Sinopse: Após um terremoto destruir uma escola e o governo realocar os alunos para diferentes instituições locais, três adolescentes da classe operária são enviados para uma das melhores e mais exclusivas escolas da Espanha. O confronto entre aqueles que têm tudo e aqueles que nada têm acaba criando a atmosfera perfeita para um assassinato. Quem será o culpado?
Ju: Geralmente nós fazemos uma indicação assim, quando se trata de uma série da Netflix, mais quando a série lança do que depois de um tempo dela ter saído, mas como nos fugiu completamente de ter feito isso antes (dã!), a gente resolveu fazer agora essa indicação alguns dias antes do lançamento da tão aguardada – pelo menos por nós – segunda temporada que será lançada dia 06/09!
Elite se passa na Espanha, onde como diz na sinopse da série, nós vemos três alunos de uma escola publica serem transferidos para um colégio particular, o “Las Encinas” por conta de um acidente que aconteceu na tal escola pública onde o teto dela acabou desabando e, para abafar tudo isso, a empresa responsável pela arquitetura da escola resolveu dar uma oportunidade (lê-se: uma opção para eles ficarem calados) para os “menos abastados” da sociedade de frequentarem um local que apenas os filhos da elite da Espanha frequentam e é aí que nós conhecemos os três alunos bolsistas: Samuel, Nadia e Christian. Logo quando eles chegam no colégio, já podem perceber que as coisas não serão as mais fáceis, pois são completamente ignorados pelo grupo dos populares e quando não são, acabam sendo humilhados (como quando roubam as roupas de Christian de dentro do vestiário, o fazendo caminhar nu pelos corredores do colégio ou quando querem obrigar Nadia a parar de usar seu hijab, que ela usa por ser de família islâmica).
Mas, ao passo que temos os alunos que primeiramente não suportam a ideia de dividirem seu colégio com pessoas que não tem o mesmo status que eles, nós temos Marina que é uma das únicas pessoas que de cara trata eles muito bem e se aproxima para fazer amizade com eles, ficando muito mais próxima de Samuel e assim o garoto acaba desenvolvendo uma certa paixão por ela, é claro.
Virna: Preciso apontar que eu adoro um seriado adolescente. Das farofas “Gossip Girl”, “The O.C.”, “Pretty Little Liars” aos cabeças “Dawson’s Creek”, “One Three Hill”, eu já vi todos – de verdade, eu adoro seriados de adolescentes que são capazes de prender seja por seus personagens, seja por suas tramas estapafúrdias – ou ainda seja por sua trama que realmente doí na alma (“Dawson’s Creek”, estou olhando pra você!), eu acredito no potencial de um bom seriado sobre a vida de adolescentes desajustados. Não acredito nessa conversa boba de que “adultos não devem assistir coisas assim!” porque é burrice você deixar de se divertir porque supostamente você não deveria gostar de algo por sua idade. Já sofri por tantos personagens dessas séries que nem era saudável (chorei horrores com determinados episódios de “One Tree Hill” com sua trilha sonora maravilhosa). Enfim, precisei pontuar isso porque não quero parecer esnobe ao falar que “Elite” é um bom seriado – esquecível, mas bom, que tem o ponto fortíssimo em seu elenco. Lá pelas tantas da temporada, eu nem sabia mais pra quem eu torcia pra se ferrar mais, mas eu sabia quem queria que se desse bem porque as personagens são BOAS, apesar da trama sobre o motivo de um possível assassinato ser fraca.
Pense em “Gossip Girl”, um grupo de pessoas ricas que sempre se protegem de tudo e colocam sob suas asas um garoto (do blog hahaha piada sem graça) e terminam entrando em tramas bem aquém de sua idade – “Elite” é exatamente isso, para maiores, mas com mais charme, mais drogas, mais testosterona e mais pegação. O seriado começa justamente em um tom policial, com um dos alunos sendo detido e diversos flashbacks voltando no tempo para mostrar o que aconteceu para levar a vida de todos aquele ponto.
Voltando alguns meses com a chegada dos bolsistas, os alunos ricos do colégio obviamente não querem, a princípio, lidar com os pobres que chegam lá, sem contar que os 3 coitados também se sentem deslocados: Samuel, com sua rebeldia controlada; Christian, com sua irreverência e capacidade de sair das mais inusitadas situações (como a Ju falou acima, ele tem as roupas escondidas e simplesmente sai pelo corredor, cobrindo as partes, mas bem tranquilo com a vida) e Nadia, que além de sofrer pelo fato de estar convivendo com pessoas que não pertencem a seu mundo, é de outra religião, uma bem mais dura e que condena a vida que os adolescentes ao seu redor estão tendo. Claro que Nadia precisa de um romance a altura da paisagem que se pinta ao seu redor, então por que não envolvê-la em um romance tirado de “Segundas Intenções”: o mais popular de todos e rei do Colégio, Guzmán, irmão de Marina, é incentivado por sua namorada, Lu, a seduzir e acabar com a pobre Nadia. Agora pare comigo e reflita: você consegue não resistir a um romance desses? Porque sim, eu e você sabemos que ele irá se apaixonar por Nadia desde que essa trama começa, mas a parte que eu quero mais apontar é que você não se importa de saber o que vai acontecer porque os personagens tem química e os atores dão conta do recado. O grande trunfo de “Elite” é esse – simplesmente te fazer se importar com uma trama que você (imagina) que saiba aonde vai dar. E bem, ai temos algumas complicações no meio do caminho.
Ju: Assim como aconteceu com a Virna, o que mais me prendeu na história não foi o fato do assassinato em si (claro que contribuiu porque eu fiquei curiosa para saber quem teria cometido o crime), mas foi muito mais os personagens serem da forma como eram. Não apenas os bolsistas, mas Carla, Guzman, Lu, Ander e até Polo em um certo nível (porque confesso que meus menos favoritos eram ele e Samuel), assim como Nano, irmão de Samuel, que nem parte do colégio faz. E é justamente com Nano que toda a confusão começa. Nano é um ex-presidiário, que tinha acabado de sair da cadeia, e lá dentro como proteção, ele ficou devendo um dinheiro muito alto para as pessoas que cuidaram dele lá e agora essas pessoas queriam seu pagamento e, obviamente, ele não tinha dinheiro algum para dar.
Logo com isso acontecendo, Marina entra na história também, porque ela conhece Nano e, assim como Samuel se encantou por ela, ela ficou completamente encantada com Nano e acaba se envolvendo com ele, mesmo os dois sabendo que Samuel tem sentimentos por ela. É o típico triângulo amoroso que você sabe que alguma hora vai dar ruim simplesmente porque não tem como ficar tudo certo com tantos sentimentos cruzados ali.
Os outros relacionamentos fogem apenas um pouco do clichê que já temos com Nadia/Guzman/Lu e Nano/Marina/Samuel e eles são compostos por um verdadeiro trisal: nada de triângulo amoroso, eles se relacionam os três juntos ao mesmo tempo em um relacionamento bem poliamoroso e é composto por Carla, Christian e Polo, e também o relacionamento fofo de Ander com Omar, que é irmão de Nadia e também é traficante de drogas (inclusive é assim que eles se conhecem a primeira vez, com Ander comprando drogas de Omar e então entrando em contato com um garoto em um aplicativo, sem nem ter ideia de que era o próprio – e aí vem a parte clichê deles dois, porque de resto, nada mais é).
Junte a esse drama amoroso também uma complicada busca por um troféu: logo no primeiro dia de aula, o professor diz que o aluno que for considerado o melhor deles, com as melhores notas, receberá uma bolsa para estudar na Flórida juntamente com um troféu que comprova que a pessoa foi a melhor. De cara duas meninas já estão atrás do troféu: Nadia e Lu, o que só aumenta ainda mais a rivalidade entre elas. A trama todinha de Elite é recheada com dramas e reviravoltas, assim como a queridinha “La Casa de Papel” que também é da Espanha e que divide alguns atores com Elite (mais precisamente Christian, Nano e Marina, além da detetive de Elite fazer uma pequena participação em LCDP), mas muito mais focada nos dramas da vida desses adolescentes mesmo.
Virna: Então por que assistir “Elite”, você está se perguntando, e eu lhe respondo bem direta: porque os personagens e o elenco vale a pena (já falei isso antes), além da trilha sonora ser muito boa sim. “Elite” se envolve com tramas um pouco mais pesados do que outras conhecidas séries adolescentes, falando sobre preconceito religioso, doenças sexualmente transmissíveis, problemas de aceitação e ainda a própria pressão que os adolescentes colocam em si meses nessa fase da vida, aonde é tudo tão intenso e tão explosivo.
Dando mais um motivo para se assistir a série, a construção dos personagens é bastante complexa e bem feita: não há personagem que fique jogado sem algum tipo de revelação sobre seu passado e a forma como as coisas mudaram depois da chegada dos bolsistas. Sempre voltada para seu maior trunfo, as atuações dos atores, a série se foca em momentos que poderiam ser piegas até demais, mas se salvam pelo tom que eles decidem dar as camadas que vão sendo exploradas das personalidades de seus personagens. Mesmo o Samuel, que é também para mim um dos menos favoritos, vai tendo uma construção que leva a te fazer querer bater nele em terminados pontos, mesmo ele sendo apontado desde começo como o pilar da moralidade entre aqueles adolescentes perdidos e o “mocinho” trágico da história contada. Em contrapartida, temos Guzmán, que começa como o mauricinho bon vivant que tem muita raiva dentro de si, em parte por saber que não pertence realmente aquele mundo até os seus sentimentos por Nadia começarem a crescerem – e amigos, como eu shippei eles dois (não me julguem, esse clichê é o meu favorito sim, confesso). Marina, como uma garota que tem tudo aos seus pés, poderia também cair no clichê que permeia os enredos de romance do seriado, mas a escolha honesta de dar um problema real para a garota a torna mais humana e faz você entender a inconstância dela, a sua procura por algo que ninguém sabe o que é, até ela encontrar em Nano, que, por sua vez, é egoísta ao extremo ao se envolver com a garota que seu irmão está apaixonado. Todos são moralmente falhos e só querem satisfazer suas próprias vontades, o que faz a aposta principal ser a mais acertada: você pode revirar os olhos na escolha dos clichês da trama policial e seu desfecho insatisfatório, mas você não fica entediado e nem com vontade de desligar o notebook/celular/tv por causa dos personagens e seus dilemas. Fazia tempo que eu não via uma trama tão boa de personagens juntos, e todo o mérito aqui vai pro roteiro e – novamente – atuação dos atores.
Como comecei falando, “Elite” é uma série esquecível, que não vai mudar sua vida e muito menos parar seu mundo, mas é uma série capaz de te prender por horas para maratonar seus (até aqui) 8 episódios e ver as intrigas de adolescentes que claramente estão indo além do que podem suportar, e eu consigo muito relacionar a sua “irmã mais velha”, “La Casa de Papel”: tem coisas tão absurdas e tão deliciosamente boas de assistir que tudo que eu queria era continuar vendo mais e mais episódios. A série vai te apresentar algumas músicas e vai te fazer shippar Ander e Omar loucamente (ah, vai sim!) e me fez amar o Guzmán profundamente (já me falaram que ele é “meu tipo de personagem”), além de querer ele com a Nadia porque sim. Então se você está procurando um seriado que não exija que você pare sua vida para prestar atenção nele ou que seja o mais novo guilty pleasure, “Elite” está mais do que indicada porque de adolescentes problemáticos, a gente nunca cansa – e nem quero cansar mesmo, pode mandar mais e já aproveita e renova pra 3ª temporada, Netflix: você não vai fazer mais do que sua obrigação!
Ju: Assim como a Virna, eu também tenho um apreço muito grande por séries de adolescentes. Eu gosto muito de várias, desde “Degrassi” até “Gossip Girl” e “Skins” e se eu for ser bem sincera mesmo, até a temporada atual de “Malhação” tem conseguido me prender e pelo exato motivo que a Virna falou ali em cima: no final das contas não é os dramas dos plots, não são furos de roteiro ou coisas que se encaixam completamente, mas são os personagens: é você acreditar naquelas personalidades, acreditar que mesmo que eles não sejam reais, eles são sim reais e você quer saber mais e se interessa em saber e acompanhar o que está acontecendo e onde aquilo tudo vai levar.
E em Elite nós temos mesmo isso de uma forma super completa com personagens diferentes e para agradar todos os gostos, mesmo que você odeie todos (o que eu sinceramente duvido que aconteceria) e goste de apenas um, por esse um você vai querer continuar assistindo e passando para o próximo episodio e próximo episodio e quando viu já terminou tudinho, porque aquilo te manteve ali presa assistindo e saboreando a delicia que é se perder naqueles minutos que te tiram da realidade.
Então fica aqui a nossa indicação: se você gosta de séries adolescentes, podemos garantir que você não vai se arrepender de dar uma chance para “Elite”! E, se você já assistiu, não deixe de vir comentar com a gente o que você acha da série.
Aqui o trailer da primeira temporada:
E aqui está o trailer da segunda temporada (deixando claro que tem SPOILERS da primeira temporada)
E fiquem atentos, porque assim que sair a segunda temporada, nós vamos fazer uma review dela!
Uma pequena observação:
Um dia antes da nossa resenha da série sair (e antes mesmo de ser lançada a segunda temporada), a terceira temporada de “Elite” foi confirmada:
Aquele momento que você escreve uma indicação da série pro site (sai na sexta!) e diz pra @NetflixBrasil renovar logo que não faz mais do que sua obrigação e a netflix te obedece HAHAHAHHA ELITE VAI TER S3! https://t.co/CnPZJpz4IM
— Idris BR (@IdrisBR) August 29, 2019