“The Drift”
C. J. Tudor
ARC recebido em formato digital em parceria com a Penguin Random House International
Ballantine Books
Data de lançamento internacional: 31 de Janeiro de 2023
Hannah acorda em uma carnificina em metal mutilado e vidro quebrado. Evacuada de um internato isolado durante uma tempestade de neve, o motorista saiu da estrada, a deixando presa com um punhado de sobreviventes. Eles precisarão trabalhar juntos para escapar – com suas sanidades e segredos intactos.
Meg acorda com um balanço suave. Ela está em um teleférico encalhado no alto de montanhas com neve, com cinco estranhos e nenhuma lembrança de como eles embarcaram. Eles estão indo para um lugar conhecido apenas como “O Retiro”, mas conforme a temperatura cai e as tensões aumentam, Meg percebe que nem todos chegarão lá com vida.
Carter está olhando pela janela de um chalé de esqui isolado que ele e seus companheiros chamam de lar. Quando o gerador deles começa a oscilar na tempestade, algo escondido nas profundezas do chalé ameaça escapar, e seus laços frágeis serão testados quando a energia finalmente acabar – para valer.
Os perigos iminentes enfrentados por Hannah, Meg e Carter são parte do quebra-cabeça. À espreita em suas sombras está um perigo ainda maior – um com o poder de consumir toda a humanidade.
Como vocês já sabem, essa resenha é em parceria com a Penguim Random House Internacional, de quem recebemos esse eARC (Advance reading copy: algo como “uma cópia de leitura avançada”, ou seja, a versão do livro que tivemos acesso ainda pode sofrer alterações antes de ser publicado). Também lembrando que essa resenha terá um formato diferente: por ser um ARC, não haverão quotes, já como os livros podem sofrer mudanças em seu texto antes de serem comercializados. Gostaríamos de agradecer profundamente a Editora pela oportunidade de ler o livro.
Essa vai ser a menor resenha escrita por mim que vocês lerão e não estou brincando. O motivo é bem simples: esse livro é tão, tão, tão cheio de subtramas que estou com medo de entregar qualquer coisa falando sobre o enredo – é sério mesmo. Quando comecei a ler, fiquei um pouco perdida porque os 3 personagens que seguimos e citados na sinopse, Hannah, Meg e Carter, não estão no mesmo lugar e sequer parecem se conhecer. O lugar no qual estão é gelado, muito gelado, com uma nevasca forte, mas é somente isso que parece unir os personagens. Por todo terço inicial do livro, fiquei realmente sem entender onde tudo iria se unir, mas, quando a revelação veio, minha cabeça quase explodiu. Ok, chega de falar aleatoriamente, vamos por partes.
O livro abre com Hannah acordando em um ônibus que saiu da estrada e há poucos sobreviventes ali com a jovem, todos vindo de um lugar aparentemente cara para alunos inteligentíssimos que fica isolada por ali no meio da montanha, quase escondida. Claro que este lugar é no formato internato e estava sendo evacuada por algum motivo que a principio não é revelado, mas bem, quase nada é realmente revelado de começo nessa trama. Os personagens desse ônibus, que caiu em um tipo de ribanceira, meio escondido, são todos estudantes do mesmo local que Hannah também estuda, mesmo que a jovem não lembre de todos que ainda estão vivos e que não passam de um grupo de no máximo 6 pessoas. Não há como sair do ônibus, já como a saída de emergência está travada por fora, e por mais que pensem, parece que a única solução é tentar quebrar um dos vidros, mas há perigo de lobos e afins lá fora, na neve. Mandar uma mensagem de celular está fora de questão, já como estão sem sinal – ou não. E há alguém ferida dentro do ônibus, precisando de ajuda urgentemente.
Meg abre os olhos e está presa em um teleférico nas alturas. Não há ninguém ali que ela conheça – ou acredite conhecer, pelo menos a princípio – e todos parecem tão chocados e confusos quanto ela. Mas há também há um corpo ali, naquele pequeno lugar, preso com aquelas 5 pessoas que não se conhecem e não sabem nada umas sobre as outras salvo que precisavam chegar em um lugar chamado O Retiro. Quebrando a cabeça, o grupo resolve se livrar do corpo e, no processo, alguém acaba caindo do teleférico. Mas será que caiu ou foi empurrado? A desconfiança entre o pequeno grupo aqui aumenta consideravelmente entre as 4 pessoas restantes, e são elas, desconfiadas umas das outras, que vão precisar pensar em como saírem lá de cima sem despencarem para a morte.
E, por fim, temos Carter que… aviso, mas aviso real: se você não consegue ler descrições de personagens mutilados, você precisa respirar fundo aqui. Em uma das descrições mais tensas que já li sobre o físico de um personagem, descobrimos que o homem teve parte do rosto congelado e, por isso, a pele é necrosada a ponto de escapar água em alguns momentos. E se você me perguntar por qual motivo a autora o descreveu dessa forma, a única coisa que vou te afirmar é que no final há uma razão real por qual Carter ser assim e não é só para chocar o leitor. Ele já está em um lugar que o leitor acredita que só pode ser O Retiro e que, de alguma forma, parece conter tantos segredos que nem mesmo Carter, que mora lá há anos, conhece todos. Em um grupo bastante diverso e que parecem ser amigos, o dia começa corriqueiro para eles, mas vai se transformando em uma verdadeira luta pela sobrevivência quando um dos segredos do lugar literalmente foge do porão onde estava trancando.
Cada capitulo é pelo ponto de vista de um dos três protagonistas e mostrando a trama se desenrolando ao redor destas personagens e todas outras pessoas que as cercam, mas fica claro que há a mais na trama de Carter, já como logo as coisas escalam muito rápido no lugar onde ele está. Não há como não ficar intrigando com o que está acontecendo ali e como as pessoas estão morrendo (ou sendo mortas), fazendo com que o leitor se sinta preso por tentar descobrir como que tudo aquilo vai se ligar. E aqui te aviso: todas essas pessoas tem segredos, todas essas pessoas estão tentando fazer alguma coisa que o leitor não sabe e nenhum delas é confiável. O que quero dizer é que você pode esperar qualquer coisa desse livro, inclusive ter a cabeça explodida quando entender que o que está em jogo é muito mais do que a vida de quem está tentando sobreviver, fazendo com que você quebre a cabeça para tentar entender como essas personagens que estão separados fisicamente irão se encontrar, ao mesmo tempo que podem interferir e impedir que a raça humana seja atingida por um grande mal – e queria fazer um comentário aqui, mas, se o fizer, posso entregar uma das reviravoltas da trama.
O que ainda posso assinalar sem grandes spoilers é que a ação está presente fortemente na parte do Carter, enquanto a trama psicológica fica com Meg e a investigativa fica com Hannah. Essa foi uma grande sacada da trama, porque embora todos guardem segredos até mesmo do leitor, fica claro que subtrama tem uma função de dar pistas e explicar lentamente o que está acontecendo a quem os acompanha, cada uma com seu ritmo e foco.
Para os que não reconhecem a autora, falamos sobre a C.J. Tudor, que esteve na Bienal de São Paulo antes da pandemia, em 2019. Gosto bastante dos livros da autora, entre eles “O Homem de giz”, “O que aconteceu com Annie”, “Garotas em Chama” e “As outras pessoas”, todos publicados pela editora Intrínseca aqui no Brasil, e se posso descrever a autora seria como: “A melhor discípula de King no seu começo de carreira que já li”. Definitivamente a autora bebeu na fonte do Mestre do Terror e isso fica muito, muito evidente em “O Homem de giz” (seu maior sucesso) e “O que aconteceu com Annie” (meu livro favorito da autora) com uma mistura de situações de pessoas abjetas com sobrenatural, sempre colocando em seus livros que as pessoas são os piores monstros que podemos enfrentar, sem deixar de lado de que há mais coisas entre o céu e a terra do que entende a nossa vã filosofia. A medida que foi publicando, C.J. deixou de lado um pouco tantas referências claras a King, mostrando em “As outras pessoas” que tem seu próprio estilo, uma forma de terror misturado ao suspense.
Procurei a Editora para confirmar o lançamento deste livro, mas obtive outra informação: o livro de contos da autora inédito no Brasil, “A Sliver of Darkness”, será publicado ainda este ano no Brasil. Sendo o único livro da autora que ainda não li e tendo descoberto recentemente que realmente gosto de contos, estou mais do que ansiosa para lê-lo. Quando tivermos mais informações sobre este livro sendo publicado, postaremos em nossas redes sociais, mas, pela sinopse, já sabemos que tem muito terror com tudo que a autora aprendeu ao longo destes anos.
E com “The Drift”, a autora chancela tudo que já aprendeu e colocou em prática em uma trama tensa, nervosa e com pitadas de terror, mas um novo terror, um terror que vivemos e que não temos armas contra – e não posso falar mais porque entregaria a trama. Em diversas passagens confesso fiquei realmente apavorada, mais do que nos outros livros da autora, porque contra uma possessão demoníaca ou um serial killer podemos procurar meios de nos safar ou lutar contra, mas, aqui, foi algo bem, bem pior, e que sabemos que estamos impotentes contra.
Se você já está acostumado aos livros da autora, não se preocupe que ela entrega mais um livro redondo e que é capaz de realmente te deixar apavorade de todas as formas que você puder pensar. Sem decepcionar, C.J. Tudor entregou um livro com trama complexa, intrínseca, personagens com motivações fortes e muito, muito terror – o pior de todos.
Thanks for the free book, Penguin Random House International.
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