“O herdeiro roubado”
Holly Black
Tradução: Adriana Fidalgo
Galera Record – 344 – 232 páginas
Uma nova aventura se inicia em Elfhame! O príncipe Oak já não é mais apenas o irmãozinho de Jude. Agora ele é um jovem adulto em busca das próprias batalhas e paixões. Não por acaso, seu caminho se cruza novamente com o de Suren, a pequena rainha da Corte dos Dentes, que um dia já foi sua prometida.
Os dois parecem destinados a se encontrar em épocas conturbardas. Dessa vez, Lady Nore, da Corte dos Dentes, tomou posse da Cidadela da Agulha de Gelo, e usa uma antiga relíquia para criar monstros de graveto, neve e carne para realizar suas vontades e ajudá-la em sua vingança.
Suren, filha de Lady Nore, é a única pessoa com o poder necessário para comandá-la. No entanto, a menina fugiu para o mundo dos humanos, onde vive como uma selvagem na floresta, solitária e assombrada pelos traumas vivenciados na Corte dos Dentes.
Ela acredita que sua existência já foi esquecida, até que Bogdana, a bruxa da tempestade, surge em seu encalço. Por sorte, Suren (ou melhor, Wren) é salva por ninguém menos que o herdeiro de Elfhame, que aos dezessete anos se tornou um jovem extremamente belo, charmoso e… manipulador.
Oak está em uma missão que o levará até a Cidadela da Agulha de Gelo e precisará da ajuda de Suren, mas, caso a jovem aceite, sua primeira tarefa será proteger o próprio coração dos sentimentos que um dia já nutriu pelo príncipe.
“O Herdeiro Roubado” marca o primeiro volume de uma duologia que dá continuidade ao fascinante universo de Elfhame, que conhecemos anteriormente na trilogia “O Povo do Ar“.
É inegável que o livro já era um sucesso anunciado antes mesmo de sua publicação; afinal, o que mais poderíamos esperar de uma sequência que nos trouxe personagens tão memoráveis como Cardan, Jude e uma série de acontecimentos que nos deixaram atordoados e com os olhos arregalados durante a leitura? Pois é, as expectativas estavam altíssimas.
Como uma continuidade cronológica, é essencial ter lido a trilogia anterior para compreender a situação em que os personagens se encontram neste novo volume. Começar a leitura por aqui pode dar a impressão de que o leitor estará em desvantagem – a verdadeira profundidade da história e a complexidade dos personagens só se revelam plenamente com o conhecimento prévio da narrativa anterior.
Embora o livro seja, sem dúvida, uma continuação digna e incrível, Holly Black não conseguiu me fazer sentir uma conexão profunda com os novos personagens (exceto, é claro, por aqueles que já conhecemos, e ainda assim com certa reserva). A dinâmica do enredo, o universo e os personagens permanecem fiéis à essência estabelecida na série anterior, repleta de traições, enigmas, mentiras apresentadas como verdades e verdades contadas pela metade – tudo isso está presente, temperado com aquele toque sutilmente irritante e ácido que só Holly consegue inserir em suas páginas. No entanto, algo impediu de me conectar verdadeiramente com os novos personagens. Talvez a presença da sombra infantil de Oak nas cenas dele como adolescente tenha contribuído para isso, fazendo com que ele, por vezes, parecesse uma mera imitação de Cardan ou Jude. Embora seja um personagem interessante, falta uma identidade própria que realmente brilhe. Essa tarefa se torna ainda mais desafiadora ao lado de figuras tão icônicas e marcantes como eram os protagonistas anteriores.
Não consigo afirmar com certeza se “O Povo do Ar” também teve a mesma lentidão que percebi no início de “O Herdeiro Roubado” – o que me deixa um pouco triste por não conseguir escapar da comparação. Contudo, essa introdução mais demorada permite que Holly se aprofunde em questões relacionadas ao universo em si, em vez de focar apenas na aventura. Isso pode ser interessante para os leitores que apreciam uma boa ambientação, mas, por outro lado, pode deixar os fãs das cenas de trocas de farpas e ação um tanto entediados. Afinal, o reino das fadas desperta em nós uma ansiedade clara: queremos AÇÃO FAÉRICA, e não apenas politicagem.
Por outro lado, à medida que o leitor avança na narrativa, é possível resgatar esse senso de empolgação, pois o clímax do livro é, sem dúvida, emocionante. Nesse ponto, Holly Black consegue recuperar parte da magia que caracteriza suas histórias, proporcionando um desfecho que deve provocar discussões em clubes-do-livro. Vale a pena seguir adiante apenas para chegar ao momento de reflexão em que o leitor se questiona se realmente está gostando do que ocorre nas páginas finais.
Consigo facilmente imaginar uma Holly completamente em êxtase ao criar esse tipo de situação. Aposto que ela se sentou em sua cadeira enquanto escrevia e pensou: “Muitas pessoas vão detestar isso, mas algumas vão adorar, e quero ver ambos os lados pegando fogo!”
Por fim, embora “O Herdeiro Roubado” não tenha me encantado da mesma forma que sua trilogia antecessora, ele já conquista algumas estrelas automaticamente por ser a continuação de um universo que eu realmente desejava revisitar. E, por mais que existam pontos a serem ponderados sobre os novos personagens, a expectativa para o próximo livro é palpável e real.
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