04.09

“The Lost Book of the White” (As Maldições Ancestrais #2)
Cassandra Clare e Wesley Chu
Simon & Schuster – 2020 – 400 páginas

Magnus Bane e Alec Lightwood estão se estabelecendo na vida doméstica com seu filho Max quando os bruxos Ragnor Fell e Shinyun Jung entram em seu apartamento e roubam um poderoso livro de feitiços. Percebendo que Ragnor e Shinyun estão sendo controlados por uma força muito sinistra, Magnus e Alec decidem detê-los e recuperar o livro antes que possam causar mais danos. Com a ajuda de Clary Fairchild, Jace Herondale, Isabelle Lightwood e Simon Lovelace (recém-saído da Academia dos Caçadores de Sombras), eles acompanham os feiticeiros até Xangai.

Mas nada é o que parece. Ragnor e Shinyun estão trabalhando sob as ordens de um Demônio Maior. O objetivo deles é abrir um Portal do Reinos dos Demônios para a Terra, inundando a cidade de Xangai com demônios perigosos. Quando um encontro violento faz com que a magia de Magnus se torne cada vez mais instável, Alec e Magnus reúnem seus amigos para atacar o centro do poder do demônio. Mas o que eles acham lá é muito mais estranho e mais nefasto do que jamais poderiam esperar…

Virna: Cassandra Clare. Como começar a definir Cassandra Clare?

Brincadeiras à parte, vou começar falando por mim e somente por mim: eu adoro os livros da Cassie, mas eu não estava com tanta fé na trilogia “As Maldições Ancestrais” porque eu estava envolvida demais com “Os Artifícios das Trevas ” (quem me conhece sabe que eu amei os livros 1 e 2) e queria mesmo era mais daqueles personagens. “Os Pergaminhos Vermelhos da Magia” foi o único livro da Cassie que eu não li assim que pude, seja por ARC, seja no dia do lançamento, então quando ele foi lançar aqui no Brasil, eu li para resenhar e… eu AMEI. Foi trazer de volta todo amor dos “Instrumentos Mortais” lançado na minha cara, aquele jeito Cassie de escrever na sua melhor forma, envolvendo traços novos (provavelmente com a ajuda de seu coautor, Wesley Chu), encaixando as famosas férias que Malec tiraram juntos no começo de “Cidade dos Anjos Caídos” e que justificava a falta dos personagens ali no começo da segunda trama original dos Caçadores de Sombras. Cassie já tinha falado há anos que ela esperava escrever sobre essas férias, eu só não pensava que seria umas férias tão maravilhosas assim – em todos sentidos: tanto pelo romance malec quanto pela aventura. Eu já falei bastante sobre isso na resenha de “Pergaminhos Vermelhos da Magia” que eu e Ju fizemos (leia clicando AQUI).

Sabe por que eu comecei falando tudo isso? Porque eu preciso deixar claro que eu adoro a escrita de Cassie, mas eu saberia dizer exatamente se essa trilogia não atendesse minhas expectativas. Mas esses livros estão superando, na verdade. Sinceramente, estão. E estão muito, muito bem. A forma como “The Lost Book of The White” (algo como “O Livro Perdido do Branco”, assim mesmo, mas sem tradução oficial de título e, por isso, ainda usaremos o título original nesta resenha para não confundir vocês) se desenvolve e faz com que amemos mais ainda os personagens dos “Instrumentos Mortais” é absurdo, sem contar a mitologia que está sendo construída. Sério. Confiem em mim nessa.

Artur: Acabei e ler The Lost Book of the White faz algumas horas.

Ou seja.

Restam apenas 2 anos de espera para o próximo, no calendário de lançamentos atual.

Eu particularmente não incluía esta trilogia na conta das principais, sendo assim eu os considerava “livros de apoio” ou “spinoffs”, como você preferir. Mas após “The Lost Book of the White”, acho que isso pode mudar um pouco.

O livro começa como o anterior (“Os Pergaminhos Vermelhos da Magia”) com uma retomada da história partindo de um momento no passado, fora do que seria o “pós TDA”. Desta vez, em 2010, algum tempo após o fim da guerra com o Sebastian e num tempo em que a Paz Fria (The Cold Peace) já está em vigor. Ou resumindo de uma forma mais fácil para o posicionamento na linha do tempo: Após “Instrumentos Mortais” e antes dos acontecimentos de “Artifícios das Trevas”.

Magnus e Alec são pegos em uma noite calma e arrastados de volta a toda tramam que acharam ter deixado para trás, na aventura que tiveram em sua viagem para Paris (e outros lugares).

É muito interessante a princípio que esse livro, diferente do primeiro, trouxe uma carga de nostalgia MUITO grande. Apesar de se tratar de uma história que acontece após o fim de TMI, a presença dos personagens principais de TMI se torna um fator que vai garantir a leitura compulsória até mesmo dos leitores que como eu mesmo, estavam um pouco abatidos com a qualidade de “Os Artifícios das Trevas”. Onde o primeiro livro tratava de um início de relacionamento, aqui já temos a presença do Max! Que torço vai se tornar um personagem principal em algum momento; e como o convívio dos personagens já é mais natural. Vemos alguns momentos de dificuldade até mesmo como é a dinâmica recém-saída do forno do nosso mais novo integrante das linhas de frente: Simon Lovelace, que está iniciando a vida de patrulhas e exposição ao perigo com seu novo título.

É em alguns momentos assim que o livro toma um ar bem sentimental. E que deixa o leitor com uma mente comparativa. Pois sabemos onde e como alguns dos personagens estão no futuro (para os que já leram TDA). Mas vemos aqui outras situações que não haviam nos contado antes e que são completamente cabíveis e necessárias para onde estes personagens chegaram. Esse segmento é todo pertencente ao Simon e o Magnus, que são os personagens mais dissecados, ao meu ver, mesmo que o livro não seja sobre o Simon.

Ju: Se eu for começar falando da minha experiência pessoal com “As Maldições Ancestrais”, eu devo dizer que assim como a Vi e o Artur, eu também não estava empolgada com a ideia dessa trilogia. Com tantos fatores que aconteceram nos ultimos anos com coisas que envolviam Malec, apesar de não envolver Malec diretamente, eu estava meio… receosa. Será que isso viria a atrapalhar meu amor por esse casal? Será que isso tinha conseguido estragar algo que era tão precioso pra mim (junto com meu amor por todos os personagens de “Os Instrumentos Mortais”)? Eu fico feliz e satisfeita em dizer que a resposta é um sonoro NÃO.

Desde que eu li “Pergaminhos Vermelhos da Magia” eu já senti aquela bolha de amor renascendo de um lugar no fundo do meu peito. Como falamos em outras resenhas, não lembro bem se a de Pergaminhos mesmo ou a de “Chain of Gold”, chegar e encontrar esses personagens é como reencontrar o caminho de volta pra casa. E se em Pergaminhos isso foi grande, com “Lost Book of the White” foi ainda maior. Ter toda a gangue de TMI reunida novamente, ver a forma como eles agem um com o outro, é assim como a Vi falou, que eles são como velhos amigos da Cassie, mas não apenas dela, são nossos também.

Alec se virou e colocou a mão no coração de Magnus, logo acima do ferimento. “Se você morrer”, ele disse, “uma parte de mim também morreria. Então lembre-se, Magnus, não é apenas sua vida. É minha vida também.”

Alguém, muito tempo atrás, disse a Magnus que os seres humanos nunca amariam da mesma maneira como os imortais amavam; suas almas não tinham força para isso. Essa pessoa nunca conheceu Alec Lightwood, nem ninguém como ele, Magnus pensou, e suas vidas devem ter sido mais vazias por isso. A força do amor de Alec o deixou humilde e lhe deu força como uma onda; ele deixou a onda levá-lo em direção a Alec, em direção a cama de ambos, em direção a suas mãos entrelaçadas enquanto se moviam em uníssono, abafando seus gemidos contra os lábios um do outro.

Artur: Logo no início temos uma retomada de acontecimentos (da linha temporal de TMI) que nos mostram que mesmo após o fim da história, algumas coisas podem nos surpreender ou ao menos ser explicadas. Algumas dúvidas do passado são sanadas, sim. Este livro tem uma dose muito importante de informações, que são colocadas pontualmente para firmar ainda mais os alicerces da mitologia dos caçadores de sombras; e que antes não haviam sido explanadas tão abertamente. O que já torna a história uma situação de win/win, para os apaixonados por detalhes e construção de mundos. Pois não só recebemos coisas novas, como também assentamos o que já sabíamos dos outros livros para o que eu acho essencial desde o início das crônicas dos caçadores: TEORIAS E MAIS TEORIAS.

Outro fator que permeia esse livro, é como a Cassie se sente à vontade de escrever sobre o nosso time de TMI. É natural como se fossem pessoas reais, amigos dela (Mas também depois de 6 livros DELES era o mínimo rs) cheio de momentos de piada, referências e pontos de personalidade que beiram o FanService. Como se ela soubesse o que nós leitores gostaríamos de ler saindo da boca de cada um dos personagens (Bom que saiba, né). Aqui, não resisto, deixo o aviso para que se preparem. Alguns desses “FanServices” são indescritíveis e tão de acordo com a história que parece um pedido de desculpas para os leitores que ficaram desanimados com as histórias. Ela está nos reganhando pelo coração.

Não entrarei nesse mérito, dos que se desanimaram com a última trilogia, pois ela cumpriu seu propósito dentro das crônicas. Agradou uns e não agradou outros. Mas isso foi deixado para trás com “As Últimas Horas” e agora com “The Lost Book of The White”.

Ju: A história do livro já começa num pique bom. Temos um antigo conhecido voltando de uma forma inesperada e fazendo coisas que não imaginamos que faria algum dia com Magnus, de todas as pessoas, e dali as coisas só engrenam cada vez mais. É um livro que não te deixa com absolutamente tempo nenhum para respirar porque quanto mais as coisas acontecem, mais você quer ler e se aprofundar e saber mais sobre o que está por vir e como tudo aquilo irá se encerrar e eu devo dizer: eu não saí decepcionada desse livro, de maneira nenhuma.

Virna: Completando o que Artur falou acima, o livro começa em um ponto solto de 2010, logo depois do último conto do livro “Contos da Academia dos Caçadores de Sombras” (o conto se chama “Anjos que caem duas vezes”) e quem já leu, sabe o quanto tudo que aconteceu no conto afetou Simon (e quem acompanha nosso antigo podcast, o shadowcast, sabe que acertamos com a ideia do que iria acontecer lá!), então vemos o desenrolar de um Simon diferente do que conhecemos. É tão bom estar perto desses personagens que já conhecemos e amamos, e é melhor ainda ver como eles estão amadurecendo e mudando. Enquanto no 1º livro vemos mais de Alec, aqui vemos mais de Simon – e acreditem, encaixa na história.

Há também, claro, o relacionamento Malec, e como vocês puderem ver pela quote acima… eles dois são sim, perfeitos um para o outro, e aqui temos o acréscimo do pequeno Max Lightwood-Bane, o qual eu desejo apertar bastante até ele reclamar dessa tia maluca o apertando sem parar. Todas as cenas que o garotinho aparece são de derreter o mais duro dos corações e se não derreter o seu, se preocupe. Sério.

E, como tem na sinopse, a gang vai pra Xangai. E, sinceramente, o que você precisa e quer saber está na sinopse, sem nada além disso: demônio maior, volta da Shinyun, todo mundo junto, Magnus correndo perigo de vida e pronto. Quanto menos você souber, menos você espera e quanto menos você espera, mais surpreendido você é, e você MERECE ser surpreendido pela trama que está se formando aqui. Se há, em alguns pontos da fandom, a dúvida sobre o potencial do sexteto de personagens originais e suas decisões, eu acredito que agora eles vão cessar porque temos aqui muito, muito claro que o que fato deles terem sido unidos pelo destino e sua união de poderes é o que salva o dia, no final das contas. E o nosso mundo também.

“É ridículo”, Clary disse. “Quantas fadas estiveram realmente do lado de Sebastian na guerra? A rainha, sua corte – deve ser uma pequena percentagem deles. Mas nós punimos todos eles.”

“A Clave puniu todos eles.” Simon disse. “Nós não fizemos nada. Nós tentamos evitar a Paz Fria.”

“Contanto que possamos explicar isso para cada um deles individualmente, tenho certeza que ficaremos bem”, disse Jace.

“Talvez pudéssemos fazer as camisetas.” Simon concordou. “‘Nós tentamos evitar a Paz Fria’ ”.

Artur: Um incômodo (pois sim eles existem em número, mas não o suficiente para serem levados todos em conta) me apareceu estranhamente nítido nesse livro. A desculpa para ações dos personagens me soou repetitiva. Ainda que em retrospecto isso seja uma formula fácil e eficaz, a situação de personagens indo dormir e “sorrateiramente” saindo da cama sem avisar enquanto deixa o parceiro “ter uma noite de sono” acontece demais.

Não é novidade que nessa história cheia de carinhas e mocinhas aventureiros isso acontece muito, mas desta vez, foi demais. Cassandra, já deu. Está na hora de deixar um bilhete “amor, saí para uma aventura e não quis te acordar”. Isso é um gatilho para as desgraças e motivações dos personagens. Chega a ser um pouco bobo e previsível. Toda vez que um casal vai dormir É NITIDO que um deles vai sair sorrateiramente do quarto, e nem comento sobre “vou tomar um banho” – é o pedido para que o outro seja esfaqueado. rs.

Ju: Claro, como todos os livros, ele tem alguns defeitos, mas as qualidades dele pra mim superam qualquer outra coisa. Eu achei que depois de Chain of Gold, levaria um tempo até a Cassie conseguir me fazer querer explodir de sentimentos e de vontade de fala e falar e falar sobre o livro dela, mas não, ela definitivamente conseguiu isso de novo (acho que chegou a hora de parar de subestimar o poder de escrita dessa mulher, de verdade).

Virna: Já comigo, o que me incomodou nesse livro foi a Shinyun. Quem já leu o livro 1 sabe que não temos de esperar nada da personagem, mas eu não consigo compreender direito quem só… erra. Esse é um dos pontos que eu sinceramente mais amo nos personagens da Cassie: não existem personagens perfeitos. Você pode amar o Jace, ou a Clary, ou o Simon – qualquer personagem! –, mas você já teve vontade de entrar no livro e dar uns tapas em alguém porque é assim que funciona com pessoas reais. Pessoas acertam, erram, crescem, evoluem e mudam, mas a Shinyun parece estar disposta a continuar errando infinitamente e minha paciência com ela se esgotou. Desculpa, deu.

Também quero assinalar que Cassandra Clare e Wesley Chu me enganaram. Em certa altura do livro, eu “previ” uma reviravolta, e eu, bastante convencida, acreditei em meu palpite. Lá pelas tantas do livro, todos acreditaram na mesma coisa que eu – e então houve a reviravolta da reviravolta. Depois de todos esses anos e todos esses livros, Cassie conseguiu me enganar completamente. O que me leva a falar do vilão: Assim como o vilão de “Corrente de Ouro”, temos um BOM vilão aqui. Realmente um bom vilão, com todo carisma, sagacidade, charme e inteligência que precisa para fazer as coisas funcionarem. Se você acompanha as coisas que repostamos da Cassie tanto aqui no site quanto em nossas redes sociais, você já deve estar se perguntando aonde ela quer chegar com certas postagens esporádicas nos últimos meses, e eu te digo que a resposta é nada menos do que deliciosa.

Outra coisa muito boa no livro também é um dos enredos: Ragnor Fell. Eu sempre fiquei bastante curiosa para ver o começo do relacionamento de Magnus e Ragnor, e aqui temos essa oportunidade. Claro, não vou falar nada sobre o feiticeiro de pele verde por que… bem, vocês sabe, é tudo um grande spoiler, mas o livro já começa explicando coisas que faz com que o leitor se sinta bem tapado por não ter pensado naquilo que está acontecendo antes, e depois, em flashbacks, vemos Magnus e Ragnor se conhecendo e pavilhando o caminho que estamos carentes de ver: a amizade real de ambos. E também temos vários outros personagens nesse livro, os quais não falarei quais pra vocês terem a surpresa e ficarem felizes. Ou chorarem de saudade. Ou dor. Porque sim, tem tudo isso em pequenas “reuniões” aqui.

“Então é perigoso ter magia.”, Magnus disse.

Ragnor soltou um riso abafado. “A vida é tremendamente perigosa, quer você tenha magia ou não.”, ele disse, “Mas sim, especialmente para pessoas como nós. Feiticeiros não envelhecem como outros humanos, mas, de qualquer maneira, muitas vezes morremos jovens. Abandonados por nossos pais humanos. Queimados em estacas por mundanos. Executado por Caçadores de Sombras. Este não é um mundo seguro, mas não conheço nenhum mundo seguro. Você tem que ser forte para sobreviver em todos eles.”

Artur: Junto com a crítica do abandonar o namorade na cama sem um bilhete, deixo aqui minhas dúvidas referentes sobre considerar ou não essa uma trilogia principal, junto com (a sextologia/trilogia dupla/algo assim) TMI, TID, TDA, TLH e a futura TWP. Explico:

Ela foi desenvolvida com o intuito de ser um Spinoff, para completar lacunas e dar informações referentes a coisas passadas. MAS este livro, que toma um ar diferente do primeiro, acaba dando também muitas informações sobre o que será o futuro da série. Quais perigos, agonias e muito possivelmente quais VILÕES estarão presentes na trilogia final. Sendo assim, “As Maldições Ancestrais” foge do papel de trilogia extra, e passa a ditar algumas regras sobre a história.

Ju: Eu não sei como definir o que eu sinto por “As Maldições Ancestrais” mais do que com as palavras amor e ansiedade: amor por toda essa expansão que Cassie está fazendo em seu proprio mundo e mitologia (e olha, é uma ÓTIMA expansão!), amor por esses personagens que sempre foram tão queridos pra mim. Ver minha menina Clary, agora já uma adulta, lutando e tomando decisões adultas me enchem de orgulho de uma forma que parece que estou realmente vendo minha própria filha. Isso sem contar nos outros personagens de TMI, sempre tão maravilhosos e tão impecáveis.

Virna: Pra mim, parece claro que com esta trilogia, “As Crônicas dos Caçadores de Sombras” se torna uma única coisa e não, não temos como separar mais uma trilogia da outra. “As Maldições Ancestrais” tem ligação com “As Últimas Horas” e está CLARAMENTE abrindo o caminho para “The Wicked Powers” (“Os Poderes Perversos”, em tradução livre), que será a última trilogia que encerarrá os livros sobre o Mundo das Sombras. Não tem como você ler só “As Peças Infernais” e depois ir para “Os Artifícios das Trevas” porque você não terá a história completa. A história completa começou com Tessa Grey sendo concebida e tudo que acontece depois disso, é basicamente UMA ÚNICA grande história. Não temos como fugir disso mais. Não dá pra falar “ah, leia só As Peças Infernais e tá tudo ok!” porque não, não vai estar. O mistério da concepção da Tessa está presente, assim como a presença de Clary e seu poder angelical será necessário, assim como Simon se tornar um caçador de Sombras, assim como muito provavelmente o poder de Lucie Herondale, assim como as habilidades de batalhas de Emma Carstairs, tudo isso irá colidir em “The Wicked Powers”, e eu não poderia estar mais ansiosa para ler.

Eu sempre via Cassie se referir a esta última trilogia como “a última grande batalha” e que “todos que sobreviverão voltarão”, e eu pensava nela como algo mais para celebrar o universo, juntar todos personagens e fazer com que todos se misturassem, dando diversas cenas que fizesse nosso coração ficar quentinho. Mas, depois de “The Lost Book of the White”, eu vejo que não, não mesmo: Cassie está sim, guardando o melhor para o final. Um grand finale. Tá saindo com um bang. Acho que vocês já entenderam.

“Acho que só preciso me acostumar a não ser mais invulnerável. Não é como ser um vampiro – ou ter a Marca de Caim – fosse uma festa sem fim, mas era uma boa apólice de seguro. Isso acabou agora.” Simon endireitou os ombros. “Eu me inscrevi para lutar.”, ele disse. “Eu queria tanto ser um Caçador de Sombras. Então agora sou e agora eu luto. Seria ótimo se você não tivesse que trabalhar constantemente para preservar as coisas e as pessoas que você ama, mas… você trabalha.”

“Isso é ser um Caçador de Sombras.” Alec disse.

Simon balançou a cabeça. “Não, isso é ser uma pessoa. Pelo menos como um Caçador de Sombras, meu trabalho envolve viagens exóticas e combates corpo a corpo incríveis.”

Artur: E por fim, uma preocupação. Desde muito cedo nas histórias, o tratar sobre anjos e demônios cria perguntas, discussões e a necessidade de uma boa explicação para tudo que é descrito. A Cassie deixa bem claro a reação dos personagens com religião, e como os anjos nada mais são do que uns alienígenas mágicos (o que se aplica a demônios também). Mas, ao tratar de personagens que já possuem histórias no nosso mundo real (como os tais Príncipes do Inferno) a expectativa de uma grade conclusão de instaura nos leitores. E será ela capaz de entregar o que nós queremos?

É profundamente diferente entregar uma história boa com um vilão fictício, criado por ela, do que é entregar uma história satisfatória com um vilão que todos já conhecemos. As expectativas crescem. E nesse livro, Cassandra Clare apostou todas suas fichas na promessa de um grande vilão para o futuro.

Veremos se ela consegue “trazer luz” às nossas expectativas!

Ju: Explicando melhor, eu sinto amor porque Cassie está criando toda uma nova leva de vilões que fazem a gente ficar de queixo caído. Eu achava que o vilão de “Chain of Gold” tinha ganhado meu coração, mas isso era só porque ainda não conhecia o vilão de Lost Book. Esse realmente, assim… Eu fico sem palavras para descrever ele. Eu gosto de vilões com propósito. E embora o propósito dele tenha sido meio confuso no início pra mim, assim que eu entendi de onde vinha aquilo, eu só consegui ficar ainda mais envolvida naquela situação.

E ansiedade porque… agora como que eu faço pra esperar o tempo todo que vai levar até sair o terceiro livro? Até lá só o que nos resta são as teorias e as conversas e remoer demais essa história, até não sobrar nada para não lembrar. Além da ansiedade de esperar o terceiro e último livro dessa trilogia, também tem a ansiedade para o que virá DEPOIS dele. Porque se como estamos pensando, isso tiver trilhando um caminho que leva direto para “The Wicked Powers”, minha gente… Não vai sobrar pedra sobre pedra, nós todos vamos morrer de tantos sentimentos.

Virna: Eu não posso terminar sem ressaltar, mais uma vez, o controle criativo que Cassandra Clare está tendo. O que ela está construindo aqui entre todas suas séries, a forma como ela tem interligado os personagens, seus descendentes (ou ancestrais, dependente de que lado você vê) e toda essa procura por poder, é absurdamente poderoso, seja em momentos de pura mitologia (As Maldições Ancestrais, literalmente) ou em cenas de puro fã-service como o Artur falou lá em cima porque bem, eu sou fã e quero service, oras (Anotação especial para o nome de um dos infernos. Por favor, eu não posso ser a única a morrer rindo disso!).

Em determinada parte do livro, um personagem introduzido neste livro, Tian, fala sobre como A Tropa é algo que está envenenando a sociedade dos caçadores de Sombras e a Clave. Jace, do alto de 2010, fala que ninguém liga pra Tropa, que são apenas um bando de fanáticos malucos e que ninguém os ouve. Tian, sabiamente, fala que aqueles pessoas da Tropa estão criando vozes e que estão encontrando eco em outras pessoas e que um dia a Clave irá cair, e quando o grande mal chegar, encontrará os caçadores de Sombras divididos e enfraquecidos pelo ódio. Preciso realmente falar mais sobre o que aconteceu no final dos “Artifícios das Trevas”?

Acho que vocês já conseguiram entender bem nosso surto com o livro e a forma como ele está ligando “ Os Artifícios das Trevas” a “The Wicked Powers”, além de terminar o livro de uma forma nada menos do que ÉPICA. A forma como ela fez os personagens serem “os culpados” pelo que vai acontecer é simplesmente… maravilhosa. Algo simples, eficaz e que solidifica o papel dos personagens dos “Instrumentos Mortais” junto a Ty, Kit e Dru como personagens principais de “The Wicked Powers”. E, sinceramente, eu só posso imaginar o quão “perversos” esses poderes realmente são.

Lembrando que aqui no Brasil, o livro infelizmente ficou para 2021, sem data precisa ainda. Se você não se aguenta de ansiedade e quiser comprar “The Lost Book of the White” basta clicar no nome da livraria:

Amazon Brasil, edição física e capa dura.
Amazon Brasil, eBook para download imediato.
Amazon USA, edição física e capa dura.
Book Depository, edição física e capa dura.

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