24.03

Sinopse: Na família Sinclair, ninguém é carente, criminoso, viciado ou fracassado. Mas talvez isso seja mentira.

Os Sinclair são uma família rica e renomada, que se recusa a admitir que está em decadência e se agarra a todo custo às tradições. Assim, todo ano o patriarca, suas três filhas e seus respectivos filhos passam as férias de verão em sua ilha particular. Cadence – neta primogênita e principal herdeira -, seus primos Johnny e Mirren e o amigo Gat são inseparáveis desde pequenos, e juntos formam um grupo chamado Mentirosos.

Durante o verão de seus quinze anos, as férias idílicas de Cadence são interrompidas quando a garota sofre um estranho acidente. Ela passa os próximos dois anos em um período conturbado, com amnésia, depressão, fortes dores de cabeça e muitos analgésicos. Toda a família a trata com extremo cuidado e se recusa a dar mais detalhes sobre o ocorrido… até que Cadence finalmente volta à ilha para juntar as lembranças do que realmente aconteceu.

“Aja como uma pessoa normal, ela disse. Agora mesmo.
Porque você é. Porque você pode ser.
Não faça escândalo, ela disse. Respire e endireite-se.
Fiz o que ela pediu.
Ela era tudo o que me restava.”

Cadence Sinclair é perfeita. Bem, isso pode não ser inteiramente verdade, assim como muitas das coisas que acontecem na vida da menina. Quando o livro começa, nós descobrimos que sua família aparentemente perfeita, está em ruínas: o pai de Cadence foi embora, deixando ela e a mãe e, como uma boa Sinclair, a mãe de Cadence age como se nada tivesse acontecido, não como se o homem não tivesse ido embora, mas como se na verdade ele nunca tivesse existido, é a melhor forma de se colocar, afinal, o patriarca da família Sinclair não aceita que as filhas sejam “fracas” e menos ainda que não sejam absurdamente perfeitas.

Então, no chamado “Verão dos 15”, Cadence com 15 anos vai passar as férias na ilha da família que é dividida em três residencias: uma para cada uma das filhas do avô de Cadence. Lá ela reencontra seus primos Mirren e Johnny, assim como Gal, o amigo deles e eles formam o grupinho de “mentirosos” como eles gostam de se chamar. Em um verão que, aparentemente está sendo maravilhoso, tudo acaba se encerrando drasticamente com um acidente no qual Cadence se encontra sozinha na praia e do qual ela não lembra de absolutamente nada.

“Não cause transtorno, ela disse. Não faça as pessoas se lembrarem da perda.
— Você entende, Cady? O silêncio é uma camada protetora sobre a dor.”

Com o chegado “Verão dos 16” ela passa a se sentir abandonada pelos mentirosos, afinal, eles pararam de responder as mensagens dela e até mesmo Gal, com quem ela estava se envolvendo no verão anterior, está agindo como se ela não existisse – e a mãe dela, muito por não querer que ela volte até a ilha, com medo que o trauma da garota reviva – porque afinal, ela não lembra de absolutamente nada do que aconteceu, manda ela em uma viagem com o pai dela para a Europa, onde ela quase não aproveita porque o acidente além de ter levado a memória de Cadence, a deixou com uma enxaqueca sem fim como sequela.

Assim, sem amigos, sem voltar pra ilha e se sentindo cada vez mais isolada, Cadence deixa de ser a “garota perfeita e herdeira maravilhosa” e começa a se desfazer cada vez mais de suas coisas, sentindo que nada daquilo mais faz sentido.

Porém, no “Verão dos 17” ela consegue permissão da mãe para voltar até a ilha e começar a descobrir o que aconteceu que ela não lembra de forma alguma e que ela espera que os amigos a ajudem a enfim entender o que realmente aconteceu no verão dos 15.

“Odeio a porra da minha mente retalhada, o fato de estar doente o tempo todo, o quanto fiquei debilitada. Odeio ter perdido minha beleza, repetido de ano na escola, deixado de praticar esportes e passado a ser cruel com minha mãe. Odeio o quanto ainda o quero depois de dois anos.”

Eu sei que eu sou uma pessoa muito chata nas minhas resenhas quando falo sobre o plot do livro porque não posso dar spoilers, mas nunca em toda minha vida fui tão séria sobre isso. Acreditem em mim: vocês tem que ler esse livro, mas saber o minimo possível sobre ele, porque ele tem MUITAS reviravoltas.

O livro é todo do ponto de vista de Cadence e, como ela não tem as lembranças completas daquele verão, nós também não temos o quadro todo enquanto o livro passa: nós só sabemos aquilo que a própria Cadence sabe e o que ela consegue lembrar, por isso o mistério vai crescendo a cada página que o livro passa, nos deixando cada vez mais presos na história e na narrativa muito bem executada pela autora.

“— Quando falamos “Cala a boca, Gat”, não é isso que queremos dizer.
— Não?
— Significa que te amamos. Você nos lembra de que somos uns cretinos egoístas. Você não é um de nós, nesse sentido.”

Cadence é uma personagem ótima, mesmo não sendo a mais confiável com a perda de memória e a enxaqueca que a assola. Ela não desiste, ela simplesmente quer descobrir e quer entender porque as coisas estão da forma que estão, porque o avô dela está agindo tão estranhamente, assim como as tias e a mãe dela, todas parecendo cheias de sussurro e uma proximidade que não existia antes – de fato, antes do verão dos 15, a mãe e as tias de Cadence estavam em uma luta, cada uma para transformar o próprio filho no herdeiro possível dos Sinclair.

Assim como Cadence, eu me apaixonei profundamente por Gat, principalmente por ele não ser um Sinclair. Ele, sendo de fora da família, é um dos únicos que consegue ver as coisas como elas realmente são e tenta abrir os olhos dos outros para que eles entendam como as coisas funcionam no mundo real, no mundo de pessoas como ele, que não tem o mesmo privilégio de ter vindo de uma família rica e que pode comprar o mundo todo se quiser.

“Não estou falando de destino. Não acredito em destino, almas gêmeas ou sobrenatural. Só sei que entendíamos um ao outro. Completamente.”

Em certo ponto eu adivinhei o que teria acontecido. Até mesmo enquanto eu estava lendo, eu falei para a Virna, mas não deixei ela me confirmar porque queria ver com meus próprios olhos e, por mais que eu estivesse preparada para aquela minha teoria, nada me preparou para o que eu senti quando vi aquilo em ação mesmo e preciso falar que foi PERFEITO. Cada cena, cada mistério, toda a resolução, foi tudo muito bem colocado e tão bem escrito, parecia até mesmo uma cena passando nos meus olhos como um filme.

O final desse livro é extremamente maravilhoso mesmo, eu não tenho nem palavras para descrever e eu acho que qualquer pessoa que gosta de livros de mistério e drama e angustia adolescente vai adorar esse livro e vai fazer como eu: pegar ele e não parar de ler ele até devorar até a ultima página.

Para comprar o livro, basta clicar no nome da livraria:
Amazon.
Submarino.
Travessa.

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2 comentários em “Resenha: Mentirosos – E. Lockhart”



  1. Ezequiel disse:

    O final é feliz ou triste???

    1. leitora bookstan disse:

      Triste.



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