Cassandra Clare dá entrevista falando sobre diversidade e o mundo das sombras!
Cassandra Clare postou em seu tumblr uma longa entrevista que concedeu ao Independent UK durante sua passagem pela Europa (você pode conferir tudo que rolou no evento vindo AQUI), aonde falou desde o seu inicio de carreira, Cassie mais uma vez fala sobre os paralelos dos livros com a vida real e a situação politica dos Estados Unidos. Confiram a entrevista já traduzida:
Fascismo, demônios, diversidade e manter seu império sem uma gota de café
A busca para encontrar o significado em nossas vidas nos leva a contos fantásticos: histórias de heróis que lutam contra o mal aparecem repetidas vezes na literatura mundial, e é precisamente por causa da profundidade e intensidade de suas experiências que somos capazes de obter um sentido de significado em nossa própria existência.
É o fascínio de ler livros – e um que Cassandra Clare (nome verdadeiro de Judith Lewis) cultiva habilmente.
Tendo passado mais de uma década criando um mundo fantástico, um filme e uma adaptação da Netflix cultivando fãs em todo o mundo, chamar Clare de uma “potência” seria bastante subestimado. Seus livros lidam com aquela época da transição da adolescência, quintessencialmente estranha e abrangem coisas sobre a moralidade, a condição humana e o que significa ser um herói com um pano de fundo de um mundo profundamente perigoso habitado por demônios, anjos e feiticeiros – e os jovens Caçadores de Sombras que fazem batalham com eles.
Seu último livro, “Senhor das Sombras”, trata da insurgência de um ramo extremista no governo. Soa familiar? Ela certamente pensa que sim. “Quando passamos por toda a nossa eleição dos EUA, eles definitivamente se juntaram como um grupo mais fascista, mais nacionalista, [risos] mais xenófobos, e foi realmente interessante, tendo planejado tudo isso”, ela me diz em uma entrevista exclusiva. “Era como estivesse refletindo coisas que estavam acontecendo no momento em que escrevi.”
Clare não é estranha à governos potencialmente hostis. Tendo nascido no Irã, a paisagem política era tênue, para dizer o mínimo. “Meu pai fazia parte de um programa ocidental de negócios na Universidade de Teerã, e meus pais estavam muito felizes lá, mas eles acabaram indo embora porque as coisas estavam parecendo um pouco – posso dizer suspeitas? [Risos]. Eles eram muito apaixonados por viagens, então passamos uma grande parte da minha infância viajando – para Índia, Nepal, Europa.”
Embora Cassandra Clare seja uma consumada leitora voraz, não foi até o início dos seus 30 anos que ela procurou seguir uma carreira de escritora. Antes disso, ela escreveu a fanfics de Harry Potter e trabalhou como jornalista e, em seguida, uma editora da revista tabloide norte-americana Hollywood Reporter. “Foi terrível“, ela diz sobre a experiência, “Foi quando Brad e Angelina começaram a ficar e ficamos acordados a noite toda, das 10 da noite à 6 da manhã para garantir que chegasse as notícias logo cedo.”
“É realmente uma boa prática, apesar disso, ser escritor e atingir os prazos [risos]. É realmente uma das coisas mais importantes que você pode aprender a fazer. Isso me ajudou enormemente a trabalhar para um cronograma.”
O primeiro livro de sua série “Os Instrumentos Mortais”, “Cidade dos Ossos” chegou a lista de livros mais vendidos do New York Times, mas não foi até dois livros depois que o sucesso realmente chegou pra ela. “Eu mantive meu trabalho terrível de editora até o meu terceiro livro ser publicado e eu trabalhei tendo um emprego e atingindo os prazos. A minha agente me ligou e foi como “Você está na lista de best-sellers e vendeu muitas cópias e você pode pedir pra sair. Tipo, você pode sair do seu trabalho diário.” Foi um sentimento realmente assustador – como puxar os laços de um paraquedas caindo.
“A pressão está sobre você para fazer a melhor escrita que você pode como artista. Quando você está começando, você não pensa sobre isso. Muitas vezes vemos, especialmente nos EUA com o seguro de saúde, pessoas em nossa comunidade da escrita adoecerem e não terem como pagar seu tratamento. Ter segurança para pagar seu seguro de saúde é uma coisa enorme“.
No começo, não era apenas a dissonância financeira que se revelava desafiadora. De acordo com uma pesquisa de 2016, a indústria de publicação de livros dos EUA é de 78% de mulheres, no entanto posições seniores continuam ocupadas por homens. Clare estava interessada em lançar seus livros ora editoras femininas, mas isso não impediu a indústria de tentar cataloga-la na categoria “escritora de romance”.
“O que você principalmente mais nota é um tipo diferente de maneira que você é tratada por homens. Durante muito tempo com esses livros – e eles são fantasias urbanas muito clássicas – são histórias sobre adolescentes crescendo e cercadas por ameaças sobrenaturais e demônios e há muita mitologia e outras coisas. Mas, durante anos e anos, eles foram tratados como livros de romance. E isso me deixava louca!”
A personagem principal dos primeiros seis livros de Cassandra é Clary Fray, uma adolescente de 16 anos que luta contra demônios e viaja para diferentes lugares – tudo enquanto tenta lidar com as nuances do amor adolescente. “Eu queria fazer essa história clássica de herói, mas queria fazer com uma garota. O que eu queria mesmo quando eu tinha aquela idade – quando eu tinha 16 ou 17 e lia todos esses livros e todos eles eram sobre garotos tendo essa experiencia e essa jornada e eu amava esses livros, mas eles não estavam refletindo a mim como pessoa.”
“Era muito importante para mim que Shadowhunters fossem uma organização mundial, que eles existissem em cada país, que eles envolvessem toda a humanidade e toda religião,” ela diz sobre o grupo ficcional que batalha com seres sobrenaturais, “eu não queria que ninguém se sentisse de fora ou que seu país ou religião não fossem compatíveis com ser um Shadowhunter.”
Diversidade é uma vertente que junta todas as histórias de Clare e no inicio, colocar um personagem gay foi uma luta árdua. “Eu tive muitos “não” de editoras principalmente por Alec ser gay. Isso foi em 2004/2005, e eu tive que lutar muito para colocar ele nos livros. A página online da Barnes & Noble para Cidade dos Ossos inclui uma critica da Commonsense Media onde eles colocaram um aviso para ‘conteúdo sexual’ só pela presença de um personagem gay. Algumas livrarias grandes se recusaram a vender o livro e grandes clubes de livro infantil passaram adiante.”
Entretanto, conforme os livros ficaram populares, ela foi capaz de introduzir o subplot de uma história de amor entre dois homens, na esperança que “crianças que precisam ler sobre eles” pudessem ler.
Diversidade racial é outra linha que ela estava ansiosa para puxar. “Nós devemos aos escritores de cor e LGBT e aqueles que vivem em um grupo marginalizado fazer esse trabalho no nome dessas pessoas para poder abrir essas portas.”
“Eu sempre quis me certificar que sexualidades e etnias raciais fossem representadas e eu penso no balanço entre ser inclusiva e não pisar na história de outra pessoa. Eu lembro quando estive em uma conferencia, uma garota adolescente veio até mim e me agradeceu por escrever sobre um personagem autista que ela podia se identificar.”
Como uma ávida usuária de redes sociais, Clare tem encontrado muitos problemas com bullies online. Um acidente particularmente assustador foi quando ameaçaram ela com violência – tudo por causa do modo como o ultimo livro dela terminou. “Eles sabiam que eu estaria em uma convenção e disseram que iam ‘quebrar a minha cara’. Foi bem um lado obscuro.” Com a ajuda de blogueiros de livros e fãs, eles encontraram a pessoa, que foi tirada do evento.
Interações com os fãs entretanto é completamente positiva e eles são bem protetores da autora. Falando com vários durante a sessão de autografo junto com a autora e amiga Holly Black, na linda igreja próxima de Piccadilly Waterstones, uma coisa ficou bem clara: o amor por ela transcende a norma. Uma fã viajou de Denmark pela chance de ter os livros autografados, e duas ficaram na fila o dia inteiro para pegar os melhores lugares. “Eu amo meus fãs,” ela disse, “eles são adoráveis.” Clare estava interessada em criar uma relação profunda e significativa com eles, e a rede social foi o melhor meio que ela conseguiu para isso. “Ter um twitter e um Tumblr [onde a autora geralmente faz Q&A’s] realmente tornou isso possível para ter uma continua e ativa conversação com os fãs e eu acho que é bem interessante.”
Optando por chá acima de café, Clare se mantem ocupada com costuras e viagens – uma combinação inebriante. “Eu gosto de fazer minhas próprias roupas usando moldes vintage. Eu trabalho com uma designer chamada Lianna Kachmar para mudar o tamanho de velhos moldes Dior e Givenchy e recriar vestidos e casacos.”
Uma leitora em primeiro lugar, Clare me deu a lista de livros que ela está lendo atualmente. Aqui estão eles:
– Warcross de Marie Lu
– Shadowshaper de Daniel Jose Alder
– Uma Chama Entre As Cinzas de Sabaa Tahir
– Sorcerer to the Crown de Zen Cho
“Senhor das Sombras” já está disponível no Brasil e você pode comprar na livraria Saraiva por R$ 49,41 usando o cupom LIVRO10, com direto a um conjunto com 3 marca paginas exclusivos, basta vir AQUI. Na Amazon, o livro está saindo por R$ 44,90 sem qualquer brinde e para comprar, basta vir AQUI. Já na Livraria Cultura, o livro também está por R$ 44,90 sem brindes – basta vir AQUI.
Para tudo sobre a edição nacional de “Senhor das Sombras”, basta vir AQUI.
Para saber tudo sobre “Os Artifícios das Trevas”, basta vir AQUI.