03.07


“Eleanor & Park”
Rainbow Rowell
Seguinte– 2020 – 360 páginas

Uma das maiores obras da literatura jovem contemporânea em nova edição.

Eleanor é nova na cidade. Com roupas inusitadas, cachos ruivos indomáveis e uma família problemática, ela sente que nunca vai conseguir se encaixar. Park senta sozinho no ônibus da escola. Sempre de camiseta preta, fones de ouvido e a cabeça enfiada num livro, acha que consegue passar despercebido. Mas não para Eleanor. Aos poucos, entre fitas cassetes gravadas, pilhas de histórias em quadrinhos e conversas até tarde da noite, Eleanor e Park se apaixonam. Narrada durante o ano letivo de 1986, essa é a história de dois jovens de dezesseis anos que, mesmo sabendo que o primeiro amor quase nunca é para sempre, têm coragem e esperança suficientes para tentar.

Eleanor & Park” é um velho conhecido de muita gente. O livro já foi lançado aqui alguns anos atrás por outra editora, porém agora a Editora Seguinte comprou os direitos e o republicou com uma nova tradução. Eu não cheguei a ler o livro em sua versão anterior, mas pude ler agora e posso dizer que estou encantada e entendo porque esse livro tem tantos fãs.

Park é um garoto coreano de 16 anos que o maior princípio da vida dele é passar o tempo que resta no ensino médio sendo invisível. Os “populares” não fazem chacota dele, o deixando em paz porque ele é vizinho de Steve, que é o “líder” deles, e namorou com Tina, uma popular, muitos anos atrás, o que o faz acreditar que isso o concede um passe livre para não ser incomodado como os outros nerds.

E então ele conhece Eleanor. Nisso ela é absolutamente o contrário de Park simplesmente porque não tem como ela passar despercebida: com os cabelos tão ruivos que chegam a ser vermelhos e selvagens e roupas escandalosas, ele não sabe dizer se a garota simplesmente não liga de chamar tanta atenção para si ou se ela não tem a menor noção.

“Quais eram as chances de encontrar alguém assim na vida?, ele se perguntava. Alguém que você seria capaz de amar para sempre, e que sempre te amaria também? E o que se fazia quando essa pessoa nascia a meio mundo de distância?”

Eleanor, ao contrário do que Park pensa, também quer ser invisível. Não só aos olhos dos colegas, mas também na própria casa. Depois de ter passado um ano fora, morando de favor na casa de amigos da mãe por conta de uma briga feia que teve com o padrasto, ela não se sente mais parte daquela família – e não quer realmente ser notada, principalmente pelo homem, dentro da própria casa.

Park tem uma vida familiar “estável”. Apesar de algumas brigas com o pai, ele se dá bem com a mãe e com os avós e razoavelmente bem com seu irmão mais novo. Eleanor e Park tem aulas juntos e vão e voltam juntos do colégio no ônibus, mas só quando ele nota que a garota lê os gibis junto com ele conforme ele está lendo, é que eles começam a se falar.

“Segurar a mão de Eleanor era como segurar uma borboleta. Ou as batidas do coração. Como segurar algo completo, e completamente vivo.”

Aí começa uma pequena amizade entre eles onde eles começam a dividir o gosto por músicas e quadrinhos até que começam a sentir como se ninguém mais existisse além deles naquele mundinho que criaram no banco do ônibus enquanto iam e voltavam do colégio juntos, e aos poucos, esse mundinho começa a se expandir quando os outros – antes deles mesmos – notam que eles estão apaixonados um pelo outro.

Eleanor & Park” me ganhou de inúmeras formas. Me ganhou pelo jeito bonitinho e delicado que foi desenvolto o relacionamento deles, como nenhum dos dois parecia notar o que estava sentindo, mas sim, eles estavam lá sentindo.

“— Pareço um mendigo?
Pior — Park disse. — Um palhaço triste que mora nas ruas.
E você gosta disso?
Adoro.
Assim que Park disse aquilo, ela abriu um sorriso. E, quando Elea­nor sorriu, algo se partiu dentro dele.
Algo sempre se partia.”

Me ganhou porque Park tinha tudo pra ser mais um dos imbecis que maltratam Eleanor: quando eu comecei a ler, inclusive, pensei que ele seria insuportável assim. Mas conforme o livro foi mostrando mais e mais dele, mais eu fui entendendo como ele pensava e tudo que acontecia com ele.

Me ganhou porque Eleanor é uma personagem bem do jeito que eu amo: ela não é perfeita, não mesmo. Ela é cheia de camadas e de coisas que ela esconde de si mesma – e, consequentemente, esconde da gente quando lemos pelo ponto de vista dela. Ela é forte. MUITO forte. E mesmo que ela passe boa parte do livro achando que não, ela é muito resiliente.

“Você salvou minha vida, ela tentou dizer. Não pra sempre, não de vez. Provavelmente só por um tempo. Mas você salvou minha vida, e agora sou sua. O eu que eu sou neste momento é seu. Sempre vai ser.”

Me ganhou porque não são tantos livros por aí como esse, com o tipo de representatividade que esse tem. Eleanor é uma protagonista acima do peso. Park é um protagonista coreano. As amigas de Eleanor são negras. Em um mundo onde as pessoas “esquecem” que a representatividade importa, esse livro vem e arrebenta com tudo e eu amo ele por isso.

E, apesar do final agridoce que tem, eu recomendo para todo mundo. Este livro me tocou realmente e eu achei muito fofinho, apesar dos pesares, e eu espero que todos vocês amem também.

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Magalu, com brinde

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