O narrador do oitavo conto das Crônicas de Bane, “O que comprar para um Caçador de Sombras que já tem tudo?” é ninguém menos do que Jordan Gavaris, conhecido por seu papel em Orphan Black.
No primeiro dos dois vídeos abaixo podemos ouvir Gavaris e a autora conversando sobre o conto e a relação de Magnus e Alec. E no segundo, um pedaço exclusivo do audiobook narrado por ele.
Para assistir aos vídeos em inglês clique aqui.
Confira abaixo a tradução dos dois vídeos feitas pela nossa equipe:
PRIMEIRO VÍDEO (Cassandra fazendo uma análise do conto com Jordan Gavaris):
Olá, aqui é Cassie Clare, metade do time de autoras e responsável pelo último conto de As Crônicas de Bane, “O que comprar para um Caçador de Sombras que já tem tudo?”. E eu estou aqui falando com Jordan Gavaris, que é o nosso leitor do audiolivro. Jordan, como você está?
-Eu estou muito bem, e você?
-Eu estou muito animada pra conversar com você, sou uma grande fã.
-Obrigado.
-Estou muito feliz que você vai ler esse conto, é muito especial porque você é engraçado e esse é um dos contos mais engraçados. Alguns são mais sérios, mas esse é tipo uma comédia romântica, então estávamos querendo alguém com um lado de comédia.
-Obrigado.
-Então, quem você acha que dá o melhor conselho pro Magnus na história?
-Tenho que dizer que é a irmã do Alec, Isabelle. Acho que ela levou muito a sério, e ela estava preocupada de verdade. Porque ela é sempre muito direta, e confiante e segura de si, então foi legal de repente ver vislumbres da sua consciência disso e do seu amor pelo irmão. E o desejo dela do melhor pra ele e também pro Magnus, e ela não precisa fazer isso, dar esses conselhos, mas ela o faz.
-Se você pudesse escolher um superpoder, qual seria?
-Telecinética.
-Mas aí você só poderia mover as coisas.
-Sabe, todo mundo sempre diz “Eu quero voar”, mas a questão é, que se você tiver telecinética forte o suficiente, você pode se fazer voar. Então eu quero poder mover tudo.
-Magnus e Alec tem um relacionamento de longa duração em TMI, mas atualmente eles estão separados.
-Não!
-Eu sei, pra tristeza dos fãs, eu recebo perguntas sobre eles o tempo todo.
-Isso é muito triste.
-Então, eu queria perguntar se você acha que eles devem voltar.
-Sim. E sabe por quê? Os sentimentos do Magnus pelo Alec são verdadeiros. Ele fala sobre coração partido e ele já sofreu disso antes, mas ele não consegue imaginar Alec fazendo algo assim com ele, ele sente seu corpo diferente quando ele está por perto, é como se tudo estivesse como deve ser. É uma bela imagem de como é o amor verdadeiro. Acho que ele está apaixonado de verdade, espero que Alec sinta o mesmo, e se esse é o caso, acredito que devam voltar.
Por que vocês decidiram focar a série em Magnus Bane? Sabe, o mundo que vocês criaram é cheio de personagens complexos, então por que Magnus?
-Em parte porque Magnus é um dos personagens com mais segredos, e ele é poderoso e imortal, e ele também é alguem que decidiu ajudar os outros, e ele tem o papel de ser o namorado do Alec, mas ele não é um personagem que fala muito sobre sua vida. E isso é o motivo pelo qual eles terminaram, o Alec queria saber da onde ele era, qual era seu nome verdadeiro, como seus pais eram, qual era sua história… E a ideia dessa série é que Magnus está registrando os seus eventos e histórias mais importantes para poder dar pro Alec, como se dissesse “esse sou eu, essa é a explicação da minha vida e essas são as coisas que me fizeram ser como sou.”
-Que fofo, isso é muito fofo. E você, compartilha algumas características com Magnus, já que você o conhece tão bem?
-Hum, acho que ambos temos um senso de humor seco e uma postura reservada quanto a algumas coisas. Acho que sempre tem partes de você nos personagens que você cria, mas também tem características do Magnus que eu gostaria de ter.
-Ele tem um senso de humor bem seco mesmo, tanto que eu o acho muito engraçado.
-É, ele é muito engraçado e seco quanto a isso, e uma das melhores coisas sobre Magnus é que ele se diverte com as coisas mais bizarras, e isso é algo que eu gostaria de ter.
-Bom, eu tenho o TOC dele. Minha casa sempre tem cheiro de produtos de limpeza, e isso é o que eu faço pra me divertir.
-Obrigada por falar comigo, gostei muito de tê-lo aqui.
-Muito obrigado, me diverti muito e estou muito feliz de ter tido essa chance.
-Nós amamos ter você lendo, e estamos ansiosos para ouvi-lo.
SEGUNDO VÍDEO (Prévia do conto “O que comprar para um Caçador de Sombras que já tem tudo?”
– Olá, eu sou Jordan Giveras e essa é uma prévia de “O que comprar para um Caçador de Sombras que já tem tudo? (e que você não está namorando oficialmente, de qualquer maneira).”, de Cassandra Clare e Sarah Rees Breen, espero que vocês gostem!
“Magnus acordou com a luz dourada do meio dia atravessando sua janela, e seu gato dormindo em sua cabeça. O Presidente Miau expressa sua afeição dessa maneira desagradável. Magnus gentilmente mas muito firmemente desemaranhou o gato de seus cabelos, as pequenas garras causando mais dano enquanto Presidente era expulso com um um longe e triste choro felino de desconforto.
Então o gato pulou sobre o travesseiro, aparentemente recuperado de sua ordem, e saltou da cama. Ele atingiu o chão com um baque surdo e voltou choramingando para a tigela de comida.
Magnus rolou sobre a cama de modo que ficasse apoiado de lado. A janela que ficava sobre a cama era de vitrais coloridos. Diamantes de dourado e verde se alternavam em seu lençol, repousando calorosamente em sua pele descoberta. Ele ergueu a cabeça do travesseiro onde a estava apoiando e então percebeu o que estava fazendo: procurando pelo aroma de café no ar. Isso havia acontecido algumas vezes nas últimas semanas, Magnus cambaleou para a cozinha até o cheiro abundante de café, puxando um roupão de sua coleção variada e encontrada Alec lá. Magnus havia comprado uma cafeteira porque Alec parecia levemente angustiado pelos mágicos barra superficiais roubos de Magnus de café e chá da The Mudd Truck. A máquina era uma confusão extra, mas Magnus se sentia feliz por tê-la comprado. Alec sabia que a cafeteira era para ele e suas sensibilidades morais, e Alec parecia sentir um senso de conforto ao redor da cafeteira que não sentia com mais nada, fazendo café sem perguntar se poderia, trazendo uma caneca para Magnus enquanto ele trabalhava. Alec se sentia cuidadoso em relação a todo o resto no loft de Magnus. Tocando as coisas como se não tivesse direito, como se fosse um convidado.
E é claro que ele era um convidado. Magnus apenas tinha um desejo irracional de que Alec se sentisse em casa em seu loft, como se isso significasse alguma coisa, como se isso desse a Magnus algum direito sobre Alec ou indicasse que Alec queria ser reivindicado. Magnus supôs que fosse isso. Ele queria muito que Alec quisesse estar aqui, e que estivesse feliz por estar aqui.
Ele não poderia sequestrar o filho mais velho dos Lightwoods e mantê-lo como parte da decoração da casa, de qualquer maneira. Alec havia dormido duas vezes, no sofá, não na cama. Uma vez depois de uma longa e lenta noite de beijos, e outra quando Alec havia vindo para um breve café, claramente exausto depois de um longo dia de caçadas a demônios, e ele havia caído na inconsciência quase imediatamente. Magnus também deixava a porta da frente aberta, já que ninguém iria roubar o Alto Feiticeiro do Blooklyn, assim Alec poderia vir de vez em quando pela manhã.
Toda as vezes em que Alec havia vindo sem avisar, ou nas manhãs quando havia pegado no sono lá, Magnus era acordado com os sons ou aromas de Alec fazendo seu café, apesar de Magnus poder fazer o café surgir magicamente. Alec havia feito isso apenas algumas vezes, estado lá apenas algumas manhãs. Não era algo ao qual Magnus deveria estar se acostumando.
É claro que Alec não estaria aqui hoje, porque é seu aniversário, e ele estaria com sua família. E Magnus nao era exatamente o tipo de namorado que você pode trazer para os encontros de família. Na verdade, falando em encontros familiares, os Lightwoods nem sabiam que Alec tinha um namorado, muito menos que também era um feiticeiro, e Magnus não fazia ideia se um dia saberiam. Não era algo sobre o qual ele havia pressionado Alec. Ele podia dizer pela cautela de Alec que ainda era muito cedo.
Não havia razão para Magnus deslizar para fora da cama, caminhando lentamente através da sala até a cozinha, e imaginar Alec ajoelhado ao balcão, fazendo café e vestido um suéter feito, seu rosto concentrado na tarefa simples. Alec realmente é consciente a respeito do café, e verdadeiramente veste péssimos suéteres, Magnus pensou, desanimando-se quando o pensamento trouxe uma onda de afeição.
Não era culpa dos Lightwoods. Eles obviamente davam para a irmã de Alec, Isabelle, e Jace Wayland, bastante dinheiro para se vestirem com roupas bajulantes. Magnus suspeitava que a mãe de Alec comprava suas roupas, ou Alec mesmo as comprava baseando-se puramente na praticidade.
“Oh, olhe que legal, cinza não irá mostrar muito o icor.”
e então ele vestia as feias e funcionais roupas e sem nem mesmo parecer perceber que o tempo as desgastava, ou esgaçava causando buracos.
Contra sua vontade, Magnus se pegou sorrindo enquanto vasculhava em volta a procura de sua grande e azul caneca de café que dizia “Better than Gandalf” na frente em letras brilhosas. Ele estava enlouquecido oficialmente revoltado consigo mesmo.
Ele podia estar revoltado, mas tinha outras coisas nas quais pensar hoje além de Alec. Uma compania mundana o havia contratado para evocar um demônio Cecaelia. Pelo monte de dinheiro que estavam pagando, e considerando que demônios Cecaelia eram os que menos causavam confusões, Magnus havia concordado em não fazer perguntas. Ele bebericou seu café e contemplou sua roupa de evocação do dia. Evocar demônios não era algo que Magnus fazia sempre, considerando tecnicamente que é extremamente ilegal. Magnus não tinha um enorme respeito pela Lei, mas se ele a estava quebrando, queria parecer bonito fazendo isso.
Seus pensamentos foram interrompidos pelo som da campainha. Ele não havia deixado a porta aberta para Alec hoje, e ao ouvir o som ele ergueu as sobrancelhas. A Sra Connor estava vinte minutos adiantada.
Magnus desgostava profundamente de pessoas que chegavam cedo para encontros de negócios. Era tão ruim quanto estar atrasado, já que coloca isso põe todos para fora, e ainda pior do que isso, pessoas que chegam cedo sempre agiam terrivelmente superiores em relação a suas péssimas habilidades de cronometragem. Eles agiam como se fosse moralmente mais certo chegar cedo do que atrasado, mesmo que você tenha a mesma quantidade de trabalho realizada no exato mesmo tempo. Magnus achava isso uma das grandes injustiças da vida.
Era possível que ele estivesse um pouco afetado por não poder terminar seu café antes de ter que lidar com o trabalho.
Ele especulou sobre a representante da empresa. A Sra Connor acabou sendo uma mulher por volta dos trinta anos que parecia aborrecida. Ela tinha um espesso cabelo vermelho, preso. E o tipo de pele branca impenetrável que Magnus apostava que nunca ficasse bronzeada. Ela estava vestindo um terno azul quadrado, mas de aparência cara, e parecia extremamente desconfiada da roupa de Magnus.
Essa era a casa de Magnus, ela havia chegado cedo demais, e Magnus se sentiu inteiramente no direito de não estar usando nada a não ser um pijama preto de seda decorado com uma estampa de tigres e flamingos dançando. Ele percebeu que as calças estavam deslizando um pouco dos quadris, e as puxou para cima. Ele viu o olhar de desaprovação dela deslizando por seu peito e se fixando em sua pele marrom e macia onde um umbigo não deveria estar. Marca do diabo, era como seu padrasto chamava. Mas ele diria a mesma coisa sobre os olhos de Magnus. Já fazia muito tempo que Magnus deixara de se importar com os julgamentos de mundanos.
“Caroline Connor” disse a mulher. Ela não estendeu a mão. “CFO e vice presidente de marketing da Sigblad Enterprises.”
“Magnus Bane” disse Magnus “Alto Feiticeiro do Brooklyn e Campeão de Cruzadinhas.”
“Você foi altamente recomendado. Eu ouvi dizer que você é um bruxo extremamente poderoso.”
“Feiticeiro,” disse Magnus, “na verdade.”
“Eu esperava que você fosse…”
Ela fez uma pausa como alguém que pondera sobre diversos tipos de chocolate, para todos os quais ela parecia extremamente duvidosa. Magnus imaginou qual ela poderia escolher, que marcador de um usuário de magia ela tinha imaginado ou esperado. Idoso, barbudo, branco. Magnus havia encontrado muitas pessoas nesse ramo que lhe dessem sabedoria. Ele tinha pouco tempo para isso.
Ainda assim, ele tinha de admitir que esse não era o mais profissional que ele já havia sido.
“Você talvez esperasse que eu,” ele sugeriu gentilmente, “vestisse uma camisa?”
A Sra Connor sacudiu os braços em um ligeiro dar de ombros.
“Todo mundo me disse que você faz escolher excêntricas de moda, e eu tenho certeza que esse aí é um cabelo muito estiloso,” ela disse. “Mas francamente, parece que um gato dormiu na sua cabeça.”