Diário de Emma Carstairs

Vigésima quinta postagem oficial
Diário de Emma, 7ª postagem no diário

Oi, Bruce. Uma noite meio bizarra. Desculpe se pareço um pouco abalada.

Então, nós encontramos – ou acho que o sensor de Ty encontrou – essa adaga no esconderijo de armas na Catedral de Southwark. O que é bastante aleatório, já que estávamos na área por causa do Mercado das Sombras. (Acho que quem colocou a adaga lá provavelmente também estava na área pelo Mercado das Sombras, pensando bem.)

Eu escrevo para você esta noite à luz enfeitiçada, sentada no corredor do lado de fora do nosso quarto. O que é muito assustador por si só, porque basicamente todos os lugares nesta casa são assustadores, exceto nosso quarto, neste momento (Bem, algumas coisas não são assustadoras porque parecem um canteiro de obras, mas tanto faz). Eu não conseguia dormir e não queria manter Julian acordado.

Primeiro, a boa notícia: Ty estava acordado e nós nem estávamos em casa (para ser justa, leva uma hora inteira para ir de Chiswick até Southwark) antes dele mandar uma mensagem de texto para Julian com uma tradução do texto sobre a adaga. Acontece que é persa. Julian leu em voz alta:

Eu tanto quis uma adaga reluzente que todas as minhas costelas se transformaram em adaga.

Ele sorriu para mim. “Sexy”, ele disse. “Me lembra você.

Você quer dizer quando eu era movida exclusivamente por pensamentos de vingança?” Eu disse.

Ele pareceu magoado. “Não”, ele disse. “Você só gosta de uma boa adaga.

Mas eu não tenho certeza se transformaria todas as minhas costelas em adagas, entretanto” eu disse. “As costelas parecem importantes para manter dentro do seu corpo.

Uma costela?” sugeriu Julian.

Bem, talvez uma costela.

Nós não chegamos em casa até depois da meia-noite, mas não havia como irmos para a cama sem mostrar a adaga ao fantasma. Nem tivemos que discutir isso, nós apenas fomos imediatamente para a sala de jantar.

Nós temos discutido para saber como chamar nosso fantasma. Ele costuma ser bastante temperamental, por isso é difícil saber qual nome ele prefere. Julian está indo com “Espirito”, como Ebenezer Scrooge. Você sabe, “Espírito, não me mostre mais!”

De qualquer forma, Julian disse algo como: “Espírito, nós desejamos sua atenção. Nós temos algo para lhe mostrar.” As velas se acenderam em resposta, o que foi um truque legal, embora não tornasse as coisas menos assustadoras.

Nós colocamos a adaga na mesa e perguntamos ao fantasma se era o dono da adaga, ou pelo menos a reconhecia. O que era um tiro no escuro, já que ele respondeu tão negativamente ao cantil. Mas parecia o lugar por onde começar.

De repente, o vento aumentou e todas as chamas das velas tremularam. O que foi uma surpresa, porque este é um dos poucos cômodos da casa com janelas intactas, e não estava ventando lá fora. E o vento não apenas soprou, ele continuou, ficando mais barulhento e mais suave, mais alto e mais baixo em um segundo. Julian e eu apenas olhamos um para o outro. Nós não tínhamos ideia do que estava acontecendo.

Depois de talvez um minuto, o vento começou a quebrar em pequenas rajadas, e então –

Espere, só tive que parar um momento. Eu me arrepiei novamente, me lembrando.

Então uma voz falou através do vento.

Era fraco e um sussurro, e mal soava como uma voz humana. Mas o vento falou. O fantasma falou.

E disse:

NÃO

MINHA

SUA

Nós quase corremos. Se Julian não estivesse lá, eu definitivamente teria corrido. E eu acho que ele teria, se eu não estivesse lá. Não foram nem as palavras. Era que haviam palavras. O fantasma estava ficando mais forte.

Quero dizer, se lembre, começou com coisas aleatórias de poltergeist, derrubando coisas, e então podia escrever na poeira. E agora podia falar. Por que estava ficando mais forte? Nossa presença estava fazendo isso? Foram os reparos, de alguma forma? A adaga o tornou mais forte?

E quão forte seria?

Julian recuperou a voz primeiro. “Minha?” ele disse. “Você está dizendo que a adaga é minha?

E então — pelo anjo, Bruce, os pelos dos meus braços estão arrepiando só de escrever isso — o vento falou novamente e disse: “CARSTAIRS”.

Eu não consegui falar. Julian disse: “Emma? A adaga é dela?

O vento mudou de direção. Todas as chamas das velas se inclinaram para o outro lado.

Falou novamente.

LEVE

CASA

CARSTAIRS

Casa?” Eu disse. “Casa, tipo, nossa casa? Los Angeles?

Ou esta casa?” Julian sugeriu. “Talvez precise ser levada para algum lugar da casa—

O vento soprou forte e disse, com a voz mais forte que conseguira até então:

CASA

CARSTAIRS

CIRENWORTH

O vento parou, as velas se apagaram, a sala foi tomada pela escuridão. O fantasma tinha ido embora. Eu podia sentir sua ausência. O silêncio machucava meus ouvidos.

Eu tenho a adaga comigo agora. A levei para a cama comigo e não quero perdê-la de vista, por algum motivo. Eu continuo girando-a repetidamente em minhas mãos. “Cirenworth” significava Jem, é claro, então talvez fosse a adaga dele, há muito tempo. Ou talvez pertencesse a alguém que morava lá quando o fantasma estava vivo. A imagem dos ancestrais Carstairs continua passando pela minha mente. Quando eu fecho os olhos, eu sinto como se pudesse ver quem foi o dono dessa adaga uma vez, de pé ao meu lado – até mesmo protetoramente, como se soubessem que somos parentes e quisessem ficar ao meu lado, mesmo através dos séculos.

Eu acho que Magnus está certo, o fantasma tem boas intenções. Eu não acho que um fantasma malévolo seria tão útil quanto este está claramente tentando ser. E as fadas que trabalham na casa parecem totalmente despreocupadas com ele, o que não fariam se pensassem que ele tinha más intenções. O que me faz pensar que o fantasma não faz parte da maldição, mas, em vez disso, talvez o fantasma esteja preso aqui pela maldição.

Ok, eu me sinto um pouco melhor depois de escrever tudo isso. Eu acho que vou colocar a adaga em algum lugar seguro e tentar dormir um pouco. Obrigada por ouvir como sempre, Bruce. Você é um amigo.

E amanhã – nós vamos ver Jem e Tessa e Kit e Mina, porque vamos para Cirenworth!

[Traduzido por Equipe IdrisBR. Dê os créditos. Não reproduza sem autorização.]

Fonte

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