25.04

Sinopse:AS VEZES, A PRINCESA É O MONSTRO

Por todo o reino havia histórias sobre uma princesa com o toque amaldiçoado. Para Soraya, escondida de todos a vida inteira e segura apenas dentro de seu golestão, essas histórias são a realidade.

Entretanto, com o casamento de seu irmão gêmeo cada vez mais próximo, Soraya precisa decidir se está disposta a sair das sombras pela primeira vez na vida. De um lado, nas masmorras do palácio, existe um demônio com as respostas que ela busca, uma maneira de se tornar livre. Do outro, está alguém que não teme sua maldição, mas que olha para a princesa com compreensão e curiosidade.

A princesa achou que sabia qual caminho seguir, mas suas escolhas levam a consequências inesperadas. Quando tudo começa a desmoronar, Soraya precisa descobrir quem ela é e o que está se tornando… Humana ou demônio? Princesa ou monstro?

“Uma história fascinante sobre família, monstros e as coisas que fazemos por amor.”
S. A. Chakraborty, autora de A Cidade de Bronze


Tudo que Soraya conheceu a vida inteira foram as paredes do castelo onde ela mora e que a família dela apenas visita durante a primavera. Isso porque, antes mesmo dela nascer, sua mãe foi amaldiçoada por um dev (que é um tipo de demônio que mora nas florestas ao redor dos reinos. O dev amaldiçoou ela, dizendo que por ter tomado algo importante para ele, ele tomaria algo importante para ela: a sua filha primogênita teria uma maldição e todo e qualquer ser vivo que a tocasse, morreria na hora. Como ela era apenas uma criança, ela se forçou a esquecer daquela maldição. Até o dia em que deu à luz a um casal de gemeos, um menino e uma menina, que seriam herdeiros do rei – e Soraya era essa menina.

A família real fazia questão de esconder isso de todos, por acreditarem que toda a família era protegida pelo criador, eles pensavam que o povo deixaria de apoiar a família se pensassem que um deles teve contato com uma das obras do destruidor. E por isso Soraya passou sua vida presa naquele castelo. Quando criança, ela podia contar com a presença de seu irmão gemeo, sua melhor amiga e o irmão dela, porém conforme o tempo foi passando e eles foram adentrando mais nas rodas sociais da realeza, um lugar onde Soraya nunca estaria, ela foi ficando mais e mais sozinha, contando apenas com a presença da mãe que a visitava em todas as primaveras e levava para ela novas flores para ela cultivar e novos livros para ela ler.


“Todo começo de história é igual: havia e não havia. Há possibilidade nessas palavras, uma chance para a esperança ou para a desilusão.”

Porém, naquele ano, quando sua mãe aparece para lhe ver, é para contar a Soraya que seu irmão gemeo se casará – com sua melhor amiga. E a garota não pode participar de absolutamente nenhuma comemoração quanto aquilo, já como tem que ficar ali resguardada, tanto para sua própria proteção quanto para proteção das outras pessoas e da família real.

O que acontece é que Soraya fica sabendo que em uma das masmorras do castelo está morando um dev que foi capturado e isso mexe com algo dentro do interior da garota: se um dev a amaldiçoou antes mesmo que ela nascesse, talvez um dev também saiba como quebrar a maldição para que ela possa ser uma princesa e uma garota normal como todas as outras, como ela sempre quis ser.


“Então colocou as mãos em concha ao redor de uma delas, trouxe-a para perto do rosto e inalou o perfume enquanto deixava a ponta das pétalas lhe roçarem a bochecha. Era muito macia, tão macia quanto um beijo – pelo menos era o que a garota imaginava. Então deixou que as mãos caíssem pelo caule da rosa e pressionou a ponta do dedo contra um dos espinhos, o que também era reconfortante – afinal, sabia que o perigo também poderia ser belo e estimado.”

Essa é a premissa que nós temos de “Garota, Serpente, Espinho”, uma releitura de “A Bela Adormecida” que foi lançada aqui no Brasil pela Editora Literalize em mais uma edição absolutamente impecável como todas as outras que foram lançadas até hoje pela editora. E, esse livro, é um dos livros que eu mais gostei da história porque desde o minuto que eu comecei a ler, eu simplesmente não conseguia largar.

A história em si usa e abusa muito do folclore persa, o que eu achei bem interessante, até mesmo no final do livro tem uma nota da autora em que ela explica bem mais sobre os termos que são usados no livro e sobre algumas partes do folclore que ela adaptou para que ganhasse uma forma espetacular, como se fosse um conto de fadas completamente diferente, afinal, a princesa dificilmente é um monstro (diferente de como é a frase que chama atenção para o livro).


“- Agora você entende por que eu te reconheci? Você é a minha história favorita. A sensação é de que te conheço há muito tempo.

No meu ponto de vista, Soraya pode ser absolutamente tudo menos um monstro. Ela é uma garota que cresceu sozinha, as sombras de todo mundo, sem ter qualquer interação decente com qualquer pessoa que não fossem as únicas três (além de sua mãe) que sabiam de seu maior segredo. Então, quando isso é quebrado de alguma forma, é fácil de entender como ela se sente deslumbrada por um certo momento, mas mais do que isso, é fácil entender como ela quer sentir que pertence em algum lugar.

Em certo ponto do livro ela fala exatamente sobre isso, sobre como ela vê uma determinada cena acontecendo e ela entende que ela simplesmente não pertence ali. Não estou dizendo que as atitudes dela em algum ponto são justificáveis, mas é realmente fácil de entender por que ela faz o que faz se você se coloca no lugar dela por alguns minutos. Ela passa uma vida inteira tentando controlar dentro de si cada mínimo pensamento ruim justamente por medo de se tornar um monstro como o rei que existia ali antes de seus ancestrais tomarem o trono dele e, esse tipo de sentimento (na verdade qualquer tipo de sentimento), todos nós sabemos que se você segura muito, uma hora explode e geralmente não é bom. E é isso, exatamente isso, que faz Soraya absurdamente humana.


“Já era tempo de Soraya entender que o melhor era não dar corda para essas fantasias. Tinha lido histórias demais para saber que a princesa e o monstro nunca eram a mesma pessoa. E também passara tempo sozinha o suficiente para saber qual dos dois ela era.”

Ao longo da história nós vamos vendo ela se desenvolvendo de uma garota que tem medo dos próprios poderes e só quer pertencer a um lugar para uma garota que batalha e luta por aquilo que quer e para proteger as pessoas que ela ama e todo esse desenvolvimento que ela tem em torno do livro só me fez gostar mais ainda dela.

Toda a mitologia, que como eu mencionei acima se banha muito nos folclores persas, é muito bem-criada e desenvolvida por Melissa. Também os personagens secundários. Eu fiquei bem curiosa sobre a maioria, sobre como foram seus passados e seus futuros, como eles chegaram aonde estavam e para onde iam a partir dali. Bem daquele jeito de reflexão que só livros absurdamente bons te proporcionam.


“E, no coração daquilo tudo, havia uma garotinha com veias verdes observando a ilustração de um livro, vendo um príncipe com escamas se espalhando por toda a pele e sabendo que eles eram iguais. Vocês se merecem.

Isso sem contar o(s) romance(s) que acontece(m) no livro. Eu não vou dar muitos detalhes porque ocorre um plot twist justamente no meio do(s) romance(s) e, eu tenho que dizer que eu vi isso vindo. Lá perto do meio eu estava já pensando que isso era algo que ia acontecer, me bateu aquela sensação e eu pensava “não acredito que isso vai acontecer” e bum. Aconteceu. E a cena foi maravilhosa, eu até falei pra Vi que foi uma das minhas cenas favoritas do livro todo.

Esse livro é um livro único, então pode ler sem medo de estar se enfiando num esquema de pirâmide (hehehehe), porque toda a história já está completa nele mesmo e, olha… QUE HISTÓRIA. Eu estou completamente apaixonada mesmo. E eu acho que se você está procurando uma fantasia nova para adorar, você pode parar de procurar agora mesmo porque já encontrou!

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