17.07

Sinopse: Há muito tempo, a bruxa mais nova do clã Grace apaixonou-se pelo antigo deus da floresta. Ela e suas irmãs mais velhas mudaram-se para os arredores daquele lugar que parecia abençoado por causa dessa paixão. Em busca de prosperidade e bom agouro para o vilarejo que nascia, as três bruxas precisaram selar um pacto demoníaco.
A cada sete anos, um rapaz virtuoso e de bom coração seria oferecido em sacrifício à Floresta do Demônio. Esse ritual tem início quando a Árvore de Osso sangra no coração da floresta. Logo em seguida vem a Lua do Abate e o jovem escolhido torna-se santo. E corre mata adentro para nunca mais sair.
Mas algo parece ter afetado esse pacto que há mais de duzentos anos rege o destino dos habitantes de Três Graces. O santo precisará ser sacrificado antes da hora. Esse fato está afligindo os amigos Rhun Sayer, Arthur Couch e Mairwen Grace. Mair, a última descente das bruxas que fundaram o vilarejo, fará de tudo para quebrar a tradição e mudar o provável destino daqueles que ama.
Em meio ao caos e maus presságios, os três serão capazes de derrotar o demônio?

Em Três Graces, um pequeno vilarejo, as pessoas não adoecem. Os animais não sofrem. O vilarejo sempre recebe a quantidade de chuva necessária e até mesmo os partos não tem tanta dor e tanto sofrimento assim. Tudo porque muitos anos atrás, quando Três Graces foi fundada, a irmã mais nova das Graces – que eram bruxas – se apaixonou perdidamente pelo que ela chamava de Deus da Floresta e ele por ela e junto eles fizeram um pacto que permitiria que o Deus sempre abençoasse a cidade e fizesse de tudo para que o povo que ali habitava tivesse a melhor vida.

Só o que era preciso em troca é que a cada sete anos um rapaz – o melhor rapaz que eles tivessem para apresentar – fosse levado ao que eles batizaram como o “Dia do Abate” em que ele seria entregue a floresta para ser sacrificado e assim garantir mais sete anos de bençãos para o povo. Esse era um papel que muitos dos rapazes ansiavam, a grande parte deles queria ser aquele que seria o santo que manteria o povo feliz e saudável – ser sacrificado em troca não significava quase nada, era apenas o preço a se pagar: pelo menos era o que todos imaginavam.

O demônio é um antigo deus da floresta”, diria sua mãe, quando contou essa história, só para Mairwen, sussurrando. Essa é a primeira frase da versão da lenda que só as bruxas do clã Grace sabem. “Ele era ousado e poderoso, belo e perigoso, mas amava a primeira bruxa do clã Grace, e foi desse amor que brotou o pacto. O vale é feito de amor, passarinho. Encontre o amor. Procure-o, sempre. É aí que reside o seu poder.

O que é dito sempre é que quando o pacto foi feito, não era obrigatório que o garoto entregue fosse morto: se ele sobrevivesse o dia do Abate dentro da floresta e no outro dia conseguisse sair, ele seria livre para viver a própria vida, poderia escolher ficar ali no vilarejo ou então ir embora, tudo exatamente como ele quisesse fazer. Então ao longo daqueles anos todos, apenas 4 rapazes conseguiram sobreviver e decidiram ir embora. O 5º rapaz que sobreviveu John Upjohn, quis ficar no vilarejo porque se sentia seguro morando perto das bruxas Grace.

E foi então que tudo pareceu começar a dar errado. Três anos depois de John Upjohn sobreviver ao dia do Abate, um cavalo adoeceu, uma das moradoras do vilarejo entrou em trabalho de parto antes da hora, ficando em risco assim como a neném que ela esperava e algumas colheitas começaram a vir com ferrugem. Claro que o povo se apavorou e não sabia o que esperar até a Arvore de Ossos amanhecer avermelhada e então todos souberam: não teriam 7 anos de espera. O dia seguinte seria um novo dia do Abate e eles teriam que sacrificar um novo santo.

“É isso que o pacto é: morte em troca de vida, um sacrifício que torna tudo mais doce e claro. Sem ele, como poderíamos dar valor ao que temos? Amamos nosso santo, e ele corre por nós, e todos aqui sabem exatamente o quanto a vida é preciosa, assim como o próprio amor. Todo mundo morre, Mairwen, mas os santos de Três Graces não morrem em vão.”

E é aí que nossos protagonistas entram: Mairwen Grace se recusa a aceitar que Rhun Sayer tenha esse destino. Apesar de todos no vilarejo terem certeza absoluta que ele será o escolhido, porque não existe rapaz melhor do que ele no lugar e do próprio Rhun estar de acordo com isso e considerar uma honra se sacrificar pelo povo, Mairwen simplesmente não aceita que seu melhor amigo e uma das pessoas que ela mais ama no mundo possa não sobreviver. E temos também Arthur Couch, que é melhor amigo de Rhun e vive uma relação de amor e ódio com Mair, mas que também não quer perder Rhun – assim como quer ele mesmo ser o Santo, porque quer provar para todos do vilarejo que ele pode ser.

O livro todo se passa mesclando pontos de vista dos três personagens principais, assim como da melhor amiga de Mair, Haf, que tem o ponto de vista algumas vezes e cada um dos personagens tem sua própria motivação e própria personalidade, nos deixando ficar bem interessados no que aconteceu com eles no passado e no que acontece com eles no presente, querendo saber mais dos três principais e do que o futuro reserva para eles. Afinal, eles conseguirão mudar as regras e fazer Rhun sobreviver ao Dia do Abate? E o mais importante de tudo é: é certo condenar todas as pessoas a – talvez – perderem tudo que tem com o proposito de salvar uma só pessoa?

“É uma lenda que fala de se apaixonar por monstros e abrir mão do próprio coração em troca de um lar.”

Quando eu comecei a ler o livro, eu me interessei de cara pelo plot principal em si. É algo diferente, porque geralmente o que temos são garotas sendo sacrificadas, então o fato de ser um garoto quem seria colocado a premio, eu já achei interessante demais. Além disso tem toda a questão que eu mencionei acima sobre estar disposto a sacrificar várias pessoas pelo bem de uma só?

É bem interessante também conforme o livro vai passando e você vai pegando fragmentos e pequenos detalhes que levam a entender que todo o dia do Abate e toda a história que vem por trás dele, tem muitas coisas que se contradizem, dependendo de quem fala sobre ele, então quando chega no final, que vem um grande plot twist, tudo acaba fazendo o máximo de sentido e tudo fica muito bem explicado.

“Ele dá um beijo em Mairwen, e ela fica sem ar, por causa do calor abrupto que sente. O beijo do rapaz está diferente. Não transmite raiva, ainda que ele esteja com raiva, mas exige algo de Mair. Exige que a menina corresponda ao que ele sente. Ele é como o fogo: seu beijo deveria queimar Mairwen, consumi-la. Mas, em vez disso, a faz ter vontade de viver também.”

Apesar de ter gostado assim inicialmente do plot, o que me fez realmente continuar a leitura toda e me interessar mais e mais, foram os personagens e as formas como os relacionamentos neles foram criados e como cada um deles, apesar de terem algumas semelhanças, tem personalidades tão distintas.

Mairwen é uma personagem forte. Ela é uma das ultimas descendentes do clã Grace que foi responsável pelo pacto que tornou tudo aquilo possível e ela é absurdamente determinada. Rhun é doce, doce demais. O garoto que quer tanto ser consagrado santo e levar a graça para todo o povo se sacrificando, é incrivelmente altruísta e nós podemos notar isso nos menores dos detalhes que passam em torno do livro.

“– Eu sobreviveria. Sou mais duro e rápido do que ele – diz Arthur. – Eu não deixo nada me abater e não tenho pena de nada que possa me deter. E, é claro, sou mais dispensável.
Ninguém é dispensável – retruca Mairwen, furiosa.”

Mas, quem absolutamente ganhou meu coração, foi Arthur. Ele é o que todos consideram um grosso. Ele não aceita levar desaforo para casa de absolutamente ninguém e para muitas pessoas ele parece frio e reservado, mas devido a todo o passado dele ali (que é muito bem explicado, mas não posso explanar por motivos de spoilers) é totalmente entendível a maior parte das ações dele.

Os três até formam um triangulo amoroso, mas é algo completamente diferente de quase tudo que já vi em livros. Não é o tipo de triangulo que te faz passar raiva, mas que te fazer entender todo o amor que pode fluir entre algumas pessoas e os vários tipos de amor que podem existir entre elas.

“Rhun nunca se preocupa, porque sua avó lhe disse que Deus ama e é amor, e se dispôs a oferecer um filho ao mundo, em sacrifício, por causa do amor. E essa, por acaso, não é exatamente a mesma prática que reside no coração do pacto?”

Dito tudo isso sobre os motivos que me levaram a gostar do livro, eu não posso deixar de mencionar o motivo que eu não gostei: eu achei ele muito confuso em determinadas partes. Provavelmente é pela quantidade de trocas entre os pontos de vista dos personagens, o que acabou fazendo a leitura ficar um pouco lenta e cansativa para mim, mas é algo que dá pra superar porque realmente vale a pena.

O Pacto de Três Graces” é realmente um livro que vale a pena ler. E se você, como eu, gosta de livros cheios de fantasias, pactos, bruxas, demônios e deuses, não deixe de ler. Garanto que não vai se arrepender.

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