Uma mensagem de Livvy

Quadragésima oitava postagem oficial, pt. 2
Uma mensagem de Livvy


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Querido Julian,

Você pode ver fantasmas, mas não pode me ver. Não quando eu venho sentar perto de você enquanto você dorme. Não quando eu estou nos movimentos das sombras pelo jardim ou no balançar de uma cortina. Você não pode me ouvir, mesmo que eu esteja falando com você porque tem coisas que eu preciso te contar.

Eu quero falar com você sobre Ty.

Ele estava aí. Nós estávamos aí.

Você não sabe que estávamos aí.

Kit sabe.

Deixe-me começar do início.

Você gosta de surpresas, Ty falou. Ty não gosta de surpresas, mas você gosta.

Ele está aprendendo sobre Portais, como abrir e fechá-los. Você precisa de um feiticeiro. Mas Ty está aprendendo e está ficando melhor. Ele queria ver você e Ragnor disse que ajudaria.

Nós queríamos ver você.

Ty avisou Emma, mas pediu a ela que não te contasse, porque seria uma surpresa.

Então nós fomos juntos.

Um fantasma pode viajar por Portais como um Caçador de Sombras. Eu não sabia disso. Não é engraçado?

Bom, eu achei engraçado.

O Portal se abriu na cozinha.

A cozinha está linda. Eu sou só um espírito preso entre o mundo e o vazio, mas eu acho que você escolheu uma cor excelente para as paredes. Você sempre foi muito bom com as cores.

Além da cor, que foi uma surpresa que não era ruim, tinha outra surpresa na cozinha. Kit.

Kit estava na cozinha, usando aquela jaqueta que ele gosta, com a gola felpuda. O sol veio da janela e o iluminou.

Tudo em Ty paralisou. Até eu quase paralisei. Eu vejo Kit, é claro. Eu o visito, às vezes. Ainda assim, porque eu não estava esperando ver ele, me atingiu o quanto ele está diferente do jeito que ele era quando morava no Instituto com a gente. Ele parece mais velho e mais alto. Mais musculoso. Ele se move como um Caçador de Sombras agora. Gracioso.

Ele é lindo.

Eu ouvi Ty respirar fundo como nunca. Como se ele estivesse com falta de ar, como se tivessem o agredido e ele estava tentando e tentando respirar e não conseguia.

Ele sussurrou “Não é assim que se limpa uma arma.

Desculpe, eu devia ter dito antes. Kit estava limpando uma arma. Por que teria uma arma em sua casa? A Mansão Blackthorn é como uma pedra. Você pode vira-la diversas vezes e muitas coisas estarão escondidas embaixo. Dessa vez era uma arma.

Kit ficou mais pálido que qualquer fantasma que eu tenha visto. Ele derrubou a arma no balcão. E não falou nada. Eu me pergunto se ele estava pensando o que eu estava pensando. Eu estava pensando como Ty saberia como limpar uma arma. O bastante para falar para alguém que estava fazendo errado.

Talvez ele apenas não soubesse o que dizer, então disse isso.

Depois disso eles olharam um para o outro.

O tempo não é rápido ou lento onde eu estou. E ainda assim parecia longo o bastante para que eu sentisse que todo o mundo estava desaparecendo, como se não existisse nada além de Kit e Ty olhando um para o outro.

Kit falou “Você não devia estar aqui.

Ele nunca falou comigo daquela forma. Com uma voz tão fria. Ele tinha colocado as mãos nos bolsos e seus ombros estavam para a frente, como se ele estivesse sendo agressivo, mas eu podia ver as mãos nos bolsos dele, apertadas. Eu me pergunto se Ty conseguiu ver também. Os dedos de Kit, apertando e apertando uns aos outros.

Mas Ty não estava olhando para Kit. Ele estava olhando na direção da janela. Eu podia ouvir os pássaros e sons tranquilos em inglês e a respiração de Ty. Ele falou “Quanto tempo você acha que vai levar para que me perdoe?

Kit olhou para mim. Ele parecia meio traído, como se de algum modo eu soubesse que ele estaria ali, tivesse planejado aquilo. Mas eu não planejei. “Eu não sei”, ele respondeu.

Mas não agora”, Ty falou com a voz muito baixa.

Não”, Kit falou. “Não agora.

Não tínhamos razão para continuar ali então.

Talvez tivesse uma razão. Talvez fossem as mãos de Kit, apertadas nelas mesmas, até eu achar que os ossos quebrariam como corações.

Mas Ty não conseguia ver isso. Ty estava sofrendo. Eu me aproximei dele, o abracei, o segurei enquanto voltávamos para o Portal. Eu estava triste. Eu queria tanto ver você, Jules. Mas Ty precisava que eu estivesse com ele.

Talvez, se você sonhar isso, você saiba que estivemos em sua casa. Eu sinto muito que não pudemos ficar.

Julian, eu não sei o que fazer. Ty sente a falta de Kit mais do que ele acha que pode sentir falta de alguém. Ele sente tanta falta dele, tanto quanto sentiu no dia em que ele partiu. Ele o ama do mesmo jeito. Eu acho que ele sempre vai e isso me assusta.

Kit está acostumado a não precisar das pessoas, mas Ty precisa das pessoas. Ele tem medo de precisar, mas é só porque ele precisa demais. Ele não vai parar de precisar de Kit. E eu não sei se Kit sempre vai precisar de Ty. Mas Ty sempre vai precisar dele.

Irene diz olá. Eu estou ensinando ela a fingir de morta.

Eu amo você.

Livvy

[Traduzido por Equipe IdrisBR. Dê os créditos. Não reproduza sem autorização.]

A Livvy, do audio original, foi interpretada pela atriz Cait Bliss

Fonte

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