16.10

Sinopse: A família Crain se muda para a Residência Hill com o objetivo de reformá-la e, após alguns poucos meses, revendê-la ganhando um bom lucro em cima. No entanto, cada noite se revela um desafio para o casal e seus cinco filhos, graças à aparição de fantasmas e outras alucinações. Vinte anos depois, os membros da família, já adultos, se reúnem mais uma vez para lidarem com as consequências do tempo em que viveram na mansão, uma lembrança que os persegue até hoje.

[Eu vou tentar dar o mínimo de spoilers possíveis, mas é difícil falar sobre dez episódios sem mencionar nada do plot]

Dia 12 de outubro estreou na Netflix a nova série de terror, “A Maldição da Residência Hill” que é baseada no livro “A Assombração da Casa da Colina”, de 1959, escrito pela Shirley Jackson, e como a sinopse indica, a série fala sobre a família Crain que comprou o lugar para reformar e então vender a casa por um valor mais alto, lucrando assim. A serie se divide em duas (mais de duas, se vamos ser sinceros) linhas temporais: o “antes”, que mostra os personagens principais crianças ainda, vivendo com os pais na casa, e o “agora”, que mostra esses personagens 20 anos depois dos acontecimentos que aconteceram na casa.

A serie tem 10 episódios ao todo e, nos cinco primeiros episódios, nós podemos ver um pouco de cada um dos irmãos da família Crain: Steven, Shirley, Theodora, Eleanor (Nell) e Luke. Depois de vinte anos e muitas brigas e muitas coisas escondidas e não contadas no passado, eles tem que se reunirem novamente para o enterro de Nell, que é a irmã mais nova e gêmea de Luke. E nesses episódios, nós ficamos sabendo como foram alguns dos dias dentro da mansão do ponto de vista de cada um, além de conhecermos como eles seguiram com suas vidas e os dias próximos a morte de Nell e como eles chegaram ali, naquele ponto onde estavam.

O primeiro episodio, que se chama “Steven vê um fantasma”, como o nome sugere, é focado em Steven e eu preciso assumir que de longe Steven é o personagem que eu menos gosto. Eu acho ele muito grosso sem necessidade alguma na maioria das vezes. Ele, às vezes, trata as pessoas mal só pelo prazer de tratar e isso me deixa bem incomodada com o personagem.

Então tem o segundo episodio, que se chama “Caixão Aberto” e é focado completamente em Shirley. Shirley definitivamente parece uma pessoa que gostava muito de manter o controle de tudo (mas nem de longe tão engraçada quando a Monica de Friends) e num primeiro momento eu não gostei muito dela. Só depois, alguns episódios adiante, foi que eu passei a gostar mais dela e a entender.

O terceiro episodio, se chama “Toque” e é um dos meus episódios favoritos. Ele conta mais sobre Theo, que eu acho que é uma das melhores personagens. Eu gosto bastante da personalidade dela e acho ela bem inteligente e muito, mas muito corajosa, porque tem coisas que ela faz quando mostram flashbacks dela criança, que eu não teria coragem de fazer nem agora, sendo adulta!

No quarto episodio, “Coisa de Gêmeos”, nós vemos a vida de Luke e entendemos um pouco mais como funciona a dinâmica entre Luke e Nell e eu não tenho nem palavras pra descrever o quanto eu gosto do Luke. Eu não consegui ter raiva dele por ter seguido o caminho que seguiu (que eu vou evitar falar por spoiler), simplesmente porque eu acho que ele era realmente ferrado demais.

E no episodio cinco, finalizando os episódios que ficam mais centrados nos irmãos, o episodio que se chama “A Moça do Pescoço Torto” também entrou para a minha lista de episódios favoritos da série. A história da Nell, a forma como tudo nesse episodio foi tão deliciosamente elaborado, quando terminou, eu queria simplesmente aplaudir porque foi absurdamente bem feito. (E tem um plot twist no final desse episodio que eu DEFINITIVAMENTE não vi chegando).

Então, nos cinco últimos episódios, nós vamos começando a enfim receber algumas respostas para coisas que começamos a nos perguntar lá no primeiro episodio. E eu vou falar um pouco apenas do episodio 6, que se chama “Duas Tempestades” e é o primeiro episodio abrindo esse “arco” de despedida da Nell, já como todos os personagens chegaram ali, no ponto onde a história enfim “começa”. Esse episodio mostra a família reunida e eles tendo que lidar uns com os outros e com as magoas e segredos que esses anos todos mantiveram enterrados e eles evitavam de falar. Acho que esse é o episodio que tem a maior carga emocional da série inteira, mas também é lindo de se ver e o jeito que ele termina, é um dos finais mais tristes também.

O que mais me chamou a atenção nessa série é que ela não tem aquele padrão que parece o “normal” em filmes de terror hoje em dia, que é simplesmente várias cenas que te fazem pular e se assustar, mas que a história em si não prende. Muito pelo contrario. O que mais prende em “Maldição da Residência Hill” é justamente a história, porque conforme ela vai passando, você vai querendo saber mais e mais sobre aqueles personagens. Mas claro que, ainda assim, tem muitas cenas que você simplesmente não espera e quando vê dá um pulo com o susto que leva. Teve várias cenas em que tocava uma musiquinha mais tensa e eu já ficava na expectativa do susto que não vinha, ou em outras que eu nem ao menos esperava e dava um pulo no sofá, mas mais do que o susto pra mim, realmente o que valeu foi a história.

Outra coisa na série que eu gostei muito foi o fato da caracterização dos personagens adultos com eles crianças foi muito bem feita. Parecia mesmo que aquelas crianças cresceram e viraram aqueles adultos (tirando apenas um deles que eu não acho que ficou tão parecido assim depois de adulto), além de o elenco das crianças ser repleto de crianças que atuam muito bem. A Lulu Wilson, que faz a Shirley quando criança, já é figurinha marcada em filmes de terror, tendo feito “Ouija: A Origem do Mal” e “Annabelle 2: A Criação do Mal”. E a Mckenna Grace, que faz a Theo quando criança participou da série “Fuller House”, do filme “Eu, Tonya” e será também a Carol Denvers criança em “Capitã Marvel”.

No elenco adulto, tem Carla Gugino, que faz a Liv, a mãe das crianças e ela é espetacular em todas as cenas que ela está, ela fez o filme “Alma Perdida”, além de “Sin City” e vários outros, também tem Michiel Huisman, no papel do Steven, que fez “Game of Thrones”. A Elizabeth Reaser, que faz a Shirley adulta, também esteve em “Ouija: A Origem do Mal” (e ela fez o papel da mãe da personagem da Lulu), além de ser muito mais conhecida por ter feito a Saga Crepúsculo e outros atores que são tão bons quanto esses.

Como a série é baseada em um livro e eu não li ele ainda, eu pedi pra Virna que já leu (e assistiu a série junto comigo) fazer uma pequena comparação entre os dois:

Virna: Antes de tudo, preciso falar que o livro que a série é inspirada, “A Assombração da Casa da Colina”, publicado aqui no Brasil pela Suma, é um clássico. A autora, Shirley Jackson, é uma das favoritas do mestre do horror, Stephen King, e ele mesmo já falou que foi influenciado pela escrita dela. Dito isso, deixo claríssimo que o seriado foi inspirado no livro, mas é isso: os nomes das personagens e até mesmo algumas situações sim, veio do livro. Contudo, em linhas especificas, a estória muda e muda bastante: Doutor Montague, um dos personagens principais do livro, é somente um coadjuvante na série, um simples psiquiatra da personagem Eleanor “Nell” Vance. No livro, Nell é a real protagonista e o nome dela é esse, diferentemente do seriado, onde ela é a mais nova dos 5 irmãos Crain e recebe esse sobrenome depois de casar. Temos ainda Theodora, que no livro se apresenta sem sobrenome e, por fim, Luke Sanderson. Fora esses personagens, os Dudleys ainda aparecem no seriado como seus papeis do livro também.

O tema do livro é básico: Quatro estranhos juntos em uma casa que tem fama de ser assombrada, convidados pelo Dr. Montague para uma experiência. À medida que fenômenos sobrenaturais começam a acontecer, entendemos as diferenças nas personalidades dos personagens e como aquele grupo tão diferente pode lidar com algo tão incompreensível e assustador porque o que vive entre aquelas paredes é definitivamente assustador. As cenas de terror são realmente assustadoras e não do tipo que se dê para encontrar uma explicação racional: o que está naquela casa definitivamente está se mostrando e você fica tenso enquanto lê, ciente de que mais daquilo vira.

No final das contas, como alguém que leu o livro e gostou bastante (dou 4 de 5 estrelas) e viu o seriado, posso falar que o seriado adaptou a história de forma completamente diferente do livro, mas também o honrando: há referências diretas ao livro, além de quotes exatas dele. O medo que eu senti lendo o livro se reproduziu enquanto lia o livro, então posso dizer que o seriado alcançou seu objetivo – menos o final. Fico com o final do livro que foi bem mais impactante do que no seriado.

Se você quer ler um livro de terror, indico. Não tenho como dizer que é uma leitura fácil, já como o livro é de 1959 e como vocês podem imaginar, é uma leitura pesada em termos de sustos e linguagem, mas se você quer se assustar, pode ler que seu objetivo será alcançado com maestria – mas também vale assistir o seriado, que me rendeu diversos sustos.

Vale lembrar também que, além dessa adaptação, teve também um filme de 1999, que se chama “A Casa Amaldiçoada”, e que a Virna me disse que é mais parecido com o livro do que a serie realmente foi. Eu adoro esse filme, é um dos filmes que eu mais gosto de terror e que toda vez que está passando na tv, eu tenho que assistir. (Inclusive eu recomendo muito, é de verdade um dos melhores filmes que já vi).

Também foi feita uma adaptação em 1963, chamada “Desafio do Além”, mas eu nunca cheguei a assistir.

Bom, minha consideração final sobre a série é a seguinte: Se você quer uma série com um bom elenco, uma história maravilhosa, que vai te prender do inicio ao fim, e que além de te encantar com a história, vai te dar uns bons sustos: essa é a série perfeita pra você.

A única coisa que me incomodou um pouco, para ser bem sincera, foi o final que eu achei muito “Murder House”, de American Horror Story, mas fora isso, de verdade, essa é uma das melhores séries de terror que eu já vi na minha vida. Podem assistir sem medo (tá bom vai, com um pouquinho de medo sim!).

Aqui tem o trailer da série:

[Pequena atualização]

Fazendo essa pequena atualização aqui apenas para botar o comentário do próprio mestre do terror, Stephen King, sobre a série:

“A Maldição da Residência Hill”, revisada e remodelada por Mike Flanagan. Eu não dou muita bola pra esse tipo de revisão, mas isso é maravilhoso. Perto do trabalho de um gênio realmente. Eu acho que Shirley Jackson aprovaria, mas quem sabe.

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