Primeiro encontro de Jace com Clary em “Cidade dos Ossos”, pelo ponto de vista de Isabelle.
Divulgado por Cassandra Clare em Dezembro de 2020 no compilado de extras Clace chamado “We Jace you a Clary Christmas”. Originalmente está em uma versão norte americana capa dura com a capa metalizada de “City of Bones”
“Era como se sempre estivesse meio dormindo no que se referia a outras pessoas. E depois a conhecemos, e foi como se ele tivesse acordado.” — Isabelle, Cidade de Vidro
“Como eu estou?”
Parada na calçada quente do lado de fora do Clube Pandemonium, Isabelle Lightwood virou devagar na frente de Jace e Alec.
“Meio que como se estivesse vestindo os lençóis da cama. Jace falou.
Isabelle parou e deu uma olhada feia para ele. Alec riu baixo. Ele amava sua irmã, mas sua ocasional frustração o divertia.
“Cala a boca.” Isabelle falou. “Eu estou maravilhosa.”
Ela estava, é claro. Izzy combinava caçada a demônios com estilo. Ela estava usando um vestido branco translúcido que batia em suas botas — grandes botas pretas com fivelas correndo nas laterais. Seu pingente de rubi, sua herança dos Lightwoods, pulsava em torno do pescoço dela. Ela tirou a estela de sua bota e apontou na direção de Jace.
“Você precisa de mais runas.” ela falou.
“Eu faço.” Alec disse. “Runas feitas por parabatai e tudo mais.”
Jace ergueu sua manga e esticou o braço. A rua estava cheia de pessoas, a maioria se movendo para entrar na fila para o Clube Pandemonium. Um segurança estava afastando as pessoas — todos, menos garotas bonitas e caras bonitos e ricos.
O calor do verão subia pela calçada. A estela de Alec tocava a pele de Jace e a ponta traçou para cima e para baixo em seu braço, rabiscando runas para proteger, runas para deixã-lo mais forte, mais rápido, mais leve. A cabeça de Alec estava abaixada, seu cabelo escuro caindo em seu rosto e ele mordia seu lábio inferior. Ele parecia com uma criancinha, mesmo que já tivesse quase dezoito anos.
“Nós poderíamos entrar sem glamour da invisibilidade,” Isabelle falou, esticando seu pescoço para olhar pela rua. “Metade dessas pessoas tem mais tatuagens do que nós.”
“Mas nenhum deles é tão atraente.” Jace fechou parcialmente os olhos enquanto a Runa Perspicácia fazia efeito, seguindo o olhar de Isabelle. No meio da fila ele viu o flash de algo brilhando. Cabelos ruivos. Uma garota com cabelos ruivos vivos e brilhantes estava na fila próxima de um garoto com cabelos escuros que estava fazendo gestos animadamente.
“Bom,” Ele acrescentou. “Quase nenhum deles.”
Isabelle olhou interrogativamente para a entrada da boate. A garota de cabelos vermelhos estava sorrindo. Jace se perguntou se Isabelle a viu. Tinha algo sobre ela. Era como olhar para algo luminoso. Não apenas seu cabelo, a cor dele, mas uma iluminação que parecia vir de dentro dela.
“Bem notado,” disse Isabelle. “Demonio.”
Demônio? Ela não poderia ser —
“Com os cabelos azuis.” Alec falou, guardando sua estela e Jace percebeu com surpresa que ele não tinha notado o garoto na frente da ruiva na fila. Ele tinha cabelos azuis que estavam erguidos de forma pontuda e piercings nas sobrancelhas. “Eidolon.” Ele moveu sua cabeça na direção de Jace. “Podemos?”
Jace não respondeu por um momento. O demônio entrou no clube e o segurança parou a garota ruiva e seu amigo.
Jace baixou suas mangas. De repente ele podia sentir tudo: o ar quieto e quente; o peso de suas armas em seu cinto, as luvas em seus pulsos. Ele odiava o verão, quando o calor o mantinha acordado, queimava sua pele, engolia sua respiração. Era em momentos assim, quando o mundo se concentrava no início da caçada, que ele sentia frio.
O segurança se afastou e a garota ruiva entrou no clube, seu amigo de cabelos escuros com ela. Ela olhou para trás uma vez, o rosto pequeno e oval dela pálido na luz.
“Jace?” Alec chamou novamente, olhando para ele com curiosidade. “Você quer começar?”
“Sim.” Jace respondeu.
Lá dentro, o clube estava cheio de fumaça de gelo seco. Luzes coloridas brincavam na pista de dança, transformando-o em um reino de fadas multicolorido de azuis e verde limão, rosa pink e dourado.
Jace olhou das sombras enquanto Isabelle passava pela multidão como uma sombra branca entre as sombras escuras. Ele via as cabeças virando enquanto ela passava entre os mundanos.
“Talvez a gente deva fazer algo para nos misturar.” Ele falou para Alec, que estava próximo dele, apoiado em uma coluna. “Dançar ou algo assim.”
Alec olhou para ele com desgosto. Alec não dançava. Alec gostava de seguir regras e não gostava de parecer bobo. Era meio que uma pena, Jace sempre pensou, porque Alec era um bom guerreiro e pessoas que podiam lutar bem também podiam dançar bem. Mas ele tinha quase certeza que Alec ia preferir namorar um demônio Raum do que dançar em público, mesmo quando ele estava — tecnicamente — invisível.
“Mundanos dançam,” Alec falou. “De todo jeito, nós devemos ficar de olho em Izzy.”
“Hmm.” Jace moveu o olhar ao redor do lugar. Você pensaria que é fácil encontrar um garoto de cabelos azuis, mas não nessa multidão. A metade deles tinha cabelo verde ou rosa ou laranja. Dois mundanos altos estavam se beijando, as extensões dos cabelos deles se misturando. Tinham alguns seres do Submundo, do tipo inofensivo — um garoto fada com uma mochila com glamour vendia pedaços de raiz esmagada e pó mágico. O DJ definitivamente era um lobisomem, assim como a garota bonita com cabelos cacheados dançando sozinha. Ela bateu em alguém e fez uma careta.
Era a garota de cabelos ruivos e seu amigo. Jace se endireitou. A garota tinha soltando seu cabelo do rabo de cavalo e estavam caídos em seus ombros, a cor de um pôr do sol. Ela estava dançando com seus olhos fechados. E Jace sentiu algo dentro dele se agitar com o jeito que ela se movia, como se ela tivesse encontrado seu próprio círculo de paz dentro do caos. Ela parecia protegida por algo que ele não entendia muito bem enquanto dançava — e ele tinha visto pessoas dançarem e se moverem com habilidades raras e com incrível graça — sem nenhum senso de ritmo ou de prática.
Jace raramente pensava sobre mundanos. Eles eram pessoas que ele supostamente deveria proteger, mas seu pai nunca o ensinou a pensar neles como nada além de uma massa indiferenciada de necessidades e desejos. Uma necessidade a ser salva. Um desejo de serem ignorantes. De nunca saber sobre a escuridão que os cercava, as coisas que se moviam nas sombras.
Ele nunca pensou neles como quem tivesse luz própria. Mas a garota com cabelos ruivos tinha uma luz em torno dela.
“Você está encarando.” Alec falou, sua voz cortante, desaprovadora. “Aquela garota. Com cabelos ruivos.”
“A que tem o amigo com cabelos escuros?” Jace perguntou. “Não estou.”
“Se você você não estivesse, você não saberia que ela tem um amigo de cabelos escuros.” Alec, que foi terminantemente literal, falou. “Além do mais, ele provavelmente é namorado dela.”
“Ele não é.” Jace falou imediatamente, e então ele percebeu que não tinha nenhum motivo para assumir isso, e também que ele não devia estar especulando sobre a vida amorosa de mundanos. Ele fez uma careta.
“Negação,” Alec disse, “Não é apenas um Rio na África.”*
“Egito.” Jace disse. “Não é só um Rio no Egito, Alec.”
“Certo.” Alec disse. “Não é só um Rio lá também.”
Jace se inclinou na direção a seu parabatai. “Não, olha, Alec, o Nilo fica no Egito.” Ele suspirou com o olhar perplexo de Alec. “Deixa pra lá. A piada acabou. Você a matou.”
“Falando em matar.” Alec colocou uma mão no ombro de Jace, fazendo ele virar para olhar o outro lado do lugar. Relutantemente, Jace deixou de olhar a garota na pista de dança e viu Izzy desaparecendo em uma sala com uma placa “ENTRADA PROIBIDA”. O demônio de cabelos azuis a seguiu.
Adrenalina passou por Jace, fria e afiada, e ele esqueceu da garota na pista de dança e tudo mais que não fosse a caçada.
“Começou.” Ele disse.
Isabelle estava rindo.
A luz fraca que havia na sala de armazenamento vinha através das janelas altas e gradeadas, manchadas de sujeira. Pilhas de cabos elétricos, junto com pequenos pedaços quebrados de um globo de espelhos e latas de tinta estavam descartados e desarrumados pelo chão. Ao lado deles estava o corpo do demônio de cabelos azuis, enlaçado no tornozelo pelo chicote de Isabelle.
Jace segurou o demônio e o arrastou pelo chão, o batendo contra uma coluna de concreto. Alec, a sempre outra parte eficiente de Jace, já estava com o fio de electrum e estava amarrando as mãos do Eidolon. Satisfação percorria os músculos de Jace: ele caminhou até onde ele podia ficar de frente ao demônio, diretamente. Ele podia ver através do glamour de seu rosto humano agora o que era por baixo: perverso e estranho.
Às vezes, olhando nos olhos de um demônio, Jace achava que podia ver outros mundos: mundos mortos que demônios tinham consumido. Rios de lava e terras de areias queimadas como vidro derretido.
“Shadowhunter.” O demonio sibilou.
Assim como qualquer outro demônio. Jace sentiu a cintilação de algo — tédio? — enquanto ele alcançava a lâmina serafim. Todos os demônios eram iguais: todos que podiam falar, em todo caso. Eles tagarelam, eles negavam. Eles diziam que sabiam onde Valentim estava. Eles ofereciam ouro e jóias, às vezes. Um deles ofereceu garotas dançando nuas uma vez. Jace quase levou aquela oferta em consideração. Foi um sábado tedioso.
E então o tédio de Jace explodiu em um milhão de pedaços quando a garota de cabelos ruivos saiu de trás de uma coluna. “Pare!” ela gritou. “Você não pode fazer isso!”
Foi como se o chão tivesse sido arrancado debaixo de Jace. Ele mal estava consciente de que sua lâmina tinha caído no chão.
Mundanos não viam Caçadores de Sombras. Eles certamente não os seguiam, e certamente não apareciam do nada, parecendo assustados porém determinados, para defender a vida de demônios.
“O que é isso?” Alec perguntou, parecendo perplexo.
“É uma garota.” Jace falou. Ele se moveu para perto da ruiva, que ficou parada com seus pés separados, suas mãos na cintura, claramente sem a menor intenção de se deixar assustar. Ele estava vagamente ciente da camisa dela solta, desabotoada sobre um top. Da pulsação na garganta dela e da aceleração da respiração dela. “Uma garota mundana,” Ele disse. Ela definitivamente, definitivamente não era um demônio. A pele dela era levemente marcada com sardas, seus olhos verdes misturados com dourado. “E ela pode nos ver.”
“Claro que eu posso ver vocês,” Ela explodiu. “Eu não sou cega.”
Atrás de Jace, o demônio exalou um silvo. O glamour dele estava quase acabando agora, e coisas se moviam por baixo da pele dele. Estava sorrindo, provavelmente se divertindo em ser defendido por uma mundana.
“Sim, você é.” Jace murmurou, juntando sua lâmina. “Você apenas não sabe disso.”
Ele olhou para Alec e Isabelle. Matar um demônio na frente de um mundano, a menos que tivesse uma ameaça imediata, era algo que não podiam fazer. Mundanos não deviam saber sobre demônios. Em uma das primeiras vezes em sua vida, Jace se encontrou sem saída. Eles não podiam deixar a garota com o Eidolon; ele a mataria. Se eles deixassem o Eidolon sozinho, ele escaparia e mataria outra pessoa. Se eles ficassem e o matassem, eles seriam expostos.
“Apaga ela,” Alec murmurou baixinho. “Apenas… bate na cabeça dela com algo.”
“Apenas vá”, Jace falou para a garota. “Saia daqui se você sabe o que é melhor pra você.”
Mas ela apenas pisou mais firme no chão. Ele podia ver no olhar dela, como pontos de exclamação: Não! Não!
“Não vou a lugar nenhum.” Ela falou. “Se eu for, você vai matá-lo.”
Jace teve que admitir que era verdade. “Com o que você se importa?” Ele apontou para o demônio com sua faca. “Isso não é uma pessoa, garotinha. Pode parecer uma pessoa, falar como uma pessoa e sangrar como uma pessoa. Mas é um monstro.”
“Jace!” Os olhos de Isabelle brilharam. Eles eram profundos, pretos, irritados. Isabelle nunca ficava tão brava quanto quando Jace arriscava se colocar em encrenca ou perigo. E ele estava arriscando os dois agora. Quebrando a Lei — falando sobre assuntos de Caçadores de Sombras com mundanos — e o que era pior é que ele estava gostando. Algo sobre essa garota, os cabelos ruivos tempestuosos e seus olhos verdes, o faziam sentir como se suas veias estivessem cheias de pólvora e ela fosse um fósforo.
Como se, se ela o tocasse, ele fosse explodir. Mas bem, ele amava explosões.
Alec estava falando algo, então a garota estava falando e Jace estava encarando os dois. Ele ouviu Alec chamar o nome dele e então o demônio se soltou de suas amarras.
Ele viu a garota ruiva tropeçar e cair e uma onda de pânico passou por ele — o suficiente para o distrair e o Eidolon o derrubar. Eles rolaram pelo chão juntos. Dor percorreu a pele de Jace onde as garras do demônio o arranharam. Isabelle correu para o lado dele com seu chicote; Alec deslizou para perto com sua lâmina, e Jace se moveu para cima, liberando sua faca. Ele enfiou no peito do metamorfo.
ele ficou agradecido então, que a garota mundana tinha caído. Ela não poderia ver enquanto o rosto do demônio derretia, mostrando a máscara de insetos que tinha por baixo, o círculo de uma dúzia de olhos vermelhos, as presas pingando. Ela não se assustaria.
Jace se empurrou para trás para sair dali, tropeçando em seus pés. Ele sentiu Alec atrás dele, preocupado, suas mãos no braço de Jace. Tinha sangue no antebraço de Jace onde as garras do Eidolon cortaram. Os olhos azuis de Alec estavam cheios de pânico.
“Está tudo bem.” Jace murmurou. “Está tudo bem, sem estelas, não na frente dela —”
Alec olhou incrédulo. “Mas você está machucado!”
“Eu vou ficar bem —”
Jace ouviu uma arfada, e virou para ver que Isabelle estava parada na frente da mundana, seu chicote em volta do pulso da garota. “Pequena mundana estúpida.” Izzy falou. “Você podia ter causado a morte de Jace.”
Os olhos da garota foram na direção de Jace.
Não havia medo neles. O chicote claramente machucava e ela estava claramente chocada e irritada. Mas ela não estava com medo.
“Deixe ela ir.” Jace falou, sua voz suave. Ele não tinha a intenção de falar suavemente ou gentilmente. O tom o levou para anos e anos e anos atrás, para um pequeno garoto confortando um pássaro, falando suavemente com ele, domesticando-o, acariciando suas asas. Para um tempo onde gentileza não era estranha e amor não era destruição.
Para sua memória mais preciosa de casa.
Não tinha motivo para olhar para essa garota, com seu cabelo ruivo selvagem e seus olhos brilhantes e pensar em casa. Mas ele pensou.
Isabelle a deixou ir, o chicote a soltando. O pulso da garota estava sangrando, mas ela se recusou a olhar para ele. Alec estava falando algo sobre como deviam levá-la para o Instituto, apresentá-la para Hodge, mas Jace estava andando para a frente, se movendo para perto dela. Ele não conseguia evitar. Ele sentia como se de algum modo, se ele pudesse apenas se focar nela, ele entenderia o que estava acontecendo.
O sangue dele estava correndo. A sala estava escura, mas parecia clara demais. As vozes de Alec e Isabelle estavam muito altas. Ele falou, cortando por cima deles. “Você já lidou com demônios, garotinha? Caminhou com feiticeiros, falou com as crianças da Noite? Você já —”
O queixo da garota se ergueu. As mãos dela estavam fechadas em punhos nas laterais do corpo dela. Com um choque de surpresa, Jace notou o quão pequena ela era. Muito pequena. Ele poderia ter erguido ela como uma boneca. “Meu nome não é garotinha”, ela falou.
“Me desculpe”, Jace falou.
Ele congelou. Alec e Isabelle estavam encarando ele. Os dois pareciam atônitos. Ele não os culpava. Ele nem conseguia lembrar a última vez que se desculpou por algo.
Ironicamente, a garota não pareceu ter ouvido ele. A porta da sala abriu com um estrondo e a luz entrou. Alguém estava parado na entrada. Um garoto alto, com cabelos escuros e óculos. Atrás dele estavam os seguranças do clube.
“Clary?” ele chamou. Ele estava olhando a sala e pela expressão no rosto dele, era claro que ele conseguia ver a garota ruiva, mas não Alec ou Isabelle ou Jace.
Clary. Claro que esse era o nome dela. Clary, claridade, sálvia esclareia** que o folclore dizia que dava visão aos mundanos. Um nome que soava como leveza, claridade e visão. Exatamente o nome certo para a garota que parecia ver tudo. Que parecia ver através de tudo. Que parecia ver através dele.
Ela olhou para trás, não para os três, mas para Jace. Ele ficou imovel enquanto o olhar dela o percorria — intrigado, deslumbrado, maravilhado. Como se, como Hamlet, ela olhava para algo que era maravilhoso e estranho aos olhos humanos.
E nos olhos verdes dela, ele pensou que viu uma cintilação de arrependimento enquanto ela virava e se afastava deles.
Isabelle riu enquanto a porta se fechava atrás dela, virando para Jace com um olhar incrédulo. “O que foi aquilo?” ela perguntou.
Ele moveu os ombros, se ocupando em colocar sua lâmina serafim de volta no cinto. “Eu não acho que ela era uma mundana com Visão”, ele falou. “Se ela fosse, teria visto o Mundo das Sombras antes.”
“Não isso,” Isabelle falou. “Quer dizer, certo que isso foi super estranho e Hodge vai enlouquecer que alguma garota mundana podia nos ver, mas eu estava falando de você.”
Jace olhou para eles em surpresa. Alec e Isabelle estavam olhando para ele com preocupação. Era fácil de ver a semelhança entre eles nesses momentos — eles tinham o mesmo cabelo preto liso, a mesma seriedade em suas expressões, a mesma estrutura óssea. “O que tem eu?”
“‘Você já lidou com demônios’?” Isabelle repetiu Jace em um tom de zombaria. “Essa é a sua versão de ‘você vem sempre aqui? Que tipo de música você gosta?’ Porque você estava completamente obcecado por ela.”
“Clary esteve aqui por cinco minutos,” Jace falou. “Não é tempo o bastante para eu ficar obcecado.”
“Clary? Você gravou o nome dela?” As sobrancelhas de Alec se ergueram. “Tá bom, chega. Vem aqui.” Ele puxou Jace para perto dele, erguendo seu braço machucado e pegando a estela.
“Nós deveriamos encontrá-la.” Jace falou, enquanto Alec começava a desenhar uma runa de cura. “Como eu disse, eu não acho que ela é uma mundana.”
“Bom, nós podemos falar com Hodge sobre isso,” Alec falou razoavelmente. “Ele pode nos dizer o que fazer.”
“Eu já sei o que fazer.” Jace disse, olhando para a runa terminada no braço dele. A ferida já estava se fechando. “Encontrá-la.”
Alec, que estava para guardar a estela, parou o movimento. “Por quê?” Ele perguntou.
“Porque eu acho que ela é do signo de peixes e queria perguntar a ela sobre isso.” Jace falou irritadamente. “Porque! Ela pode nos ver! Pode significar algo!”
“Ou não significar nada,” Alec falou, parecendo entediado.
“Porque vocês dois se importam?” Jace perguntou. “Isso me dará algo para fazer. Cabeça vazia é oficina do diabo, vocês sabem. Deus sabe que problemas posso me meter, caso contrário.”
“Você está louco.” Isabelle falou. “Isso é loucura. Não faz o menor sentido.”
Jace olhou nos olhos dela. Ele não conseguia encarar Alec, embora Alec fosse uma presença segura, firme e amada ao seu lado. Ele olhou para Izzy ao invés disso — Izzy, que tinha selvageria em sua alma, que buscava o esquecimento com Seres do Submundo, que mantinha seus segredos mas quem, Jace sentia, sabia — assim como ele sabia — exatamente a atração de fazer coisas que não tinham sentido.
Ela sorriu. Era um dos sorrisos raros de Izzy, os que ela geralmente tentava esconder.
“Olhe para você,” ela falou. “É como se você tivesse despertado.”
“Eu não estava dormindo.” Jace falou.
“Se ele estivesse dormindo, você saberia.” Alec falou. “Ele ronca.”
Mas Isabelle apenas deu outro pequeno sorriso. “Talvez,” Ela falou. Alec parou do outro lado de Jace, claramente louco para ir embora.
“Vamos logo.” Alec falou e quando eles passaram pela porta pesada, Jace olhou para trás uma vez, por cima de seu ombro, para onde ela estava entre os fios embolados. Clary, a garota com cabelos ruivos. Onde ela estava parada e o viu. Não apenas pelo glamour, mas pela armadura que ele tinha colocado também, pela mentira e pela conversa: ela olhou para ele e ela ficou curiosa e não teve medo.
Enquanto ele saia para a música e o barulho e o calor, ele fechou seus olhos uma vez e lembrou de um pássaro, voando livremente pelo céu azul.
* Nota da tradução: A Frase em inglês é: “’Denial,’ said Alec, ‘is not just a river in Africa.’”, que é um trocadilho com De-Nial, remetendo ao Rio Nilo, que fica no Egito. Na tradução, esse trocadilho se perde. Você pode ler mais sobre a frase, em inglês, clicando AQUI.
** Nota de tradução: “Salva Esclareia” é o nome para a planta “Clary Sage” em português, por isso pode parecer meio sem sentido na tradução da frase
[Traduzido por IdrisBR. Dê os créditos. Não reproduza sem autorização.]