa de toda trama escrita nesse 3º volume, o que terminou jogando a média do livro lá pra cima.

Cleo enxergava a confusão nos olhos deles, que se perguntavam como ela era capaz de suportar viver no palácio de seu pai, com um sorriso no rosto, apenas alguns meses depois de sua morte. Como ela — uma garota desregrada, conhecida por amar festas, amigos e vinho — podia ter sido forçada a se casar com o filho do inimigo sem tentar encontrar, constante e desesperadamente, uma forma de escapar.
Mas essas pessoas não conheciam Cleo de verdade. E não tinham ideia de até onde ela iria para recuperar o que lhe havia sido roubado.
Alguns procuravam vingança contra seus inimigos mortais pela ponta de uma espada. Seu plano de vingança começava com a ponta de um sorriso.

Falando especificamente dos personagens, enquanto Lucia vai tomando mais e mais ciência de seu poder e se perdendo nele, confesso que a personagem foi se tornando mais fácil de se odiar: claro que entendemos perfeitamente que ela está lutando contra as trevas dentro dela, mas, como Ionnes tão bem fala, ela precisa aceitar as trevas para equilibrar com a luz, coisa que ela parece apavorada demais para fazer, cada vez mais se rendendo a uma personalidade irascível e sentindo uma sede por sangue aumentado a cada parte do livro que vai se desenvolvendo. Únicos momentos que ela parece estar mais em paz é quando está perto de Cleo – por causa do anel que a princesa usa. Cleo, que a cada livro cresce mais e amadurece, deixando de ser aquela princesa tão imatura, já entendeu o papel que seu anel tem, entrando em uma trama que pode lhe custar a vida. Se tem algo que eu admiro na personagem é a sua crença de que está fazendo o certo e que irá vingar sua família morta (palmas para isso porque, até aqui, nada a demoveu disso). Confesso que estou na fase de não gostar demais de nenhuma das duas personagens e também não consigo entender o fascínio que Cleo parece exercer em todos homens ao seu redor, mas vamos ver o que o futuro a aguarda.

Já com Jonas… ele está ainda enfrentando as consequências de sua quase morte (se é que podemos chamar de “quase”) e parece cada vez mais confuso sobre seus sentimentos em relação a Cleo (erm…) mas também em relação a Lysandra, a quem nem nego que é, de longe, a minha personagem feminina favorita da série, até aqui. Jonas ainda está sendo o rebelde que é (com quase todos outros mortos), ainda quer atingir seus objetivos de matar e destruir o Rei Gaius e seu Império, então ele e Cleo terminam se unindo para fazer uma das maiores reviravoltas do livro, trazendo um novo modelo de narrativa na série: há pontos de vistas que aceleram um pouco e em seguida outro ponto de vista que regride, contando o mesmo acontecimento pelas visões diferentes dos personagens. Realmente gostei disso e foi mais uma forma de prender o leitor, fazendo com que por algumas vezes nos pegássemos surpreso, realmente chocados e pensando: “Mas epa, como isso aconteceu?”, para sermos respondidos logo em seguida. Mais um ponto positivo para a trama.

Sabia que o rei Gaius havia ordenado que fossem executados publicamente, para servirem de exemplo. Não esperava ser perdoada por seus crimes. E não esperava que nenhum cavaleiro de armadura brilhante fosse resgatá-la.
Mas aquelas sempre foram suas expectativas. Era diferente das outras meninas que sonhavam com um marido forte e uma casa cheia de bebês babões. Lysandra sempre fora uma guerreira, desde o início. E seria uma guerreira até o fim.
E o fim não seria naquele dia.

Magnus, em contrapartida, é surpreso com uma revelação de Gaius que não contava com isso, mas não dá pra confiar em nada que saia da boca do Rei, já como ele quer mais é manipular todos mesmo e, principalmente, conseguir o poder absoluto. Seja como seja, Magnus é bastante afetado por essa “revelação” (que definitivamente ainda se desdobrará em livros futuros) e passa a ter um comportamento mais errático ainda. Enquanto seu amor impossível por Lucia, que somente o vê como irmão, começa a sumir, ele se pega desenvolvendo sentimentos por sua esposa, Cleo (erm…). Esse romance, até aqui, não me agrada em nada e eu me sinto frustrada com ele porque Magnus é, definitivamente, um personagem maravilhoso, que transita entre a bondade e a maldade, entre o que ele quer ser e o que ele é, entre as boas ações e as ações para impressionar seu pai.

Preciso tirar um tempo para falar sobre Lysandra porque se teve uma personagem que sofreu e foi quebrada nesse livro, foi ela. Presa e sendo torturada, acontece uma das piores cenas que posso imaginar acontecer. Como dizem durante o livro, ela foi realmente quebrada, mas é bom ver o quão forte ela é e a forma como o fogo dentro da personagem ainda está lá. Tenho medo que ela morra nessa luta que eles estão travando porque ela realmente merece ser feliz, mas não quero me apegar demais porque, como já falei nas outras resenhas, Morgan Rhodes não tem medo de matar personagens, mesmo os que você acredite que vão aparecer e ter grandes enredos mais a frente (Tobias, descanse em paz!) e aqui não é diferente: mais mortes, mais sangue e mais desespero enquanto a trama continua seguindo.

A magia elementar devia ser natural e bela, como a própria vida. Mas sempre que Lucia a deixava assumir o controle, parecia causar apenas dor e morte.
E parte dela, uma parte bem pequena, não se importava nem um pouco.

Ainda a Nic, o melhor amigo de Cleo (que também acreditava estar apaixonado por… Cleo), que começa a ter uma trama paralela (e poderia ter sido mais interessante ainda, devo acrescentar) com o príncipe Ashur e a princesa Amara, vindos do país de Kraeshia, que cada vez mais se consolida como o grande oponente do Rei Gaius. Por grande parte do livro ficamos sem saber qual a índole que guia os dois personagens, e talvez, quando enfim formos descobrir, seja tarde demais para quem confiar na palavra de um deles. Gostei da adição dos personagens a trama, que trouxeram outros grupos de dinâmicas e mais oportunidades de momentos de cair o queixo.

Por fim, a personagem que toma o centro da trama é definitivamente Lucia. Enquanto o começo do livro sofre para desenvolver a própria personagem e seu poder, podemos ter certeza absoluta que algo vai acontecer com ela, o que não estamos erramos. É justamente através do seu romance com Ionnes, o guardião que sempre a observou de longe, que ela decide o caminho que irá trilhar no 4º volume. Achei a escolha de desenvolver toda personalidade de Lucie através desse romance falha, talvez por eu não ser aquele tipo de pessoa que acredita que o romance deveria ter esse poder, apesar de compreender muito bem, afinal, a personagem tem 16 anos e está apaixonada pela primeira vez. Entretanto, também não comprei esse romance e não me empolguei nem com as cenas de romance nem com as cenas de tragédia, culminando em algo que é realmente uma mudança nos rumos de todos personagens.

— Tinha que ser feito — o rei disse.
— Tinha mesmo? — A resposta saiu mais afiada do que o pretendido. — A execução privada de um rebelde considerado útil? Não, não acho que era algo que tinha que ser feito.
O rei lançou a Magnus um olhar de surpresa.
— Você fez isso porque queria saborear a expressão no rosto daquela menina ao matar o irmão bem na frente dela. — Magnus prosseguiu. — Você gostou. Queria abalar a coragem que enxergou nela para que aceitasse o próprio destino sem lutar. Para que seu espírito exaltado, que resiste apesar de ela ter sido trancafiada no calabouço, não perturbe a plateia no momento da execução, que sei que estará cheia de seus seguidores mais fiéis. Bem, deixe-me ser o primeiro a parabenizá-lo, pai, você conseguiu.
O rei estreitou os olhos.
— O que há de errado com você, rapaz? Por que sempre tem que se opor a tudo o que faço?

O livro, pra mim, não funcionou no começo, talvez justamente por ver que os romances estavam começando a nascer e a se desenvolver. O Reino de Mítica está subjugado ao Rei Gaius, já sabemos disso, já entendemos que alguns nobres também está tentando salvar sua própria pele mesmo que isso significa entregar a princesa Cleo, a sua princesa por direito, já como o livro se passa em sua grande parte em Auranos. Acredito que precisou de momentos para se desenvolver os relacionamentos e os personagens, e sou grata por isso, mas terminou destoando muito do quarto final do livro, aonde as reviravoltas, romances e mortes terminaram explodindo de vez, pavimentando o caminho para o próximo livro, exatamente como o título do livro diz: as trevas ascenderam aqui, e alguns personagens terão de lutar muito para contê-la, e não espero que todos sobrevivam mesmo.

Continuo achando “A Queda dos Reinos” uma ótima série para quem gosta de fantasia e algo mais inclinado a tramas politicas e bastante intrigas. Estou realmente ansiosa pelo próximo livro, que, pelo título, me promete se passar bastante em Limeiros, além de querer ler mais sobre quem está acompanhando Lucia, a forma como tudo terminou e aonde esses personagens irão chegar, se conseguirão impedir o fim de Mítica e do mundo como eles conhecem – se é que esse mundo não já acabou.

Atordoado, o alerta de Gregor ecoava nos ouvidos de Lysandra: Quando o sangue da feiticeira for derramado, eles finalmente serão libertados. E o mundo queimará.

Ainda lembrando sobre a série: são 6 livros, na ordem: “Queda dos Reinos”, “A primavera rebelde”, “A ascensão das trevas”, “Maré congelada”, “Tempestade de cristal” e “Reinado imortal”, e todos já foram todos publicados aqui no Brasil. Até em breve com a resenha de “Maré congelada”!

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