Sinopse: Uma história contemporânea divertida e emocionante sobre amizade, filmes de terror trash e amadurecimento.
Toda sexta-feira, as melhores amigas Josie e Delia se transformam em Rayne Ravenscroft e Delilah Darkwood, apresentadoras de um programa de terror exibido em um canal da TV local. Com o final do ensino médio se aproximando, Josie precisa decidir se vai mudar de cidade para estudar em uma universidade grande e ir atrás de seu sonho de seguir carreira na televisão — mas isso significaria ficar longe de sua melhor amiga… Enquanto isso, Delia sonha que seu pai, um fã de filmes de terror que abandonou a família anos atrás, assista ao programa delas na TV e retome o contato.
Em um fim de semana, as duas resolvem fazer uma viagem para a Flórida, onde vai acontecer a ShiverCon, a maior convenção do universo do terror e o lugar perfeito para conseguir um contrato com uma grande emissora. Mas pode ser que um jovem lutador de MMA, um produtor de televisão excêntrico e um basset hound idoso acabem transformando a vida dessas melhores amigas de uma maneira inesperada.
“Sessão da Meia-Noite com Rayne e Delilah” foi uma grata surpresa pra mim esse ano. Digo, nem tanta surpresa assim porque eu já sou uma fã de carteirinha do Jeff Zentner desde que li “Dias de Despedida” (que você pode ler a resenha que eu fiz aqui), mas esse livro me acertou de uma forma que eu nunca pensei que acertaria.
O livro conta a história de Josie e Delia, duas amigas que foram apresentadas por uma terceira pelo fato de que Josie sempre sonhou em fazer algo na TV e Delia criou um programa na TV local onde ela apresentava filmes de terror antigos que eram capazes de tudo, menos de assustar. Então as duas se juntaram e o programa tomou forma, passando religiosamente todo sábado, onde elas estão lá como as personagens Rayne Ravenscroft (Josie) e Delilah Darkwood (Delia) comentando sobre o filme assistido e fazendo pequenas esquetes bobas com a ajuda dos “gêmeos idiotas” como elas chamam os meninos que ajudam elas e de Arliss, que é o câmera mau humorado e também participa como o fantoche de Frankstein (o monstro de Frankstein, que elas recebem muitas reclamações por chamarem ele pelo nome de seu criador, que fique bem claro) ajudando elas na leitura das cartas.
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“Penso que nunca mais queria pensar nele de novo. Isso sim. Não tem um dia que passe em que eu não pense nele, mas mesmo assim… Você faz ideia de como é amar e odiar tanto uma pessoa?”
Não é um programa muito conhecido, visto como elas mesmas falam que as pessoas tem uma vida social e não vão ficar em casa no dia, durante a noite, para assistir filmes antigos ruins quando podem sair e se divertir, mas ainda assim elas tem algum publico e é isso que conta.
Porém já é o ultimo ano escolar que elas estão, então elas tem que decidir o que vão fazer do próprio futuro, se elas pretendem continuar com o programa e fazer disso sua forma de viver ou se vão seguir caminhos diferentes, e é justamente nesse ultimo ano, com toda essa pressão, que as coisas começam a se complicar para as duas.
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“O aperto no meu peito se tornou esmagador. Sinto como se estivesse assistindo a algo que escapou das minhas mãos quicar no banheiro antes de inevitavelmente cair dentro da privada.”
Josie recebe dos pais a ajuda para fazer estagio em um canal de TV grande de outra cidade, mas para isso ela teria que se mudar para lá e fazer faculdade na cidade também, muito longe de Delia e ela teria que deixar o programa. Junto com isso ainda entra na história dela o lutador de MMA Lawson, que ao participar de um dos programas das garotas, sendo levado até lá pelos gêmeos, se encanta completamente por ela – e ela por ele, apesar de passar boa parte tentando acreditar que não, ela não está afim dele.
Ela tem a vida supostamente “perfeita”, ao contrario de Delia: tem pais que a apoiam e querem ajudar ela a seguir o sonho de estar na TV, de fazer uma faculdade e ter uma vida brilhante.
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“Me pergunto se desenterrei mais coisas do que havia enterrado com esta viagem, ao me livrar de toda a mitologia que criei. Você quer ficar em paz, mas existem coisas as quais você não tem como consertar.”
Enquanto isso Delia vive em um trailer com sua mãe, tendo sido abandonada pelo pai depois do aniversário de 7 anos dela, que ela menciona muitas vezes que foi o momento mais perfeito da vida dela. A mãe de Delia luta com depressão, algo que a própria Delia também luta bastante contra, tomando remédios e se cuidando (muito mais do que a própria mãe se cuida) e tudo que ela não consegue é entender porque o pai foi embora sem deixar nenhum rastro para trás, então ela procura a ajuda de uma detetive particular para descobrir onde o homem foi parar e descobre.
O pai de Delia mudou de nome e mora em uma cidade próxima de onde acontecerá o encontro de terror chamado “ShiverCon”, que elas receberam o convite para irem e também onde estará um homem que no passado foi um grande produtor de programas de terror como o que elas mesmas fazem e que elas pretendem encontrar para conversar com ele e tentar dar um futuro para o programa. Josie convence os pais a deixarem que ela vá, com a promessa de que se isso não der certo, ela irá aceitar a oferta de estágio em outra cidade. E Delia, com o endereço do pai e sem saber se o procura ou não, embarca para a convenção de terror nessa tentativa não só de salvar o programa delas, mas também de manter a melhor amiga por perto por mais tempo.
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“Há algo de especial em presenciar um momento sagrado com uma pessoa que você ama, porque você pega esse momento sagrado e o costura, feito um fio dourado, no tecido da relação de vocês.”
O livro é dividido cada capitulo no ponto de vista de uma das meninas, então no primeiro capitulo que é no ponto de vista de Delia, eu sabia que esse livro ia me atingir em proporções gigantescas porque eu me identifiquei demais com ela desde o primeiro minuto. Delia é, como elas mesmas apontam várias vezes durante o livro, uma pessoa azarada. Elas falam muito de como as coisas sempre acabam dando errado pra ela em algum ponto e Josie tem muito medo de deixar a amiga não só porque a amizade delas é importante pra ela, mas também porque ela não sabe como a amiga vai ficar com isso.
Josie também é uma personagem maravilhosa, mas a Delia eu simplesmente tinha vontade de colocar ela em um potinho e não permitir que nada de ruim mais acontecesse com ela, também porque tudo que a atingia me fazia querer chorar junto e, meu Deus, eu chorei bastante lendo esse livro, em vários pontos.
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“De repente me atinge, com mais força do que nunca: tudo acaba. Algumas coisas duram mais do que outras, mas tudo chega ao fim. A infância parece durar para sempre quando você está vivendo, mas um dia você acorda e tem dezoito anos e está indo para a universidade. Aquele filhotinho de basset hound com o lacinho no pescoço? Você vai ver a vida inteira dele passar. Talvez encontre alguém que você ame e se case. E isso pode durar muito tempo, mas de um jeito ou de outro, acaba. Talvez vocês fiquem juntos por cinquenta ou sessenta anos, mas um de vocês vai ficar para trás. Mas é bom que as coisas acabam. Isso obriga você a amá-las furiosamente enquanto as tem.
Tudo aquilo que vale a pena ter morre.”
Uma coisa muito importante é que o livro não foca apenas no relacionamento das duas, mas delas com outras pessoas na volta. Tem bastante foco o romance de Josie e Lawson e eu confesso que apesar de achar bem fofinho, algumas coisas me incomodavam porque, ás vezes, parecia que Josie sofreria mais por deixar o namorado, caso ela tivesse que ir fazer o estágio, do que por se afastar de Delia.
E também o relacionamento de Delia com a mãe dela é absurdamente maravilhoso. Uma das cenas que eu mais chorei lendo (daqueles choros feios mesmo, acredite) foi das duas juntas e logo depois eu sai correndo pra agarrar minha própria mãe. Queria estar brincando, mas não estou.
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“Às vezes me sinto solitário, mas todo mundo se sente assim. Estamos todos procurando algum tipo de salvação em alguma coisa. Às vezes, tentamos encontrar nas pessoas. Encontramos. Ela escapa por entre nossos dedos. Encontramos de novo. Somos abandonados. Viver é doloroso, mas sempre vou preferir isso à alternativa. A consciência é um presente maravilhoso. Foi preciso quase morrer para eu me dar conta disso.”
Ah, e uma coisa MAGNIFICA que o Jeff fez nesse livro foi criar o “Jeffverso” HAHAHAHAHAHA Em uma determinada cena, Delia está falando sobre a conversa que ela teve com o namorado da amiga Jesmyn (a que apresentou ela e Josie) e, esse namorado, não é ninguém menos que Carver, o personagem principal de “Dias de Despedida”.
Além dele, Lawson também é um fã de “Bloodfall” que é a saga favorita de Travis, personagem de “Juntos Somos Eternos” (que eu fiz a resenha aqui). É algo pequeno e que definitivamente não vai fazer diferença pra quem não leu nenhum livro dele antes, mas que é um easter egg bonitinho de se ter nos livros.
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“Há momentos em que a gente se resignou a levar a vida à sombra do que poderia ter sido. Olhando do fundo do poço para a felicidade inalcançável. Finalmente aceitamos que a vida não é o voo ininterrupto que imaginávamos ser na infância, quando sempre achamos que o ano seguinte vai ser melhor do que o anterior. Dizemos a nós mesmos: “Isso é tudo que me resta”, até que algo, alguém, vem e diz: “Espera aí, tem mais”.
Talvez o importante na vida não seja evitar a dor a qualquer custo. Talvez seja ter uma ou duas pessoas que aceitem a missão difícil de ser sua salvação, que tornem sua vida maior.”
Esse livro realmente me tocou de uma forma que eu não esperava ao ler a sinopse dele. Como eu disse antes, eu já esperava que fosse um livro bom porque os outros livros do Jeff já foram maravilhosos, mas “Sessão da Meia-Noite com Rayne e Delilah” atingiu um patamar elevado pra mim. Ele tá sem sombra de duvidas no meu top 5 de livros favoritos esse ano e provavelmente da vida toda também, de tão maravilhoso que é.
Eu indico muito esse livro porque eu tenho certeza que tem algo para todo mundo se identificar nele, seja a amizade, o relacionamento familiar ou o amor pelos filmes de terror (inclusive aqueles que são péssimos), tem coisas para serem amadas por todos e esse livro definitivamente merece todo amor do mundo.
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