Resenha: The Listeners – Maggie Stiefvater
“The Listeners”
Maggie Stiefvater
ARC recebido em formato digital gentilmente cedido pela Penguin Random House International
Editora: Viking
Data de lançamento internacional: 03 de junho de 2025
Janeiro de 1942. O Avallon Hotel & Spa sempre ofereceu hospedagens elegantemente luxuosas nas terras selvagens da Virgínia Ocidental, com suas águas doces das montanhas levando embora todos os problemas da alta sociedade.
A jovem local que se tornou gerente geral, June Porter Hudson, guiou o Avallon com habilidade pelos primeiros momentos da guerra. Os Gilfoyles, os aristocráticos proprietários do hotel, a treinaram bem. Mas quando o herdeiro da família faz um acordo secreto com o Departamento de Estado para lotar o hotel com diplomatas das Potências do Eixo capturados, June precisa persuadir sua equipe – muitos dos quais têm filhos e maridos indo para a linha de frente – a oferecer luxo aos nazistas. Com um sorriso.
Enquanto isso, o agente do FBI Tucker Minnick, cuja tatuagem de carvão sugere um passado nos Apalaches, encosta os ouvidos nas paredes do hotel, escutando os segredos dos diplomatas. Ele também tem um, e é por isso que sabe que a tentativa de equilíbrio de June pode ter consequências perigosas: as águas doces sob o hotel podem tanto ameaçar quanto curar.
June nunca conheceu um hóspede ao qual não pudesse agradar, mas os diplomatas são diferentes. Sem disparar um único tiro, eles trouxeram a guerra diretamente até ela. À medida que as lealdades conflitantes rompem o verniz polido de Avallon, June precisa calcular o verdadeiro custo do luxo.
Essa resenha foi feita pela parceria com a Penguin Random House International, que gentilmente nos cedeu esse eARC (Advance reading copy: algo como “uma cópia de leitura avançada”, ou seja, o livro ainda pode sofrer alterações antes de ser publicado) de “The Listeners”. Também lembrando que essa resenha terá um formato diferente: por ser um eARC, não haverão quotes, já como os livros podem sofrer mudanças em seu texto antes de serem comercializados. Gostaríamos de agradecer profundamente a Editora pela oportunidade da leitura.
Etéreo. Se fosse para descrever este livro em uma única palavra, definitivamente seria essa. O tom de Maggie Stiefvater está presente em cada página sublime do primeiro livro adulto da autora, transformando um romance histórico com um toque de fantasia em uma leitura que claramente quer transportar o leitor para um dilema moral forte, mas também quer levá-lo para acreditar em milagres. E você precisa simplesmente embarcar e acreditar se quiser aproveitar este livro como ele merece.
Vi muitas pessoas reclamando justamente da mistura do real com o toque de magia que há neste livro, mas quem já leu Maggie sabe que ela consegue coisas quase impossíveis, como, por exemplo, te fazer chorar em um livro sobre cavalos especiais em um dia especifico de novembro – falo de “Corrida de Escorpião”, um dos melhores livros da autora). Stiefvater é um exemplo clássico de autora que você precisa simplesmente ter fé e se envolver na trama dela que o resultado será mágico. E temos isso aqui, mesmo que em uma trama mais adulta, com personagens adultos, focada na construção e moralidade destes mesmos personagens em uma das epocas mais sombrias da história da humanidade.
É 1942 e Pearl Habbor acabou de acontecer. Os Estados Unidos estava realmente na Segunda Guerra Mundial e retaliando o ataque que sofreu (lembrem-se que, até então, era o maior atentado que o país havia sofrido, fato somente mudado com os ataques de 11 de setembro de 2001) e, entre uma tentativa de mostrar poder internamente, prendeu diplomatas japoneses, italianos e alemães em hoteis de luxo em diversas localizações mais afastadas dos centros. E aqui preciso assinalar que a autora passou 4 anos pesquisando sobre tudo isso e ainda deixou os livros lidos no final da edição, com diversos pontos que me fizeram ficar horas na internet pesquisando sobre fatos acontecidos nessa época. Se você gosta de romances históricos, pode se jogar aqui sem nem precisar terminar de ler esta resenha porque há informações demais e coisas que sequer parecem reais, mas que estão lá, na história, e somente descobri graças a este livro.
Mas também sei que muitos que vocês estão querendo saber se há semelhanças com “A Saga dos Corvos”, a série de maior sucesso da autora. A resposta para isso é clara e obvia: se você conhece a escrita da autora, você encontrará semelhanças no tom e na construção na trama, no desenvolvimento dos personagens e no fato de que há fatos inexplicáveis ai fora que podem até serem tido como “milagres”. Há também uma construção lenta do casal principal, mas é isso: não vá esperando mais do que esses pontos porque se for, você irá se decepcionar e “The Listeners” (“Os ouvintes”, em tradução livre) merece ser apreciado por seu próprio merecimento.
June Hudson é uma mulher na casa dos 30 anos que é a gerente geral do Hotel Avallon. Ela basicamente cresceu com o local, aprendeu a coordená-lo e cresceu no lugar, até mesmo sendo amiga das crianças Gilfoyles, com quem basicamente cresceu junto. A família também tem um certo apreço por June após o acidente que aconteceu com Sandy, um dos garotos da família – e não falarei muito sobre porque começa como um mistério na trama que vai se desenvolvendo até uma conclusão que simplesmente requer que creiamos que aconteceu. E eu totalmente consegui me envolver o suficiente para acreditar.
Mas voltando a June, ela é uma mulher adulta e age como tal. Ela também teve um relacionamento duradouro e escondido com Edgar David Gilfoyle, e por muitos anos foi apaixonada por ele, nutrindo a esperança de que um dia ele voltaria para ela depois de se cansar de todas as mulheres que ele provavelmente conheceu mundo afora enquanto estudava. Quando a Segunda Guerra Munndial começa, June acredita que está segura nas montanhas no qual o Avallon se encontra, com suas águas o protegendo – e ela própria protegendo seu segredo com aquelas águas.
Tudo muda quando Edgar fecha este acerto com o Governo Norte Americano de receber estes diplomatas no hotel, levando diversos funcionários a conviverem com estes homens poderosos que tem determinados papeis em um jogo muito maior do que todos ali. Como você pode servir com cortesia alguém de um país que está em guerra com o seu e que seu filho, no exercito, morreu em combate? São muitos conflitos morais levantados aqui, mas não de maneira burocrática e muito menos enfadonha. Não há como negar que o ritmo do livro é lento, mas é lento porque o mundo era um lugar mais lento naquela época, sem termos informações que simplesmente chegavam em segundos como é atualmente – mantenha isso em mente ao ler este livro.
A chegada também de dois agentes do FBI, Benjamin Pennybacker e Tucker Minnick, adicionam mais tensão a equipe do hotel e a vida de June, que começa a se questionar coisas que antes pareciam simplesmente existirem em um mundo bastante separado do seu. A medida que também se questiona sobre seus próprios sentimentos, June vai se aprofundando na mitologia sobre as águas do hotel, e aqui é que temos o maior defeito do livro, mas, ao mesmo tempo, o seu maior charme: a mitologia das águas doces que correm embaixo do hotel. Não há um complexo e intricado sistema de magia e não há páginas e páginas de explicações: simplesmente há. Alguns, como já citei, não aceitaram bem este fato, mas como já conheço a autora e sei que ela não é do tipo que explica tudo em cada sentença dos seus livros, aceitei. E gostei.
Entretanto, há o problema do ritmo na trama. Como já citei tantas vezes nesta resenha, conheço o tipo de escrita de Maggie e me considero alguém que realmente gosta dela, então não estranhei o tempo que levou para realmente começarmos a entender todo o peso de Sandy e Hannelore na trama (e sim, eu não falei sobre estas personagens simplesmente pelo fato de que é melhor quanto menos você souber, mais enfeitiçado pela trama delas você pode ser) e compreender que June vai se compreendendo melhor a cada página que passa. Apesar de já esperar algo em um ritmo mais lento, até por ser uma trama adulta, me peguei em diversas páginas esperando que algo fosse acelerar para descobrir mais sobre as águas, o que não veio. E só por essa sensação que este livro não ganhou uma nota 5.
Não vou terminar sem mencionar o qual maravilhoso este titulo é: “The Listeners” se refere a tudo que os personagens estão escutando nesta trama, com profissionais que devem ficar quase camuflados ao fundo servindo hospedes, a agentes do FBI que estão tentando escutar segredos em outras línguas e que podem ajudar seu país a caminhar para uma possível vitoria e ainda a quem escuta as águas que correm sobre aquele hotel – e que podem estar falando mais do que estão escutando. Perfeito, Maggie, simplesmente perfeito. Se dê uma chance e escute você também o chamado de um livro ótimo.
Até agora não temos informações sobre a publicação do livro no Brasil, mas sigam nossas redes sociais que assim que tivermos qualquer informação, iremos postar sobre.
Thanks for the free book, PRH International.
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