“Uma Chama entre as Cinzas” (Uma Chama entre as Cinzas #1)
Sabaa Tahir
Verus – 2015 – 432 páginas
Laia é uma escrava. Elias é um soldado. Nenhum dos dois é livre.
No Império Marcial, a resposta para o desacato é a morte. Aqueles que não dão o próprio sangue pelo imperador arriscam perder as pessoas que amam e tudo que lhes é mais caro. É neste mundo brutal que Laia vive com os avós e o irmão mais velho. Eles não desafiam o Império, pois já viram o que acontece com quem se atreve a isso.
Mas, quando o irmão de Laia é preso acusado de traição, ela é forçada a tomar uma atitude. Em troca da ajuda de rebeldes que prometem resgatar seu irmão, ela vai arriscar a própria vida para agir como espiã dentro da academia militar do Império.
Ali, Laia conhece Elias, o melhor soldado da academia — e, secretamente, o mais relutante. O que Elias mais quer é se libertar da tirania que vem sendo treinado para aplicar. Logo ele e Laia percebem que a vida de ambos está interligada — e que suas escolhas podem mudar para sempre o destino do próprio Império.
“Uma Tocha na Escuridão” (Uma Chama Entre as Cinzas #2)
Sabaa Tahir
Verus – 2017 – 434 páginas
Ambientado em um mundo brutal inspirado na Roma Antiga, Uma chama entre as cinzas contou a história de Laia, uma escrava lutando por sua família, e Elias, um soldado lutando pela liberdade. Agora, em Uma tocha na escuridão, ambos estão em fuga, lutando pela vida.
Após os eventos da quarta Eliminatória, os soldados marciais saem à caça de Laia e Elias enquanto eles escapam de Serra e partem numa arriscada jornada pelo coração do Império.
Laia está determinada a invadir Kauf, a prisão mais segura e perigosa do Império, para salvar seu irmão, cujo conhecimento do aço sérrico é a chave para o futuro dos Eruditos. E Elias está determinado a ficar ao lado dela — mesmo que isso signifique abrir mão da própria liberdade.
Mas forças sombrias, tanto humanas quanto sobrenaturais, estão trabalhando contra eles. Elias e Laia terão de lutar a cada passo do caminho se quiserem derrotar seus inimigos: o sanguinário imperador Marcus, a cruel comandante, o sádico diretor de Kauf e, o mais doloroso de todos, Helene — a ex-melhor amiga de Elias e nova Águia de Sangue do Império.
A resenha de hoje é sobre dois livros: “Uma Chama entre as Cinzas” e “Uma tocha na Escuridão”, os volumes 1 e 2 da série “Uma Chama entre as Cinzas” da escritora Sabaa Tahir, que terá um total de 4 livros, e feita por mim e pela Ju, porque depois de falar milhões desse livro pra ela, ela enfim leu os dois – e surtou! Então, sem mais demoras, fiquem com nossas impressões dos livros!
Virna: Quando eu ouvi falar de “Uma chama entre as cinzas”, logo minha atenção foi capturada. Gosto bastante de distopia, e essa, com um clima meio egípcio/romano, por assim falar, me fez querer ler logo o livro. Em seguida saiu a noticia que a Verus tinha comprado os direitos e então eu esperei. Assim que o livro foi publicado aqui no Brasil, comprei. E li de uma vez só, uma noite inteirinha, sem parar. Sim, esse é o tipo de livro que falamos aqui: Um universo construído do zero, inteligente, rápido, com personagens fortes e uma história que vai te fazer passar uma raiva do cão, além de se apaixonar, claro.
Mas vamos do começo: Temos, no livro 1, dois protagonistas que as vidas estão bem distantes: Laia e Elias. O ponta pé inicial da história é quando Laia, vivendo sua vida bem obediente em favor do Império, tem o irmão levado preso. Ela já morava com a avó porque os pais estavam mortos e o golpe é duro demais para ela, que inicia uma jornada de descobrimento e busca. Elias, entretanto, está do outro lado: Faz parte do Império, um verdadeiro guerreiro de elite que acredita que tem muita errada com aquele Império. Para ele, viver daquele jeito é o que esperam dele, mas ele mesmo não sabe o que espera de si mesmo.
Quando se inicia, o livro parece que vai pelo mesmo caminho de todos outros: “mocinha que está destina a encontrar o mocinho e com isso derrubarem o Império maligno que oprime as pessoas”. Mas não. Não mesmo. “Uma Chama entre as cinzas” inverte muitos clichês que estavam mais do que estabelecidos: Laia, no começo, tem medo, aquele medo real e irracional que faz a gente paralisar e não saber como agir. Sua jornada é de crescimento: não vemos uma mocinha pronta para lutar e chutar bundas: vemos uma mocinha que é uma menina medrosa, que começa a crescer e a tomar seu destino nas mãos em um caminho difícil, tortuoso e desafiador. Ela aprende que o medo não vai lhe salvar e precisa crescer. Elias, de certa forma, está aprendendo isso também, já como precisa de força para tentar mudar o mundo que ele conhece. O paralelo entre os dois personagens no decorrer do livro é claro, tanto quanto ao crescimento quanto ao momento que as histórias se colidem.
No meio disso ainda há uma terceira personagem: Helene, a única mulher em treinamento do exercito do qual Elias faz parte e que tem um lugar especial em seu coração por estar em uma posição nada privilegiada, além de ter que se superar para proteger e salvar os que ela ama. Mas será que ela vai conseguir?
“Você é uma chama entre as cinzas, Elias Veturius. Você vai brilhar e queimar, devastar e destruir. Você não pode mudar isso. Não pode parar.”
Ju: Elias e Helene estudam na Academia Militar Blackcliff, onde eles formam os soldados do Império que são conhecidos como “Mascaras” e o processo de formatura deles é algo bem complicado também: eles têm que passar por etapas eliminatórias e apenas aqueles que sobrevivem que podem se formar. O destino de Laia e Elias se conectam quando Laia é levada, com a ajuda dos rebeldes, para ser escrava da capitã da Academia – e ser uma espiã para os rebeldes, levando a eles tudo que ela ficar sabendo sobre a capitã, para assim poder ajudar o irmão dela.
Uma das coisas mais interessantes que já vemos logo no primeiro livro, é que, além de fugir do clichê básico de como fazem os mocinhos da história, também tem toda uma mitologia onde vemos ghouls, djins e adivinhos, além da estrutura que os povos ficam separados: os Eruditos, os Tribais, os Marciais e os Navegantes.
“Você é cheia, Laia, cheia de vida e sombras e força e espírito. Você está em nossos sonhos. Você vai queimar, pois é uma chama entre as cinzas. Esse é seu destino.”
Virna: A medida que a história se desenrola, você entende que existe mais do que um Império para se derrubar: Laia tem segredos, Helene tem segredos e Elias é idealista demais para o mundo no qual estão lutando por suas vidas. Aqui há uma formação bem clara: Elias está se apaixonando por Laia mesmo já tendo gostado de Helene, enquanto Helene guarda demais dentro de si. O relacionamento de ambos é intenso e ainda há aqui um relacionamento que preciso enfatizar: A Comandante é a mãe de Elias. Uma mulher poderosa, forte, que lidera o exército com uma força gigantesca e também é A MAIOR VILÃ QUE VOCÊ VAI CONHECER E RESPEITAR. Não estou brincando: A mãe do Elias é uma vilã absurdamente má, do pior tipo. Acredite em mim.
“Uma chama entre as cinzas” termina de um modo aberto, mas que serviria como uma espécie de “promessa”, caso houvesse um livro 2. As editoras norte-americanas agora estão em outro formato: elas não fecham mais séries de livros (pelo menos não de escritores que estão começando, como era o caso da Sabaa Tahir) e sim vão renovando os contratos a medida que os livros tenham sucesso. Como vocês podem imaginar, o livro fez tanto sucesso que ganhou sim, um livro 2, então agora eu deixo pra Ju começar a falar desse livro continuação que me destruiu!
“Eu o vejo por um momento. Dor. Sofrimento. Horror. Tudo o que eu amo, tudo o que importa para mim, banhado em sangue.”
Ju: O segundo livro começa exatamente onde o primeiro acabou, com os três personagens continuando o que acontecia no final – e alguns sofrendo as consequências das suas escolhas. Não tem muito o que falar exatamente sobre essas escolhas em si, porque acabaria entregando e dando muitos spoilers do final do primeiro livro e de como ele acabou, mas tem algumas coisas que é bem importante enfatizar:
Pelo menos pra mim, esse segundo livro elevou alguns personagens e rebaixou outros no quesito de desenvolvimento. Eu achei que Helene foi uma personagem que se desenvolveu muito mais nesse livro (provavelmente porque nesse livro podemos ver o ponto de vista dela, algo que não acontecia no primeiro livro), e Laia, pra mim, foi uma personagem que meio que… decaiu. Parece que muito do que ela desenvolveu no primeiro livro, no quesito de medo, foi ficando meio apagado no meio do romance criado pra ela.
E outra coisa que é muito importante e que eu já falei sobre a mitologia no primeiro livro, é ainda mais presente nesse livro: nós ficamos sabendo mais sobre os djins e as histórias deles. E também tem os adivinhos que uma parte muito importante da trama acontece por coisas que eles falaram que iam acontecer pelas escolhas de determinado(a) personagem.
“A maioria das pessoas – diz Cain – não passa de lampejos na grande escuridão do tempo. Mas você, Helene Aquilla, não é uma faísca que se consome rapidamente. Você é uma tocha na escuridão…se tiver coragem de se deixar consumir pelas chamas.”
Virna: Como a Ju falou, “Uma tocha na escuridão” começa aonde “Uma Chama entre as Cinzas” terminou, com seu final eletrizante e terrível, tudo ao mesmo tempo: Tudo que tinha pra dar errado, deu, e agora Laia e Elias terão de lidar com as consequências de seus atos, assim como Helene, que, na minha opinião, é a que mais está sofrendo diretamente com as consequências das suas escolhas do livro 1 e principalmente com a obsessão de Marcus com ela – Alias, Marcus, outro aluno da escola de Elias e Helene, é mais um vilão simplesmente antagonista do mocinho, até porque comparado com a Comandante… Não o odeio tanto pelo Elias, mas muito mais pela ameaça e pelo que ele representa pra Helene.
Também concordo com o que a Ju falou: Enquanto que no 1º livro Laia era uma mocinha que se superava, crescia e se tornava uma mulher forte na procura por seu irmão Darin, aqui ela se perdeu em um triangulo amoroso que eu simplesmente odiei e se não fosse a Helene pra mandar o girl power nesse livro, eu provavelmente teria ficado bem mais frustrada do que fiquei. Lá pelo meio do livro eu estava revirando os olhos com as escolhas da Laia, mas, ainda assim, eu conseguia entender – e esse é um grande ponto da escrita da Sabaa: você pode até não concordar com as atitudes dos personagens, mas você vai, definitivamente, entender.
Elias, em contrapartida… não dá pra explicar muito sem entregar spoilers, mas Elias nesse livro é uma mistura de culpa, burrice, decisões erradas e muita responsabilidade. Junte tudo e você vai saber que a destruição será grande pra ele, e o final desse livro é *pior* ainda do que o primeiro. Terminei gritando com minha pobre Helene sofrendo aquele tanto, Elias naquela situação e Laia psicologicamente ferida da forma como foi, mas com a esperança de suas atitudes serem mais maduras no livro 3.
É difícil falar desses livros sem mencionar, mais uma vez, a construção do mundo: Djins, areia, o mundo da morte, fugas e ainda sobrenatural. O exército que Elias começa fazendo parte (E Helene) usam mascaras, o que torna tudo muito mais incrível. Preciso também assinalar a representação, já como traz os 2 protagonistas como pessoas de cor. No final, esse livro pra mim teve o acumulo de amor pela Helene e uma irritação constante com a Laia, o que foi frustrante, mas não esperem aqui um triangulo entre os 3 personagens principais e sim um dos plots mais complexos e intrínsecos que você pode imaginar. Ainda preciso dizer que por mais que eu tenha detestado o triangulo, ele foi, sem sombras de dúvidas, surpreendente, ainda mais da forma como se encerrou.
Quero terminar falando que o terceiro livro, “A Reaper at the Gates” será publicado em inglês dia 12 de junho e que houve uma mudança nas capas originais. Aqui no Brasil, as capas dos dois primeiros volumes foram iguais as capas originais nortes americanas, agora, com essa mudança, não tenho ideia do que a editora Verus fará com a capa do 3º, já como os livros 1 e 2 foram relançados em inglês para acompanharem a nova capa. Mas podem ficar de olho em nossas redes sociais que assim que tivermos qualquer noticia, iremos postar sobre. Aqui fica minha forte indicação pra ler esses livros porque eles definitivamente merecem!
“O fracasso não define uma pessoa. É o que ela faz depois de fracassar que determina se é uma líder ou um desperdício de ar.”
Ju: Quando eu terminei de ler o segundo livro, a Virna está de prova que eu surtei, surtei demais de raiva tanto de Elias como de Laia – porque como a Virna falou, a gente acaba entendendo o que levou eles a tomarem as decisões que tomam, mas isso não evita a raiva que você sente ao ver certas atitudes que considera bem… burras, não tem melhor maneira de explicar sem ser com essa palavra mesmo.
E também surtei bastante de desespero por Helene, por imaginar o que pode vir pra ela no futuro, todo o sofrimento que tudo que já aconteceu até aqui pode acarretar. Já estou quase fazendo um pedido por “#SaveHelene” ou “#HeleneDeservesBetter”, mas acho que não tem muito o que fazer nesse ponto além de esperar e ler o próximo livro, rezando para que as coisas melhorem – não só pra Helene, mas para Laia e Elias também.
Esses livros são, sem sombra de duvidas, uma das melhores series que eu já li, tanto por causa dos personagens, como pela mitologia e tudo que ela trás junto, assim como pela forma de escrita. Eu acho que todo mundo deveria dar uma chance a esses livros e se apaixonar perdidamente também por essa série de livros que está programada para serem 4!
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