Resenha: Um destino tatuado em sangue (Saga dos sem destino #1) – Danielle L. Jensen
“Um destino tatuado em sangue” (Saga dos sem destino #1)
Danielle L. Jensen
Tradução: Flávia Souto Maior
Seguinte – 2025 – 432 páginas
Freya passou a vida escondendo a magia que corre em suas veias. Abençoada com uma gota de sangue da deusa Hlin, ela é capaz de criar um escudo mágico que repele qualquer ataque. E, segundo uma profecia, quem controlar o seu destino governará todo o reino de Skaland.
Quando uma situação extrema a obriga a revelar seu poder, ela é forçada a se unir ao jarl Snorri, um dos líderes da região. Manipulada por homens durante toda a vida, Freya vai fazer de tudo para tomar as rédeas do próprio futuro. Ela só não contava com a presença enigmática de Bjorn, filho do jarl, que é o único que a enxerga como uma guerreira de verdade, ao mesmo tempo que desperta nela uma atração incontrolável… Se ceder a esse desejo, porém, Freya vai pôr em risco não só o próprio destino, mas a vida de todos que jurou proteger.
Terminei a leitura de “Um destino tatuado em sangue” agora à pouco e, sinceramente, não tenho a menor ideia de como condensar tudo que achei desse livro em uma resenha que seja minimamente aceitável para ser lida porque se me distrair um segundo, escreverei demais – e sei que ninguém gosta de ler tanto assim sobre um livro que provavelmente ainda não leu, mas fica comigo que vou te explicar os principais pontos de um livro que tem 432 páginas e parece que tem mais de mil, de tanta coisa que acontece e tanta informação que chega – e você quer mais.
Primeiro livro de uma duologia (sim, serão somente dois livros) inspirada na mitologia nórdica, “Um destino tatuado em sangue” é realmente um livro que é capaz de despertar todos os sentimentos enquanto o leitor se perde em suas paginas, mas nunca o tédio. De um começo que mostra quem nossa protagonista é, geniosa, desbocada e bastante obstinada, à um final que pode surpreender alguns, a jornada de Freya nos apresenta uma romantasia que tem sim, o sentimento dos dois personagens no centro, mas que definitivamente tem construção de um mundo novo, repleto de mitologista, crenças e pontos chaves com um frescor imensamente bem-vindos. Sei que muitos podem até ficarem chocados com a quantidade de informações que receberão, mas quando a trama do 1º livro termina, tudo que você quer é o segundo livro (que não, ainda não foi lançado lá fora, mas falarei sobre mais ainda nesta resenha). Agora vamos começar do começo.
Bjorn.
Minha confiança se estilhaçou ao ouvir o nome dele. A compreensão de quem ele era me atingiu como um aríete nas entranhas. Era o filho e herdeiro de jarl Snorri. E a coisa ficava ainda pior porque ele também era filho de Tyr, e o deus lhe havia concedido uma gota de sangue e toda a magia que vinha com isso em sua concepção. Meu irmão me contou várias vezes sobre as proezas daquele homem no campo de batalha: um guerreiro sem igual que deixava um rastro de mortos e moribundos. E era com ele que Snorri queria que eu lutasse?
Eu podia ter vomitado, mas Bjorn começou a rir.
Deu um tapa na própria sela, a coluna dobrada para trás ao soltar gargalhadas altas. Isso continuou por um longo momento até ele secar os olhos, apontando o dedo para Snorri.
— Todos aqueles que dizem que você não tem senso de humor são mentirosos, pai.
— Não estou brincando. — A voz de Snorri era fria, e sob sua barba a mandíbula se movia para a frente e para trás numa irritação óbvia.
Somos inicialmente apresentados a Freya, que mora nas terras de Skaland, casada com Vragi, um homem abjeto que só pensa em dinheiro. Pescador, usa o seu poder dado pelo Deus Njord para conseguir pescar mais do que todos outros homens, mas também usa esse mesmo poder para fazer com que os outros homens não pesquem e ele possa cobrar o quanto quiser pelos peixes. Fica claro que Freya não queria se casar com o homem, mas seus pais, Erik e Kelda, a obrigaram a se casar com ele pelo “bem da família” e é descrita como linda, absolutamente linda – e um tanto quanto vaidosa. Agora fazendo de tudo para não engravidar do marido pelo qual nutre nojo, a vida de Freya muda ao jogar peixes na lagoa e um deles bater em um homem lindo que está vindo pelo lago. O nome do homem não é revelado de cara, mas para nós, bookstans, fica claro que ele será o interesse amoroso de nossa mocinha.
Logo Vragi entrega Freya para jarl Snorri em uma reviravolta ao qual o leitor não tinha sido apresentado ainda: a mulher de 20 anos tem uma gota do sangue da Deusa Hlin correndo em suas veias e é a mulher que irá cumprir uma antiga profecia, juntando os reinos de Skaland e Nordeland sob um único rei. Claro que Snorri consegue levar Freya para ser sua segunda esposa (já como ele já é casado com Ylva) e controlar o destino da mulher e se tornar o Rei da profecia. E ai que as coisas começam a se complicar porque o homem bonitão que sai da água é Bjorn, o filho de Snorri, o maior guerreiro e com com o poder do Deus Tyr, o fazendo invocar um martelo em chamas quando clama por seu Deus. Logo fica claro que estamos vendo uma mitologia que realmente é nova e é traz magia dos Deuses, feiticeiras com runas e até mesmo canções com poderes mágicos, tudo se construindo de uma forma bastante solida e com ritmo suficiente para prender o leitor.
— Tudo já está predestinado exceto a vida dos filhos dos deuses — corrigiu Snorri. — Seu caminho é desconhecido e, conforme o percorre, você rearranja os fios de todos aqueles ao seu redor.
Um lamento entorpecente preencheu meus ouvidos, o sol ficando incrivelmente brilhante. Eu não era ninguém, e Hlin… ela era uma deusa menor, que nunca era mencionada e na qual mal se pensava. Com certeza não tinha tanto poder a ponto de unir os clãs sob o jugo de um único homem.
— Você será uma criadora de reis, Freya — disse Snorri, movendo-se para me agarrar pelos braços. — E, no papel de seu marido, aquele que decide seu destino, eu vou ser esse rei.
Era por isso que meu pai havia exigido que eu mantivesse minha magia em segredo, por isso que ele estava tão convencido de que eu seria usada contra minha vontade se a revelasse. Ele tinha sido um dos guerreiros de Snorri, o que significava que ouvira falar da profecia. Conhecia a intenção do jarl e não queria aquela vida para mim. Eu não queria aquela vida para mim.
Logo levada para Halsar, Freya precisa ser reclamada pela Deus, que lhe deixará uma tatuagem no corpo com seu poder – e dai vem o nome do livro, já como é uma tatuagem marcada com o próprio sangue da pessoa que tem a magia. Mas, sem dar grandes spoilers, Freya está com uma mão machucada e quando ela é reclamada pela Deus Hlin, a tatuagem nasce em sua mão esquerda, exatamente como tem na capa do livro, mas outra tatuagem também surge em sua mão direita, a machucada, só que essa marca fica dificil de ser compreendida, já como sua pele está com a pele queimada e com cicatrizes. O que parece ser somente um fato aleatório não passa despercebido por Ylva, que atesta nunca ter visto algo assim, mas o destino precisa ser cumprido e os planos de Snorri continuam com mais certeza ainda agora, já como Freya é realmente filha de Hlin. Só preciso pontuar que a cerimonia é incrível, com runas e magia nórdica de uma forma que parece quase visual, fazendo o leitor dar todos os pontos possíveis a trama e a autora.
Freya e Snorri se casam, mesmo com tudo que a simples presença de Bjorn é capaz de fazer com ela. O passado do principe herdeiro é bastante conturbado e triste: sua mãe, Saga, uma poderosa videntes e somente amante de Snorri, foi morta em um incêndio, e ele levado para Nordeland para ser prisioneiro do Rei Harald. Além disso, Bjorn parece sentir o mesmo que Freya e é encubido de cuidar da segurança e de fazer com que ela aprenda a lutar, já como o poder da Deusa Hlin faz com que ela seja capaz de invocar um escudo que pode ser qualquer coisa, até mesmo uma panela, para se defender de qualquer golpe, com a proteção não sendo limitada a ela e expansível para todos que deseja proteger.
Fjjalltindr era o templo sagrado no pico da montanha conhecida como Hammar. A cada nove anos havia uma reunião que atraía pessoas de todos os cantos para prestar homenagem aos deuses e oferecer seus sacrifícios. Eu nunca tinha ido até lá, meus pais sempre diziam que não era lugar para crianças, e essa seria a primeira vez que o encontro aconteceria desde que eu tinha virado adulta.
O grande salão estava agitado, duas dúzias de cavalos e vários animais de carga já tinham sido selados e carregados quando apareci com roupas secas e um manto grosso. Ylva comandava o processo, a senhora de Halsar não mais usando um vestido caro, mas roupas de guerreira, incluindo uma cota de malha e uma faca longa no cinto. Eu não tinha dúvida de que ela sabia como usá-la.
Particularmente se o inimigo lhe desse as costas.
Claro que os ataques começam quase imediatamente, ainda na noite de casamento de Freya com Snorri, e vocês também podem imaginar que, por se basear na mitologia nordica, com vikins como personagens principais, as batalhas aqui são intensas e inúmeras, então espere bastante ação e cenas de lutas e treinos. A química entre Freya e Bjorn vai crescendo a cada momento passado à sós e o relacionamento entre eles só cresce, mas nenhum dos dois tem coragem de realmente fazer nada porque ela é a segunda esposa do pai dele, mesmo o casamento sendo somente um negócio para guerra, mas seria capaz de matar a família de Freya (a mãe, o irmão Geir e a cunhada Ingrid) e exilar Bjorn, que só conseguiu retornar para casa há menos de 2 anos, depois do seu pai ter se empenhado em buscá-lo ao descobrir que a magia dele havia aflorado.
A grande questão é que Freya começa a desconfiar cada vez mais que há um traidor entre o povo de Skaland enquanto começa a se questionar sobre o seu próprio destino, com seus sentimentos cada vez mais claros. Também parece haver mais sobre ela que não se encaixa em toda crença de seu povo, e é assim que ela decide procurar sua mãe para descobrir sobre sua concepção e possível mãe Deus, e, mais uma vez, temos a mitologia nórdica sendo demonstrada, com um Deus ou Deusa indo para a cama com o casal, e concebendo um filho, dando uma gota de seu sangue para aquela criança ainda no ventre da mãe, que nascerá com seus poderes.
Toda vez que eu fechava os olhos, visões da aparição dos deuses preenchiam minha memória, aquela estranha voz coletiva parecida com um trovão, Freya Nascida do Fogo, filha de dois sangues, estamos observando você. O que eles tinham tido a intenção de dizer? Filha de dois sangues estava claro o suficiente, pois eu tinha tanto sangue mortal quanto divino em minhas veias, mas o mesmo acontecia com outros filhos dos deuses. O que exatamente estavam observando em mim que era digno de fazê-los aparecer no plano mortal todos de uma vez? O que havia de tão especial em mim? Como previam que eu uniria uma nação de clãs que atacavam e guerreavam uns contra os outros todos os anos? Clãs que não queriam se unir.
Porque Bjorn estava certo ao dizer que eu não era uma guerreira lendária cuja fama de batalha impressionaria e inspiraria guerreiros a me seguir. Também não era uma oradora talentosa, cujas palavras tinham o poder de convencer até mesmo os mais teimosos opositores.
Por que eu? Por que não Bjorn ou alguém como ele?
E… e por que os deuses estavam preocupados com a união de Skaland? Desde sempre estivemos divididos, assim como todas as outras nações que adoravam a nossos deuses, exceto Nordeland. O que os deuses tinham a ganhar com essa mudança? Por que tinham me escolhido para fazer isso?
E por que, entre todos os homens, queriam que Snorri fosse rei?
O livro realmente não para e cada página conta aqui, sem enrolação sobre a trama, mas perdendo vários trechos com cenas de lutas, batalhas e treinos, coisa completamente compreensível já como estamos falando sobre vikings e sua forma como viviam, então se prepare para um livro com bastante ação – tanta que às vezes dá a impressão de que os personagens ficam em segundo plano para o romance e a construção do universo, muitos personagens sendo completamente entregues ao bem ou ao mal, coisa que sabemos que não é bem assim na vida real. Mas entendo a escolha de Danielle L. Jensen: estamos em uma romantasia em um universo novo que precisa ser formulado e explicado ao leitor, então não há tanto tempo suficiente para a construção de diversas personalidade e explicações para suas atitudes. Seja como for, o romance está aqui, apesar de não ter achado que foi tão solidificado assim, já como não há um desenvolvimento inicial, sendo a atração física o primeiro pilar do casal.
Ainda como informações sobre os livros, como comecei esta resenha falando, “Um destino tatuado em sangue”, é o primeiro livro da duologia “Saga dos sem destino”, sendo que o segundo livro, “A Curse Carved in Bone” (“Uma maldição esculpida em ossos”, em tradução livre), só será publicado em inglês dia 13 de maio deste ano, mas com uma capa igualmente espetacular quanto esta primeira. Danielle L. Jensen é a autora da série “A ponte entre reinos” (e você pode ler nossas resenhas SEM SPOILERS clicando AQUI) que também é repleta de romance, cenas quentes e mocinhas que gostam de chutar bundas. Por enquanto, nenhum outro livro foi anunciado, mas realmente espero que a autora escreva mais livros ambientados neste universo porque merece. Além da mitologia nórdica, das lutas, há ainda traições de sobra, então se você deseja realmente se perder em uma história rápida, com tudo novo, pode dar uma chance a esta duologia.
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