Um amor que nunca se cansa

Situado no final de “Rainha do Ar e da Escuridão”.

Divulgado por Cassandra Clare em Dezembro de 2020 no compilado de extras Clace chamado “We Jace you a Clary Christmas”. Originalmente está tanto na versão norte americana quanto na nacional de “Rainha do Ar e da Escuridão”.

Em outra vida, eu poderia ter sido um surfista.” disse Jace. Ele estava deitado na areia da praia aquecida pelo sol, ao lado de Alec. Ambos estavam com as mãos cruzadas atrás de suas cabeças, para melhor assistirem os fogos de artifício de Ragnor explodindo no céu. A maioria tinha forma de runas de amor e casamento, mas alguns pareciam ser imagens grosseiras que Jace esperava que Max e Rafe não vissem.

Você teria gastado todo o seu tempo pulando da prancha e socando tubarões”, disse Alec. Sua nova aliança brilhava em seu dedo ao luar. “Isso não é realmente surfar.

Ele ostentava agora um ar de felicidade serena e de paz. Jace não tinha como ficar com inveja. Estava feliz por Alec, e também estava ciente de tudo que Alec vinha enfrentando. Nas três semanas desde o rompimento com a Clave e o exílio de Alicante, uma equipe de crise em Nova York tinha sido formada. O Santuário do Instituto — onde todos os Membros do Submundo poderiam ir e vir com segurança — tinha se tornado seu quartel general.

Jace e Clary dormiam por algumas horas no andar de cima e desciam para encontrar Alec já trabalhando duro, rodeado por outros membros do Conclave: Isabelle e Simon, Maryse e Kadir. Luke e Jocelyn às vezes passavam por lá, e Bat, Maia e Lily estavam sempre por perto — assim como Magnus, quando conseguia alguém para cuidar das crianças.

Havia muito a ser feito. Um novo espaço precisava ser encontrado para substituir o Salão do Conselho para as reuniões. Um registro estava sendo feito dos Caçadores de Sombras que tinham ficado em Alicante e daqueles que agora formavam a Clave-Exilada. Muitos institutos tinham ficado sem liderança, e várias novas eleições precisavam ser realizadas, incluindo uma para Inquisidor (embora Alec achasse que Diego Rosales já fosse um favorito para o cargo). Simon ia ajudar Luke, Marisol e Beatriz a preparar a nova Academia e deixá-la pronta para os alunos.

O Basilias precisaria ser reconstruído em um novo local, mas como? Alicante sempre tinha sido deles: um lugar secreto onde podiam planejar, construir e viver. Os Caçadores de Sombras fora de Idris viviam nos lugares que mundanos haviam abandonado ou esquecido. Não criavam suas próprias salas de reuniões e hospitais. Não erguiam torres altas, ou pelo menos não o faziam há muitas gerações.

Mas esta geração, Jace suspeitava, seria única em muitos aspectos.

Você está dormindo?” Alec, apoiado em um braço, olhou para Jace com curiosidade.

Jace olhou para seu parabatai. Às vezes era difícil para ele se lembrar que Alec era um adulto, ou que ele próprio era, para falar a verdade. Certamente Alec ainda era o garoto que ele conheceu quando desceu do barco em Nova York. Um Alec de doze anos, magro e nervoso, com cabelos escuros esvoaçantes. Jace quis protegê-lo e aprender com ele ao mesmo tempo. Ele gostou de Isabelle de primeira e depois passou a amá-la. Com Alec, tinha sido mais como uma chave se encaixando em uma fechadura, um clique de reconhecimento. Algo que sussurrava: aqui está alguém que você já conhece.

Jace nunca tinha pensado muito sobre reencarnação, embora Jem falasse disso o tempo todo. Mas ele às vezes se perguntava se conhecera Alec em outra vida.

Não estou dormindo”, disse ele. “Estou pensando.

Ah“, disse Alec. “Difícil, não é?” Ele sorriu.

O casamento está deixando você irritante e pretensioso.” disse Jace.

Provavelmente,” Alec disse tranquilamente, e se jogou na areia novamente. “Izzy e Simon noivos, eu e Magnus casados — quem diria que você seria o último?

Jace estremeceu, só um pouco. A proposta dele para Clary, que ela recusou, era um segredo que ele guardou. Não porque foi humilhante ou porque machucou, embora tivesse doído. Mas porque Clary parecera quase selvagem de angústia quando o recusou. Ela ficou de joelhos e colocou a cabeça em seu colo e soluçou enquanto ele corria as mãos pelo cabelo dela em perplexidade, sem saber o que tinha acontecido, o que ele tinha feito de errado.

Nada, ela dissera a ele várias vezes. Ele não tinha feito nada de errado. Havia algo de errado nela, algo que ela temia e tinha pavor. Ela jurou que o amava. Pediu tempo.

Ele a amava demais para não lhe dar esse tempo. Ele confiava demais nela para não acreditar que ela só pediria algo assim se precisasse. Ele tentou colocar de lado seus pensamentos sobre o que significaria estar noivo, planejar um casamento como Simon e Izzy. Mas quando ele se sentara com Alec ao lado da cama de Magnus, e Alec temera que Magnus morresse sem entender o quanto Alec o amava, ele sentiu o mesmo medo frio. Ele e Clary estavam em perigo por causa da Clave. E se um deles morresse e essa situação mal resolvida ainda estivesse entre eles?

E então Clary contara a ele. Em sua barraca em Brocelind, segurando suas mãos, ela contara a ele sobre seu sonho, sua convicção de que morreria. Que ela não queria deixá-lo viúvo. Como ela percebeu eventualmente que a visão era de Thule, e se desculpara repetidamente por magoá-lo, e ele dissera a ela que só lamentava que tivesse carregado tanto peso sozinha. Eles tinham confortado um ao outro.

E pela manhã, quando eles se prepararam para a batalha, ele percebera: eles nunca realmente abordaram o assunto do que eles iriam fazer agora. Uma proposta de casamento era para ser uma coisa permanente? Ela expirava após um período de tempo, como um oferta de emprego? De uma coisa ele tinha certeza: eles ainda não estavam noivos.

Era tudo muito estranho.

Tio Jace.” disse Max, em um tom de desaprovação. Jace piscou, e percebeu que alguém — Magnus, ao que parecia — colocara Max em seu peito. Max estava olhando para ele e seu rosto se enrugou em uma carranca. “Tio Jace não está se mexendo.

Tio Jace parece estar preocupado.” disse Alec, pegando Max. Ele estava sentado agora, Max em seu colo. Magnus estava por perto, segurando Rafe e falando em voz baixa com Catarina.

Tio Jace não está morto!” Anunciou Max com um sorriso e prontamente foi dormir no ombro de Alec.

Está tudo bem?” Alec disse. Seu olhar era azul e direto.

Jace se sentou, tirando a areia de seu elaborado paletó de suggenes. Ele se perguntou se teria a chance de usá-lo novamente. Isabelle provavelmente pediria a Alec para ser seu suggenes e Simon pediria a Clary. Que pena; ele ficava bem em dourado e azul.

Tenho que tomar algumas decisões.” disse ele.

Alec acenou com a cabeça. “Eu estou sempre com você”, disse ele. “Sempre vou te apoiar.

Jace sabia que isso era verdade.

Lembra de quando estávamos em Edom?” Alec disse. “Você criou aquela estratégia para conseguirmos entrar no forte de Sebastian. Você sempre foi um estrategista.” Ele ergueu o rosto para o vento que soprava do mar. “Eu preciso de sua estratégia agora. Para nos ajudar a reconstruir.

Você sempre me terá, e tudo o que eu puder fazer para ajudá-lo,” disse Jace. “Para onde fores.

Alec sorriu. Jace olhou para a praia. Clary estava conversando com Izzy. Ela tinha colocado flores em seus cabelos: azuis, violetas e amarelas em contraste com os fios vermelho-escuros. Ela estava usando um dos vestidos favoritos dele: verde, com decote em coração. Estava escuro, mas não importava: ele conhecia o formato do rosto dela tão bem quanto o próprio, conhecia o jeito que ela sorria.

E toda vez que ele olhava para ela, ainda se sentia do mesmo jeito que se sentira quando tinha dezesseis anos. Ainda parecia um soco no plexo solar, como se ele não tivesse fôlego suficiente em seu peito.

Alec seguiu o olhar de Jace, e seu sorriso se curvou no canto. “Clary,” ele chamou. “Venha buscar o seu homem. Acho que ele está caindo no sono.

Jace fez um ruído em protesto, mas era tarde demais. Clary já estava vindo na direção deles em um redemoinho de saia de chiffon verde, seus olhos dançando. Ela estendeu a mão para ajudar Jace a se levantar. “Hora de dormir?” ela disse.

Ele olhou para ela. Ela parecia tão pequena, tão delicada. A pele dela era perolada, pontilhada de sardas como a de uma boneca. Mas ele sabia o quão forte ela realmente era. O aço que corria sob sua suavidade.

Nunca estive mais acordado“, disse ele, em voz baixa. Ele estava se lembrando de uma noite há muito tempo, uma estufa, uma flor que só florescia à meia-noite.

Ela enrubesceu. Ele sabia que ela estava se lembrando também. Ela olhou ao redor, mas ninguém estava olhando para eles. O silêncio de uma festa que terminava estava caindo sobre a praia.

Ela puxou sua mão. “Venha dar uma caminhada”, disse ela.

Volte. Beije-me novamente. Agora a memória era mais sombria. Uma mansão desabando sobre si mesma, Jace se agarrando a Clary nas cinzas e poeira de sua ruína. Ele não sabia por que estava tão perdido em memórias esta noite, ele pensou, enquanto seguia Clary ao longo da linha da água, sua mão na dela. Talvez fosse apenas casamentos — eles deixavam as pessoas nostálgicas. Não que ele sentisse falta do tempo em que acreditara que ele e Clary nunca poderiam ficar juntos. Mas às vezes você para pra pensar em quanta coisa tem ficado para trás, sem que você percebesse.

Clary o conduziu para trás de uma duna de areia, bloqueando-os da praia. A grama rangia sob seus pés quando ele se aproximou dela. Sempre havia essa ansiedade quando se tratava de beijar Clary. Ela sempre olhava para ele com olhos tão arregalados, meio desejosos e meio travessos.

Ela colocou a mão no peito dele. “Ainda não.” ela disse, e puxou sua estela.

E agora a parte estranha e pervertida entra em ação”, disse ele. “Eu devia ter esperado que este dia chegaria.

Ela fez uma careta para ele. “Aguente firme, cowboy“, disse ela, e começou a desenhar no ar com movimentos rápidos e familiares. Um Portal cresceu, azul esverdeado e brilhante.

É muito rude sair de fininho de um casamento.” disse Jace, olhando para o Portal. O que estava acontecendo?

Comprarei toalhas com monograma para Magnus e Alec“, disse Clary, e pegou a mão de Jace e atravessou.

Clary raramente entrava na estufa, não porque ela não gostasse, mas porque era um lugar especial para ela. Este foi o lugar em que percebeu que amava Jace pela primeira vez. O lugar onde ela realmente sentiu magia — não apenas soubera que existia, mas a sentira de uma forma que parecera abrir o mundo para possibilidades incríveis.

Pouco mudara desde então. Enquanto eles passavam pelo Portal, o cheiro das flores noturnas adensava o ar. Quando ela viu a estufa pela primeira vez, pensara que não estava disposta em nenhum padrão particular. Agora ela percebeu que os caminhos sinuosos através da vegetação formavam a runa da Sorte.

Ela respirou fundo, esperando que a sorte estivesse do seu lado esta noite.

Jace estava olhando ao redor divertido enquanto os últimos brilhos do Portal desapareciam atrás dele. Tudo estava florescendo, uma profusão de flores de todo o mundo: hibisco rosa profundo, trompete de anjo branco, hortênsia azul, malmequeres laranjas e amarelos.

O próprio Jace estava todo dourado ao luar que entrava pelas janelas e seu paletó formal azul e dourado abraçava a forma de seu corpo. Clary estremeceu. Ele era tão lindo.

Tenho certeza de que Magnus e Alec já têm uma peneira”, disse ele.

Uma faca de peixe?” Clary sugeriu. “Um martelo?

Você diz coisas tão sexy.” Ele a deixou conduzi-lo pelo caminho entre as sempre-vivas, passando pelos bancos de granito. Em pouco tempo, eles encontraram o espaço aberto sob a árvore verde-prata onde a água brilhava em uma piscina de pedra.

Não havia mais ninguém ali agora, e ela ouviu Jace puxar a respiração rapidamente. A clareira tinha sido transformada. Clary tinha coberto o chão com cobertores brilhantes de seda coloridos: azul profundo, verde jade, ouro. Velas de luz enfeitiçada queimavam ao redor, transformando as janelas em folhas opacas de prata.

Havia uma garrafa de vinho gelada em um balde de prata perto das raízes da árvore. No centro de tudo isso estava um longo objeto retangular envolto em cetim dourado.

Você fez isso?” Jace disse, atordoado. “Para mim?

Clary cruzou as mãos à frente para evitar que tremessem. “Você gostou?

Ele ergueu os olhos para ela, e ela viu a surpresa desprotegida neles. Isso era raro para Jace, derrubar todas as suas muralhas, mesmo na frente dela. De alguma forma, ela viu, o gesto dela o abalou. Podia ver o menino que ele tinha sido, aquele que erguera um escudo contra o mundo e todas as suas feridas. Aquele que não esperava amor, apenas uma mão levantada ou uma palavra afiada.

Chiffon farfalhou quando ela se ajoelhou. Depois de um momento, Jace caiu de joelhos, de frente para ela. Ainda havia areia em seus cabelos, da praia. Ela queria tirá-la, queria passar as costas da mão ao longo da bochecha dele, sentir a maciez áspera de sua pele.

Ela engoliu em seco e indicou o objeto retangular no chão entre eles. “Abra”, disse ela.

Ele o colocou em seu colo e ela viu sua expressão mudar. Ela esperava que ele adivinhasse o que era. Ele era Jace Herondale. Sabia o peso e a sensação de ter uma espada na mão.

A seda caiu e ele ergueu a lâmina com um assobio baixo.

A lâmina era feita de aço martelado, o cabo de ouro e adamas. Gravado ao longo da lâmina havia um padrão de garças em vôo, e a cruz fora entalhada na forma de asas.

É linda”, disse ele. Não havia humor em sua voz, nenhum desvio. “Obrigado. Mas por que —?

Vire-a,” ela sussurrou. Sua garganta estava seca. Ela desejou ter água. Abrir a garrafa de vinho neste momento não parecia uma boa ideia.

Ele girou, e palavras brilharam no lado oposto da lâmina.

Visne me em matrimonium ducere

Seus olhos se arregalaram enquanto ele lia a tradução. “Quer se casar comigo?” Ele olhou da lâmina para ela, seu rosto branco. “Você quer se — casar comigo?

Jem ajudou com a tradução,” Clary disse. “Meu latim poderia ser melhor—

Ele largou a espada com um tinido. As palavras continuaram brilhando como néon através da lâmina. “É isso que você quer dizer? Você está realmente perguntando?

Ela tinha quase certeza de que estava rasgando a saia do vestido de ansiedade.

Eu não esperava que você perguntasse de novo“, disse ela. “Eu sei que você entende porque eu disse não quando precisei. Mas penso nisso o tempo todo. Eu gostaria de ter pensado em algo melhor, mais inteligente de fazer. Alguma maneira de explicar —

Que você pensou que ia morrer?” Sua voz estava áspera. “Isso me mataria. Eu teria enlouquecido tentando descobrir uma maneira de evitar.

Eu nunca quis que você pensasse que eu não te amo”, disse ela. “E mesmo que você não queira se casar comigo agora, você merecia que eu te pedisse. Porque eu sempre, sempre quis me casar com você, e essa é a verdade. Eu te amo, Jace Herondale. Eu te amo e eu preciso de você como luz e ar, como meu giz e minha tinta, como coisas lindas no mundo. Naquela prisão cheia de espinhos sob a Torre Unseelie, eu estava bem porque você estava lá comigo.” A voz dela tremeu.

Ela o ouviu exalar. “Clary…

Um verdadeiro lampejo de medo passou por ela. Que ele dissesse não. Que ela tinha, em seu medo e desejo de protegê-lo, destruído tudo. O pensamento de uma vida sem ele ao seu lado, surgiu como uma possibilidade real e repentina. Era como olhar para um poço de solidão tão profundo que não tinha fundo. Ele colocou a espada no chão e se levantou. Houve um som suave em torno deles, o que Clary percebeu ser chuva, desenrolando como um fio de prata pelas janelas altas. Acariciou a clarabóia acima, como se eles estivessem na alcova seca de uma cachoeira.

Ele estendeu a mão. Clary deixou Jace levantá-la; seu coração estava batendo forte.

É apropriado que você me dê uma espada“, disse ele.

Algo que o proteja”, disse ela. “Algo que você possa carregar sempre —

Como carrego meu amor por você,” ele disse calmamente.

Ela soltou um suspiro trêmulo. “Então você me perdoa —?”

Ele enfiou a mão no bolso interno de seu paletó repleto de runas e tirou uma pequena caixa de madeira. Ele a entregou a ela silenciosamente. Ela não conseguia ler sua expressão enquanto ela a abria.

Dentro havia duas alianças de adamas. Eles brilhavam, branco-prata, na luz difusa da cidade chuvosa. Cada um trazia uma legenda gravada: L’amor che move il sole e l’altre stelle.

O amor que move o sol e as outras estrelas.

Eu ia te perguntar de novo, esta noite,” ele disse. “Pensei muito nisso. Eu não queria pressioná-la. Mas decidi confiar no que você disse — que você só disse não por causa de sua visão.” Ele tirou as alianças da caixa e as segurou brilhando na palma da mão. “Desde que te conheci, Clary, você tem sido a lâmina em minha mão, mesmo quando eu não carregava armas. Eu sempre podia lutar contra qualquer demônio, exceto o meu. Você foi minha espada e escudo contra cada momento em que me sentia inútil, contra cada momento em que me odiava, contra cada vez que pensei que não era bom o suficiente.

Ele deslizou um dos anéis em seu próprio dedo e estendeu o outro para ela. Ela balançou a cabeça, sentindo os olhos arderem de lágrimas, e estendeu a mão: ele colocou a aliança de adamas em seu dedo anelar.

Quero me casar com você”, disse ele. “Você quer se casar comigo?

Sim”, ela disse em meio às lágrimas, “eu deveria estar perguntando a você. Você sempre chega primeiro, você —

Nem sempre,” ele disse com um lampejo de seu velho sorriso, e a tomou em seus braços. Ela podia sentir seu coração batendo descontroladamente. “Eu amei a espada,” ele disse, passando seus lábios contra seu cabelo, sua bochecha. “Podemos pendurá-la sobre a lareira. Podemos dá-la aos nossos filhos.

Filhos? Achei que teríamos um…

Seis”, disse ele. “Oito, talvez. Tenho pensado nos Blackthorn. Gosto de uma família grande.

Espero que goste de uma minivan.

Não sei o que é isso”, disse ele, beijando seu pescoço, “mas se você estiver nela, vou gostar.

Ela riu, sentindo-se tonta — um momento atrás ela estava enfrentando o horror sombrio de um futuro sem Jace. Agora eles estavam noivos. Eles estavam juntos, ligados. Vinculados um ao outro, como Jia havia dito.

Me beije”, disse ela. “Sério, realmente, me beije.

Seus olhos ficaram escuros — o tipo bom de escuridão, o olhar ardente, carinhoso, que ainda fazia seu interior tremer. Ele a puxou para mais perto, e a sensação familiar do corpo dele alinhado contra o seu estremeceu por ela. Ela enroscou os braços em volta do pescoço dele enquanto ele a levantava com a mesma facilidade com que levantaria uma espada.

Suas mãos eram gentis, mas o beijo não. Ele selou sua boca sobre a dela e ela deu um pequeno suspiro de surpresa: havia calor no beijo, quase desespero. Ele a puxou com mais força contra si — suas mãos deslizaram pelas costas dela, os dedos se enredando nas alças finas de seu vestido enquanto ela inclinava a cabeça e o beijava de volta.

À distância, ela pensou ter ouvido um relógio badalar e, por um momento, ela era uma garota de dezesseis anos novamente experimentando seu primeiro beijo. A corrida impetuosa, a sensação de girar e cair. Ela agarrou os ombros de Jace e ele gemeu suavemente em sua boca. As mãos dele traçaram suas curvas leves, do alargamento de seus quadris ao C invertido de sua cintura. As palmas das mãos dela deslizaram para baixo em seu peito. Ela se deleitou com a sensação dele, todos os músculos rígidos e a pele macia.

Ele recuou. “É melhor pararmos“, disse ele asperamente. “Ou as coisas vão ficar um pouco selvagens para a estufa.

Ela sorriu para ele e tirou um sapato, depois o outro. Ela estendeu a mão para abrir o zíper do vestido. “Eu não me importo“, disse ela. “E você?

Ele riu, cheio de felicidade e alegria, e a ergueu do chão novamente, beijando-a e beijando-a enquanto eles afundavam juntos na pilha de seda e cetim que ela havia estendido no dia anterior. Ele rolou de costas, puxando-a para cima dele, sorrindo para ela enquanto enfiava os dedos em seus cabelos.

Você me ensinou que é preciso mais bravura para amar completamente do que para caminhar desarmado para uma batalha”, disse ele. “Amar você e ser amado por você é uma honra, Clary.

Ela sorriu para ele. “E o que eu ganho em troca da honra?

Minha inteligência brilhante“, disse ele, começando a abrir o zíper dela. “Meu charmosa companhia. Minha aparência. E… ” Ele olhou para ela, repentinamente sério. “Meu coração, por todos os dias da minha vida.

Ela se curvou para roçar os lábios nos dele. “E você tem o meu.” ela disse, e ele passou os braços ao redor dela enquanto o relógio do Instituto soava e a flor da meia-noite desenrolava suas pétalas de ouro branco, despercebida.



[Traduzido por IdrisBR. Dê os créditos. Não reproduza sem autorização.]

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