Aqui vai um livro que foi divertido de ler: O que sobra, do Príncipe Harry, foi uma leitura fora do convencional para mim.
O livro, lançado após a saída do Príncipe da realiza na Inglaterra, foi lançado em janeiro desse ano, e é um apanhado de memórias do Príncipe ao longo de sua vida nada convencional.
Não é costume da realeza dar entrevistas ou falarem sobre suas vidas privadas, tendo em vista que eles preferem ser vistos e tratados como uma instituição, o quê, aliás, fica bem claro no livro de Harry. Por isso, se você é o tipo de pessoa que sempre quis saber como é que as coisas funcionam na realeza, se a rainha coloca seus netos de castigo, se ele e William são BFFs e se o príncipe realmente falou sobre suas partes íntimas nesse livro, essa leitura é para você.
“O que sobra” conta a história do príncipe desde antes de sua mãe, Diana, a princesa do povo, falecer. Logo nas primeiras páginas, somos transportados pela narração em primeira pessoa de Harry para o dia anterior à morte de sua mãe. Um dia que ele classifica como um dos mais felizes de sua vida. A história de fato se desenrola à partir daí. Ela é narrada por ordem cronológica, ou seja, os fatos, graças a Deus (porque são MUITOS), são apresentados a nós na ordem em que aconteceram.
Não teria graça se eu ficasse aqui repetindo as mesmas coisas que o Harry falou, por isso o interessante é ler o livro, mas posso dizer que ele conta, exatamente, como recebeu a notícia da morte da mãe (eu, particularmente, achei de uma frieza extrema), e sobre como, depois da morte dela, não conseguiu chorar mais, por muitos e muitos e MUITOS anos.
– Dei um abraço nela. Na sua mãe. Foi mesmo.
Meu rosto ficou vermelho. Invejei-a terrivelmente.
– Não me diga?
– Dei sim, dei sim, ai, foi tão bom. Ela tinha um abraço forte!
– É, eu lembro.
Mas não lembrava. Por mais que tentasse, mal conseguia me lembrar de coisa alguma.
Harry também explora muito suas relações com o pai e com o irmão (que é, aliás, bem diferente do que eu achei que seria). Ele também compartilha, de forma não explícita, mas que deixa bem claro, sua real opinião sobre a rainha consorte, e qual foi a reação dele e de seu irmão quando o pai contou a eles sobre ela.
Também mencionara que havia morado ali em Clarence House dos dezenove aos 28 anos. Depois que me mudei, Camilla transformou meu quarto em seu closet pessoal. Tentei não ligar. Mas, principalmente quando vi pela primeira vez, liguei.
Além disso, o príncipe nos conta sobre a sua luta contra a ansiedade e a síndrome do pânico, e como, diversas vezes, ele chegou muito perto de perder para ambas, e como começou a superá-las através da terapia, meditação, e uso de psicodélicos como cogumelos.
Harry deixa claro em várias passagens do livro que reconhece bem os privilégios que possui, e que nem sempre fez o melhor proveito dos mesmos. Apesar de em vários momentos eu ter observado um comportamento de vítima, também não sou alheia aos momentos em que ele reconhece muitos dos erros que cometeu, como a icônica festa em que foi vestido de soldado nazista.
Lá pelo meio do livro, um pouco depois, vem o momento pelo qual muitos de nós estávamos esperando: quando Harry conhece Meghan Markle.
A principal coisa que notei foi o abismo entre a internet e a realidade. Eu vira tantas imagens suas em ensaios de moda e sets de TV, tudo maquiado e brilhante, mas ali estava ela, em carne e osso, sem filtros nem fru-frus… e ainda mais linda. De doer o coração.
Harry conta em detalhes como ele e Meg se envolveram, conta como seu relacionamento se desenvolveu e como foi a mudança dela para o Reino Unido. Ele fala em detalhes como era a vida deles, rotina e dia-a-dia, morando no chalé de Nott Cott. A narrativa deixa bem claro, o acúmulo de abusos que ele relata ter sofrido, que o levaram, junto de Meghan, à decisão de sair da monarquia.
O livro em si, não é ruim, mas não é uma leitura que vai te prender. É longo; extenso, rico em detalhes não necessários. É uma auto bibliografia narrada tipo uma história, então dá para se deixar levar em alguns momentos, e até ficar ansiosa em algumas viradas de páginas, mas em outros, me peguei um tanto quanto entediada, e me perguntando se realmente acreditava no que o príncipe estaria nos contando na história. Enfim, é uma leitura polêmica, onde conhecemos fatos da realeza sobre os quais não fazíamos ideia, comportamentos que entre eles nunca pensei existirem e acontecimentos e curiosidades doidas (você sabia que o Príncipe Harry comeu cogumelos mágicos na casa da Courtney Cox, a Monica de Friends?) Se você é fã da família real, ou tem uma curiosidade intensificada sobre os fatos e o que levou o casal a deixar a realeza, essa leitura vai esclarecer tudo para você. Se não, não é nada que vá mudar/acrescentar em sua vida.