27.08


“O véu escarlate” (O véu escarlate 1)
Shelby Mahurin
Tradução: Mel Lopes
Galera Record – 2024 – 564 páginas

Seis meses se passaram desde que a jovem Célie Tremblay fez os votos sagrados para se juntar aos Chasseurs como a primeira caçadora da instituição. Ao lado de Jean Luc, seu noivo e capitão dos Chasseurs, ela está determinada a encontrar seu lugar nessa nova função e a proteger Belterra depois de ter falhado em salvar a irmã. Mas o passado ainda assombra a jovem, e um novo mal ameaça o reino, deixando uma trilha de corpos marcados com dois pequenos furos no pescoço.

Em meio aos misteriosos assassinatos e aos sentimentos conflituosos sobre a vida que de fato deseja, Célie deseja encontrar o culpado por crimes tão hediondos até que seu caminho cruza com o de uma criatura fria, ameaçadora, letal… e atraente.

Apesar de os amigos e o noivo tentarem proteger Célie dos perigos, nem mesmo magia, espadas e luz das velas que nunca apagam podem mantê-la segura do monstro que se esconde por trás de belas palavras… e de sorrisos sedutores e frios. Agora ela tem um bom motivo para temer as trevas: algo… ou alguém… está atrás dela. E, quanto mais o perigo se aproxima, mais Célie fica tentada a ceder aos instintos mais sombrios dele ― e aos dela mesma.

Fiquei pensando em como começar essa resenha e vou pelo caminho que sei que muitos querem saber: Não dá pra acompanhar a trama de “O véu escarlate” com o devido peso se você não leu a trilogia “Pássaro e Serpente” pelo simples fato de que você precisa entender o trauma do que Célie passou no final da outra trilogia. Claro que você pode ler se assim o desejar, mas já afirmo que muito do peso e das decisões da protagonista irão se perder porque ela vai parecer somente cabeça dura e mimada, enquanto quem leu a trilogia original sabe o trauma que a jovem de 19 anos enfrentou. Vou me ater somente a trama deste livro e tentarei não dar grandes spoiler da trilogia original, mas também já aviso que sim, todos aparecerem aqui – Lou, Reid e Coco, todos tem parte aqui e acredito que terão mais ainda no segundo livro, já como aqui temos somente uma duologia.

Chamada de “O véu escarlate”, esta duologia segue Célie Tremblay, personagem coadjuvante dos 3 livros da série “Pássaro e Serpente”, que saiu de menina mimada e protegida para realmente ajudar Lou, a protagonista, a derrotar a vilã. Claro que nada disso veio sem consequências e Célie perdeu sua adorada irmã Felippa “Pip”. Quando esta trama começa, como bem diz a sinopse, 6 meses se passou e Célie está tentando juntar os cacos de si mesma, em luto, tentando abrir caminho em um meio claramente machista – já como ela é a primeira Chasseurs, que são basicamente os caçadores de bruxas que respondem a Igreja. Parece que demos um passo para trás do clima final da trilogia original, já como agora ela está lutando contra todo sistema novamente, mas ok, embarcamos. Só que o problema desse livro é muito maior do que dar um passo para trás da trama que o gerou.

Pip passou um braço em volta dos meus ombros, me puxando para perto, e eu me aninhei em seu travesseiro. Tinha o cheiro dela: mel de verão. De aulas, mãos delicadas, carrancas e cachecóis brancos como a neve.
Eu nunca vou deixar as bruxas pegarem você — declarou ela ferozmente junto ao meu cabelo. — Nunca.
E eu nunca vou deixar elas pegarem você.
Evangeline parou na porta do quarto e olhou para nós com a testa franzida. Ela inclinou a cabeça com curiosidade enquanto a lua se escondia atrás de uma nuvem, mergulhando-nos em completa escuridão. Quando um galho arranhou a janela, fiquei tensa, mas Filippa passou o outro braço em volta de mim com firmeza.
Ela não sabia na época.
Nem eu.
Meninas bobas — sussurrou Evangeline. — Quem foi que falou em bruxas?

Como já mencionei, se você não conhece Célie, ela parece só mesmo uma garota mimada que perdeu o namorado e aceitou se casar com o melhor amigo dele porque quer ser casada, ao mesmo tempo que quer muito ser uma Chasseurs. Por algum motivo que não compreendi, todos homens estão tentando diminuir a participação dela no ato final dos 3 primeiros livros, e também só aceitei e embarquei porque talvez estivesse sendo chata. Então Célie é sequestrada e levada para uma ilha chamada L’ile de Réquiem (ou A Ilha de Réquiem) e foi ai que a trama perdeu a linha pra mim de vez – e isso que ainda estávamos no quarto inicial.

Shelby Mahurin criou uma romantasia bem divertida quando o subgenero ainda nem estava estabelecido. Como já falei em outras resenhas, romantasia é quando o romance lida a história e não a mitologia, então pra quem gosta mais de romance com toques sobrenaturais, é o casamento perfeito. Pra mim, funcionou porque Lou e Reid funcionaram juntos, mas a autora parece que decidiu expandir seu universo aqui da pior forma possível: em um livro de mais de 500 páginas, o que temos de informação e crescimento da mitologia beira o impossível de se fazer em dois livros. Pra ser brutalmente sincera, sequer entendi porque uma duologia enquanto ela claramente tem material para uma trilogia, levando-se em conta a quantidade de coisa que acontece só em “O véu escarlate” a ponto de fazer o leitor se perder e exaustão – e quando você fica exausto de ler um livro, a leitura se torna cansativa.

Um punho gelado aperta o meu coração quando ele sorri — um sorriso verdadeiro, devastador — e revela dois caninos longos e perversamente afiados. O mundo parece desacelerar. Os homens, o navio, o oceano… tudo fica cinza enquanto eu o encaro, enquanto olho para aqueles dentes, horrorizada e fascinada na mesma proporção.
Presas.
O homem tem presas.
Ah, estou contando com isso — afirma ele com olhos escuros cintilando.
E, naquele instante, enquanto desço para as entranhas do seu navio, percebo que o inferno está vazio e que o diabo está ali.

Voltando a trama, Célie chega nesta ilha e enfim temos o termo “vampiro” sendo utilizado por Michal, o Rei dos vampiros e da ilha. Conhecemos também Odessa e Dimitri, os primos do Rei, e então descobrimos junto com nossa protagonista que ela foi tocada pela morte nos acontecimentos da primeira trilogia (acho que quem a leu vai saber mais ou menos quando isso aconteceu) e que agora possui algumas poderes extras que é basicamente ver e se comunicar com os mortos. E calma que não estou entregando a trama porque isso tudo aqui acontece entre do terço inicial da narrativa.

A partir dai temos a interação de Célie com Michal com o bom e velho “você quer me usar para machucar quem eu amo” x “eu quero vingar o maior sofrimento que tive na vida”, o que causa diversas cenas do dois discutindo, não se gostando e se implicando – até que param com essa dinamica quando Célie fala dos seus sentimentos e traumas e aprende que Michal não é tão ruim assim. Toda trama se dá pelo ponto de vista dela e dá pra perceber claramente a mudança de clima entre os dois, mesmo os dois sendo teimosos que beiram a burrice. Michal não é nenhum exemplo de mocinho, mas tem algo nele que dou todos créditos do mundo: com mil anos (sim), ele parece simplesmente entendiado no começo, coisa que só posso imaginar que alguém com essa idade deva sentir.

Por quê?
Eu… Eu não sei…
Não é óbvio? — No palco, o homem corpulento coloca as mãos nos quadris e nos observa com reprovação profunda. — Você é a adaga no véu, criança tola… e provavelmente não deveria se demorar. Afinal, ele está procurando por você.
Q-Quem está me procurando?
O homem das sombras, é lógico — responde a mulher do peitilho.

Célie junta os pontos e entende que a trama que Michal a carregou cruza com a morte de sua irmã, capaz de levar perigo as pessoas que ela ama e tirar sua própria vida – e é isso que você precisa saber dessa trama. Ela e Michal funcionam juntos, são bons protagonistas, mas também não são os melhores que já li. Odessa, Mila e Dimitri são pontos altos da trama como coadjuvantes e toda parte dos espíritos e do véu poderia ter sido muito mais explicada mas não há como, já como há informações caindo de todos lugares e são somente dois livros – o segundo e último, “The Shadow Bride” (“A noiva das sombras”, em tradução livre) será publicado em 2025. Sou muito a favor de duologias, mas quando se há material cabível em dois livros e não uma falta de fundamentação ao que acontece e isso parte meu coração porque este ano já disse em outra resenha aqui com vampiros no centro de que eles nunca saem de moda pra mim, mas algumas tramas terminam sendo difíceis de acompanharem.

O livro se perde em tantas tramas, tantas idas e vindas entre os personagens, tantas descobertas e tanta informação. Não estou dizendo que é um livro horrível e insuportável de ler, mas afirmo que não é um livro para se ler descompromissadamente e só ser feliz como grande parte das romantasias são: aqui você precisa se comprometer e principalmente investir no universo que cresce exponencialmente de uma forma que você pode perder detalhes que são importantes, mas também não espere nada revolucionário porque qualquer pessoa que lê fantasia sabe onde essa trama vai parar e ela entrega exatamente o que promete. Eu me diverti em algumas partes, mas até a reviravolta termina sendo um tanto quando vazia de tanto que aconteceu aqui. Enfim, pra mim não funcionou tanto, mas talvez o véu funcione pra você. O resto é com vocês.

Para comprar “O véu escarlate”, basta clicar no nome da livraria:

Amazon, com brindes.
Amazon, com 15% de desconto com cupom ROMANCE15.
Magalu.

Arquivado nas categorias: Blog , Livros com as tags:
Postado por:
Você pode gostar de ler também
15.09
Sinopse: Séculos depois da destruição da civilização industrial em um apocalipse ecológico, ...
13.09
“Contrapeso” Djuna Tradução: Luis Girão Arte de capa: Ing Lee, Ale Kalko. Suma – 2024...
10.09
Sinopse: Theo e Kit já foram muitas coisas: melhores amigos, crushes, namorados, e agora… desco...
08.09
Sinopse: Estar conectada a ele é uma droga! Graças ao seu abracadabra alienígena, Daemon e...
06.09
“Heir” (Heir 1) Sabaa Tahir ARC recebido em formato digital gentilmente cedido pela Penguin ...
03.09
Setembro chegou e com ele muitos, mas MUITOS lançamentos novos para abalar nossos corações – e ...

Deixe seu comentário





Siga @idrisbr no Instagram e não perca as novidades
Facebook