06.11

Sinopse: O mundo passou por guerras, escassez de recursos naturais e tragédias ambientais devastadoras. Aghaia, um dos países criados após a nova divisão mundial, é governada por Petrus, um Rei que mantém um controle cruel, justificado pela manutenção da paz. Dividida em Distritos, de onde seus moradores não podem sair, Aghaia nada deixa faltar à subsistência de sua população, mas o preço é alto. Quem vive à margem da Capital precisa cumprir uma cota de 14 horas diárias de trabalho. Ellena nasceu no Distrito Sete, e cresceu descobrindo que nada é o que parece, como o fato de terem abolido do dicionário a palavra “liberdade”, entre tantas outras. Na busca por um futuro diferente, Ellena realiza o sonho de se tornar uma Admitida e poder se mudar para a Capital. Mas o que parecia ser a solução para sua vida e de sua família, logo se mostra um grande pesadelo e uma viagem sem volta, na qual Ellena terá que aprender os caminhos para fugir do labirinto político de Petrus e dos labirintos do seu próprio coração.

Nós recebemos “A Rainha Perdida” da autora Ana Cristina Melo da editora Opala e da LC Agência de Comunicação, então primeiramente queria agradecer pela oportunidade que nos foi dada.

“A Rainha Perdida” é uma distopia, como dito na sua sinopse, que se passa em um mundo que foi praticamente destruído pelas guerras, pela força da natureza que enfim se vingou depois de tantos anos que os humanos não cuidaram direito dela e que, após tudo isso acontecer, resolveu se dividir em reinos, todos próximos uns dos outros. A história se passa no reino de Aghaia, que é dividido por distritos (que lembram um pouco “Jogos Vorazes”), onde cada distrito é responsável por alguma coisa para ajudar a nação toda.

Porém, diferente de Jogos Vorazes, onde eles ainda tem uma certa “liberdade” de escolherem o que querem ser – mesmo que dentro do que proposto nos distritos, em “A Rainha Perdida” ninguém tem esse direito em Aghaia. Por conta das guerras do passado, os líderes das nações decidiram que o povo não merecia mais ter sua própria liberdade e tomar as próprias decisões. Assim sendo, só é possível estudar e ser muito bom em alguma coisa para ser levado até a Capital, onde trabalhará diretamente para eles como um “Admitido”, garantindo assim que sua família nunca mais precise trabalhar ou para trabalhar nas coisas importantes ali (como parte da prefeitura e cargos mais importantes assim) ou então passar o resto da vida – e quando digo resto da vida, é o resto da vida MESMO, até a morte, trabalhando incansavelmente na fábrica principal do distrito, que é de onde sai o que o distrito é responsável.

“Podemos sentir na pele, nos ossos, nos músculos cansados, que a vida que levamos não é boa, apesar de a maioria acreditar no que nos ensinaram na escola, que vivemos a melhor vida que poderíamos ter, pois o mundo está em paz, não há fome ou violência. Algo dentro de mim, porém, grita que não é bem assim.”

E é no distrito 7 que se passa a história, sendo lá que conhecemos nossa mocinha, Ellena. Ellena vive com seus pais, seu avô e sua irmãzinha mais nova e enquanto a irmãzinha estuda, os outros 4 passam trabalhando na fabrica mais de 14 horas – porque como se não bastasse perder todo direito de escolher qualquer coisa sobre como viver (e isso vai em TUDO, desde as roupas que eles usam, que só recebem o que a Capital manda para que se virem, até os alimentos que só tem na fábrica), o distrito todo ainda tem uma cota para cumprir, se não eles pagam por isso e então mesmo o avô de Ellena mal tendo condições de se manter em pé, todos os dias, ao amanhecer, ele está lá na fábrica junto com todos.

Não é uma vida justa para nenhum deles e Ellena sempre quis muito ser uma Admitida, estudando bastante para ser chamada para ser professora, porém isso nunca aconteceu e ela nem esperava que fosse acontecer mais, seguindo a vida dela trabalhando no distrito para ajudar a família e com a companhia do namorado, Hector, que não se conforma de jeito nenhum com a forma que o distrito deles é tratado. Então chega um dia em que no meio de um anúncio diário (porque o Rei Petrus, líder de Aghaia, faz anúncios todos os dias sobre como os distritos estão, sobre o quanto eles precisam pagar a mais ou a menos), eles ficam sabendo que uma nova leva de Admitidos será levada. E quando isso acontece, não só Ellena é escolhida, mas Vick, sua melhor amiga, também.

“Uma ponta de tristeza toma conta de mim. E não sei explicar o motivo. Pergunto-me se esse sentimento é inveja. Uma palavra que li num dos livros que Hector me trouxe. Se eu entendi bem, a Capital aboliu a cobiça e a inveja nos Distritos e até nos dicionários. Esta última palavra aprendi com meu avô. Não há nada para invejar na vida alheia. Vestimos as mesmas roupas, comemos as mesmas comidas, trabalhamos tanto quanto os outros. Tudo igual, horrível e sem esperança.”

Vick, ao contrário de Ellena, nunca teve a vontade de ser levada até a Capital como uma Admitida: já tinha toda sua vida planejada ali, trabalhando como costureira junto com sua mãe, já estava noiva e até mesmo com o casamento marcado – outra coisa que a Capital tirava deles era o direito de escolher uma data de casamento. As cerimônias só aconteciam aos domingos e conforme eles liberavam. E justamente quando os planos da garota estavam dando certo, veio o anúncio e ela, Ellena e mais algumas pessoas do distrito foram chamadas para atenderem a Capital.

Durante a despedida de Ellena com sua família, ela fica sabendo mais sobre o passado, antes do Reino de Aghaia e da falta de livre-arbítrio que eles vivem pelo avô dela que conta como as coisas eram antes (porque nem isso eles sabem: todos os livros que contavam a história do mundo foram queimados para que as pessoas não tivessem ideias que não deviam). E os pais entregam a Ellena um diário fechado de um jeito que ela não sabe como abrir, mas dizendo para ela que descobriria e então entenderia porque a vida dela era tão importante – e que ainda tinha muito a conquistar.

“O ódio era o sentimento de ordem. As pessoas se odiavam por diferenças de pensamento, de comportamento, de cor, de regiões, de sexo, por qualquer motivo. (…) Havia governantes que pertenciam a grupos opostos, que defendiam ideias opostas, e com isso colocaram o povo também em posições opostas. Cada vez mais cresciam visões radicais e ninguém conseguia pensar além das próprias verdades.”

No caminho até lá, no trem, as duas garotas já começam a notar que nem tudo será um mar de rosas e várias coisas que elas nem sabiam que existiam. Coisas que só aumentam ao chegarem na Capital enfim: a forma como eles vivem bem lá, como eles tem tudo que querem, como tudo lá é criado de outro jeito que do jeito dos distritos, é tudo diferente demais. Aos poucos elas vão se acostumando com a vida lá, entre várias coisas que vão acontecendo no meio do plot (que não posso adentrar muito por ser spoiler), Ellena se vê envolvida com os dois príncipes do Reino: Luke e Reed. Luke, o mais novo, é um dos responsáveis por escrever livros para o reino. E Reed, o mais velho, é também o príncipe herdeiro do trono.

Conforme a história vai andando e se desenrolando, nós vamos vendo mais sobre o relacionamento de Ellena com os dois e também a amizade que ela tem com Vick e elas vão descobrindo segredos que o Rei mantém de todo o povo dos distritos, assim como da Capital – e também Ellena vai sabendo cada vez mais sobre ela mesma e quem ela realmente é e como ela pode mudar tudo, se envolvendo cada vez mais nessa bagunça por poder e para proteger as pessoas que ela ama e se importa.

“Não se comercializa livros, porque eles são alimentos para a alma, como são os alimentos para o corpo. E é gratuito o acesso aos alimentos no Novo Mundo.”

Eu preciso dizer que desde que li a sinopse desse livro, eu já me interessei, principalmente pela vibe meio Jogos Vorazes que me trouxe, mas eu nunca, sob hipótese nenhuma, ia imaginar que esse livro me conquistaria tanto assim, de verdade.

Ellena é o tipo de mocinha que eu gosto: ela não fica esperando as coisas caírem no colo dela num passe de mágica, ela vai lá e faz acontecer e tenta descobrir e mesmo que eu tenha achado que ela é meio inocente em certas coisas e conseguem passar ela pra trás com certa facilidade, além dela demorar um pouco para perceber coisas que estão debaixo do nariz dela, ela é bem badass e está disposta a fazer o que for para conseguir o que precisa – pelo menos essa foi a vibe que ela me passou no final do livro.

“Meu pai, certa vez, me disse que, às vezes, desejamos tanto uma coisa que não paramos para pensar tudo que teremos que abrir mão se este desejo se realizar. Porque nenhuma escolha na vida é sem consequência. Sempre estaremos descartando algum caminho, para cada outro que escolhermos.”

Vick me incomodou um tanto no começo pelo mesmo jeito que eu amei Ellena por querer correr atrás do que precisava, o fato de Vick estar “aceitando” tudo que era dito, me deixava meio incomodada, mas no final das contas eu acabei criando um carinho por ela também e tudo que se desenrola entre ela e Ellena e a forma que as coisas acontecem, partiram meu coração com força. Nem em um milhão de anos eu esperaria o que aconteceu ali, mas não vou entrar em detalhes para não dar spoiler.

E eu não culpo Ellena por ficar dividida entre os dois príncipes (afinal, quem é Hector mesmo? Nunca nem vi) porque eles dois são tão maravilhosos. Confesso que quando notei o lado que estava se guiando para entrar nesse triângulo, eu fiquei com medo que acabasse na mesmice que temos visto em outros YA com a mocinha dividida entre o bonzinho e o malvado e confiando no cara errado, mas isso não aconteceu até aqui e eu fico bem grata por isso. Reed e Luke são maravilhosos e aquele plot twist… Eu não sei nem explicar o quanto tudo isso mexeu comigo e com meus sentimentos por eles.

“Posso ouvir e sentir a mudança de respiração no carro. Um ar de excitação e surpresa. Vivíamos numa caverna. O mundo evoluiu e nós ficamos com o resto.”

Queria fazer uma pequena menção honrosa a Rainha Naiara e ao escritor do reino, Evan DiFonti porque achei eles maravilhosos e o Rei Petrus… Eu só consigo imaginar o tipo de terror que ele ainda tem para tocar, sinceramente.

Juntando todos esses personagens maravilhosos com toda uma história e plano de fundo que não deixa absolutamente nada a desejar, eu só posso contar nos dedos os dias até que anunciem o lançamento e enfim lancem o segundo volume deste livro, porque aquele gancho no final me deixou roendo as unhas de ansiedade e querendo MUITO ler logo a continuação e saber o que vai acontecer – e principalmente saber se o que a nossa mocinha desconfia é exatamente como é.

Se você, como eu, gosta de Jogos Vorazes, dê uma chance a esse livro, de verdade. Literatura brasileira é sempre uma coisa gostosa que aquece o coração e ter uma distopia tão bem feita, que ao mesmo tempo que fala sobre “um futuro hipotético” lembra tanto nossa realidade atual… É perfeito. De verdade. Leiam “A Rainha Perdida”, se apaixonem por Ellena e Vick junto comigo, garanto que não vão se arrepender!

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