A HEROÍNA DA ALVORADA (A Rebelde do Deserto #3)
Alwyn Hamilton
Páginas: 384
Tradução: Eric Novello
Editora Seguinte
No último volume da trilogia A Rebelde do Deserto, Amani vai se deparar com a escolha mais difícil que já teve que fazer: entre si mesma e seu país.
Quando a atiradora Amani Al-Hiza escapou da cidadezinha em que morava, jamais imaginava se envolver numa rebelião, muito menos ter de comandá-la. Depois que o cruel sultão de Miraji capturou as principais lideranças da revolta, a garota se vê obrigada a tomar as rédeas da situação e seguir até Eremot, uma cidade que não existe em nenhum mapa, apenas nas lendas — e onde seus amigos estariam aprisionados.
Armada com sua pistola, sua inteligência e seus poderes, ela vai atravessar as areias impiedosas para concluir essa missão de resgate, acompanhada do que restou da rebelião. Enquanto assiste àqueles que ama perderem a vida para soldados inimigos e criaturas do deserto, Amani se pergunta se pode ser a líder de que precisam ou se está conduzindo todos para a morte certa.
Resenhar o último livro da trilogia “A Rebelde do Deserto” não é algo fácil para alguém que foi tão surpreendida como eu. Eu “desdenhei” esses livros por bastante tempo, meu interesse em ler não era muito grande. Até que me rendi, li o primeiro e gostei. Li o segundo e me surpreendi com o tanto que a história cresceu. E o terceiro? O terceiro me fez virar as páginas compulsivamente enquanto sofria por toda a tensão que o livro carregava.
Durante todos meus anos de leitora, eu aprendi que leitura está longe de ser uma “ciência exata”. Na minha visão, “livro bom” ou “livro ruim” é algo muito subjetivo e pessoal, dependem de vários fatores como, por exemplo, gosto e conexão. Para mim, o que aconteceu nessa trilogia foi uma mescla de evolução na história (e no perigo da história) com a minha conexão com os personagens. Tudo casou direitinho para que essa trilogia começasse como boa e terminasse como uma favorita.
Em A Heroína da Alvorada, nossa protagonista Amani continua a crescer e continua com conflitos e desafios. Ela não é nem nunca foi a líder da revolução rebelde e nunca quis essa responsabilidade para sí. Ela é uma menina do deserto que queria fugir e acabou se encontrando no meio de uma revolução e acabou fazendo amigos e se envolvendo e adotando a luta deles. Ela não é a líder, mas muitas vezes ela precisou ser a líder, ela precisou agir, precisou decidir, mesmo não tento experiências nem sendo uma estrategista. E o modo como ela lida com essas responsabilidades é incrível de ler.
“Ela era puro fogo e pólvora, e seu dedo estava sempre no gatilho.”
Muitas vezes ela precisa decidir entre o que ELA quer, o que faria ELA feliz e em o que seria melhor para a luta dela e dos amigos (e de todo o deserto). Será que vale a pena botar TUDO a perder, todos os sacrifícios feitos, para ela ser feliz? O que é mais importante: ela e a felicidade dela ou a causa e todos os sacrifícios já feitos? Todos os questionamentos que ela passa ao longo dos três livros e, principalmente nesse último, evoluem a personagem e também nos fazem refletir sobre o que nós mesmos faríamos no lugar dela. Nós humanos somos egoístas, mas até que ponto esse egoísmo é “válido”?
“Esta não é nossa última noite. Teremos amanhã, depois de amanhã, e mil noites depois. (…) Tudo o que sou, entrego a você, e tudo o que tenho é seu. Porque o dia da nossa morte não será amanhã.”
Jin e Amani continuam evoluindo como casal, mostrando o quanto uma relação igualitária e respeitosa é importante na literatura, principalmente na jovem adulta. Jin tem sua importância na história desde o começo, mas nunca roubando a importância da Amani. O romance é lindo, é divertido, tem química, mas ele não se torna o foco, ele é um bônus. Um bônus que ajuda a história andar e ajuda os personagens a evoluírem. Em nenhum momento me passou que alguma cena ou plot romântico foi posto somente para “ter romance”. Na verdade, A Heroína da Alvorada é um livro tão ágil e tenso que pouco tempo sobra para cenas românticas fillers. Pode não ter havido muito, mas todo romance que tem nesse livro é especial (e muitas vezes sofrido).
Sobre os outros personagens Ahmed, Shazad, Sam, Delila, Hala, Izz, Maz… Todos tem papéis importantes nessa conclusão e todos estão em perigo. A família da Amani também tem um destaque nesse final e algumas revelações e acontecimentos emocionantes sobre eles. Há perdas e houve momentos que eu pensava “MEU DEUS ALGUMA COISA VAI ACONTECER E REVERTER ISSO” e muitas vezes era REALMENTE aquilo ali que eu havia lido. Quem se apegou aos personagens assim como eu, certamente irá sofrer.
“ERA UMA VEZ UM GAROTO DO MAR que se apaixonou por uma garota do deserto. (…)
Mas então ele se perguntou se um garoto do mar e uma garota do deserto poderiam sobreviver juntos. Temia que ela pudesse queimá-lo vivo ou que ele pudesse afogá-la. Até que finalmente parou de lutar contra o desejo e ateou fogo em si mesmo por ela.”
O último livro continua com as passagens onde há narração das lendas do deserto, mas nesse volume esse elemento é usado e abusado ao seu máximo, coisa que eu amei. As lendas e fábulas contadas sempre foi uma feliz adição para mim nessa história (e em qualquer outra). Aqui várias lendas são iniciadas e várias outras servem de influencia ou inspiração para os personagens.
“Nós contínhamos nossas próprias histórias. Milhares de pedacinhos dela morreriam conosco.”
A Heroína da Alvorada é um livro final com todos os melhores elementos de livro final: aventura, tensão, agilidade, ação, perdas, romance. Momentos épicos e decisões difíceis não faltaram e aquela sensação que a qualquer momento alguém pode morrer. O epílogo é lindo e triste ao mesmo tempo, me deixou com um sorriso no rosto e lágrimas nos olhos. É um livro que conclui totalmente a história, não deixa pontas soltas no final e explica várias pontas dos livros anteriores durante esse. Para mim, a autora não deixou QUALQUER possibilidade de continuações. E sem spoilers: quem ler vai entender o porquê.
A trilogia “A Rebelde do Deserto” se consagrou e ganhou espaço no meu coração com esse último volume, com certeza. Chegou de mansinho e foi evoluindo de um jeito que me faz pensar: é para isso que eu gosto de ler, para ser surpreendida dessa forma. Vou sentir saudades e lembrar sempre desses personagens, dessa história, desse romance e das quotes. Espero que, se você ler a série, se sinta tão conectada como eu me senti.
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