15.03


“The Gathering”
C. J. Tudor
ARC recebido em formato digital gentilmente cedido pela Penguin Random House International
Editora: Ballantine Books
Data de lançamento internacional: 09 de abril de 2024

Em uma pequena cidade do Alasca, um menino é encontrado com a garganta arrancada e todo o sangue drenado de seu corpo. Os habitantes de Deadhart não viam um assassinato como este há vinte e cinco anos. Mas eles sabem quem é o responsável: um membro da Colônia, uma comunidade de vampiros condenados ao ostracismo que vivem em um antigo assentamento de minas nas profundezas da floresta.

A detetive Barbara Atkins, especialista em assassinatos de vampiros, é chamada para determinar oficialmente se se trata de um assassinato na Colônia – e autorizar o abate. Velhas suspeitas são difíceis de morrer em uma cidade como Deadhart, mas Barbara não tem tanta certeza. Determinada a descobrir a verdade, ela pede a ajuda de um ex-xerife de Deadhart, Jenson Tucker, cuja investigação sobre o assassinato anterior quase lhe custou a vida. Desde então, Tucker se tornou um recluso. Mas ele conhece a Colônia melhor do que quase todos.

À medida que a dupla investiga a história da cidade, eles descobrem segredos mais sombrios do que poderiam ter imaginado. E então outro corpo é encontrado. Enquanto a neve fica mais espessa e as noites ficam mais longas, um assassino espreita Deadhart, e duas comunidades distintas circulam entre si em busca de sangue. O tempo está se esgotando para Atkins e Tucker descobrirem a verdade: eles estão caçando um monstro sanguinário… ou um psicopata perturbado? E o que é mais perigoso?

Essa resenha foi feita pela parceria com a Penguin Random House International, que gentilmente nos cedeu esse eARC (Advance reading copy: algo como “uma cópia de leitura avançada”, ou seja, o livro ainda pode sofrer alterações antes de ser publicado). Também lembrando que essa resenha terá um formato diferente: por ser um eARC, não haverão quotes, já como os livros podem sofrer mudanças em seu texto antes de serem comercializados. Gostaríamos de agradecer profundamente a Editora pela oportunidade da leitura.

Já li todos livros que a autora C.J. Tudor escreveu – acho que seria bom começar por essa informação, que já diz que gosto do estilo da escritora. Quando li seu primeiro livro, “O Homem de Giz“, vi uma forte influência de Stephen King e tive certeza que a autora procurava fazer o tipo de terror que tanto gosto e consumo: o terror no qual os humanos são piores do que qualquer criatura. Com o tempo e mais livros, fui vendo a escrita da autora se desenvolver e sair de cenas inspiradas em King para encontrar sua própria voz, seu próprio estilo de fazer terror e construções de tramas que sempre trazem grandes reviravoltas. E agora acho seguro dizer que “The Gathering” confirma que Tudor encontrou tudo isso.

The Gathering” é um livro sobre vampiros (que nunca saem de moda, já falei!) e como nosso mundo seria se eles realmente existissem e andassem entre nós. Em 1983 houve um “Vampyr Prtecrions Act”, lei que assegurou direitos aos vampiros de existirem seguindo certas leis, e neste mundo que Bárbara Atkins detetive e do Departamento de Antropoligia Vampyr, que tem por volta de 50 anos, é convocada para ir até a cidade de Deadhart (pegou o trocadilho em inglês?), no Alasca, investigar a morte de um adolescente de 15 anos chamado Marcus Anderson. O grande problema é que há 25 anos, na cidade, houve o último assassinato de um humano chamado Todd Dane por um vampiro, fato que levou a população da cidade a revoltar, terminando com o Sherif da época baleado e mais 3 vampiros mortos. Como vocês podem imaginar, não se pode matar vampiros porque ha uma lei que os protegem, e para conseguir algo assim, precisa haver uma investigação e se chamar um “Cull” (basicamente o que a palavra quer dizer traduzida: um abate – de vampiros, no caso), e é isso que a população tanto deseja que Barbara faça.

A cidade, como toda cidade pequena, é repleta de preconceitos sobre forasteiros e vampiros. Aliás, o livro inteiro deixa claro a sua comparação entre vampiros e qualquer minoria, a luta por direitos e como são marginalizados, exatamente como tudo que é “diferente” do imposto pela sociedade. A forma como a autora vai fazendo paralelos não deixa dúvidas sobre o que deseja, e mesmo sendo uma trama de suspense/terror com seres míticos, o preconceito é o ódio permeiam a sociedade.

Como estão no Alasca, o raiar do sol só se dá quase no meio da manhã e o sol ainda é uma das poucas coisa que realmente é capaz de afungentar os vampiros, mas não totalmente. Aqui a mitologia é levemente alterada e vampiros estão sim, vivos, com o coração batendo, mesmo que lentamente, o mínimo possível. Vampiros também envelhecem muito lentamente e são capazes de reproduzirem, além de poderem transformar humanos em sua espécie daquele jeito que já sabemos: beber o sangue e dar seu sangue para completar a transformação. Quase humanos, mais capazes ainda de andarem entre os humanos comuns, os vampiros aqui também carregam segredos, ficando claro que é o caso da Colônia da cidade de Deadhart, fazendo o leitor começar a juntar os pontos.

Bárbara está na cidade para ajudar o Chefe Nicolls, que parece dúbio em diversos aspectos, principalmente a favor de chamar uma Cull, que, como ja mencioneo, é justamente o desejado pela maioria e significaria um massacre da Colônia de Vampiros. Entre os mais fervorosos que acreditam que vampiros são basicamente filhos de Satanás, temos Beau Grainger, um idoso senhor que mantém a cabeça de 3 vampiros mortos na parede de casa – aqueles mesmos vampiros que foram mortos 25 anos antes.

Ainda temos Rita, a prefeita da cidade, que parece circular por entre todos habitantes com bastante habilidade. Nascida na cidade, conhece a história de tudo por ali – o contrário de Colleen Grey, a reverenda recém chegada a cidade há pouco tempo, mas que parece ter o domínio completo de seu rebanho, com alguns seguidores cegos pelo que a mulher prega. Para completar o rol de personagens que flutuam diretamente em torno da protagonista, temos Tucker, o ex Chefe de Policia aposentado que quase morreu há 25 anos. Basicamente vivendo isolado na já isolada cidade, Tucker volta a ativa por pedido de alguém que realmente não faz sentido quando acontece, mas te prometo que será completamente explicado antes do final da narrativa.

Athelinda, a líder da Colônia de Vampiros, tem o físico de uma jovem, mas já conta com mais de 400 anos. Personagem incrível, rouba todas as cenas que se mostra e quando aparece para Bárbara para mandar a detetive pesquisar sobre uma certa “The Bone House”, fica claro para o leitor que vamos realmente embarcar em uma investigação sobre a cidade e seus segredos – tanto dos humanos, quanto dos vampiros. Mas a medida que mais personagens vão se juntando a Bárbara na narrativa, vai ficando mais e mais claro que não há inocentes nessa história e quem está por trás da morte do jovem Marcus também está tentando provocar um verdadeiro Gathering (No sentido de “Coleta”, na tradução), que é basicamente uma espécie guerra final entre vampiros e vampiros, cada um procurando vencer e se tornar a espécie vencedora.

Este não é um livro de terror no sentido sobrenatural da palavra. Se tirassemos os vampiros, teríamos um livro clássico de suspense e investigação, que é o que realmente guia toda trama. O ponto fundamental aqui é o preconceito que os vampiros enfrentam junto à sociedade, porque mesmo que mais fortes, são minoria, e como toda minoria, enfrentam problemas em assegurarem seus direitos para existirem em paz. O grande acerto da narrativa está realmente nos personagens, que são muito bem construídos e cativam o leitor – e o oposto tambem, porque você despreza alguns personagens pelas atitudes e atos que fazem. A narrativa vai crescendo até as diversas descobertas explodirem, algumas bastante inesperadas, outras nem tanto. Há ainda um mistério em forma de flash backup, narrando uma garota em cativeiro que quando se junta a linha temporal, promete pegar diversos leitores de surpresa.

The Gathering” é um livro no estilo de “The Drift“, o penúltimo livro da autora, ainda inedito aqui no Brasil (que já resenhei e você pode ler clicando AQUI). A Editora da autora no Brasil é a Intrínseca e não temos informações quando este livro chegará ao Brasil, mas fiquem ligados que quando vermos, postaremos em nossas redes sociais. Já em inglês, “The Gathering” será publicado dia 09 de abril próximo.

O que temos aqui é um ótimo livro de suspense sobrenatural, com cenas de gore, mas que não há terror para os mais fortes em sua trama, então os que querem ler a autora e tem medo de suas histórias, sua chance chegou com estas duas tramas. Já para os que como eu adoram um livro de terror, o meu favorito da autora continua “O que aconteceu com Annie“, apesar de não ser o livro mais conhecido de Tudor. Seja como for, se você for fã de vampiros e está feliz com a volta deles ao cenário literário como tem acontecido, a dica está mais do que dada.

Thanks for the free book, PRH International.

Para comprar “The Gathering” basta clicar no nome da livraria:

Amazon, eBook.


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