07.06

AVISO: Esse post contém spoilers de Cidade do Fogo Celestial
Em um novo post no Tumblr, Cassie respondeu as críticas sobre Maia em um enorme post no qual fala sobre ela, Jordan e comenta o relacionamento deles.

Cidade do Fogo Celestial : Maia e Jordan e o Triste Homem Branco

Cidade do Fogo Celestial já foi lançado fazem 10 dias – e alcançou o #1 lugar nas listas do New York Times e do Wall Street Journal, então eu estou super animada – e em celebração, eu vou começar a responder… perguntas com spoiler.

A resposta está abaixo do corte de “leia mais”. Esta é sobre Jordan, e em algum ponto, Maia.

Esta pergunta vem de alguém que admitiu que não leu o livro, mas gostaria muito que eu respondesse isso, então:

– Lendo os reviews de outras pessoas sobre COHF, eu vejo que muitos fans realmente, acreditaram de verdade que Maia encontrou um interesse amoroso em seu Ex – Bat e no geral falhou em dar um luto apropriado ao Jordan no final da história. Mesmo que Maia planejasse terminar com o Jordan, posso por favor saber o que a levou a mudar de opinião após parecer que os dois estavam tão bem em CoLS? –

Eu não tenho certeza se sei o que é um “Luto Apropriado”, já que luto é uma coisa muito individual e todos ficamos de luto de nosso próprio jeito. Maia lamentou pelo Jordan, o segurou enquanto ele morria, sentiu a tristeza e o remorso que você sente quando perde pessoas que são importantes para você, manteve seu apartamento e guardou suas coisas para que os amigos dele pudessem lamentar por ele uma vez que a crise acabasse. Ela foi capaz de seguir em frente e lutar pelo seu Bando, e ajudar seus amigos, mas na minha mente isso não significa que a Maia não ficou de luto pelo Jordan: isso significa que a Maia é uma heroína, e como todo herói é capaz de por suas emoções de lado enquanto importantes, ações de salvar o mundo, precisam ser feitas. Se ela apenas sentasse em um canto e chorasse enquanto o mundo é destruído ao seu redor, isso não a faria uma pessoa melhor, seria apenas uma protagonista muito maçante.

A Maia não ser romanticamente apaixonada pelo Jordan não quer dizer que ela não lamentou por ele ou não se importava com ele. Eu quero escrever muitos tipos de relacionamentos nos meus livros, e quis refletir a realidade de que alguns relacionamentos simplesmente não dão certo – que você pode tentar de novo com um ex, com real afeição e esperança de que funcione para ambos corações, e isso não funcionar: que vocês dois podem ser boas pessoas e isso ainda não funcionar: que você pode genuinamente perdoar alguém pelas coisas terríveis que fez a você, como a Maia fez, mas descobrir que isso ainda te deixa em um lugar em que um relacionamento romântico não vai funcionar a longo prazo. Maia sentiu que ela era mais um símbolo de redenção do que uma pessoa para Jordan, então não era saudável para nenhum dos dois continuar junto. Isso não foi, para mim, uma mudança de opinião, foi mais uma jornada pela qual Maia precisava percorrer para descobrir como ela se sentia de verdade.

– após parecer que os dois estavam tão bem em CoLS? –

Isso aconteceu? Aqui está Maia diretamente após ela e Jordan terem dormido juntos.

” Ela sentou abruptamente. Ela se sentia como se o mundo estivesse se inclinando e ela estivesse escalando, sem sucesso, tentando não cair em um abismo negro. Ela podia sentir as sombras se fechando.
Com Jace perdido e Sebastian por aí, as coisas apenas podiam ficar piores. Apenas haveria mais perdas e mais mortes. Ela tinha que admitir, o mais viva que ela se sentiu em semanas foram aqueles momentos da madrugada, beijando Jordan em seu carro. ”

Isso não é a felicidade que você sente após fazer amor com alguém com quem você tem um grande relacionamento.Isso está dizendo que tudo na vida dela estava sendo destruído, e ela está se agarrando em Jordan, como sendo a unica coisa que a fazia sentir. Isso não é um sinal muito bom.

” Jordan, pare ” Ele olhou para ela, sua expressão confusa e preocupada ” Desculpe. Não foi bom? eu não beijei ninguém além de você, não depois do…” Ele parou.

Ela balançou a cabeça ” Não, é que – não posso.”

“Tudo bem,” Ele falou. Ele parecia muito vulnerável, sentado lá, desânimo estampado em seu rosto. ” Nós não temos que fazer nada – ”

Ela procurou por palavras. ” é muita coisa ”

“Foi apenas um beijo”
“Você disse que me amava.” sua voz tremeu. “Você me ofereceu suas economias. Eu não posso pegar isso de você.”

“Qual?” ele disse, dor aparecendo em sua voz. “Meu dinheiro, ou a parte do amor?”

“Os dois”

Ele estava se inclinando para outro beijo, quando as mãos dela foram até o peito dele, as palmas das mãos abertas, em um gesto inconfundível: pare.

“Jordy,” ela disse. “Espere.”

Ela quase nunca chamava ele assim, só quando era algo sério. Os batimentos dele, já acelerados, aumentaram ainda mais. “O que foi?”
“É que… Se toda vez que a gente se ver, nós formos direto para a cama – e eu sei que comecei isso, não estou culpando você, nem nada – É que eu acho que deviamos conversar.”

Ele encarou ela, os grandes olhos escuros, a veia pulsando na garganta dela, o rosado nas bochechas. Com um pouco de esforço, ele falou. “Okay. Sobre o que você quer conversar?”

Ela apenas olhou para ele. Depois de um momento ela balançou a cabeça e disse, “Nada.”

É, claramente não tinha nada preocupante borbulhando aqui! “Nós nunca conversamos, apenas vamos para a cama, muito mais porque eu estou tentando esquecer meus outros problemas, e eu também fico pedindo muito para você parar” – ouch.

O fato é, que Maia se culpa por não falar para Jordan como ela se sente, ou não se sentia, o momento que ela percebeu isso, mas eu espero que os leitores concordem com Bat que Jordan morrer se sentindo amado e perdoado foi uma pequena compaixão para ele: que todo mundo merece ser segurado enquanto morre.

A morte prematura de Jordan foi uma tragedia absolutamente – mas tragedias acontecem em guerras, como a do Max em Cidade de Vidro. Como Amatis, Raphael, como as muitas tragedias do Instituto de Los Angeles: porque a guerra tem um preço, e a guerra é terrivel e injusta. É totalmente natural se sentir com raiva ou triste sobre a morte tragica de Jordan – importa muito para mim se leitores sentem – mas Maia não causou isso, e ela fez tudo que podia por ele. Se Maia pudesse ter salvado ele, é claro que ela faria. Jordan fez algo terrivel uma vez, mas no final ele escolheu seu próprio caminho, e alcançou a própria redenção. Eu duvido que Jordan teria mudado algo sobre sua vida no Praetor Lupus ou sua segunda chance com Maia, e isso é tudo que nós esperamos fazer – o melhor que pudemos, no tempo que temos.

Maia não voltou com Bat, mas quem sabe o que vai acontecer no futuro? Bat é obviamente gentil, esperto, corajoso e se preocupa muito com ela: Maia poderia ser pior. Bat está parcialmente na história para mostrar a Maia que ela é tanto amavel como amada, e mostrar a profundidade da afeição dela e lealdade ao bando e seus amigos: para mostrar que o passado não é tão obscuro como ela se lembra ás vezes, porque Maia… com uma ótima razão… é desconfiada e cinica quanto aos outros. Mas no tempo que nós conhecemos Maia, de Cidade das Cinzas para Cidade do Fogo Celestial, por causa de Simon, Isabelle, Clary e até mesmo Jordan, ela aprendeu a abrir o coração enquanto se curava das cicatrizes do passado.
O que é um tema para alguns personagens de Os Instrumentos Mortais.

A jornada de Maia se tornando uma heroina é completa em Cidade do Fogo Celestial: ela aprende que ela é muito mais do que pensou que fosse, que ela está em um lugar agora onde pode formar mais conexões com mais pessoas (como Lily), que embora não foi capaz de salvar Jorda, ela salvou Bat. Em muitas maneiras é um espelho para a maior heroina da jornada de Instrumentos Mortais, que sempre foi Clary: Clary, que salvou Jace muitas vezes agora, que aceitou seus próprios poderes, e que agora tem muito mais presentes de natal para comprar do que teve antes, para um circulo maior de pessoas que ela se importa. Herois vem depois de guerras não ilesos, não sem sofrer, mas sem se quebrar. Se a morte de Jordan tivesse quebrado Maia teria feito a personagem dela um péssimo serviço. “leviosaseeker-190 disse: Oi! Então, 75% de mim absolutamente amou Cidade do Fogo Celestial, mas o outro 25% não gostou! Eu odiei como a morte de Jordan foi ignorada tão rápido, especialmente por Maia (uma personagem que agora eu detesto.)”

Através dos anos que eu tenho escrito, eu tenho notado algo que sempre me deixa triste: Personagens homens são julgados pelas suas realizações. Personagens mulheres são julgadas pelo seu comportamento em relação aos homens, especialmente “pobre homens brancos”. Jordan foi um pobre garoto branco.

Como eu já disse em postagens anteriores, quando eu escrevi CoA eu não pretendi trazê-lo de volta porque eu não via como alguém que fez coisas tão horríveis como as que o Jordan fez pudesse ser trazido de volta e reabilitado; eu certamente não via como ele poderia se encaixar como um namorado para a Maia, nunca.

E então eu comecei a notar algo a mais, que foi um padrão em livros de homens fazendo coisas terríveis com mulheres e então a história sendo sobre como o homem faz as pazes com ela e se reabilita através dela, como ela o perdoa, algumas vezes por ele tê-la machucado fisicamente. E eu pensei em como Jordan poderia ser trazido de volta como um jeito de entrar nesse assunto: que isso seria uma maneira de discutir como você pode voltar de ter feito algo terrível, que você pode ser reabilitado, mas que seus instrumentos para a reabilitação tenham que ser suas próprias ações, e não a pessoa que você machucou em primeiro lugar.

Eu penso que as pessoas estão tão acostumadas com a história do homem que se redime através de uma mulher (exatamente igual a história do homem que encontra sentido na vida por meio da mulher que morre para ensiná-lo Importantes Lições de Vida) que houve a presunção de que isso seria igual, mas isso nunca foi planejado para ser assim – portanto as dicas em CoLs de que algo estava dando errado nesse relacionamento.

Neste livro [CoHF], Maia media a paz entre vampiros e lobisomens, salva a vida de Bat lutando com um oponente fisicamente muito maior em combate, assim salvando o Bando, destrói a Maureen, captura um demônio, e no fim é reconhecida como heroína pela Consul, e é apontada não somente como a lobisomem representante do Council, mas também como a pessoa que irá reconstruir a Praetor Lupus. E ainda vejo pessoas dizendo que estão desapontadas e que agora a detestam por que ela 1) Quis terminar com o namorado e 2) Dedicou-se a salvar o mundo no lugar de ser ferida pelo luto pelo citado namorado após ele morrer.

Em outras palavras, novamente uma donzela é julgada e depreciada por priorizar seu bem-estar e o salvamento de todo o mundo ao triste homem branco. Que está morto, de qualquer forma. (Bem como Tessa é muitas vezes atacada por ser capaz de seguir em frente após Will, depois de oitenta anos de sua morte, no lugar de ficar a eternidade priorizando um triste homem brando à tudo no universo. No caso de Maia só é pior por ela ser uma mulher de cor, então como ela ousa pensar que suas próprias ações superam um triste homem branco?).

(Eu também ví Clary sendo atacada por não sofrer o suficiente pelo Jordan – Como ela ousa responder a pergunta do Simon sobre seu pijama logo após ouvir que o Jordan havia morrido?! Esqueçam, Simon falou sobre os pijamas. Ela deveria estar mais inconsolável pela morte do companheiro de quarto do seu melhor amigo, do que aliviada pelas pessoas que ela é verdadeiramente mais próxima – Simon e Maia – estarem bem, esquecendo que Jace esta no hospital e que ela mesma quase havia morrido.)

Não é que necessariamente eu culpe alguém por se sentir desta forma enquanto eu sinto que esse tipo de reação vem pela absorção do que a sociedade está constantemente nos dizendo, que tristes homens brancos e suas necessidades vem acima de tudo e devem ser focadas ignorando-se o resto. A ideia de que as duas, Maia e Clary, tem que literalmente salvar o mundo e portanto não podem se concentrar na morte do Jordan é descartada pois não é o trabalho de mulheres salvar o mundo. Isso é trabalho para tristes homens brancos. (Batman, Homem-Aranha, todos os vingadores, exceto a Viúva Negra…)

Os personagens não têm, de um modo geral, a chance de lamentar pelo Jordan – Simon, como o único mais próximo dele, faz a maior parte – Jace percebe com amargura que ele está morto quando todos estão em Edom, que é quando Jace lamenta ( exatamente da mesma maneira que ele reage sobre Max: sendo sarcástico e amargo) e depois Clary sente lágrimas brotarem ao pensar em Jordan no epílogo. Mas estes são Caçadores de Sombras. Eles estão acostumados e esperam a morte. Eles não reagem à isso da forma com que você esperaria que uma pessoa normal reagiria à isso. Milhares de Caçadores de Sombras morreram nessa guerra. Jordan não vai ser o foco deles, por mais triste homem branco que ele seja.

Quanto a Maia, se você realmente e violentamente a odeia porque alguns meses após a morte do garoto com quem ela iria terminar ela foi capaz de segurar a mão de outro rapaz, bem, eu acho que nós temos prioridades diferentes. As vezes escritores e leitores são assim. Jordan morreu para fazer a guerra pessoal, para os leitores e para Maia. Normalmente isso é o trabalho feminino, mas neste caso eu estou completamente ok com o fato de que não foi.

*PLUS* Eu pensei que seria ótimo fim para a história de Clary e Jace tendo o Bat se tornado um personagem mais importante a quem leitores conhecerão melhor e gostarão mais, uma vez que DJ Bat estava providenciando a musica na primeiríssima vez em que eles se encontraram. Vocês sabem quão importante clima musical é para o romance! Eu espero que os leitores sintam, como Simon disse uma vez, que o DJ Bat fez um trabalho singularmente excepcional.

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