01.06


“Serafina e a Capa Preta”(Serafina #1)
Robert Beatty
Valentina – 2018 – 240 páginas
Tradutora: Maria Carmelita

Serafina nunca teve motivos para desobedecer ao seu pai e se aventurar além da Mansão Biltmore. Há espaço de sobra para ser explorado naquela casa imensa, embora ela precise tomar cuidado para jamais ser vista. Nenhum dos ricaços lá de cima sabe da existência de Serafina; ela e o pai, o responsável pela manutenção das máquinas, moram secretamente no porão desde que a garota se entende por gente.

Mas quando as crianças da propriedade começam a desaparecer, somente Serafina sabe quem é o culpado: um homem aterrorizante, vestido com uma capa preta, que espreita pelos corredores de Biltmore à noite. Após ela própria ter conseguido – depois de uma incrível disputa de habilidades – escapar do vilão, Serafina arriscará tudo ao unir forças com Braeden Vanderbilt, o jovem sobrinho dos donos de Biltmore. Braeden e Serafina deverão descobrir a verdadeira identidade do Homem da Capa Preta antes que todas as crianças…

A busca de Serafina a levará ao interior da mesma floresta que tanto aprendeu a temer. Lá, descobrirá um esquecido legado de magia, que tem relação com a sua própria origem. Para salvar as crianças, Serafina deverá procurar as respostas que solucionarão o quebra-cabeça do seu passado.

Vou começar falando o que meu coração me disse assim que terminei este livro: eu adoraria ter lido esta história quando tinha meus 10, 12 anos. Uma aventura com uma menina de 12 anos corajosa, que não é uma princesa, que aparentemente era excluída e totalmente fora dos padrões era tudo que eu precisava. Venho de uma casa só de mulheres e sempre acreditei demais no poder feminino, e uma coisa que sempre me incomodou enquanto eu cresci era o fato de princesas e heroínas precisarem de ajuda para se salvarem – ainda bem que o mundo mudou e hoje em dia isso está bem mais escaço – e aqui temos uma heroína que ainda está na pré-adolescência e que tem tudo que uma heroína adulta precisa: inteligência, coragem, força, determinação e muita, muita vontade de se aventurar.

Mas, apesar de ter lido este livro muito depois dos meus 10, 12 anos, não vi problema nenhum nisso. Sou uma fiel seguidora da máxima que livro não tem faixa etária: livro bom pra mim precisa ser lido, com qualquer idade. E tive isso com “Serafina e a Capa Preta”, uma história muito, muito rápida de ler e completamente deliciosa, aonde não importa sua idade porque a narrativa e o carisma da personagem principal te leva com ela para suas aventuras.

Alguns dos ajudantes de cozinha subalternos e dos operadores de
caldeiras que trabalhavam no porão e iam para casa à noite já tinham flagrado Serafina correndo por aqui e por ali, e sabiam vagamente quem ela era, mas as arrumadeiras e os empregados que trabalhavam nos andares principais, não. E, sem dúvida, o dono e a dona da casa não sabiam que ela existia.

Os Vanderbilt são boa gente, Sera – dissera-lhe o pai –, mas não o nosso tipo de gente. Você fique afastada quando eles aparecerem. Nunca deixe ninguém dar uma olhada de verdade em você. E, aconteça o que acontecer, não conta pra ninguém o seu nome ou quem você é. Tá me escutando?

Serafina estava escutando. Muitíssimo bem. Conseguia até ouvir um rato mudar de ideia. No entanto, não sabia exatamente por que ela e o pai viviam daquela maneira. Não sabia por que o pai a afastava do mundo, por que sentia vergonha dela, mas tinha certeza de uma coisa: ela o amava do fundo do seu coração, e a última coisa que queria fazer era trazer problemas para ele.

Situando o começo da jornada de Serafina, ela tem 12 anos e mora escondida com seu pai no porão da mansão Biltmore, pertencente a família Vanderbilt. O pai trabalha na manutenção das máquinas da grande mansão e a mantêm completamente escondida naquela casa imensa e somente à noite a garotinha tem permissão para sair pelos corredores da casa, mas nunca, jamais, absolutamente nunca, ir perto da floresta que há perto da mansão. Mas Serafina tem uma inquietação dentro dela, uma vontade de conhecer o mundo e as pessoas, e por isso, com o tempo, ela se torna a C.O.R. da mansão, que significa “Caçadora oficial de Ratos” – que, claro, é um título inventado por seu pai para dar um “cargo” para a garotinha e a fazer pensar que o ajuda na manutenção do lugar. O leitor de cara entende que há algo diferente com a garotinha tanto pelo jeito silencioso que ela consegue se movimentar por toda casa quanto pela insistência do pai dela de nunca deixar ninguém conhecê-la ou sequer deixar suspeitarem que ele tem uma filha (ele nem ao menos compra roupas para a pequena para que não perguntem o motivo pelo qual está comprando roupas de crianças). É suspeito e o leitor claramente pega os indícios do que o espera à frente.

Em uma noite aonde parece normal na qual caçava ratos, Serafina vê algo assustador: um homem usando uma capa preta (sim, como no título!), que parece um espectro, perseguir uma garota que era convidada da casa, muito bonita e loira. Serafina tenta ajudar, mas o homem conseguir fazer a garotinha simplesmente sumir no meio da névoa que parece o circundar, e em seguida só não consegue fazer o mesmo com a nossa heroína porque ela é danada de esperta e conhece todos corredores da mansão muito, muito bem. Na manhã seguinte seu pai a encontra e Serafina conta a ele o que viu, mas o pai não acredita nela, causando uma grande mágoa na garota, que não entende porque o pai a esconde com tanta ferocidade e ainda não acredita nela.

Às vezes ela sonhava em usar vestidos vistosos e fitas nos cabelos e sapatos lustrosos. E às vezes, mas só às vezes, desejava não apenas ouvir as pessoas ao redor em segredo, mas também falar com elas. Não apenas vê-las, mas também ser vista.

Nessa altura da narrativa eu já estava completamente apaixonada por Serafina. Ela é esperta, inteligentíssima e adora livros (ela tem acesso a livros e os pega pela casa para ler com grande frequência enquanto se aventura pelo lugar à noite, porque apesar do pai nunca ter permitido que ela frequentasse a escola, ainda assim a ensinou a ler e a escrever). E agora, para completar, ela estava diante de um mistério que parecia supernatural demais e que foi confirmado quando todos na grande mansão se deram por falta da garotinha loira, que estava com os pais hospedados na casa. Logo o destino a coloca ao lado do jovem Braeden Vanderbilt, o sobrinho órfão que mora com os tios na mansão. Claro que a dupla começaria a investigar aquele homem da capa preta que está sumindo com as crianças que são convidadas do lugar.

Tudo, absolutamente tudo, na jornada de Serafina é conduzido por ela, porque apesar de sua pouca idade, ela tem uma sagacidade que me encantou. Sabendo o que quer e como quer, a garotinha começa a investigar e entra em um enredo repleto de mistério, descobertas e fantasia – claro que há um elemento de fantasia aqui. Mas, mais do que elemento fantástico, há um elemento lúdico aqui: Serafina e sua história tem um toque de contos de fadas, um tom de um universo mágico sendo desbravado com a ajuda de uma garotinha que se sente deslocada e sem certeza de como agir, mas com muita, muita coragem.

– Como é lindo – disse Serafina e chegou mais perto para ler a inscrição no pedestal da estátua:

“NOSSO CARÁTER NÃO E DEFINIDO PELAS BATALHAS QUE VENCEMOS OU PERDEMOS, MAS SIM PELAS BATALHAS QUE OUSAMOS LUTAR”

Como vocês podem imaginar, Serafina irá descobrir sobre o próprio passado e suas habilidades extras, além de criar um relacionamento com seu novo amigo, Braeden, e fazer escolhas que a levam a desafiar sua própria intuição. A leitura foi tão rápida e tão fluída que li mais de 150 páginas em uma única sentada, e muito disso se deve ao autor: Robert Beatty realmente fez um ótimo trabalho e escreve de um jeito que se torna quase que impossível parar de ler porque você está torcendo tanto por Serafina que tudo que você quer é que ela descubra tudo e não se machuque. Não digo que a revelação de quem é vilão seja uma grande surpresa, mas tudo que vem com ele foi uma grata surpresa para mim, já como há muito envolvendo o passado e a vida da pequena garota com aquele homem – ou seria algo diferente? Ai você terá que desvendar os mistérios de “Serafina e a Capa Preta” para saber!

E ah: o 2º volume da série já está em pré-venda no site da Editora Valentina com brindes exclusivos e se chama “Serafina e o Cajado Maligno” (clique AQUI para reservar o seu). A série de livros tem 4 volumes até agora e, sinceramente, eu vou ler todos. Como falei acima, histórias boas precisam ser lidas, e se você procura por uma fantasia leve, que coloque um sorriso em seu rosto e deixe seu coração quentinho, tudo misturado ainda com um suspense que realmente te faz temer pela protagonista, “Serafina e a Capa Preta” está mais do que indicado – e mal posso esperar para ler a continuação.

Para comprar “Serafina e a Capa Preta” basta clicar no nome da livraria:

Amazon.
Submarino.
Travessa.
Magazine Luiza.

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