01.11


“O veredito de chumbo”
Michael Connelly
Tradução: Cássio de Arantes Leite
Arte da capa: Mateus Valadares
Suma – 2022 – 384 páginas

Depois de um período em recuperação e longe dos tribunais, o advogado de defesa Mickey Haller está pronto para voltar ao trabalho. Quando o colega de profissão Jerry Vincent é misteriosamente assassinado, Haller herda o maior caso de sua carreira: Walter Elliott, um poderoso empresário, é acusado de matar a esposa e o amante dela.

Os holofotes são garantidos, bem como o reconhecimento em caso de êxito. Em contrapartida, há um risco: Haller logo percebe que herdou também a inimizade do assassino de Vincent, e que pode muito bem se tornar a próxima vítima.

É quando entra no jogo o detetive Harry Bosch, da polícia de Los Angeles. Determinado a capturar o assassino, ele, assim como Haller, abraça a oportunidade que surge à sua frente. Bosch sabe que o advogado é a isca perfeita para desvendar o caso e, mesmo procurando protegê-lo, não hesita em lançar mão dela. No entanto, e apesar da convivência inicial marcada pela desconfiança mútua, os dois homens logo perceberão que têm de se ajudar se quiserem alcançar seus objetivos. Assim nasce a parceria entre dois dos maiores personagens de Michael Connelly.

Vou começar explicando tudo sobre o livro e suas adaptações porque acho mais fácil situar vocês assim: esta é uma nova edição do livro “O veredito de chumbo”, que estava esgotado aqui no Brasil, sem mudar de Editora (antes a Suma se chamava Suma de Letras). Por muito tempo os fãs de suspense de tribunal pediam novas edições dos livros de Michael Connelly, considerado um dos maiores escritores do gênero e, sinceramente, merecidamente, já como seus livros possuem tramas intricadas e capazes de prender leitores fãs não só desse tipo de livro, mas sim os que gostam de tribunais e um bom caso jurídico, e, acima de tudo, os fãs de suspense.

A novidade é que este livro, que é o segundo da série sobre o advogado Mickey Haller, ganhou uma série já disponível na Netflix com 10 episódios chamada “O poder e a lei”, que já foi até renovada para a 2º temporada e, pelo que vi no trailer, está bastante fiel, com mudanças pontuais (veja o trailer clicando AQUI) e estrelada por Manuel Garcia-Rulfo, Neve Campbell e Christopher Gorham. Se você está se questionando qual o sentido disso, eu explico: o primeiro livro já foi adaptado em um filme de 2011, que ganhou o nome “O poder e a lei” com os atores Matthew McConaughey, Marisa Tomei e Ryan Phillippe (veja o trailer clicando AQUI) – sim, mantiveram o mesmo nome do filme que adaptou o primeiro livro, cujo qual está esgotado aqui no Brasil. E se você está se questionando se pode começar a ler por este segundo volume, a minha resposta é um simples: sim. Dito isso, explicado tudo isso, vamos para o que realmente interessa: a trama do livro!

Todo mundo mente.
A polícia mente. Os advogados mentem. As testemunhas mentem. As vítimas mentem.
Um julgamento é uma competição para ver quem mente mais. E todo mundo no tribunal sabe disso. O juiz sabe. Até o júri sabe. Os jurados entram no prédio sabendo que vão ouvir um monte de mentiras. Eles sentam em seus lugares na bancada e aceitam ouvir mentiras.

Michael “Mickey” Haller é um advogado que está começando a voltar a advogar depois de ter passado um tempo se recuperando de um vicio em remédios para dor. Pensando em começar devagar, seus planos são completamente mudados quando, em uma manhã, é chamado ao gabinete da Juíza Holder. Chegando lá, a juíza lhe informa que o também advogado Jerry Vincent foi assassinado na noite passada e todos os clientes do morto agora serão de Mickey – entre eles Walter Elliott, que não é só famoso e rico: ele é famoso, rico e o tipo de cliente que é capaz de deixar Mickey desestabilizado por não saber o que realmente o outro pensava e que insiste no que quer.

Walter está sendo acusado de ter assassinado friamente a sua esposa e o amante dela, e o que chama tanta atenção para o caso, além da crueldade do caso e da frieza do homem, é o fato do homem ser dono de um conhecido estúdio de filmagens em Los Angeles, cidade na qual a trama se passa. Walter afirma que não matou a esposa, que ainda a amava e que apesar de estarem em processo de separação, a queria de volta, tendo ido justamente até ela para tentar convencê-la a voltar para ele – e então a encontrando morta com o amante. Foi ele que ligou para a policia avisando dos corpos, e claro que a partir dai se tornou um suspeito. Parece um caso até mesmo simples, mas tudo começa a evoluir tão rápido que Mickey vai sendo sugado para uma trama que é maior do que pensava a principio porque não se esqueçam: Jerry Vicent, o antigo advogado de Walter, foi assassinado. E investigando este suposto crime, somos apresentados ao Detetive Hieronymus “Harry” Bosch, basicamente um segundo protagonista nesta trama – e personagem tão famoso do autor que tem sua própria série de livros também.

Los Angeles era o tipo de cidade onde todo mundo vinha de alguma outra parte e ninguém criava um laço de fato. Era um lugar transitório. Pessoas atraídas pelo sonho, pessoas fugindo de um pesadelo. Doze milhões de pessoas e cada uma delas pronta para cair fora, se necessário. Figurativamente, literalmente, metaforicamente — do modo como você quiser encarar a questão —, todo mundo em L.A. deixa uma mala pronta. Só para o caso de precisar.

A vida de Mickey não está sendo afetada só pelo seu trabalho, mas o advogado também lida com as consequências emocionais do seu vicio, além de ter afetado seu relacionamento (ou falta dele, no momento) com sua ex-esposa Maggie McPherson, mãe de sua filha, Hayley, de quem não aceita se afastar. Mickey ama sua filha e até mesmo nutre sentimentos por sua ex-esposa, mas também tem ciência de que ferrou o relacionamento deles mais de uma vez. Somando ao núcleo de personagens principais, temos Lorna Taylor, a segunda ex-esposa de Mickey com quem ele trabalha (sim, isso mesmo) no escritório, atuando como secretária e até mesmo mais. Mickey apresentou seu detetive Dennis “Cisco” Wojciechowski para Lorna e agora os dois estavam em um relacionamentom prestes a se casarem – e Mickey não estava nada incomodado com isso, até mesmo feliz por seus amigos estarem juntos.

Apesar de ser um homem com algumas crenças bem fortes e sempre pular para a conclusão mais fácil, há um lado humano em Mickey que fica claro quando ele decide ajudar Patrick “Trick” Henson, um cliente de Jerry que ele herdou. O rapaz é um surfista já quebrado, sem dinheiro para pagar um advogado, e Mickey se espelha no jovem, imaginando que o rapaz precisaria de ajuda como ele mesmo já estivera perdido em seu vicio. Tudo isso e a forma como ele se joga em seu trabalho, mostra uma profundidade do personagem que me intrigou em determinada altura da narrativa.

Dizem que os melhores atores de Hollywood estão do lado errado da câmera. Nesse momento, eu soube que era verdade.

Enquanto o julgamento de Walter se aproxima, por mais que Mickey tenha até pensado em um adiamento, coisa rejeitada pelo cliente, vemos que agora era ele que estava sendo alvo de alguém – mas quem? Ele luta por tentar desvendar esse mistério, a verdade sobre seu cliente e ainda com a pressão do Detetive Bosch que parece não acreditar em nada do que o advogado lhe diz e está mais do que diposto a continuar a sua investigação, com a ajuda de Mickey ou não. O suspense dessa trama é exatamente no ponto, prendendo o leitor para tentar descobrir o que está acontecendo com o personagem principal e principalmente quem está colocando sua vida (e a vida de quem ele ama) em risco.

Apesar de determinados momentos se passarem na corte e nem todos leitores gostarem desse tipo de literatura, eu digo que este livro vale e muito pela trama, independente do palco no qual se desenrolada. Não há personagem preto e branco aqui, todos tem um tom de cinza, trazendo dúvidas sobre o que o leitor faria naquela situação e, principalmente, se ganha o perdão de quem os conhece. É uma trama tão bem estruturada que estou realmente comprometida a ler todos os livros da série do autor (são 6 até aqui, tendo sido publicados entre os anos de 2005 à 2020 em inglês) e embarcar nos suspenses da vida de Mickey – e, principalmente, descobrir quais seus outros casos. Super indicado para os que gostam de suspense.

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