Sinopse: Núbia não passa de uma memória distante… pelo menos para Zuberi, Uzochi e Lencho, que nunca conheceram a terra de origem de seu povo, abandonada depois de uma catástrofe climática. Agora, em 2098, os núbios vivem como refugiados em uma Nova York segregada em que ricos vivem nas alturas e imigrantes nos pântanos, vulneráveis a desastres ambientais e à epidemia de uma nova droga. Até que o grupo de jovens começa a manifestar habilidades sobrenaturais misteriosas.
O problema é que os núbios não são os únicos a saber dos poderes especiais. Enquanto os anciões núbios se esforçam para transmitir a sabedoria de seu povo e o poder de sua ancestralidade, uma elite poderosa tenta seduzir os jovens com promessas de riqueza, autonomia e influência.
Agora, enquanto lidam com os desafios da adolescência, Zuberi, Uzochi e Lencho também precisam desvendar os segredos do passado de suas famílias, descobrir o alcance de suas habilidades e entender como usá-las para proteger o povo núbio, enquanto a natureza ― e o governo ― estão contra eles.
Uma das coisas que me deixou mais curiosa sobre esse livro em primeiro lugar é ele ter sido escrito por Omar Epps. Para quem não conhece ele, Omar é um ator que, por muitos anos, fez parte da série “House”. House é uma das minhas séries favoritas e eu queria mesmo saber como seria um livro escrito por ele que passou tantos anos sendo ator – e esse é seu primeiro livro, pelo que eu vi, e o que eu posso dizer? É um livro maravilhoso.
Mas vamos começar do começo: “Núbia” que é o nome da saga também é o nome da terra Natal dos personagens principais que compõem o livro: Zuberi, Uzochi e Lencho. Eles são adolescentes cujo os país saíram de sua terra para fugir das tempestades que assolavam o lugar como resultado do aquecimento global. O livro, que se passa no futuro, em 2098, é um mundo distopico – mesmo que não pareça muito longe da nossa realidade atual.
“Eu retorno à fé. Fé em nós mesmos. Fé em nossa herança.
Fé de que fizemos o suficiente para nos prepararmos para o que virá.”
Tudo que os três queriam era viver sua vida normalmente como viviam: Zuberi morando com seu pai, aprendendo lutas nubianas, indo para a escola e dando o melhor de si pra ficar sempre fora de confusões. Uzochi se focava completamente em seus estudos: vivendo junto com a mãe – porque seu pai morreu na queda de Núbia, na tentativa de proteger algumas das pessoas de lá, ele sente uma espécie de dever. Que ele tem que ser o melhor da turma, o mais aplicado, para tentar conseguir uma bolsa em uma das universidades de Alto (como chamam a parte rica da cidade) e assim dar uma vida melhor para sua mãe. E Lencho, que é primo de Uzochi, não quer nada disso. Tudo que ele mais quer é encontrar seu lugar porque não se sente a vontade perto dos outros nubios, mas ele entra em uma gangue, para minimamente tentar ter uma vida onde se encaixe melhor.
A cidade onde se passa o livro é a cidade de NY, como eu falei acima, em um futuro distopico. A cidade ficou dividida em duas partes bem claras, com portões e tudo separando elas: o Pântano, onde moram as pessoas mais pobres – e a maioria deles são nubios que foram se refugiar no lugar. E no Alto moram as pessoas mais ricas do lugar, que tem tudo do bom e do melhor sempre (a descrição do Alto me fez lembrar bastante da descrição da capital de Panem, em Jogos Vorazes). E, a história dos três se conecta não apenas por serem nubios, filhos e netos de refugiados, nem só por serem jovens pobres e que estudam na mesma escola, mas por algo muito maior: os três desenvolverem poderes especiais.
“Por que os moradores de Alto tinham acesso à tecnologia de ponta, a um atendimento médico da mais alta qualidade, a tudo que havia de melhor, enquanto os da cidade baixa ficavam com as estradas esburacadas, os prédios caindo aos pedaços e as ruas lotadas de Soldados de St. John?”
O que nenhum dos três jovens imaginava é que os nubios, quando ainda estava em sua terra natal, costumavam ter poderes dos mais variados, mas quando eles foram para esse novo lugar, mesmo aqueles que tinham poderes acabaram sem nenhum e eles pensavam que nunca mais aconteceria algo assim por eles terem abandonado o lugar que era deles – mas então acontece. Muitos jovens começam a ter o despertar de seus poderes e, claro, isso chama atenção de pessoas “importantes”.
No Alto, quem controla a cidade daquele lado do portão é um homem chamado Krazen St. John que tem como interesse comandar não só aquele lado da cidade onde os mais ricos ficam, mas também o lado onde os mais pobres estão. E é assim que toda essa confusão começa.
“Não é um final feliz”, disse a Zuberi criança.
O pai dela apertou sua mão.
“Não, não é, Beri. Mas às vezes só temos os finais que precisamos ouvir”, respondeu ele em um tom suave.”
Zuberi é absolutamente APAIXONANTE e MARAVILHOSA. Ela é uma garota forte demais que, apesar de tentar sempre se manter longe de confusões, isso não impede que ela lute pelas coisas que acredita e deixa que pisem nela. Não mesmo. Ela é uma personagem que é muito fácil se apaixonar desde o primeiro minuto que ela aparece.
Ao mesmo passo que isso não aconteceu pra mim de primeira com Uzochi ou Lencho. Eles dois também são bons personagens e são muito bem desenvolvidos no que diz respeito a história deles, mas mesmo quando o livro terminou eu não sabia bem como me sentia a respeito deles dois – e ainda não sei. Os dois tem lados muito distintos e ambos também tem suas próprias convicções sobre a vida e sobre o que fazer com seus poderes, então eu fico ainda indecisa sobre o que penso deles e das decisões que os dois tomaram.
“Não tô nem aí para o que um bando de caras mortos fizeram há um bilhão de anos. Podiam nos ensinar algo interessante, tipo como cuidar de nossos corpos e nos relacionarmos, mas nããããããããããão. Tem que ficar explicando por que esse cara morto odiava esse outro cara morto e… ah, adivinha? Eles ajudaram a ferrar com o mundo e depois morreram.”
O livro, como eu já disse antes, é uma distopia. Mas com tudo que tem acontecido no mundo fica aquela sensação de que isso poderia estar acontecendo facilmente nos dias de hoje, sem a parte da fantasia e dos poderes. E foi algo que eu achei muito bem explicado e muito bem mostrado como as pessoas em seus lugares de poder mais alto acabam usando as tragédias climáticas a seu bel prazer.
Na história nós podemos ver os pontos de vista dos três personagens principais e de uma outra personagem que aparece no meio da história, mas acho que seria um pouco de spoiler falar sobre ela e, de fato, ela é a personagem menos confiável na minha opinião porque os pensamentos dela, apesar de estarmos vendo no ponto de vista dela, sempre passam a sensação de que ela está escondendo algo.
“Como grande parte da cidade baixa, o quebra-mar estava caindo aos pedaços, e Zuberi achava insano que Alto fosse mantido em todo o seu esplendor enquanto a cidade mal conseguia manter uma miserável barreira de tijolos.”
Eu mal vejo a hora do segundo livro chegar aqui no Brasil, porque minha sensação é que eu precisava de mais, muito mais, de saber o que vai acontecer e que rumos a história vai tomar daquele final para a frente.
Se você gosta de fantasias distopicas, de uma chance a esse livro, pode ter certeza que não vai se arrepender.
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