17.03


“Morre Aqui”
Abigail Haas
Tradução: Bruna Hartstein
Valentina – 2023 – 288 páginas

Para os fãs de Gillian Flynn, Holly Jackson e do best-seller Um de nós está mentindo – com um desfecho no melhor estilo M. Night Shyamalan –, chega finalmente ao Brasil o thriller que encantou a crítica e o público YA ao redor do mundo. Um page-turner intrigante, inspirado nos casos reais de assassinato de Amanda Knox e Natalee Holloway.

Spring Break. Aruba. Oito adolescentes. Praia, sol e drinques. Muuuitos drinques. Essas deveriam ser as melhores férias da vida de Anna Chevalier. Perfeitas. Sem pais, sem leis. Mas, então, sua melhor amiga é encontrada brutalmente assassinada. À medida que a polícia local investiga o violento crime, as suspeitas e as provas apontam inesperadamente para uma única pessoa: a própria Anna.

Agora, presa em um país estrangeiro, a garota precisa lutar por sua liberdade e provar sua inocência a qualquer custo. Contudo, enquanto espera pelo veredito, Anna se dá conta de que todos não apenas acreditam que ela seja culpada, como também… perigosa. Perigosa e perversa. E, quando a verdade finalmente vem à tona, o choque é maior do que qualquer um poderia imaginar!

Decifra-me ou te devoro… compulsivamente.

Que livro delicioso de ler – sem brincadeira nenhuma. Não há uma página sequer de enrolação ou uma tentativa de estender a história que a autora queria contar, mas não é só isso que faz de “Morre Aqui” um thriller realmente ótimo: as personagens desse livro são, definitivamente, um show à parte – seja para o melhor ou para pior.

Sinceramente, indico esse livro para qualquer pessoa que goste de um suspense com adolescentes no centro, além de um quebra-cabeças que precisa ser montado, forçando ao leitor a ir juntando todas as peças que vão sendo entregues no decorrer da trama que é um frescor ao trazer algumas situações que o leitor não espera – mas também não vou afirmar aqui que não dá pra ter uma ideia do que pode ter acontecido porque eu desconfiei e acho que muitos podem desconfiar também, só que a trama é tão legal, mas tão legal de ler que tudo vale a pena. Confia em mim.

Não fui eu!
Levanto num pulo, vomitando as palavras assim que o advogado entra na sala de detenção.
Não fui eu — repito, juntando as mãos em prece como se pudesse salvar a mim mesma de uma desgraça. — Isso tudo é um tremendo engano.
Antes mesmo de terminar a frase, percebo o quanto ela soa clichê. Eu me sinto como se estivesse presa num pesadelo, vivenciando uma daquelas novelas de quinta categoria que eu costumava assistir com a minha mãe quando era criança. Engulo uma risada histérica, tentando me manter calma e controlada.

O livro é todo contado pelo ponto de vista de Anna Chevalier, a nossa protagonista, com alternância temporal, idas e vindas explicando o passado e o presente. Tendo estuado quase todo o famoso High School (o nosso equivalente ao Ensino Médio) em um colégio público, com a melhora da empresa e do status da família, a jovem é transferida e matriculada em um colégio particular no meio do penúltimo ano. Tentando muito só passar escondida e sem chamar atenção, as coisas começam a mudar quando Elise, uma das garotas populares do colégio, decide ser sua amiga depois de matarem aula para irem tomar café no centro da cidade. Mas, como sabemos, algumas pessoas despertam o melhor nas outras – e outras o pior. Anna e Elise saiam juntas para irem a festas para maiores, bebiam mesmo sem poder, matavam aula: acho que você que me lê já entendeu que as duas se tornam uma dupla que tinham poder de se destruírem e, ainda assim, eram inseparáveis.

Mas as jovens não ficaram somente as duas: os pais de Elise apresentaram a filha aos gêmeos Chelsea e Max, que também iriam para a mesma escola que as garotas. Seguindo Elise, Melanie, do seu antigo grupo de garotas super populares, se junta a eles, e logo Chelsea começa a sair com Lamar, um dos populares da escola, enquanto AK, outro garoto também popular, se aproxima do grupo por ser amigo de Tate, que se torna o namorado de Anna. Grupo formado, tudo parecia estar perfeito para aquele grupo de jovens ricos, bonitos e populares: só que Elise não está lidando nada bem com dividir a atenção da sua melhor amiga com o namorado. Antes uma dupla, e mesmo dentro do grupo, mantendo a proximidade maior com Anna, Elise sente que deixou de ser a pessoa principal na vida da outra. E é verdade.

O capelão da cadeia adora falar sobre o momento da virada. Aquele em que escolhemos o caminho errado, o ponto a partir de onde não há mais volta. Isso deveria, supostamente, nos fazer refletir sobre quando tudo começou. Temos que nos conscientizar do que aconteceu, entender o erro em nossas atitudes. Assim sendo, revemos nosso passado, buscando os crimes e as consequências no decorrer de nossas curtas vidas até descobrirmos o momento crucial. A decisão que pode ter mudado tudo.
Esse foi o meu.

Aproveitando o último ano, mesmo com essas pequenas rusgas, o grupo parte para Aruba, no Caribe, para passar o recesso de primavera (que no hemisfério norte acontece no nosso outono) durante o último ano da escola. Tinha absolutamente tudo para dar certo, mas obviamente, como a sinopse já diz, Elise é morta e é assim que a trama começa: com a ligação dos jovens do grupo completamente desesperados para a emergência da Ilha. Não demora para chamarem os pais dos 7 jovens sobreviventes, mas, mais do que isso, o juiz investigador do caso, Klaus Dekker, está certo de que quem matou Elise estava dentro da casa: e foi Anna, com a ajuda de Tate. E há motivos para esta crença.

Quando o casal de namorados é preso, os outros 5 amigos já estão mais do que desconfiados sobre o que aconteceu, já como Elise foi morta dentro da casa que estavam hospedados e não havia sinais de arrombamento. Porém Elise era o tipo de garota que aproveitava e vida e já tinha encontrado um cara com quem se envolver durante aqueles dias e o levado para dentro da casa, também de ter irritado um morador local que chegou a esbravejar contra ela, além de ter segredos e mentiras que vão sendo revelados a medida que Anna vai descobrindo a trama que ela própria estava envolvida sem sequer saber.

Todo mundo parece acreditar que a culpa é minha. Os promotores, os pais da Elise, os repórteres, os noticiários da TV. Eles dizem que eu a desviei do caminho certo; que peguei uma garota doce e inocente, uma excelente aluna, e a transformei numa perdida igual a mim. Que a induzi a matar aula, a ficar na rua até tarde e a encher a cara em bares de quinta categoria, até ela começar a transar com desconhecidos nos banheiros de boates onde jamais deveriam ter nos deixado entrar.
Enfim, que a levei para o mau caminho.
Isso tudo soa péssimo, eu sei, mas a verdade é que induzimos uma à outra, tal como aprendemos nas aulas de ciência. Simbiose. Eu era a parceira de crime que ela vinha esperando: a mão para segurar enquanto corria, rindo, para longe dos portões cobertos de hera que a mantiveram presa a vida inteira. E Elise… ela foi a minha catalisadora. O brilho em meus olhos, o despertar da emoção em meu âmago, a voz que me incitava a ser mais ousada, corajosa, a não me esconder para passar despercebida.

A investigação vai acontecendo com Anna presa e, como já falei, tudo vai sendo revelado pelo ponto de vista dela, afinal ela é a narradora – mas… qualquer coisa que eu fale vai entregar da trama e confie em mim (sério!) quando digo você não quer saber nada sobre o acontece. A trama é tão rápida e tão concisa que li as 288 páginas de uma vez só, em uma noite, e quem se aventurar por essa trama rápida também acredito que siga essa mesma pegada porque há mais de uma reviravolta na trama, o que obviamente prende mais ainda o leitor.

Ainda só uma informação: o livro da autora Abigail Haas, que na verdade se chama (e escreveu diversos outros livros com este nome) Abby McDonald, foi publicado originalmente em 2013 em inglês e chega aqui somente agora, coisa que me fez bastante feliz porque se não fosse a Valentina publicando, eu não o conheceria, não leria e não estaria encantada com a autora ao ponto de procurar o outro livro dela na mesma pegada (que se chama “Dangerous Boys”). “Morre Aqui” fez tanto sucesso que mesmo com 10 anos de publicação, ainda mantêm uma nota altíssima no Goodreads e reviews incríveis sobre a trama, coisa que assino embaixo, mostrando que um livro, quando realmente bom, não morre nada fácil.

Para comprar “Morre Aqui”, basta clicar no nome da livraria:

Amazon.
Magalu.

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