01.10

Sinopse: Para Malik, o festival de Solstasia é a oportunidade perfeita para escapar das marcas que a guerra deixou em sua terra natal e buscar um recomeço na próspera cidade de Ziran. O que ele não esperava é que um espírito maligno sequestrasse uma de suas irmãs na entrada da cidade e o forçasse a fazer um acordo fatal: para recuperar a irmã, Malik precisa matar Karina, a princesa herdeira de Ziran.

O problema é que Karina também tem ambições fatais. Sua mãe, a Sultana, foi assassinada; a corte está saindo de controle e o tempo até o festival de Solstasia se aperta como uma corda em seu pescoço. Tomada pelo luto, a princesa decide ressuscitar a mãe através de um ritual arcaico cujo ingrediente principal é o coração de um rei. Por sorte, ela sabe exatamente como conseguir um: casando-se com o vencedor do lendário torneio do Solstasia.

Quando Malik trapaceia e consegue entrar no torneio com a intenção de aproximar-se de Karina, os dois jovens entram em uma corrida contra o tempo e uma rota de destruição mútua. Com a conexão entre eles cada vez mais intensa, e forças malignas começando a despertar, qual dos dois conseguirá vencer a morte?

Eu passei um bom tempo pensando como eu começaria a falar sobre “Uma Melodia de Sombras e Ruínas” e eu sinceramente não sei ainda como eu farei porque fazia um bom tempo em que um livro de fantasia me pegava com tanta força assim e não apenas pelos elementos fantásticos da história, mas pelos seus personagens. Mas bem, vamos tentar.

“Uma Melodia de Sombras de Ruínas” começa nos apresentando de cara nosso primeiro protagonista: Malik. Malik e suas irmãs estavam a caminho da cidade de Ziran como refugiados, fugindo da guerra que assolava sua cidade de origem – e tendo que esconder quem era, porque não só a cidade está em guerra, mas porque o povo de lá costuma ser maltratado, apenas por serem de onde são.


“– Porque…
Porque derramar o coração nas melodias que tocava era a única coisa que fazia Karina se sentir como si mesma ultimamente. Porque Ksar Alahari era mais um túmulo do que um lar, e não havia um lugar entre aquelas paredes onde se sentisse livre das cicatrizes do passado.
Mas Karina não poderia dizer isso.”

Logo no início do livro, nós já somos introduzidos nessa atmosfera fantasiosa que rola por todo livro: as pessoas falam muito sobre magias e sobre um passado com pessoas capazes de fazer a magia acontecer, mas isso parecia tão no passado que ninguém mais acreditava tanto assim – até acreditavam, mas daquele jeito meio cético de quem acham que talvez os boatos sobre uma magia no passado fosse um pouco exagerado.

E então nós somos apresentados a Karina, nossa segunda protagonista – e princesa herdeira da cidade de Ziran. Logo de início nós já podemos ter um vislumbre de quem Karina é: uma verdadeira força da natureza, imparável. Na cidade de Ziran está perto de acontecer o festival de Solstasia e por isso, por todos os lugares nos arredores da cidade, tem pessoas chegando, querendo entrar lá e participar do festival e ver o cometa que passará enquanto o festival acontece.


“O passado devora aqueles que são ingênuos o suficiente para esquecê-lo.”

Antes mesmo que as histórias dos protagonistas se cruzem (na verdade, até se cruzam, mas explicar isso seria spoiler demais), as coisas ficam ruins demais para os dois: Malik, que viajava com suas duas irmãs, acaba perdendo uma delas: a irmã mais nova é levada por um espírito maligno que diz que apenas a devolverá caso ele cumpra um favor e esse favor nada mais é que Malik mate a princesa herdeira.

Enquanto isso, Karina, que é tida por todos – incluindo sua mãe, a sultana, como uma moça rebelde e irresponsável, se vê tendo que tomar o maior passo que já deu em toda sua vida até ali: sua mãe é morta em um atentado e a garota tem que assumir o trono momentos antes do festival começar e agir o tempo inteiro como se nada estivesse acontecendo, mantendo uma pose para o povo de que a sultana apenas está ocupada demais para comparecer aos eventos enquanto ela toma o lugar da mãe.

Muito levada pelo medo de como seria governar, Karina decide tomar uma atitude: de posse de um livro antigo de magia, ela encontra um feitiço capaz de trazer uma pessoa de volta à vida. E para isso, ela precisa do coração de um Rei. É então que ela decide que o prêmio de quem ganhar o festival será a mão dela em casamento, então o povo não ficará sem sua sultana e nem ela ficará sem sua mãe depois de assassinar aquele que será seu marido.


“Antes que a semana terminasse, renovaria a Barreira e manteria Ziran a salvo.
E conseguiria o coração do rei, a dama-da-noite vermelha, e tudo mais que precisasse para trazer sua mãe de volta à vida. Mesmo que isso significasse que um dos garotos naquele palco iria morrer, embora ele ainda não soubesse.”

E é aqui que o destino dos dois enfim se cruzam, quando Malik é aceito como campeão para uma das casas e vai lutar para se aproximar da princesa para cumprir o que precisa fazer e acabar com a vida dela enquanto ela também tem seus próprios planos para esse casamento de fachada. A pergunta que fica é: eles conseguirão seguir em frente com seus objetivos?

O que mais me prendeu no livro, além dessa mitologia maravilhosa que salta em cada página com histórias de magias do passado, é definitivamente os personagens. Fazia um bom tempo em que eu não lia um livro de fantasia com personagens tão humanos. Conforme eu fui lendo, eu pensava que era provável, com essa nova onda de leitores que só querem personagens perfeitos, que eles deviam odiar Karina e Malik, enquanto as páginas do livro passavam e só me faziam respeita-los cada vez mais


“– Por que você estava tremendo? – sussurrou ela.
Ele estava? Não havia percebido. Pela primeira vez, o frenesi dentro de sua mente havia caído em silêncio. Aqui, com essa garota que ele não conhecia, o mundo estava… quieto.”

Karina, como eu disse acima, é uma força da natureza: ela é voraz, é egoísta muitas vezes ao mesmo passo que muitas outras vezes é perfeitamente altruísta. Amar Karina durante essa leitura me fez passar por muitos altos e baixos com a personalidade tão forte que ela tem, um verdadeiro furacão. Mas, no final, o que mais marca quem a personagem de Karina é, é o luto que ela está passando. E quem dera fosse apenas pela morte da mãe.

Quando nós somos apresentados a Karina, ela já está sendo consumida pelo luto de muitos anos: faz um tempo que ela já perdeu o pai e a irmã, aquela que deveria ser a herdeira em seu lugar. Então ela já não está num “bom lugar” mentalmente quando a conhecemos e a morte de sua mãe parece uma gota d’água caindo em uma represa prestes a explodir. E é isso que a faz uma personagem tão genuína. Eu conseguia entender muitos dos atos dela que eram levados por esse luto que a consumia mesmo quando eu não concordava com as ações dela.


“Ziran pertencia às Alahari. Enquanto houvesse ar nos pulmões de Karina, assim seria.
Qualquer um que tentasse tomar essa cidade dela logo descobriria que a filha da Águia também tinha as próprias garras.”

E então nós temos Malik, que passou a vida inteira ouvindo de todos que ele não era bom o bastante: não era um bom irmão, não era um bom “homem da casa” e tudo isso culmina em mais e mais culpa depois que a irmã mais nova é levada, porque ele realmente acha que tudo aconteceu apenas por causa dele, que ele fez tudo aquilo acontecer.

Malik também tem muitas atitudes que eu considero questionáveis conforme o livro passa, mas também são coisas compreensíveis. Nem todo mundo age do mesmo jeito quando está correndo o risco de perder alguém que ama, cada um lida do seu próprio jeito e ele lida com isso do jeito dele, tomando escolhas difíceis que ele sabe que tem que tomar se quer ter sua irmã de volta. Inclusive, eu não lembro de nunca antes na minha vida ter lido um livro de fantasia em que um dos personagens tem crise de pânico de uma forma tão explicada.

Claro que quem passa ou já passou por isso reconhece de várias passagens de livros. Sei porque já reconheci, mas ter isso descrito de forma aberta – e mais, ter isso usado como uma parte importante da história, me fez amar ainda mais esse livro. Isso sem contar na enorme gama de representatividade que esse livro tem.


“Você não é forte no corpo, não. Ninguém nunca vai cantar canções sobre suas façanhas físicas. Mas você é gentil, Malik Hilali. Não subestime a força que é necessária para ser gentil em um mundo tão cruel quanto o nosso.”

A pergunta que fica pra mim, no final de tudo, é a que eu fiz para todos da embaixada da Editora Literalize: quando, em nome de Deus, sai a continuação desse livro? Eu preciso pra ONTEM.

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