Resenha: O Rouxinol e o Monstro da Biblioteca – K. A. Linde
Sinopse: A Nova York que Kierse conhecia entrou em colapso da noite para o dia quando monstros emergiram das sombras e mergulharam o mundo em uma guerra cataclísmica que quase acabou com a humanidade. Na esteira da carnificina, o Tratado dos Monstros foi criado – uma espécie de armistício que estabeleceu leis para que humanos e monstros pudessem conviver em relativa harmonia.
Agora, Kierse, uma ladra talentosa e destemida, está prestes a quebrar o Tratado – ainda que não saiba disso – ao invadir a Biblioteca de Azevinho, o lar de um monstro.
Ele é charmoso. Fascinante. Aterrorizante. Mas sabe reconhecer o potencial dos outros.
E, por isso, Kierse se vê presa a um pacto perigoso com uma criatura diferente de todas as outras.
Ele está há séculos jogando o mesmo jogo. Ela vai oferecer suas habilidades e sacrificar sua liberdade. Juntos, eles colocarão seu próprio futuro em risco.

Imagine que um dia você acorda e monstros tomaram conta da cidade. Não apenas tomaram conta da cidade como começaram uma guerra entre tipos de monstros e entre monstros e humanos. Depois disso, o mundo como você o conhece, muda completamente. Agora monstros vivem entre humanos, mas todos os líderes de seus respectivos grupos assinaram um tratado: cheio de regras, mas que acaba com a guerra e deixa cada um podendo viver sua vida como quer. Monstros não podem mais matar humanos – a menos que o humano invada o local de residência do monstro. E é justamente isso que Kierse faz.
Kierse é uma ladra. Mas não apenas uma pequena ladra: ela é uma das melhores. Por isso foi contratada para invadir uma mansão e roubar de lá um anel que, aparentemente, é muito caro. O que ela não contava era que a mansão em questão pertencia a um monstro – e um monstro muito perigoso. Logo de cara ela esbarra com ele na biblioteca, o deixando completamente confuso porque ela não acionou nenhum alarme (alarmes mágicos), mas principalmente porque ela não parecia suscetível ao poder que ele tinha.
“Ela teria de tomar cuidado para sobreviver a ele. Porque, parada ali no umbral da mansão, segurando exatamente o item pelo qual viera, com o rosto bonito dele meio oculto nas sombras, era muito difícil sequer pensar em qualquer coisa na sua presença.
E isso a assustava mais do que tudo.”
Então Graves, o monstro da biblioteca, tinha exatamente o esperado nas mãos: uma “humana” invadindo o território dele, significava que ele podia fazer com ela o que bem entendesse. Porém, ao invés de seguir à risca o fato de que podia matar ela, ele propõe um contrato: quer que ela faça um roubo para ele, e não um roubo qualquer, mas um bem importante. O que ele pede de Kierse é que ela invada o lugar dos Homens de Valor e roube para ele uma lança mágica.
A única coisa que Graves coloca em questão no trato em que ela faria o roubo para ele é que Kierse não pode encontrar seus amigos – porque isso colocaria eles em perigo e tem que morar na casa dele, onde ela pode treinar para invadir o lugar que precisava ser invadido. Ao mesmo tempo em que Kierse começa a treinar para conseguir fugir do lugar com a lança, Graves aproveita para tentar descobrir o que ela é porque a única certeza que ele tem, é que a garota não é humana como pensa.
“– Não sou uma flor delicada que você precise ter medo de esmagar com a mão.
– Não, você é delicada como uma bomba.
Kierse sorriu como uma criatura selvagem. Gostou daquilo.”
“O Rouxinol e o Monstro da Biblioteca” é exatamente o que vocês podem esperar de uma romantasia: um mundo completamente transformado em que monstros de todos os tipos (vampiros, lobisomens, feiticeiros, súcubos) convivem numa espécie de paz, mesmo com algumas pessoas querendo destruir o pacto que deixa tudo da forma como estar por acreditar que monstros não deviam existir e monstros que também querem o fim do pacto por acreditarem que deviam ser vistos como superiores aos humanos.
Kierse é aquele tipo de personagem que eu já falei várias vezes que eu gosto muito. Ela é badass e sabe que é. Ela tem plena certeza de seu poder, de como pode ser uma boa ladra e como é bom ter ela ao lado para ajudar no que for. Ao mesmo tempo em que ela confia em outras pessoas para proteger seus dois melhores amigos quando ela não pode estar lá por estar envolvida com o roubo que tem para cometer para Graves.
“Mas havia algo nos olhos dele. Algo rodopiante e rasteiro que atraiu seu interesse. Algo como um transe, que atingiu um lugar profundo da alma dela.”
E Graves também é um personagem apaixonante. Naquela mesma linha de moreno alto, bonito e sensual e muito, mas muito misterioso, com um passado triste, que faz a gente ficar morrendo de amor e suspirando por ele.
O relacionamento entre os dois também é maravilhoso. Desde o início, por motivos óbvios, eles não confiam um no outro, mas precisam dar um jeito de aprender a trabalharem juntos por um mesmo objetivo que é fazer esse roubo dar certo e nenhum dos dois acabar morto, e mesmo com essa desconfiança, a tensão que rola entre eles dois é elétrica.
“Quando queriam, humanos podiam ser tão horríveis quanto monstros, mas a maioria não tinha pedido nada daquilo.”
Além dos dois, nós também temos outra gama de personagens: Gen e Ethan, melhores amigos de Kierse, Ana – a gatinha de Graves – e Lorcan, um inimigo antigo de Graves que tenta fazer o possível e o impossível para levar Kierse para o lado dele.
Toda a mitologia do livro passa em torno da história neopagã do “Rei do Azevinho e o Rei do Carvalho” e eu achei muito interessante a forma com que é explicado, como tudo leva ao ponto que chega no final do livro. Confesso que, apesar de gostar bastante do livro, fiquei um pouco receosa que possa vir um triangulo amoroso no próximo – mas não posso falar mais sobre isso sem dar spoilers demais tanto da história, quanto do papel de Kierse nela. Além de, claro, ter uma grande alusão a “A Bela e a Fera”.
“Nada vinha de graça. Não no mundo dela. Não com tudo pelo que ela tinha passado.”
Se você gosta de romantasias e estava com dúvida se devia dar uma chance ou não: dê. O livro é tudo que você pode esperar e mais!

Para comprar “O Rouxinol e o Monstro da Biblioteca” basta clicar no nome da livraria:
