08.06


“Morra por mim” (Killing Eve #3)
Luke Jennings
Tradução: Leonardo Alves
Arte de Capa: Helena Hennemann
Suma – 2022 – 216 páginas

O terceiro e último volume do surpreendente e sedutor thriller de espionagem que deu origem à série Killing Eve.

Morra por mim é uma história mordaz sobre amor e obsessão ― conforme a ação se aproxima de seu desfecho avassalador, Eve e Villanelle terão que aprender a confiar uma na outra antes que suas diferenças as destruam.

A perseguição entre as duas adversárias letais aparentemente acabou. No entanto, os sentimentos que se desenvolveram entre Eve e Villanelle ― tão sofisticados quanto mortais ― estão longe de terminar.

Neste romance que encerra a trilogia, Villanelle busca enfrentar os demônios de sua infância e o inverno russo, e Eve se vê fugindo dos Doze, que a querem morta a qualquer custo. Em meio a uma história que vai de Londres a São Petersburgo, Eve e Villanelle, enfim, admitem sua mútua obsessão erótica, num jogo perigoso que se aproxima de uma conclusão letal.

Com uma narrativa elegante e precisa, Morra por mim é um desfecho brutal e frenético para a série de Luke Jennings.

De quando terminei de ler “Morra por mim”, tudo que fiz foi pensar em como iria estruturar essa resenha por vários motivos: claro que sendo o 3º e último volume da série, eu teria de falar sobre os outros 2 livros (que são, em ordem: “Codinome Villanelle” e “Não existe amanhã”, que já resenhei e você pode ler clicando AQUI) porque é quase impossível falar sobre esse livro sem falar sobre a construção das duas principais personagens – Eve e Villanelle, mas também pela própria trama que agora as empurra para viajar por diversos lugares (isso está na sinopse, não é spoiler!) e o outro grande motivo é a série de TV. Apesar de ter me enrolado na vida e não ter assistido como prometi que faria, eu soube que muitos fãs da série ficaram frustrados com o desfecho. Claro que fui procurar spoilers e sei todos os pontos pelos quais existiram reclamações e é aqui que entra meu problema que é simplesmente como não comparar o desfecho a série de livros com a da série de TV?

Se você, que está lendo esta resenha, assistiu a série e ficou profundamente decepcionado com o rumo que a série tomou e, principalmente, como terminou, eu te indico a ler os livros. Imagino que a série tenha muito mais material do que os livros, que são relativamente pequenos, mas que entregam um final que acredito que seja mais digno a quem se tornou obcecada como eu por essas personagens. E isto é tudo de comparação que farei porque, sinceramente, não é minha intenção dizer que um material é melhor do que o outro porque eu sequer assisti a série de TV (mas confio plenamente nas atuações da Sandra Oh como Eve e Jodie Comer como Villanelle e peguei bastante spoilers, o que não é a mesma coisa de assistir) e também porque eu sei que são materiais completamente diferentes. Enfim, eu tenho a sensação de que quem vá ler os livros depois da série de TV pode ficar com a velha e conhecida sensação de “O livro é sempre melhor do que o livro”. Dito isso, vamos a trama complicada, intrínseca e rocambolesca de “Morra por mim”!

Quando foi que perdi o rumo? Será que foi em Veneza, quando descobri que ela estivera lá um mês antes com outra mulher, uma namorada, e fui tomada de ciúmes? Ou foi antes, na beira da estrada, quando ela me disse que, depois de invadir o meu quarto naquela noite quente de Shanghai, ela se sentou e ficou me olhando dormir? Já não importa mais. O que importa é que, quando ela me pediu para acompanhá-la, para abandonar a minha vida e deixar para trás tudo e todo mundo que eu conhecia, eu obedeci sem hesitar.

Pegando um pouco depois de onde o 2º livro, “Não existe amanhã” termina, temos Eve dada como morta depois de um ótimo plano criado por Villanelle e que elevou o patamar do final da trama para as alturas. Em um trem, procurando ficarem seguras, as duas enfim deixam seus sentimentos bastante claros uma para a outra com direito a tudo que os fãs do casal tanto esperaram.

Mas é claro que isso não vai durar por muito tempo e logo os Doze, o grupo que é o grande vilão da série, entende o que está acontecendo. Com a ajuda de Lara (pasmem, a personagem volta e tem uma determinada importância nesse livro), Eve e Villanelle começam, mais uma vez, um jogo de gato e rato, agora para tentarem salvar uma a outra, mesmo que isso significa que elas vão mentir e se enganarem, tudo isso enquanto tentam manter o relacionamento (ou seja lá o que aquilo seja) entre elas. Não espere momentos parados ou barrigas nesse livro: é ação sem parar, mentiras em cima de mentiras, traições em cima de traições, tudo levando a acreditar que não tem como as personagens fugirem porque o circo está se fechando em torno delas. Mas calma, estamos falando de duas personagens incrivelmente inteligentes, sagazes e capazes de coisas dignas de qualquer heroína de filme de ação, então a esperança sempre fica em nosso coração, mesmo quando Villanelle faz algo horrível com Eve, e Eve toma uma decisão que sabemos que dará muito, muito errado.

Está tudo bem? — sussurrou ela.
Meneei a cabeça, ainda meio grogue.
Ei. A gente está viva. A gente escapou.
Por enquanto.
Por enquanto é tudo o que há, pupsik. — Ela pressionou minha palma contra seu rosto gelado. — Por enquanto é tudo o que sempre há.

No meio disso tudo, eu sei que alguns podem se perguntar o que realmente funciona no livro, e a resposta é fácil e rápida: A química entre as personagens é tão real, mas tão real, que mesmo depois de 2 livros elas simplesmente tomando as páginas como uma explosão. Confesso que depois de ler as duas se perseguindo e agindo como gato-e-rato, como qualquer fã do casal, fiquei preocupada se elas funcionariam juntas, coisa que logo de cara ficou bem clara com um belo de FUNCIONAM SIM em caps. Todas as cenas das duas durante o livro são, sem a menor sombra de dúvidas, o ponto alto da narrativa, sempre, coisa que já estava clara para mim desde o 1º livro.

Completando ainda as coisas que funcionam demais e de uma forma bastante orgânica nesse livro, que é uma conclusão, é justamente o desenvolvimento dos personagens. Ao mesmo tempo que muitos parecem estarem batendo cabeças, no final das contas, há sim, muito o que aprender e isso carrega um amadurecimento forte, principalmente para as duas personagens principais – mas hey, vou parar de falar porque não quero dar nenhum spoiler porque acho que quem for ler, merece ter a experiência mais pura de ver essas personagens crescerem.

Ela é um emaranhado confuso de contradições. Eu nem imaginava que alguém podia ter uma independência tão ferrenha e ao mesmo tempo ser tão instável emoci-onalmente. Em um momento, ela é cheia de flertes e de delicadezas, cobrindo meu rosto de bei-jos, e no instante seguinte me ataca com os piores insultos que consegue formular. Sei que a cru-eldade é só uma fachada, um jeito de proteger sua autoimagem frágil, mas sempre me machuca como se fosse uma punhalada. Porque, neste segundo, não tenho nada além dela. E ela sabe dis-so.

Tendo deixado claro o que funciona demais no livro pra mim, vamos para a parte que não funciona de jeito nenhum e é – pasmem – o relacionamento delas duas. Calma que vou explicar porque sei que ficou confuso: as personagens funcionam fugindo uma da outra, funcionam em cenas juntas, mas temos aqui uma pessoa como Oxana (nome real de Villanelle, lembra?), que é psicopata. Não esperem que ela se torne uma pessoa mais simples e fácil só porque assumiu que está apaxonada por Eve porque isso não acontece. Acho que vai até um pouco na direção contrária, na verdade, porque Villanelle quer provar para si mesma que não vai mudar ou ceder por nada e nem ninguém, nem mesmo por Eve. Confesso que enquanto lia as duas juntas, fugindo, funcionando como um casal, eu pensei várias vezes que a Eve estava em uma furada sem fim porque ela estava se machucando mais e mais. Foi difícil entender como a dinâmica delas era e o motivo pelo qual poderiam funcionar, até que o livro vai se aproximando do final e você compreende muitas coisas da trama porque – reviravolta! – uma das duas não é lá muito confiável. Resta você ler e tentar entender o que aconteceu ali porque faz muito, muito sentido sim.

Não vou terminar a resenha sem falar sobre uma coisa que se repetiu aqui e que me incomodou bastante no 2º livro: algumas cenas desnecessárias que o autor inclui e que dá a sensação de que é somente para chocar ou talvez para justamente satisfazer a curiosidade sobre uma personagem psicopata e mostrar que ela não se importa realmente com nada e nenhuma regra. Enfim, isso não tira o meu prazer da série, mas me incomoda a ponto de me perguntar: “pra que?”

Ela te ama. Você sabe disso, né?
Talvez. Tem momentos que acho que é bem possível que ela me ame. Mas tem outros que é difícil acreditar que ela sequer gosta de mim.
Eve, você prova para Oxana que ela existe. Você é a única realidade que ela tem fora de si. Não é tão complicado assim.

O final de uma trilogia tem sempre uma regra: decepcionar alguém, em algum ponto, porque muitos querem o final que tem sua cabeça porque acreditam que será o melhor, e muitas vezes os personagens insistem em quererem coisas diferentes (Eles se tornam pessoas reais para os autores. Eu acredito nisso), mas confesso que não imagino um final diferente do que aconteceu aqui. O final pode parecer sombrio para alguns, porém pensando friamente, não há como se fugir de determinadas coisas, principalmente se são tão mais poderosas do que quem luta contra a tal coisa. Eu já falei várias vezes que não tenho problemas com finais agridoces e eu achei o final desse livro longe de ser agridoce, apesar de gostar da palavra “sombrio” – talvez essa palavra seja melhor porque há sim, certas sombras que pairaram e caem no final, mas tudo embalado em um ritmo frenético que não para, em uma crescente que vai prendendo o leitor até o ponto que você simplesmente desiste de tentar parar de ler o livro e terminar a leitura o mais rápido possível para saber como que a trama vai terminar porque você está com medo pelas personagens.

E dai você se questiona sobre o que realmente importa: E Eve e Villanelle, elas conseguiram superar todos obstáculos e encontraram seu final feliz? Os fãs ficarão felizes e terão o que eles esperavam e que a série de TV tão atrozmente se negou a entregar? Eu não vou te responder isso, é claro, afinal, é um grande spoiler, mas eu digo novamente que a alma e coração dessa série são essas duas personagens, e se você ficou triste com o final da série, se lembre de que você sempre, sempre terá os livros para lê-los e lê-los novamente quando desejar. Eu vou sentir falta delas em minhas leituras porque elas são incríveis. Fortes. Inteligentes. E ah, um conselho: fiquei até a última página porque claro que essas duas mulheres fortes e inteligentes não iriam sair em um grande de um “BUM”. Acredite em mim, não em tudo que você lê nesse livro.

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