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Resenha: Os dois amores de Hugo Flores – Felipe Fagundes

Sinopse: Antes fosse um triângulo amoroso, mas o que Hugo Flores ama de verdade é trabalhar. Afinal, cresceu com os pais profetizando em seus ouvidos uma carreira de sucesso, fama e reconhecimento. Um destino infalível para um filho tão brilhante. Ele era um foguete !
>Então, quando Verônica Rico, a nova e já famosa CEO da empresa de tecnologia em que Hugo trabalha, aparece prometendo mundos e fundos, ele vê nessa reviravolta a chance de conquistar seu sonho.
A única questão é que o grande projeto de Verônica é dar vida a um ambicioso aplicativo de pegação, e Hugo se vê ligeiramente apavorado por ter vinte e quatro anos e nenhuma experiência amorosa no currículo.
Lidando com prazos impossíveis, discursos motivacionais suspeitos e o pior café já servido por um CNPJ, Hugo vai analisar como o amor e os relacionamentos funcionam. Mas é com João Bastos, o colega charmoso e implicante que parece não levar o trabalho a sério, que talvez surja a oportunidade de colocar seus estudos em prática e deixar cair a ficha de que nem todo gay é o mesmo gay.

Eu queria em primeiro lugar de tudo agradecer a editora Paralela por ter liberado o livro antes do lançamento para ser lido e pelo convite para uma cabine com o autor do livro, Felipe. Foi uma experiencia maravilhosa não só a leitura, mas também conhecer Felipe que é uma pessoa sensacional.

Já pretendia ler o livro de todo jeito, mas foi muito bom ler ele assim com um incentivo a mais.

“A gente sempre quer alguma coisa, mas nem todo mundo sabe exatamente o que é. Por isso a gente fuça em todo canto.”

Em “Os dois amores de Hugo Flores” nós conhecemos mais de Hugo (claro) e sua enorme paixão e amor por trabalhar. Algo que é recorrentemente falado no livro, sobre como ele está sempre preocupado só com o trabalho e com ter uma carreira ótima que possa tirar melhorar a vida de seus pais lá em Fiofó do Oeste (vou falar mais sobre o nome da cidade depois) enquanto ele mesmo mora na cidade grande.

E assim ele está em uma empresa que está passando por uma mudança: depois de quase falir, a empresa que ele trabalha está agora contando com a ajuda de uma mulher chamada Veronica para colocar tudo nos eixos, ele se vê próximo cada vez mais do lançamento de um aplicativo “Rapposo” que ele idealizou a sua vida inteira depois de ter lido “O Pequeno Principe”.

“Meu Deus, ele pensou, os granulados coloridos com certeza acabariam com a homofobia no Brasil.”

“Rapposo” é para ser um aplicativo onde as pessoas “se cativam”, com o algoritmo trabalhando para que as pessoas encontrem pessoas que gostem das mesmas coisas que elas e criem assim uma amizade profunda – coisa com a qual Hugo batalha bastante em conseguir, sem ter uma amizade durante a juventude e com uma amizade agora que ele nem considera tanto o sentimento assim: com as duas colegas de quarto dele, além dos colegas da empresa, é justamente como ele os vê – como colegas.

Então quando Veronica chega mudando tudo, incluindo o setor onde ele trabalha, deixando apenas ele e mais dois colegas, não é muita surpresa que ela queira que o aplicativo mude sua finalidade: ao invés de pessoas criarem laços de amizade, ela quer que o aplicativo funcione para que as pessoas encontrem outras pessoas que queiram a mesma coisa que elas: seja um sexo casual, um relacionamento duradouro, tudo assim. E é aí que começa a confusão para Hugo.

“Tenho certeza de que você vai se achar. Vai descobrir coisas novas sobre você mesmo. Algumas dessas coisas serão boas, outras nem tanto, mas tudo isso ainda é você.”

Por ter passado a maior parte de sua adolescência focado nos estudos e em sair de Fiofó do Oeste, Hugo não tem muita experiencia – leia-se: não tem experiencia nenhuma – em relacionamentos amorosos. Nunca beijou, nunca transou com ninguém, nem nada do tipo. E é no meio de um surto de nervos em que ele vai até o telhado gritar que não sabe transar (uma cena que me arrancou muitas risadas, aliás), que ele começa a conversar com João, que todos na empresa chamam de JB, e que ele acha que não passa de um cara arrogante e metido.

É claro que isso não poderia estar mais errado, mas isso é algo mais para o meio do livro e eu não posso e nem vou dar spoilers, porque vale a pena completamente a leitura dessa maravilha.

Falando sobre o Hugo, no início eu confesso que estava meio incomodada com o fato dele estar tão cego quanto ao que acontecia no trabalho, mas parando para pensar, muitas pessoas ficam assim – incluindo eu, querendo acreditar no melhor e que as coisas não são tão ruins como outras pessoas estão pintando. Principalmente em relacionamentos abusivos é o que acontece e, convenhamos, o relacionamento de Hugo com o trabalho é completamente abusivo.

“— EU NÃO SEI TRANSAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAR.
Foi o urro da alma que Hugo precisava botar para fora.
Com certeza uma linda oração que Deus ouviu lá de cima e até chorou, de tão bonita e sincera.”

Mas nós vemos durante o livro também o desenvolvimento dele, a forma como ele começa a perceber as coisas e como ele começa a se abrir para outras coisas que pensou que não teria antes. Eu gostei muito da personalidade dele e eu consigo entender o querer ser perfeito e fazer tudo certo para melhorar a vida das pessoas que importam para ele.

E não só o Hugo é um personagem apaixonante, como o próprio João também é. Mas, além do interesse amoroso, eu simplesmente fiquei APAIXONADISSIMA pelo Jairo. Jairo é um colega de trabalho de Hugo, não um interesse amoroso e nem nada, mas um personagem cativante demais e engraçado demais, queria ter visto bem mais dele.

“Pois é, Hugo tinha se apaixonado pela informática no dia em que descobrira que computadores eram muito mais simpáticos do que pessoas. Computadores não mentiam; eram previsíveis, assertivos e diligentes. Pessoas eram, hum, desconcertantes.”

Além dos dois, vale a pena mencionar também as amigas e colegas de quarto de Hugo: Agnes e Jamille. Elas são absolutamente o oposto uma da outra em questões de ver a vida, o que torna toda a dinâmica do trio bem gostosa e divertida de ler e acompanhar.

Agora sobre o que eu disse do nome da cidade: Fiofó do Oeste. Eu achei engraçadinho demais, mas amei mais ainda esse nome quando nos agradecimentos li o que Felipe falou sobre a ideia de ter colocado esse nome para não nomear a cidade de onde ele veio e nem colocar esse “peso” na cidade do interior de nenhuma outra pessoa que lesse esse livro. Simplesmente maravilhoso.

“Se Hugo queria que a nova chefe mudasse a vida dele? Assim… queria, né. Mas não era só isso, mudar a vida dele não era o bastante, Hugo queria ser transformado.”

Aliás, queria comentar aqui que eu não li (ainda) “Gay de Família”, mas pretendo ler e para quem leu: tem um pequeno crossover. Não vou dizer de quem e nem como, mas eu achei engraçado e fofinho e só de ler essa cena já fiquei com vontade de ler o livro sobre tal personagem que aparece.

Se você gosta de comedias românticas que são cheias de representatividade (o que num mundo ideal seria TODAS), leia “Os dois amores de Hugo Flores” e vem amar junto comigo todas as nuances de Hugo e todo o caminho que ele faz enquanto tenta se encontrar. Garanto que você não vai se arrepender.

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