Resenha: Servant of Earth (The Shards of Magic #1) – Sarah Hawley
“Servant of Earth” (The Shards of Magic 1)
Sarah Hawley
ARC recebido em formato digital gentilmente cedido pela Penguin Random House International
Editora: Ace Books
Data de lançamento internacional: 12 de novembro de 2024
No reino das Fadas, apenas os mais fortes e implacáveis têm poder, mas uma jovem humana forçada a uma vida de servidão está prestes a mudar tudo.
Kenna Heron é mais conhecida em sua aldeia por ser um pouco selvagem – alguns dizem que meio selvagem – mas ela precisará de cada grama dessa ferocidade para sobreviver ao cativeiro na cruel Corte das Fadas.
Presa como uma serva no reino subterrâneo das fadas de Mistei, Kenna deve ajudar sua nova senhora a passar por seis provações mortais, uma para cada ramo da magia: Fogo, Terra, Luz, Vazio, Ilusão e Sangue. Se ela tiver sucesso, sua senhora ganhará a imortalidade e se tornará a herdeira da Casa da Terra. Se ela não tiver, a punição é a morte, tanto para a senhora quanto para a serva.
Sem nenhum aliado além de uma adaga senciente de origens misteriosas, Kenna deve enfrentar monstros, magia e testes físicos extenuantes. Mas perigos piores aguardam no subsolo, e logo Kenna se vê envolvida em uma rebelião secreta contra o Rei das Fadas inventivamente sádico. Quando seus sentimentos pelo líder da rebelião se tornam forte demais, Kenna deve decidir se está disposta a arriscar sua vida por um mundo melhor e uma chance de felicidade.
Sobreviver às provações e derrubar um Rei tirano exigirá astúcia, coragem e uma vontade de ferro… mas mesmo isso pode não ser o suficiente.
Essa resenha foi feita pela parceria com a Penguin Random House International, que gentilmente nos cedeu esse eARC (Advance reading copy: algo como “uma cópia de leitura avançada”, ou seja, o livro ainda pode sofrer alterações antes de ser publicado) de “Servant of Earth”. Também lembrando que essa resenha terá um formato diferente: por ser um eARC, não haverão quotes, já como os livros podem sofrer mudanças em seu texto antes de serem comercializados. Gostaríamos de agradecer profundamente a Editora pela oportunidade da leitura.
Provavelmente indo contra a maré das gringas que estão amando “Servant of Earth” (“Serva da Casa Terra“, em tradução livre), o primeiro livro da serie “The Shards of Magic” (“Fragmentos da Magia”, em tradução livre), sinceramente achei um absurdo quase tudo que se apresenta nesta trama, somente tendo por ponto alto a sua mitologia – nisso não posso não dar os parabéns para a autora Sarah Hawley, que trouxe pontos novos para a já tão bem representada mitologia das cortes das fadas e que falarei a seguir. Mas a mistura de intrigas palacianos das fadas, uma rebelião para destituir um rei tirano e um julgamento mortal em busca de poderes se perde em um romance que transforma uma promissora protagonista no pior tipo de garotinha apaixonada: a que não vê as imensas bandeiras vermelhas que o cara basicamente esfrega na cara dela.
Confesso que não sabia se o livro teria continuação, apesar do final ficar claro que precisaria, só não imaginava que a Editora Norte americana aposta tanto nesta série que assinaram já para toda uma série, que pode ir de 3 a quantos livros desejarem. Sabia que o livro estava fazendo sucesso entre os que tiveram acesso ao ARC, até pela sua insana nota de mais de 4 estrelas atualmente no Goodreads, mas agora que terminei a leitura, só me restou um gosto ruim na boca do que poderia ter sido se não fosse uma romantasia e sim uma fantasia adulta onde agissem com maturidade porque as personagens principais tem idade para tal.
Parando de só reclamar e dando mais contexto do que a sinopse entrega, Kenna Heron é a nossa protagonista da vez. Com 25 anos, vivendo uma vida tão pobre que pode-se dizer que está apenas sobrevivendo, a jovem agora somente tem a melhor amiga Annya, já como sua mãe faleceu. Ao contrário do seu povo, Kenny odeia as fadas porque sua mãe as idolatrava, esperando ser salva por elas até mesmo em seu leito de morte porque algumas mulheres são escolhidas para irem morar com as fadas de tempos em tempos – e aqui fica o ponto positivo para a nossa mocinha que a princípio tinha miolos: é óbvio que as mulheres são levadas para viverem entre as fadas por motivos sexuais e ela não deseja isso para si, ao contrário de sua melhor amiga, que acha que a vida lá será um verdadeiro conto de fadas. Certo.
Então chega o dia que serão escolhidas 4 garotas e adivinha o que acontece? Não, Kenna não é escolhida, mas Annya é. Disposta a salvar a amiga que não quer ser salva (pois é…), Kenna vai atrás do grupo de garotas levando uma adaga misteriosa que encontrou mais cedo naquele dia e que tinha ficado bastante feliz porque achava que valeria uma fortuna. Claro que dá tudo bastante errado e Kenna é levada para Mistei, a terra das fadas.
Aí sim, preciso falar da mitologia que sei que não é o ponto principal em uma romantasia, mas que aqui é tão incrivelmente sedutora e nova que merece elogios com o reino da fada é dividido em seia Casas que são opostas entre si em duplas: Luz e Sombras, Fogo e Terra e Sangue e ilusão, com as fadas pertencentes a cada grupo manipulando um determinado tipo de magia. Cada Casa tem seus príncipes e princesas e todos servem a um único Rei que está no trono há oitocentos anos: o Rei Osric. Tirano e sádico, vai se tornando óbvio a medida que a trama se desenrola que o féerico precisa ser deposto. Mas voltemos a linha cronológica da trama.
Assim que chegar em Mistei, Kenna é “dada” como forma de ofensa para Lara, a filha da Princesa Oriana, da Casa Terra, já como humanos são tidos como nada neste universo – entenderam agora o título? É isso: Kenna se torna uma serva da Casa Terra. O Rei Osric odeia a Casa Terra porque é uma casa neutra. Há séculos atrás, outras casas se rebelaram contra o Rei, mas a Terra sempre se manteve sem lados, ao contrário da Casa Sangue, que participou ativamente da rebelião e não cedeu, sendo dizimada pelo Rei. É ainda quando é “dada” para Lara que Kenna conhece o charmoso Drustan, o príncipe da Casa Fogo.
Lara se recusa a aceitar Kenna como sua serva a princípio, mas sua estoíca mãe aponta para a filha que elas precisam aguentar as provocações e humilhações para não demonstrarem que se importam. Mãe de Lara e Selwyn em ordem de nascimento, e já tendo o filho mais velho morto, a princesa Oriana parece uma personagem promissora a princípio. Já Lara, para se tornar herdeira de sua mãe e herdeira da Casa Terra, terá de participar, com outros 8 nobres feericos, do torneio mencionado na sinopse, que, na verdade não tem vencedores e é sim um verdadeiro julgamento: depois de passarem por provas que podem causar a morte dos candidatos, quem concluir todas as provas será julgado merecedor de ter seus plenos poderes féericos ou não. Tenha em mente que féericos aqui são praticamente imortais e os “jovens” nobres também estão todos na casa dos vinte e poucos anos, enquanto os príncipes e princesas têm séculos de idade.
Ao mesmo tempo que este torneio está acontecendo, o Rei promove festas e nossa protagonista começa a se envolver com Drustan, o tal féerico nobre que claramente ama sua vida e que não demonstra ter muitos sentimentos, mas que solta frases de efeito e não a deixa em paz. E a medida que Kenna vai se envolvendo com Drustan, toda sua capacidade cognitiva vai pelo ralo – e toda minha boa vontade com a trama foi também. Era óbvio que iria passar raiva, mas continuei pelo bem da minha responsabilidade de escrever esta resenha.
Não tenho problema algum com romantasias. “Divinos Rivais” está aí pra mostrar que pode ser um subgênero dentro da fantasia que deixa o romance guiar a trama e que pode ser bem escrito. O problema com “Servant of Earth” é mesmo o emburrecimento da personagem em prol de uma paixão que só a estava sugando, a levando a trair o que ela própria quer e encontrar desculpas esfarrapadas para um comportamento que, sendo sincera, seria no mínimo escroto. Há muito que gostaria de exemplificar aqui, mas claro que não o farei porque não vou dar spoilers. A medida que o torneio e a rebelião vão se desenrolando, só pensava em como algo que começou bastante promissor havia se reduzido em um relacionamento bem ridículo.
Acredito piamente que existirão pessoas que amarão esta trama é que encontrarão desculpas para o comportamento de Drustan, mas já passei da fase da vida de achar que o amor é suficiente. Todo peso da trama e da reviravolta final se perde com a escolha final de Kenna, que pelo menos parece ter ficado mexida com os acontecimentos mas que deveria ter mandado um sincero FODA-SE em caps para seu amado. Às vezes, só isso pode te salvar na vida real – e salvar uma trama que poderia terminar se recuperando parcialmente, mas prefere levar o leitor a acreditar que o amor pode mudar as pessoas. E aqui vai um spoiler pra vocês: não, o amor não pode mudar ninguém.
Ainda não temos informações se “Servant of Earth” será publicado no Brasil. Fique de olhos em nossas redes sociais que se tivermos qualquer novidade, postaremos sobre.
Thanks for the free book, PRH International.
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