07.08


“Epopeias Modernas: Vilões (Antologia de Contos Livro 1)”
Vários autores
Épos – 2020 – 220 páginas

Toda história tem dois lados. E se a medusa te contasse sua história? Nela ao invés de um monstro feio e sanguinário, teríamos uma mulher injustiçada por conta do ciúme e da inveja? As histórias sempre são contadas pelos vencedores, e isso torna os seus protagonistas heróis. Contudo, como uma moeda, toda história tem dois lados, possui duas visões, dois propósitos.

Chegou a hora de darmos aos vilões a chance que lhes foi negada, deixando que contém o seu lado da moeda.

Epopeias Modernas da vida ao seu primeiro volume, Vilões. Contos variados e histórias recontadas de antagonistas das histórias e lendas de heróis, dando voz aos seus desejos e revelando segredos mais obscuros.

Vamos começar falando sobre a Editora: a Épos é uma editora nova que começou seus trabalhos neste ano de 2020, trazendo mais representatividade ao mercado, já como é uma editora gerida por duas mulheres. Desde começo apoiamos todas Editoras que chegam e são capazes de oferecer mais espaço a todas mulheres, então ficamos bastante felizes de sermos selecionados para a 1º seleção de parceiros da Editora. E, por sermos parceiros, tivemos acesso a uma prova do e-book do livro que ainda não foi publicado: “Epopeias Modernas” chega as livrarias dia 11 de agosto, então vocês estão lendo a resenha de um livro ainda não lançado – mas podem ler tranquilos, não haverá spoilers de qualquer conto aqui. Aproveitando a introdução, pedimos o apoio de vocês a Editora e que a sigam em seu Instagram clicando AQUI.

Depois de se apresentar e chegar no mercado, a Épos abriu seleção para a escolha dos contos que estão nessa antologia (falando sobre o concurso em nossa coluna de lançamentos nacionais do mês de Fevereiro – leia clicando AQUI. Também noticiamos os ganhadores na coluna do mês de Abril – leia clicando AQUI), fazendo mais uma coisa que sempre, absolutamente sempre, tentamos fazer: apoiando os autores nacionais. O tema era “vilões”, e vamos ser sinceros aqui: quem nunca amou mais o vilão de alguma história mais do que os mocinhos que atire a primeira pedra nos pobres mortais que querem cair de cabeça nas histórias deles (spoiler: ninguém vai fazer isso). Para os que se perguntam “Por que epopeias modernas?”, eu digo que o próprio significado do nome explica tudo: Epopeia é também um texto que: “Se dedica a expor episódios gloriosos, engrandecer seus personagens principais e registrar para a posteridade suas realizações, dignas de serem lembradas e condecoradas”* – e agora é a hora dos vilões mostrarem seus atos e escolhas.

Dizem que os perdedores não têm o direito de contar a própria história, foram derrotados e, portanto, são os vilões. Hera se sentia uma perdedora, mas não uma vilã. Apenas uma deusa presa nos acasos da vida. Sim, era uma desculpa boba e mortal, contudo, quem poderia julgá-la? Na realidade, todos os deuses e os mortais a julgavam pelas coisas que havia feito, mas ninguém ouviu o seu lado história. Ninguém sequer sentou com ela, por segundos que fossem, para ouvi-la.

Sem mais delongas, vamos direto ao ponto: os contos do livro! Li o livro completo com bastante rapidez e em apenas duas noites, o que mostra a facilidade de ler os contos que foram os selecionados para fazerem parte dessa 1º aventura da Editora. Mas, além disso, confesso que me peguei bastante curiosa sobre a variedade de vilões presentes: temos de Hera (A rainha da mitologia) até Lúcifer (não preciso falar dele, certo?), de Eva (sim, muitos a veem como uma vilã, já como ela supostamente que fez Adão comer a maçã – será mesmo?) à Úrsula (a maior vilã de todos mares) além de, claro, muitos outros vilões e vilãs permeando as páginas. Não há que se falar que os autores que estão nessas páginas não tiveram criatividade na hora de escolherem seus vilões favoritos, além de mostrarem um pouco mais os motivos que os levaram a ser taxados assim, com diversos novos pontos de vistas de eventos de seus passos que os levaram aquela alcunha.

Entre os contos, eu destaco o meu favorito de todos, muito provavelmente por justamente envolver uma figura tão conhecida nossa: Cuca, que aqui ganha uma roupagem inesperada, mostrando que podia ser uma mulher com um coração maior do que você imagina e a possibilidade de um novo recomeço. Adorei esse conto de todas as formas justamente porque ele traz uma figura nacional em sua maior potência: de nossa cultura, em nosso cenário e ainda uma mulher poderosa. Não tem nada para não se amar nesse conto e você torce pela personagem com toda força. E sim, é a Cuca do: “Cuidado com a Cuca, ela é danada e vai te pegar, pega dali, pega de cá” no conto “Depois daquela noite”.

“Ela arranca seus olhos, para que enfraqueça
Cuidado, cuidado com a Mula-sem-cabeça.”
Após descer da carroça carregada de feno, Inaiê agradeceu a carona do velho fazendeiro e sorriu para as crianças que giravam ao redor da fogueira falsa montada para a festa. Os meninos tiravam os sapatos, sem medo de ficar com os pés calejados e as meninas, levantavam a barra das saias de babados para que não lhes enrolasse o tornozelo, com as tranças voando sob os chapéus de palha.
“Corra, se esconda, antes que ela apareça. Cuidado, cuidado, com a Mula-sem cabeça.”

Outro conto que realmente me pegou pela complexidade da personagem foi “Obrigada, Morte” por trazer (obviamente) a morte em seu papel principal. É uma ideia que realmente perpetua no leitor porque te faz pensar sobre a passagem do tempo e como a vida pode ser cíclica, trazendo a morte para perto de você mesmo quando você ainda acreditar que há muito o que aprender e viver e, principalmente, sobre o momento final, aonde você precisa seguir nos braços da morte e deixar esta vida. Há também contos bastante divertidos, como “Coroa de Gelo”, que eu tenho certeza absoluta que você irá ficar, assim como eu, tentando encontrar semelhanças com outros histórias.

O conto “As lamentações de Capitão Gancho” te faz conhecer James Hook como você nunca pensou que conheceria. Sempre estamos disposto a apontar o dedo e falar sobre como o famigerado capitão é capaz de maldades com garotos, mas e se ele mesmo tivesse tido algo que o levasse a odiá-los? E se o passado dele não estivesse não distante assim do que imaginamos dos garotos perdidos? Há tantas variações que se cobrem todos contos que você se pega realmente se questionando sobre como você vê todos aqueles vilões: a ideia de estarmos julgando os vilões porque ouvimos as histórias pelo ganho “ganhador” te faz parar e repensar tudo que você pensou sobre aqueles personagens em toda sua vida, e acho que aqui era o ponto do livro: te fazer pensar o lado dos vilões. E o livro consegue, então objetivo alcançado.

Se ela fosse tola o suficiente, se permitiria acreditar que fora o seu coração. Aquele coração que parecia se compadecer pela garota abandonada, pelo próprio pai, para morrer bem dentro de sua floresta.
Bom, você adivinhou. Ela era tola o suficiente.

Como todos livros de contos, há os que se tornaram meus favoritos e se você não tem costume (ou nunca leu) um livro de contos, eu indico fortemente começar por “Epopeias Modernas” com seus contos rápidos (tanto pelo tamanho quanto pela velocidade da narrativa) e a forma como pula de tema a tema, fazendo com que o leitor nem note o tempo passar, assim como a maior parte desses ditos vilões, que não viram o tempo passar para eles, nem como uma escolha errada poderia perpetuar a forma como seriam vistos para sempre por todos que ouvissem suas histórias – ou, até aqui, já como agora temos o livro para nos dar outra visão e nos fazer questionar tudo que pensávamos que sabíamos. Leia e se apaixone por esses vilões você também.

O livro também tem artes em seu interior representando os personagens principais dos contos, que são 15 em seu total, incluindo o da autora convidada, contando ainda com um Prefácio delicioso e agradecimentos. Os contos são: “A bruxa que não sorria (de Anna Andrade), “A mais bela rosa do jardim é minha” (de Ingrid Batista), “A primeira teia de Aracne” (de Jonathans Chagas), “As lamentações de Capitão Gancho” (de Kamy Gray), “Coroa de gelo” (de Julia Alves Silva), “Cuidado, cuidado, com a Mula-sem-cabeça” (de Glenda Kathrein), “Depois daquela noite – O conto da Cuca” (de Ana Stein), “Hera uma vez” (de Hay Selbach), “Naxos – A primogênita” (de Jhully Santos), “O Anjo” (de Rafael Zahir), “Obrigada, Morte” (de Brenda S. Ramos), “O recomeço de Eva” (de Alana Cristina), “Os monstros que habitam em mim” (de Thaís de Paula), “Pelas lágrimas de Orfeu” (de Roberto Schima) e “Templo de mentiras” (da autora convidada K. C. Franquini), com organização de Tharimes Santos e Natalia Curupana.

(*: Definição de “Epopeia” – fonte.)

Para comprar “Epopeias Modernas: Vilões” basta clicar no nome da livraria:

Amazon, com brindes (marcadores + 15 mini cards).
Editora Épos, com brindes (marcadores + 15 mini cards).
Amazon, versão digital.
Epopeias Modernas” também está no programa Kindle Unlimited e você pode ler assinando o programa gratuitamente por 30 dias clicando AQUI.

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