13.12

Sinopse: O livro inspirado no musical de sucesso da Broadway que virou uma megaprodução da Netflix, com Kerry Washington, Meryl Streep, Nicole Kidman e Ariana DeBose

Elas só queriam dançar, mas acabaram começando uma revolução…

Emma Nolan é uma talentosa musicista que tem apenas um sonho antes de se formar no ensino médio: dançar com sua namorada na festa de formatura. Mas o que parece um pedido simples é praticamente impossível na cidadezinha onde mora.

À primeira vista, Alyssa Greene é o estereótipo da garota popular: bonita, amiga de todos e presidente do conselho estudantil. Mas ela tem um segredo: namora Emma há mais de um ano.

Quando a notícia de que Emma planeja levar uma garota para a formatura se espalha, a cidade entra em polvorosa, com a Associação de Pais (liderada pela mãe de Alyssa), ameaçando cancelar a festa por completo. É aí que aparecem Barry Glickman e Dee Dee Allen, duas estrelas decadentes da Broadway que assistem a um dos vídeos de Emma no YouTube e decidem transformar o desabafo da garota em uma causa. Quando eles chegam em Indiana para protestar, porém, as coisas saem ainda mais do controle.

Com uma narrativa tão hilária quanto emocionante, The Prom: A festa de formatura é uma história necessária sobre diversidade e respeito, mas, sobretudo, sobre amor.

Eu queria começar essa resenha falando justamente o que eu disse lá no twitter quando terminei de ler o livro: eu fui enganada. A capa toda bonitinha do livro e essa sinopse calminha, assim como aquele trailer super alegre do filme que saiu pela Netflix (vou falar mais sobre ele logo abaixo), me enganaram profundamente. Quando eu peguei esse livro para resenhar, eu pensei que seria mais uma história fofinha e bonitinha e bem, ele é, mas também é muito mais que isso e me fez chorar mais do que eu gostaria de admitir. Agora, vamos por partes:

Tudo que Emma queria era justamente o que diz na sinopse: ela queria ir ao baile e dançar com a sua namorada assim, na frente de todos, como todos os adolescentes têm o direito de fazer. O problema é que na cidade pequena em que Emma mora, ela é a única adolescente que está “fora do armário”, e não foi nem algo intencional.


“Há coisas piores que as pessoas poderiam sussurrar para mim, mas preciso dizer que “gay, gay, gay” ofende em um nível artístico.
Falta criatividade. Há toda uma internet ali para as pessoas que não conseguem pensar sozinhas. É literalmente a porta para milhares de ofensas mais fortes, com forma real. Em vez disso, esses imbecis pegam a minha definição literal e cantam como um coral de sapos de mente estreita.”

Quando conheceu Alyssa, antes mesmo de sequer pensar que teria algo com ela, Emma gravou um vídeo para o seu canal do youtube, falando sobre como ela estava amando uma garota – e o que ela não contava é que algumas pessoas de sua cidade veriam e mostrariam diretamente pra sua mãe, a arrancando do armário assim.

Como os “bons cristãos” (rs) que eles são, eles não podiam aceitar ter uma filha diferente e então jogaram Emma para fora de casa, que logo foi aceita por sua avó, que fez questão de cortar os laços com o filho por ter sido incapaz de amar e cuidar da própria filha e entender que bem, não tinha absolutamente nada de errado com ela em amar quem ela amava.


“Há lugares em que é legal ser assumido. Nova York, São Francisco… Lugares imaginários, em terras imaginárias muito, muito distantes daqui. Mas Indiana não é um desses lugares. Então, bom, este é meu conselho para você: não seja gay em Indiana, se você puder impedir de alguma forma.
Não há nada aqui para você além de decepção.”

Anos se passaram e nesses anos Emma aguentou calada todas as provocações e bullyings cometidos por colegas, simplesmente pelo fato de ela ser quem ela era. Só que o que fazia ela se segurar com força e seguir em frente era saber que, mesmo às escondidas, ela tinha Alyssa – porque a garota nunca se assumiu. Então, o pacto que elas tinham é que, Alyssa assumiria para sua mãe que era lésbica antes do baile para que elas duas pudessem ir juntas e dançar, como elas sempre quiseram.

Alyssa tem um pé atrás sobre se assumir, não só pelo que os outros vão pensar, mas muito por conta da mãe dela: a sra Greene é uma mulher muito radical – e que vive em um mundo ilusório onde, se ela e Alyssa forem perfeitas – isso trará o esposo dela e pai de Alyssa de volta, como se o homem já não tivesse até com uma nova família depois de abandonar as duas.


“Os insultos se afundam na minha pele, formando um nó escuro que mora permanentemente no fundo do meu estômago. Eu achei que já tivesse deixado de me importar com o que as pessoas falavam de mim, mas parece que não. A parte triste é que eu nem quero mais que as pessoas gostem de mim. Só quero que elas me deixem em paz.”

Então, próximo do dia do baile, quando vão comprar os ingressos, a mãe de Alyssa vê a lista e que Emma colocou ao seu lado como par o nome de uma garota e a mulher simplesmente fica inconformada com isso, porque eles não podem aceitar que algo assim ocorra na cidade deles e a associação de pais, a qual ela é presidente, entra com tudo para barrar o baile e impedir que Emma tenha a noite mágica que deseja.

Porém, o tiro sai pela culatra, porque quando Emma fala online sobre isso, essa história vai parar nos ouvidos de uma dupla da Broadway que resolve ir até a cidade para dar uma mãozinha para Emma e fazer esse baile acontecer sim! O que acontece quando eles chegam lá? Bom, isso é algo para você ver no livro! (Mas já posso adiantar que, quando você está no meio do livro e as coisas parecem estar dando bem demais, é porque algo virá por aí…)


“— E se ela não teve escolha, isso não quer dizer que Deus a fez assim?
Não é assim que funciona.
O sr. Glickman vira seu olhar para Shelby.
Ah, não? Quando você escolheu ser hétero?
Nunca — Shelby diz. — Apenas sou.
O sr. Glickman fica em silêncio por um minuto, observando o rosto de Shelby até a compreensão finalmente surgir ali.”

Emma, a personagem principal, ganhou meu coração desde o início. Ela é completamente uma boba apaixonada e você consegue ver pelas páginas do livro que saltam corações das orelhas dela só de pensar em Alyssa. Mas, ela não é só isso não: ela é uma personagem muito forte. Como eu falei, esse livro me fez chorar e acredite, foi muito por Emma. Eu não sei se eu teria a força e a resiliência que ela tem em grande parte do livro, porque as pessoas são absurdamente cruéis com ela. Tem uma parte que partiu meu coração em um milhão de pedaços (mas sendo uma das partes mais cruciais do livro, não posso falar explicitamente aqui).

Então temos Alyssa, a garota que Emma ama e com quem, tudo que ela mais queria, era dançar no baile de formatura e eu preciso dizer que eu passei boa parte do livro meio que… com birra da Alyssa. Não por não entender o lado dela. É muito certo que muitas pessoas passam pelo que ela passa, mas tinha certas passagens que eu ficava me perguntando COMO ela aguentava ficar vendo tudo que faziam com Emma e ficar calada quando ela dizia amar tanto a outra.


“Nos dizem para esconder essa parte tão linda de nós, a parte apaixonada, a parte tonta de tão encantada. Não fique de mãos dadas no Uber; não beije no cinema. Pense bem se quer corrigir estranhos quando perguntam sobre a sua parceira e erram o gênero dela. Considere cuidadosamente tudo o que você diz a esses estranhos para que eles não cuspam em você – ou algo pior.”

E, é claro, não podemos deixar de fora Barry Glickman e Dee Dee Allen, as duas estrelas da Broadway que vem ajudar em toda essa movimentação. Todas as cenas com Barry, eu automaticamente pensava nos conselhos que Karamo dá em Queer Eye (imagino que muitos aqui já assistiram e <3). E Dee Dee Allen é uma diva. Eu senti muita vontade de rir com ela em boa parte das cenas em que ela aparecia. E tudo que eles fazem pela Emma (apesar dos pesares) é pra dar um quentinho gostoso no coração. <3

Além dos dois, eu também preciso mencionar a avó de Emma, que é absurdamente maravilhosa e também o diretor do colégio, que diferentemente de outros filmes de adolescentes, tenta fazer algo para ajudar a resolver a situação e que Emma se sinta bem e segura no colégio.


“Só quero que você saiba que você é o sonho que o Tio Donnie nunca ousou sonhar. Você tem dezessete anos e sabe quem você é. O mundo sabe quem você é. Pode não significar muito pra você, mas acredite na sua avó quando ela diz que a sua luta, aqui e agora, importa.”

Então, mesmo com meu aviso ali em cima de que toda essa capa fofinha é pura enganação (é brincadeira tá, gente, não me levem a sério!), mesmo sabendo que você pode acabar chorando que nem eu chorei, esse livro vale muito a pena. É um livro gostoso de ler e muito fácil de passar o tempo enquanto lê ele. E é uma história linda também, um romance gostosinho e com um final que… bom, não vou falar nada sobre ele 😛 Mas leia, vai por mim, você não vai se arrepender!

SOBRE O FILME

Eu pensei bastante sobre o que falar das minhas impressões do filme. Eu assisti o filme “The Prom” na Netflix na sexta-feira mesmo, quando ele foi lançado na plataforma e eu preciso assumir que eu fiquei bem chateada com o filme no sentido de adaptação.

Primeiro de tudo, eu preciso ressaltar que eu nunca vi o musical em si, eu não sei como ele é e como ele aborda a história, então esse é o meu ponto de vista de quem leu o livro e ele não foi nada bom nesse quesito de ter adaptado a história da Emma.

Digo isso porque: eles simplesmente não deram foco algum pra Emma no filme. Enquanto o livro se trata sobre ela e a Alyssa, fala sobre a história delas e o fato de que Emma realmente só quer levar sua namorada ao baile e isso faz com que ela seja duramente humilhada, no filme a Emma mal aparece e quando aparece, apesar de pegarem partes que tem no livro, está tudo fora de ordem e o foco principal deixa de ser ela por tipo, uns 80% do filme.

Claro que eu entendo que quando você tem um elenco de grandes estrelas como Meryl Streep, que é fantástica como Dee Dee e Nicole Kidman, você quer explorar elas na tela e dar mais tempo a elas e isso pra mim está ok, mas eu senti que eles deixaram tão de lado a personagem que devia ser a principal, que você acaba nem se importando muito. Mas o que mais me deixou incomodada nisso tudo foi que, enquanto no livro o casal principal é um casal lgbt, o filme foi transformado em algo sobre uma redenção de atores da Broadway – além de ter focado em um casal hétero e que quase não tem destaque no livro (porque bem, a história não devia ser sobre eles, enfim).

Eu acho que o filme pecou muito nesse quesito aí, mas como eu disse, eu “entendo”. Não sei como funciona na peça do musical em que os dois (tanto o livro quanto o filme) foram adaptados, mas não pude deixar de me sentir bem chateada com o rumo que o filme tomou.

Num quesito de filme, em si, ele é um filme bom. Apesar de ter sido um tanto comprido demais, algo que podia ter durado um pouco menos, ele é um bom filme, mas principalmente para quem não leu o livro. Eu assisti o filme com a Virna, ela não leu o livro e me falou que gostou, apesar de assim como eu, ter achado que ele foi muito longo.

Não vou negar que fiquei chateada com a adaptação que fizeram e com o fato de terem deixado Emma completamente de lado muitas vezes (até coisas sobre ela mesma, nós ficamos sabendo por outros personagens), num ponto que a avó dela também quase nem aparece e Alyssa aparece ainda menos que Emma, o que é bem frustrante, mas bem. Vida que segue. O filme não funcionou pra mim, não da forma como o livro que me fez até chorar, mas pode ser que funcione pra você, então se quiser dar uma chance, vá em frente <3

Nota do livro:

Nota do filme:

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Submarino.

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1 comentário em “Resenha: The Prom: A festa de formatura – Saundra Mitchell”



  1. C. A. disse:

    Estou bastante ansiosa para ler o livro, ainda mais depois de saber que ele foca mais na história da Emma e da Alyssa. Mas assim, eu até entendo o fato do filme não ter focado exatamente nelas como deveria ter focado, pq ele foi muito fiel ao musical, muito mesmo. Sim, pessoal, no musical a Emma e a Alyssa tbm não tem tanto foco quando deveriam ter.



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