Hoje venho falar para vocês de uma das melhores, se não a melhor, leitura que fiz este ano.
“Por Lugares Devastados” é aquele tipo de livro que você não consegue parar de ler, do começo ao fim.
Para quem não sabe, é a sequência de “O Menino do Pijama Listrado”, ambos escritos por John Boyne. Lançado aqui no Brasil em abril de 2023, pela maravilhosa Companhia das Letras, o livro tem 432 páginas em sua versão física, que é tão linda que dá vontade de ficar olhando (eu admito que fiquei)!
Recaptulando rapidamente para quem não lembra, “O Menino do Pijama Listrado” conta a história de Bruno, um jovem de 9 anos que vive em uma casa ao lado de um campo de concentração, pois seu pai é o principal comandante do mesmo. Sendo criança e tendo paixão por explorar, ele acaba fazendo amizade com um menino que vive do outro lado da cerca, um judeu, cujo pai “desapareceu” no campo. Bruno, se propõe, então, a entrar disfarçado no campo por baixo da cerca, e ajudar o amigo a encontrar o pai.
E é isso, não vou dar maiores spoilers para quem ainda não leu e tem vontade de ler. Foi o primeiro livro que me fez chorar, e eu lembro que chorei tanto que soluçava no colo da minha mãe. É um livro maravilhoso e eu recomendo fortemente.
Agora voltando para “Por Lugares Devastados”, que é a continuação: John Boyne disse que sempre teve em mente a ideia de escrever a história da irmã de Bruno, Gretel, e como ela lidou com as consequências dos acontecimentos desse livro. Mas que a história surgiu mesmo durante a pandemia, quando havia muito tempo disponível para pesquisar e escrever.
A sinopse do livro no Google Books é a seguinte:
Gretel Fernsby conseguiu escapar da Alemanha nazista e há décadas leva uma vida pacata em Londres. Em seu íntimo estão as marcas de um passado obscuro e perturbador, e ela esconde a todo custo que é a filha do comandante de um dos mais notórios campos de concentração nazistas. Tudo muda, porém, com a chegada de um novo vizinho — Henry, de nove anos —, de quem se torna amiga. Certa noite, Gretel presencia uma discussão violenta entre a mãe e o pai do garoto e se vê diante de uma encruzilhada: pode salvar a criança, mas a decisão implica revelar sua verdadeira identidade para o mundo.
Sequência do aclamado O menino do pijama listrado, Por lugares devastados investiga as consequências da guerra e como um acontecimento pode moldar um ser humano. É uma história emocionante e devastadora sobre uma mulher que precisa enfrentar seus erros pregressos e agir com coragem no presente.
“Um romance poderoso sobre segredos e reparação depois de Auschwitz […] Por lugares devastados é uma defesa da necessidade da literatura de iluminar os aspectos mais sombrios da natureza humana, o que o autor faz com habilidade, precisão e potência.” — The Guardian
“John Boyne é um mestre da ficção histórica. É impossível se preparar para a magnitude e o impacto emocional deste poderoso romance.” — John Irving
Tá, então vamos lá: Você não necessariamente precisa ter lido “O Menino do Pijama Listrado” para entender a continuação, mas vai te dar um sendo muito melhor da história se você pelo menos souber o que acontece no final do livro. Caso não queira ler o primeiro (eu não entendo porque alguém não leria, pois é maravilhoso), pelo menos veja o filme (que não se compara com o livro mas também é ok), ou dê uma googlada para saber o que acontece no final do livro.
Nessa história, somos apresentados a Greta, irmã de Bruno e também filha do comandante de um campo de concentração na Polônia. Após os acontecimentos do primeiro livro, ela e sua mãe fogem para Paris, para tentar uma nova vida, e isso não dá muito certo. Greta, decide então, ir para a Austrália, sozinha, e tentar recomeçar a vida lá, mas acaba sendo assombrada por um fantasma de seu passado, e decide fugir para a Inglaterra.
A história INTEIRA do livro é interessante. E é narrada em duas linhas temporais: uma no final da guerra, depois que Greta e sua mãe fogem, e uma em 2022, quando a personagem já tem mais de 90 anos. Essas duas linhas temporais se alternam para complementar a história com uma maestria com uma perfeição de chorar! Se prepare para ler sobre culpa, sobre reparação histórica, sobre amores, encontros e desencontros, sobre perda, luto, e principalmente, sobre coragem.
Uma das coisas que mais amei no livro: a Greta de 2022 e a Greta dos anos 50 são muito diferentes e muito parecidas. Dá para notar claramente a diferença entre o pensamento de uma idosa e de uma jovem no tom de cada um dos pontos de vista. E gente, sério, que personagem fantástica! John Boyne teve o cuidado, notavelmente, de pesquisar e entrevistar mulheres para escrever uma personagem como Greta, que tem um pensamento conservador e progressista ao mesmo tempo. Eu amei essa personagem. Amei amei amei amei! Ela se tornou, facilmente, uma das melhores heroínas que já li.
Outra coisa super positiva no livro é que ele é cheio de referências históricas e acontecimentos reais, dá para ver que tem MUITA pesquisa envolvida, e isso ajuda muito a contextualizar a história e tornar tudo muito mais “acreditável”. O livro é EXTREMAMENTE bem escrito e interessante em cada uma das suas páginas. A tradução da editora ficou absolutamente perfeita e não falhou com os leitores em nenhum momento.
Sobre a história em si, o plot é maravilhoso, quase GENIAL. Greta é confronta seu passado quando passa a conviver com um novo vizinho em seu prédio, que muito a faz lembrar de seu irmão, Bruno. E percebe que tem a oportunidade de fazer por ele o que não pôde fazer por seu irmão. Mas isso acaba arriscando expor tudo que ela sempre lutou, e muito, para esconder sobre sua vida.
Outro ponto super bacana do livro: já no começo, a personagem fala que mora em um prédio em específico, e que nunca contou para ninguém o porque de sua insistência em viver ali. E o motivo, quando revelado, é simplesmente sensacional, gente, de verdade, é um dos maiores plot twists que eu já li nos últimos anos.
Eu não tenho pontos negativos para falar sobre esse livro, porque ele é perfeito e se tornou um dos meus títulos favoritos. E tudo nele é perfeito. E a Companhia das Letras fez um trabalho tão lindo na tradução, na diagramação, no cuidado com a capa, que é texturizada para parecer um tecido, e parece mesmo, ah gente… é simplesmente incrível! Dá para ver que foi feito com MUITO carinho. Eu poderia escrever uns 10 parágrafos a mais sobre esse livro, mas para não me estender mais, vou começando a finalizar essa resenha.
Agora duas curiosidades para vocês:
1. O livro é dedicado para Markus Zusak, autor australiano de “A Menina que Roubava Livros”. Outro título super emocionante que retrata a segunda guerra.
2. O pai de Greta e Bruno nos livros de John Boyne é baseado em um capitão que realmente existiu, e dá para encontrar a história dele se você for dar uma cavada no Google.
Deixo vocês com essa recomendação: LEIAM ESSE LIVRO! Vocês não vão se arrepender!
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