29.11

Sinopse: Cash não esperava que uma parede mofada pudesse mudar sua vida. Mas foi o que aconteceu quando sua amiga Delaney fez uma grande descoberta científica em uma caverna nos arredores de onde moravam. Agora, graças ao tal fungo, os dois ganharam bolsas para estudar em uma das melhores escolas particulares do país, numa cidade grande a quilômetros de casa.
Mas essa oportunidade maravilhosa vem acompanhada de vários desafios. Para começar, Cash precisa deixar para trás a pessoa mais importante de sua vida: seu avô, que está muito doente. Além disso, o garoto terá que se acostumar com a nova rotina numa escola bem rigorosa e repleta de alunos ricos que não podiam ser mais diferentes dele.
Com o tempo, porém, Cash vai descobrir, através da poesia e de novas amizades, como as palavras podem ajudá-lo a lidar com suas angústias, seus ressentimentos, seus amores e todo o futuro que está por vir…

Era junho de 2018 quando eu peguei um livro de Jeff Zentner pela primeira vez. “Dias de despedida” e eu não estava nem remotamente pronta para a mudança na química do meu cérebro que esse livro iria causar. Depois dele, veio “Juntos somos eternos” e “Sessão da meia-noite com Rayne e Delilah” (e vocês podem ler todas minhas resenhas sem spoiler clicando aqui) e, comigo nunca imaginando que isso era possível, cada livro novo que vinha dele, um amor maior surgia dentro de mim e cada livro era meu novo favorito – exatamente como acontece agora com “Na luz selvagem”.

Eu falei já pra Vi uma vez (não tenho certeza se já falei isso em alguma das resenhas que faço dele) que o Jeff para mim é o que eu tenho certeza de que John Green foi (e ainda é) para muitas pessoas. Mas antes de entrar nos detalhes, vamos falar um pouco sobre o livro.


“A memória é uma corrente. Às vezes você tem uma folga e consegue brincar lá fora por um tempo. Você esquece e pensa que está livre. Mas sempre vai chegar ao fim e se dar conta de que ela ainda está lá, prendendo você, lembrando a você que ela existe, colocando você no seu lugar.”

O livro conta a história de Cash e Delaney, dois amigos que vem de uma cidade pequena e não muito conhecia e, juntos, eles descobriram um fungo – apesar de Cash não acreditar nem por um minuto que ele teve algo com a descoberta, que só Delaney é responsável por isso. Com esse feito, eles ganham uma bolsa para a escola Middleford, uma escola para alunos muito inteligentes – e muito ricos.

Cash, desde o início, acha que não pertence ao lugar, tanto por não ter dinheiro, como por achar que ele não é inteligente o bastante e por isso não começa se dando muito bem em nada. Ele tem essa sensação de que não é bom para estar ali e que a qualquer momento Delaney vai descobrir que ele não é uma pessoa tão inteligente quanto ela, e vai troca-lo.


“Este mundo são facas e lobos

mas também cisnes e estrelas;

isso você me ensinou.”

A amizade dos dois é bem firme e cheia de implicâncias e não demora para eles fazerem amizade com mais dois alunos do colégio – Vi, uma brasileira, e Alex – e assim os quatro formam um grupo bem unido e bem amistoso. Alex, assim como Cash e Delaney, é bolsista, mas Vi não. E cada um deles tem um sonho para seguir a sua vida: Vi quer ser criadora de jogos, Alex quer ser teólogo, Delaney quer ser epidemiologista. Só Cash, que por achar o que ele acha sobre si mesmo, não tem nenhuma ideia do futuro.

Porém, mesmo com a vida não sendo fácil – e com uma saudade absurda de casa e dos avós que o criaram – Cash tem que decidir se vale a pena continuar naquela escola e aprender coisas que nunca pensou em aprender ou se volta para casa e assim perde a amizade que tem com Delaney provavelmente para sempre.


“— Às vezes Deus desmonta uma vida antes de poder remontá-la — ela diz.
E penso que Deus vem trabalhando arduamente em desmontar minha vida desde que nasci. Ainda estou esperando pela remontagem.”

Eu gostei muito do Cash. Mesmo que em um determinado momento eu tenha sussurrado um “idiota” enquanto estava lendo porque para alguém tão inteligente quanto ele é, ele conseguia ser bem burro e cego sobre algumas coisas. E sobre a Delaney… Ela é perfeita. Juro. Ela é engraçada, é inteligente e cada página que tinha um conhecimento aleatório que ela jogava no meio, eu sentia muito que queria ser amiga dela.

Mas além dos dois, os personagens secundários são bem desenvolvidos também. Nós vemos bastante de Vi, aprendemos bastante sobre a vida dela – e coisas aleatórias sobre o Rio de Janeiro que Delaney fala, e aprendemos bastante sobre Alex, que é todo simpatia e força de vontade.


“Queria que nosso amor bastasse para manter as pessoas que amamos bem.”

Tirando o círculo jovem, nós temos os avós de Cash que tem uma parte bem importante da história voltada para eles porque diretamente afeta o protagonista, e eles são maravilhosos, de verdade. E a professora de poesia de Cash é uma personagem a parte. Eu adoro quando livros mostram assim que tem pessoas que amam o que fazem e que fazem com prazer.

Que eu chorei lendo esse livro não é nenhuma novidade porque eu choro lendo os livros de Jeff desde o primeiro que eu li, mas esse livro mexeu comigo de uma forma que eu nem sei explicar em palavras – e não posso, principalmente, porque isso seria um grande spoiler da história.


“Quando você passa por muitas derrotas, parece que nunca vai sentir a doçura da vitória. Mas então sente de alguma forma e, nesse momento, não consegue lembrar de um tempo em que ela não esteve em seus lábios.”

Como sempre Jeff entregou um livro magnifico, com personagens maravilhosos para a gente se apaixonar – e a tradução de Guilherme Miranda, como sempre, é impecável. Esse é um livro que é capaz de mexer com a gente e que eu acho que absolutamente todo mundo no mundo deveria ler.

Ah, Jeff também aumentou o JeffVerso: Cash se torna um grande fã de Rayne e Delilah 😛

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