19.09


“Dois erros, um acerto”
Chloe Liese
Tradução: Mariana Mortani
Paralela – 2023 – 336 páginas

Baseada em Muito barulho por nada, esta comédia romântica encantadora e sexy promete conquistar todos os leitores que procuram uma história deliciosa envolvendo namoro falso, opostos que se atraem e uma boa dose de amor.

Quando Jamie Westenberg e Bea Wilmot se conhecem, fica claro que eles não poderiam ser mais diferentes. Após uma noite desastrosa, eles estão certos de que nunca mais se verão, mas, por algum motivo, seus amigos parecem pensar que os dois seriam o casal perfeito e bolam um plano para enganá-los e fazer com que tenham um encontro. Assim, Jamie e Bea passam a conversar por mensagens sem saber que estão falando um com o outro, mas descobrem toda a farsa quando decidem se conhecer pessoalmente. Furiosos, eles resolvem se vingar.

O plano é começar um namoro de mentira insuportavelmente apaixonado, convencer todos de que são almas gêmeas e depois terminar da forma mais dramática possível, fazendo com que os amigos pensem duas vezes antes de bancar o cupido de novo. Mas, enquanto colocam o plano em ação, a lembrança das conversas virtuais não sai da mente deles, e os dois se perguntam se realmente podia haver algo entre eles. Fingir estar apaixonado, afinal, pode se parecer muito com estar apaixonado de verdade, e aos poucos Jamie e Bea começam a questionar se na realidade não estão enganando a si mesmos…

Quando soube que “Dois erros, um acerto” era inspirado em “Muito barulho por Nada”, de Shakespeare, eu tive certeza absoluta que iria lê-lo. Com o melhor romance do autor em minha opinião, o livro traz Beatrice e Bennedict, dois personagens que não se suportam, mas do tipo real. Entretanto, tudo muda quando eles fingem que estão se apaixonando porque todos ao redor deles querem juntá-los. Claro que estou falando de Shakespeare, então tem um mega drama que acontece, mas, o que ficou pra mim, é o grande e bem escrito e lindo enemies-to-lovers dos dois personagens que falei, que é, de longe, um dos meus casais favoritos da vida.

Depois de falar assim, fica claro que eu iria ler o livro desta resenha, até porque o centro está lá também: fake dating com enemies-to-lovers. Aqui temos Beatrice “Bea” Wilmont e James “West” Benedict Westenberg, que, no começo da narrativa, se conhecem em uma festa de máscaras com Bea trazendo uma máscara de caranguejo, feito pela própria, orgulhosamente.

O truque de beber licor de menta e me esconder é a minha defesa contra a ansiedade social. Sou neurodivergente; para o meu cérebro autista, interagir com estranhos não é fácil, nem relaxante. Mas com o truque de alguns goles escondidos de licor — meio alta, mais calma —, acho a experiência menos esmagadora, e minha companhia me acha não apenas razoavelmente sociável, mas fresca como menta. Pelo menos, é assim que costuma acontecer. Não esta noite. Esta noite avisos cósmicos sombrios pairam sobre a minha cabeça. E eu tenho um mau pressentimento sobre isso, seja lá qual for o lugar para onde ela está me arrastando.

Artista, Bea é neurodivergente e tem Transtorno de Espectro Autista com certa fobia social. Foi bastante interessante ler sobre a personagem principalmente porque a autora deixa claro que também está dentro desse Espectro. Com ainda poucos livros, e principalmente romance, que retratem pessoas com TEA, foi ótimo ler sobre. Bea é um furacão no sentido bom da palavra: com uma habilidade imensa para desenhar, a ponto de feito o desenho das tatuagens que carrega em seu corpo e viver fazendo cartões eróticos (calma!), sem controlar sua língua, ela tenta fugir das pessoas, inclusive de James, mesmo tendo achado o homem lindíssimo.

Em contrapartida, James é um médico pediatra que adora a estabilidade e rotina. Tendo saído bastante machucado de um relacionamento, o homem não procura por um relacionamento estável, mas, assim que chega na festa, conhece a mulher mais irritante que já conheceu. São as faíscas voando, meus caros, e são muitas, hein! O entorno deles é composto por Juliet, irmã gêmea de Bea; Jean-Claude, namorado de Juliet, melhor amigo de infância de Benedict, com quem mora e Leonard, melhor amigo de Juliet e Bea, vizinho dos pais das mulheres. Ainda temos Margo, chefe de Bea e amiga de Juliet (foi assim que Bea arrumou seu emprego, ela diz) e Sula, sua esposa.

Beatrice”, diz Jules.
Eu pisco, encontrando seus olhos. “O quê?
Depois de 29 anos de coexistência como gêmeas, sei que o sorriso paciente dela junto com meu nome inteiro significa que eu estava devaneando e ela está se repetindo. “Eu disse que este é o Jamie Westenberg. Ele é conhecido como West.
Pode ser Jamie também”, diz ele, depois de um breve silêncio constrangedor. Sua voz é profunda, mas tranquila. Ela atinge meus ossos como um diapasão. Eu não gosto disso. Nem um pouco.

Assim como no material de origem, todos acreditam que eles podem ser o par perfeito, mesmo depois do desastre que se transforma a festa. Dispostos a nunca mais se verem, são enganados por Juliet e Jean-Claude, que faz com que os dois passam uma semana trocando mensagens sem falarem seus nomes reais, só para descobrirem que tem muito mais em comum do que imaginam, a ponto de encontrar apoio um no outro, mesmo com vidas tão diversas. Revoltados por terem sido enganados, Bea e James decidem que irão fingir um namoro. Sim. Isso mesmo. Vão fingir que se apaixonaram e estão namorando para depois esfregarem na cara de todos que era mentir. Preciso mesmo dizer onde isso vai dar?

Como já deixei claro, as faíscas entre Bea e James começam desde o primeiro segundo e os embates verbais dos dois são a melhor coisa do livro. Dois personagens extremamente inteligentes que não se suportam por causa da atração mútua, mas também com bagagens que os fazem não acreditar nas pessoas e terem dois pés atrás quando pensam em relacionamentos: James por ter se aberto e permitido se apaixonar por uma mulher que o deixou facilmente e ter uma família extremamente controladora e pedante, e Bea por ter conseguido sair de um relacionamento altamente tóxico, onde seu ex-namorado a diminua para que ela não pudesse brilhar. Claro que tudo isso pesa no jogo que os personagens estão jogando um com o outro.

Vocês estão certos”, digo a eles. “Melhor cortar o mal pela raiz. Aquela mulher é um tornado tatuado de coquetéis voadores e comentários astrológicos não solicitados. Não poderíamos ser mais diferentes ou incompatíveis.
E eu quase a beijei.
Jesus, o que eu estava pensando?

Mas ninguém pode parar o curso do amor verdadeiro, e Bea e James vão ter que admitir seus sentimentos um pelo outro em algum ponto, além de Bea aprender a confiar em James o suficiente para falar sobre o TEA com ele. Claro que nesse meio tempo, teremos encontros de mentira, beijos de mentira e muitos beijos de verdade, tudo pra fazer o leitor se apaixonar pelo casal. Mas o livro falha fortemente no seu quarto final, dando um motivo bastante fraco para mais um obstáculo no meio do casal – e o resto você precisa ler para entender.

E ah, Beatrice e Juliet tem uma irmã mais nova, Katerina. Sim. É sabe o sobrenome do Christopher, o vizinho dos pais da garota e melhor amigo delas? Petruchio. Sim, estamos falando de uma duologia (até aqui são só dois livros chamados “As Irmãs Wilmont”, mas já espero um terceiro e você já vai entender o motivo) com o segundo livro, “Better hate than never” inspirado em “A Megera Domada”, também de Shakespeare. É se você está se questionando se a terceira irmã, Juliet, é “a” Juliet, eu digo que há indícios, mas, como falei, não há um 3° livro até aqui. Se você gosta de releitura de clássicos e adora uma comédia romântica levinha, que não vai mudar sua vida, mas vai salvar suas noites do tédio, “Dois erros, um acerto” é o certo.

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