Sinopse: Em Fuja, Chloe (Kiera Allen) é uma adolescente que sofre de inúmeras doenças, inclusive paralisia, que a colocou em uma cadeira de rodas. Ela é educada em casa por sua mãe, Diane (Sarah Paulson), e aguarda a carta de resposta da faculdade. No entanto, o comportamento estranho apresentado pela matriarca começa a deixar a jovem desconfiada de que algo está errado. Quando encontra um remédio receitado para a mãe, a jovem passa a questionar tudo o que Diane faz, suspeitando que algo muito mais sinistro está por trás de tudo.
Assistir um suspense que é protagonizado por Sarah Paulson é aposta certa. Agora, assistir um suspense em que Sarah Paulson encarna uma mãe superprotetora, que faz de tudo para que sua filha deficiente tenha a melhor vida possível é imperdível. Isso somente já seria o suficiente pra qualquer um querer dar play nessa nova obra da dupla Aneesh Chaganty e Sev Ohanian, que estouraram com o thriller ‘Buscando…’ em 2019.
Entretanto, o filme não fica dependente do talento inegável de (uma) de suas protagonistas.
O roteiro é convincente em nos deixar inicialmente em dúvida sobre as ações das personagens e escalonar o terror intrinsecamente realista após as conjecturas se revelarem corretas ou não. Paradoxalmente, a narrativa não nos prende muito tempo em tentar desvendar o que está acontecendo, pois as situações criadas vão sendo inteligentemente respondidas não muito depois, mas o espectador não consegue desgrudar a atenção justamente em tentar antecipar as próximas ações de cada lado desse embate mãe/filha.
Embate esse brilhantemente encenado devido a força de suas intérpretes. Se Sarah Paulson não necessita de apresentações e garante mais uma atuação robusta, cheia de sutilezas e crescentes e reações tão precisas quanto ambíguas, a novata Kiera Allen demonstra estar à altura do desafio e encara a veterana com segurança e mantém o nível mesmo nas cenas mais complexas. Convincente no papel de uma adolescente incrivelmente engenhosa devido a sua condição debilitante – prematura, ela enfrenta as consequências de seu nascimento precoce desde sempre: diabetes, problemas cardíacos, asma e claro, paralisia nas pernas.
O fato da atriz ser de fato cadeirante reafirma a veracidade e representatividade em cena pretendida pelos idealizadores, mas a jovem atriz se prova muito além disso, trazendo um jorro de emoções sinceras a sua personagens, sem jamais vacilar nos maneirismos mesmo nos momentos mais intensos.
E no fim, são essas duas que de fato fazem o roteiro, levemente previsível pro gênero, se tornar gradualmente aterrorizante. A conclusão do filme acelera a ação mas não alcança a expectativa gerada. E essa talvez seja um dos poucos ‘poréns’ do filme: o final diverge bastante do restante da narrativa, o que poderia ser uma tentativa de surpreender o espectador quebra o maior trunfo até aqui: a verossimilhança das situações, o sentimento de que algo parecido pode estar acontecendo no vizinho nesse exato momento e jamais saberemos. Ainda assim, o epílogo traça uma volta a esse sentimento e faz o longa encerrar com
um sonoro ofegar de quem está no sofá.
Confira o trailer aqui: