Resenha: The Staircase in the Woods – Chuck Wendig
“The Staircase in the Woods”
Chuck Wendig
ARC recebido em formato digital gentilmente cedido pela Penguin Random House International
Editora: Del Rey Books
Data de lançamento internacional: 29 de abril de 2025
Cinco amigos do ensino médio estão unidos por um juramento de proteger uns aos outros, não importa o que aconteça.
Então, durante um acampamento no meio da floresta, eles encontram algo extraordinário: uma escada misteriosa que leva a lugar nenhum.
Um amigo sobe — e nunca mais desce. Então a escada desaparece.
Vinte anos depois, a escada reapareceu. Agora o grupo retorna para encontrar o garoto perdido — e o que está além da escada na floresta…
Essa resenha foi feita pela parceria com a Penguin Random House International, que gentilmente nos cedeu esse eARC (Advance reading copy: algo como “uma cópia de leitura avançada”, ou seja, o livro ainda pode sofrer alterações antes de ser publicado) de “The Staircase in the Woods”. Também lembrando que essa resenha terá um formato diferente: por ser um eARC, não haverão quotes, já como os livros podem sofrer mudanças em seu texto antes de serem comercializados. Gostaríamos de agradecer profundamente a Editora pela oportunidade da leitura.
Para quem gosta de filmes e histórias de horror, as metáforas são corriqueiras e um artificio bastante usado pelo roteirista, autor e diretores. Filmes como “Corra”, “US” e “Ninguém vai te salvar” retratam isso muito, muito, trazendo temas como racismo, imigração e culpa como temas que permeiam toda a narrativa que aparentemente querem causar medo no telespectador, mas usam muito bem as comparações e apresentam situações que direcionam ao telespectador a mensagem do filme. E, claro que nos livros isso também acontece.
É neste cenário que “The Staircase in the Woods” (“A escada na floresta”, em tradução livre), do autor Chuck Wendig, se enquadra: cinco amigos entram em uma floresta para acampar, mas apenas quatro saem depois de encontrarem uma escada – simplesmente uma escada, sem destino ou qualquer outra estrutura. O que aconteceu é contato de uma forma não linear, através de lembranças dos quatro sobreviventes em uma trama repleta de metáforas e cenas que, sinceramente, são tão fortes que preciso deixar claro que há gatilhos fortes aqui. Apesar de não haver nenhuma cena sexualmente descritiva, há abuso verbal, psicológico, físico em todas as formas. Aviso entregue, vamos começar a falar sobre a trama.
Owen Zuikas é um cara aparentemente normal que leva uma vida completamente normal trabalhando em um sebo, mas a trama começa com ele recebendo uma ligação de sua amiga Lauren “Lore” Banks – exceto que há tempos ele não fala com ela. Depois de recusar uma ligação, ele atende a segunda tentativa e descobre que Nick Lobell, também amigo de ambos de longa data, mandou um e-mail bombástico para o grupo de amigo: Nick está com câncer e tem pouco tempo de vida, então ele invoca os 3 amigos para voltarem para a cidade natal deles, enviando também uma passagem de avião não reembolsável para que todos se sintam obrigados a irem. Mas há um quarto destinatário também no e-mail enviado por Nick: Matty Shiffman.
Owen precisa de um momento pra entender o que está acontecendo e conversar com Lore porque fazia bastante tempo que nem mesmo por chamada de vídeo eles conversavam, mas, ao mesmo tempo, parece inevitável a viagem porque eles não eram só amigos: eles eram o Coven, o grupo formado pelos 5 amigos inseparáveis. E é assim que somos apresentados a ideia da amizade entre eles no passado e a forma como se tornaram a família uns dos outros quando não tinham mais ninguém – sim, todos tinham famílias altamente disfuncionais e de formas cada vez mais horrendas.
Quando Owen, nosso protagonista, chega ao aeroporto de New Hampshire, o destino final, ele já encontra Lore com Hamish Moore, o último membro do coven (e o menos interessante também, sendo sincera) e são levados por um motorista só para Lore começar a falar tudo que estava guardado sobre Hamish sobre politica – sim, para os que não conhecem, o autor é bastante engajado politicamente e não se priva de deixar suas opiniões em suas redes sociais.
Enquanto Lore realizou o sonho dela e de Owen de produzir um jogo de grande sucesso a partir de uma ideia de ambos, se tornando uma referência naquele universo, Hamish está muito bem financeiramente e casado, com 3 filhos e traindo a esposa, tudo bastante comum e ordinário. Owen, em contrapartida, claro que se ressente de Lore ter ficado com a ideia do jogo de ambos, além de ter sido apaixonado por ela e trocado por Matty antes dele desaparecer.
Ao encontrarem Nick, ele insiste em irem acampar novamente, exatamente como há 20 anos atrás, quando encontraram a escada. Depois de tentarem resistir, mas aceitando tudo que o amigo doente queria, eles partem para a floresta – e é ai que temos uma reviravolta na trama, já como tudo que Nick faz é com um propósito e a escada, que outrora encontraram, está lá novamente. Depois de uma discussão sobre subirem a escada novamente e se jogarem lá, os 4 fazem o que acreditavam que deveriam ter feito pelo amigo muitos anos atrás, iniciando uma jornada através de suas lembranças, sendo lembrados de tudo que já enfrentaram nos pontos mais baixos de suas vidas durante a infância e adolescência, até se unirem e se tornarem a família que eram.
Estará Matty realmente perdido para sempre? Eles terão chances de recuperarem o que perderam entre si, consertarem o relacionamento que uma vez já salvou cada um de uma vida miserável? Fica claro que o centro da trama é a amizade e a força que cada um conquista em sua vida através da presença do outro, mesmo com os maiores e piores segredos que podem carregar. E esse é o ponto alto do livro, sem sombras de dúvidas, a reflexão sobre família que escolhemos e o que podemos fazer por alguém que amamos sendo o coração da trama.
A narrativa é bastante crua e não se atém em detalhes de cenas ou descrições sobre pequenas coisas, indo direto ao ponto. Fica claro que Chuck Weding tinha total controle do que queria contar e qual o centro do livro é, mas o livro se perde um pouco em um final que também está carregado de metáforas, justamente por entregar ao leitor a chave de uma trama que poderia ser redonda, mas não é. Caindo justamente no mesmo pecado que tantos filmes de terror entregam, há uma busca por um final em aberto que não acho que cabe aqui, por mais que o motivo que levem a este final sejam nobres. Eu me perdi entre pensamentos de tristeza com a vida dos personagens e a jornada necessaria para eles se tornarem as pessoas que deveriam, tudo isso permeado em uma jornada fantastica com sim, elementos de terror – e todos os tipos de terror, do sobrenatural ao pior de todos: o terror que só os humanos são capazes de fazer uns com os outros.
Não é um livro de leitura fácil e muito menos leve, não espere ler um terror simples esperando alguns sustos e a gloriosa sensação do bem vencendo o mal no final, porque muitas vezes não há mal a ser vencido e sim traumas, a busca por uma sensação de pertencimento estando com as pessoas que você escolhe sendo seu norte guiador nesta vida. Talvez não haja uma escada na floresta (como o autor explica nos agradecimentos, é algo real e sim, há escadas perdidas em florestas e você pode googlar sobre) mas há uma subida crescente para se tonar um adulto, e talvez durante esse duro processo, você se perca. E se você tiver muita, muita sorte, você terá uma família que vá te salvar.
Ainda não temos informações se “The Staircase in the Woods” será publicado no Brasil. Fique de olhos em nossas redes sociais que se tivermos qualquer novidade, postaremos sobre.
Thanks for the free book, PRH International.
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