22.09

Não é segredo para quem acompanha o Idris que eu amo os livros do John Boyne! Recentemente eu li “Por Lugares Destados”, que é a continuação de “O Menino do Pijama Listrado” e simplesmente me apaixonei! A resenha da vez é para falar sobre mais um livro de John com a temática de segunda guerra, dessa vez, O Menino no Alto da Montanha, lançado pela Seguinte em 2015.

Dessa vez, acompanhamos um menino chamado Pierrot ao longo de sua infância e juventude, que perde os pais e vai morar em uma casa de campo que pertence a ninguém menos do que Adolf Hitler. É lá que Pierrot acredita encontrar o que está procurando, influenciado pelas lembranças do pai, que sempre foi um alemão super patriota.

É mais ou menos isso, mas vou deixar a sinopse oficial aqui para vocês:

Pierrot é filho de mãe francesa e pai alemão. Quando fica órfão, com apenas sete anos de idade, tem de abandonar Paris para ir viver com uma tia, a única familiar que lhe resta, numa casa nos Alpes Bávaros. Mas não estamos numa época qualquer: decorre o ano de 1936 e a Segunda Guerra Mundial está na iminência de eclodir; nem tão-pouco estamos numa casa qualquer: a casa no cimo da montanha, onde a tia trabalha e para onde Pierrot se muda, é nada mais nada menos que a Berghof, a casa-refúgio de Adolf Hitler.Facilmente Pierrot se torna menos francês e mais alemão, deixando-se seduzir pelo poder da farda e pela força da mensagem nazi. Mas… a que custo? E se aconteceu a Pierrot, não poderia também acontecer a cada um de nós?

O que eu quero começar falando é: meu Deus do céu, como o John Boyne sabe escrever um livro! Ele sabe nos fazer criar uma empatia gigantesca por seus personagens, e eu me peguei na dualidade constante de compreender os sentimentos de Pierrot enquanto detestava ele e o fato de ele se envolver com o partido nazista.

E sei que pode ser assustador imaginar que um leitor possa simpatizar com um personagem que entra em um partido nazista, mas não é simples assim. Nós não simpatizamos com um nazista, e sim com um menino que teve a infância arrancada de si, passou na mão de inúmeras pessoas e encontrou conforto e lar em uma casa habitada por pessoas que coincidentemente eram nazistas.

Podemos dizer que o livro consiste em etapas: na infância, adolescência e fase adulta de Pierrot, que, depois, se transforma em Pieter.

Por favor, confie em mim. Você pode continuar sendo Pierrot no coração, claro. Mas, no alto da montanha, quando houver outras pessoas por perto e, principalmente, quando o senhor ou a senhora estiverem lá, você será Pieter.

É incrível ver a forma como John faz a construção de seu personagem ao longo das páginas, e como ele nos dá todas as informações suficientes para que possamos construir nosso julgamento e formar nossas opiniões, além de justificar as coisas que vão acontecendo e as escolhas do nosso protagonista. Por exemplo: o melhor amigo de infância de Pierrot é judeu, mas seu pai falecido, um alemão apaixonado por seu país e princípios. Esse livro, não diferente das outras obras do mesmo autor, mexeu de verdade comigo. Porque enquanto o personagem ia fazendo suas escolhas, o leitor SABIA porque aquela escolha estava sendo feita. Não é como acontece em alguns livros e séries, por exemplo, onde nos pegamos pensando: mas porqueeeeee esse personagem está fazendo isso?

Mas o que foi realmente chocante no livro, para mim, é ver como o personagem é seduzido por Hitler e suas ideias, e como a promessa de poder pode transformar completamente a mente de alguém que não foi moldado para ter valores e ideias que o façam resistir a falsas promessas.

Eu também fiquei muito impressionada pela exemplificação da influência que o partido exercia sobre as crianças naquela época e como eles entravam na cabeça deles. Algo muito parecido com o que acontece atualmente na Coreia do Norte, por exemplo, onde as crianças são ensinadas a odiar os Americanos e Japoneses…

E é claro que, spoiler spoiler, há um momento na trama em que o personagem se dá conta de seu envolvimento com os ideias errados do líder nazista, e nós acompanhamos o que podemos chamar quase de uma busca por redenção do protagonista.
Esse livro é para você, que pensa muito nas escolhas da vida e onde elas podem te levar. É um exemplo escrito de como essas escolhas podem moldar nosso destino e mudar totalmente o rumo da nossa vida. É sobre crenças, sobre arrependimento, e principalmente, sobre a complexidade de sentimentos que molda a mente de um ser humano. Não somos necessariamente bons ou ruins: podemos ser a soma de um todo!

Eu amei esse livro, sofri com esse livro, e indico para qualquer um de olhos fechados, a narrativa fluiu de forma tão envolvente que eu não conseguia parar de ler!

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